MARCO POLO
Eu parei o carro e tirei o cinto, ignorando qualquer coisa, desci do carro e dei a volta, até abrir a porta dela e olhar para ela, ainda de cinto e com os olhos em mim, olhos castanhos e com um brilho escondido.
– Vamos – Eu chamei. – Temos um jantar para ir – Eu me aproximei e tirei o cinto dela, tentando ter ela ao meu lado. – Você e eu não nos arrumamos por nada Alex, demoramos muito para não aproveitamos.
Na crise dela eu vi algo em comum com ela.
Eu não sabia exatamente o que havia acontecido com ela, mas eu respeitava, embora agora eu respeitava minha vontade de comer algo com a mulher sentada e acuada no meu carro.
– Onde estamos – Eu olhei para trás. – Uma praça?
– Bem, sim, mas Alex é diferente, vamos e você vai entender – Eu peguei a mão dela, cabia perfeitamente dentro da minha, suspirei. &ndas
MARCO POLOEu não conseguia parar de pensar naquele beijo, eu estava com problemas de novo, eu sabia que qualquer coisa podia desencadear a perda de algo coerente, mas naquelas horas da manhã, depois de acordar as coisas pareciam não querer funcionar, não iriam, eu segui o meu raciocínio breve e senti o gelado vento atravessar à janela e me alcançar, não era algo que eu estivesse esperando, nunca era algo que eu esperava.Estava no chão do meu quarto e eu fazia flexão atrás de flexão, sentindo o corpo pesado e tentando tirar a sensação de dentro de mim, a vontade de sexo e a vontade de ter algo.Algo que eu não tinha.Eu estava coberto de suor, meu corpo estava quente e cansado, eu não sabia o que fazer, aquela vontade geralmente passava, porque eu estava casando, meu corpo, mas daquela vez não parecia adiantar alguma coisa, porque
MARCO POLODurante alguns dias eu fiquei imerso no meu mundinho, não conseguia sair e ser o cara que todos conheciam, eu evitada tudo e todos, mas hoje eu não estou podendo fazer isso, minha cabeça está gritando pela dor, uma dor insuportável e que me incomoda de uma forma ruim, que pode me deixar irritado, com uma mudança de humor muito ruim.Eu olho meu pai que fala algo desconexo e eu apenas escuto calado, era mais uma reunião de acessória do escritório e eu odiava isso, porque era nesse momento que todos estavam juntos, quarenta e seis advogados, homens e mulher.– O deputado está na cidade, entrou em contato hoje, quero repassar o caso o mais rápido possível – Meu pai deslizou uma pasta até mim e deslizou outra até Celina, a segunda advogada da firma na vara familiar, com um método de trabalho horrível e deplorável, nunca nem tr
MARCO POLOAlex pegou a xícara e me entregou, eu vi as mãos dela trêmulas, enquanto ela me servia, ela não falava nada, apenas olhava para mim e desviava o olhar, como se estivesse com vergonha de mim ou pelo que eu havia feito e visto, eu não ligava, mas eu ficaria ali, tomar aquele chá e saber da boca dela o que era tudo aquilo. Porque eu confiava nela de alguma forma.– Senta – Estamos sentados na mesa, no meio da cozinha, em uma mesa de mármore pequena, com uma chaleira e as duas xícaras com chá de canela, eu gostava de canela, sempre me acalmava, talvez isso funcionava para ela, que estava agora sentada, olhando para a xícara, enquanto um dos dedos dela circulava a boca da xícara, podia escutar a respiração funda dela.– Eu recebi um caso hoje no escritório – Falei, sem equívoco nenhum. – Nele falava um relatório sobre
MARCO POLOMeus olhos estavam pesados e minha mesa estava repleta de coisas e dois relatórios prontos e uma liminar de acordo com os padrões que eu havia pedido, peguei minhas coisas e guardei na pasta, eu sabia que Alexandra Padilha estaria mais segura depois disso, enquanto eu avançava e conseguia o que eu queria.Eu puxei o copo de café e olhei para a porta que se abriu, eu estava um caco, cabelo, barba, tudo precisando de arrumação. Olhei para os dois homens de preto que atravessava à porta e vi meu pai, ao lado do deputado, sorrindo, de uma forma que me fez ter raiva.Foi como um choque.Era hora de encarar aquilo.É não, não seria fácil.– Estou de saída – Com a minha voz o deputado olhou para mim, reconhecendo a minha voz e me analisando, dos pés à cabeça, sem saber o que fazer ou falar diante de mim, puxei a maleta e notebook, colocando debaixo do braço e pegando o envelope amarelo, minha primeira carta do jogo. – Lamento, não
MARCO POLOEu via o sorriso dela enquanto lia o papel, era inacreditável como ela ficava bem daquele jeito, leve e sorrindo, eu estava comendo, enquanto ela deslizava os olhos pelo papel e sorria a cada segundo.– Eu não acredito – Ela sussurrou. – Como conseguiu? – A pergunta me fez ver que ela não acreditava mais tanto no sistema, eu também não, mas eu sabia como ele funcionava e podia ser útil. – Caramba!– É fácil – Eu sorri e dei a última mordida no sanduíche, puxando o copo e bebendo o suco. – Você não pode mais voltar a trabalhar no escritório, deve procurar outra coisa para se ocupar – Eu falei. – O processo de separação já está aberto, com as alegações dele, entrei em contato com o juiz responsável e tenho que apresentar defesa até sexta, para poder marcar a audiência.– Certo – Alex parou e olhou pare mim. – Você parece tão calmo. Eu estou eufórica.– Eu devo ficar assim, faz parte Alex, p
MARCO POLOEu sentei em frente à minha poltrona e olhei para os canais aleatórios que passavam na televisão, eu estava com uma insônia pesada, eu estava cansado da noite e estava disposto a dormir quando o sono chegasse, mas ele não aparecia, olhei para as coisas jogadas no sofá, dois casos, foi esses únicos casos que me acompanharam depois da minha saída do escritório, não importava os outros, mas esses dois importava e eu precisava dar meu melhor para não perder o conceito.As duas audiências estavam marcadas, dois tempos eu finalizava, restando nesses dois o caso de Alex, que eu queria resolver o mais rápido possível.Desliguei a televisão e fiquei no escuro, puxei o celular e olhei para a última mensagem da mulher, Alex, ela havia me pedido desculpa, embora eu também tivesse pedido, olhei para o nome dela e no impulso de saber o que ela fazia eu mandei a cordialidade.De: MarcoBoa noite, tudo bem?Para: AlexMandei e fiquei quieto, depo
MARCO POLOEu sorri para o garotinho que estava na minha frente, segurando um balão, enquanto se afastava e pegava a mão da mãe, os dois sorriam satisfeito.– Nem sei como agradecer a solução de tudo – Eu me abaixei e olhei para o garoto de dez anos e sorri.– Garoto você foi muito importante, não saia do lado dela e lute pela sua felicidade – Eu sorri e me levantei, olhando para a mulher, que ergueu a mão e me cumprimentou.– Obrigado, por fazer isso ser menos doloroso – Ela sorriu. – Seus honorários serão colocados em seu poder quando cair diante o banco.– Obrigada – Falei, puxando o terno e me virando, puxando o telefone, assim que tentei sair do tribunal eu dei de cara com o juiz, que se aproximou. – Vossa excelência.Cumprimentei.– Mais uma atuação impecável, Marco, perfeitamente – Ele abriu a pasta. - Tenho algo em meu poder que pertence ao senhor - Ele ergueu o olhar e me entregou um envelope que havia sido tirado da bolsa. – Isso é
MARCO POLOEu segurei o café em uma das mãos, enquanto a outra segurava a maleta, suspirei fundo, olhando por cima dos óculos para a porta, eu estava esperando. Bati na porta de novo e não escutei resposta, então eu segurei o trinco da porta e girei, foi aí que a porta se abriu e, mesmo com isso, eu não escutei nada, nem um ruído, entrei e deixei as coisas no aparador, fechando a porta.– Alex? – Chamei e caminhei pela sala, parando diante o sofá, onde tinha uma caixa de sapato e dentro fotos, eu fui pegando foto por foto, era fotos dela, saindo do prédio anterior e entrando nesse, dela no corredor.Suspirei fundo e soltei as fotografias e comecei a entrar por cada parte do apartamento, até que eu entrei no quarto, eu visualizei ela deitada na cama, encolhida, sem desgrudar os olhos da parede de cor clara, sem se mexer ou sem nem notar que eu me aproximava.&nda