ALEX PADILHA
Havia quase três horas que ele estava dentro de uma sala com médicos e mais médicos e a cada vez que uma pessoa saia de lá a minha cabeça girava e meu coração acelerava, o cheiro de sangue invadia minhas narinas e eu estava coberta dele, do sangue dele. Eu não iria poder ser feliz com alguém com George tentando fazer as coisas contra mim ou quem estivesse comigo. Me sentia culpada.
- Senhorita Alexandra – Ergui meu olhar e encarei um rosto familiar, os olhos conhecidos. Me levantei e ergui a mão para o homem, que ignorou meu gesto, fiquei encarando ele. - Vejo que eu não estava errado em pensar que a senhorita estava envolvida com Marco, estou certo? - Não respondo o pai dele, o mesmo que tentou defender George tempos atras. - Eu vou pedir que saia daqui e o deixe em paz, Marco já tem os problemas dele e não precisa de você para complementar isso.
- O que?! - Eu quase grito para o homem.
- Isso mesmo que você escutou, quero que deixe
MARCO POLOEncarei o teto branco e as imagens se reproduziam automaticamente dentro da minha cabeça, que doía como o inferno, assim como meu corpo que eu mal conseguia mexer. Ergui a mão e segure o fio do meu rosto e o puxei, sentindo uma coceira no meu nariz e a boca seca.- Ei, fica calmo – A voz grave me fez erguer o olhar para o homem de preto ao meu lado. - Como se sente? - Eu mexi a cabeça por todo o quarto e quando eu não encontrei Alex eu tentei me levantar, mas senti a tontura e duas mãos que me seguraram. - Relaxa, Marco, está com pontos.- Tira suas mãos de mim – Ele se afastou e eu me encostei na cama. - Alex? Onde ela está? - Eu ergui o braço e vi as agulhas enfiadas, seguindo pelo tubo transparente até o alto, olhando para aquilo minha cabeça girou de novo. - O que está acontecendo comigo?- Você está sob efeito da anestesia, vai sentir sonolência e vertigem, você passou por uma cirurgia para e para retirar a bala, você fraturou uma costel
ALEX PADILHAEu limpei os olhos com o pedaço de papel e sorri para a mulher na minha frente, enquanto o cheiro de álcool entrava na minha narina. Eu havia sido pega.- É isso que aconteceu, eu disse que não era maldade – Encarei a roupa branca que eu usava. - Não me entrega, isso poderia me afastar dele, o pai dele colocou dois homens lá de fora, eu custei entrar aqui, eu só preciso saber dele, ele fez tanta coisa para mim, você me entende?- A história é inacreditável – A enfermeira sorriu e desviou o olhar. - Isso pode custar o meu emprego, senhorita.- Eu nunca vi você – Tento. - Já faz quatro dias e eu não tenho uma maldita notícia dele.- É o homem do 204, ele está medicado já faz um tempo – Fico parada.- Não entendi – Ela olhou para o relógio.- O rapaz e o que levou o tiro, ele mesmo – A mulher baixa e de cabelos curtos faz uma pausa. - Ele deu crise nervosa, ele está sob medicação para se acalmar.Me levanto.
MARCO POLOEstava sob o efeito de calmantes, eu sabia disso pela forma que eu estava lento e devagar, minha cabeça lenta e meu corpo ruim.Eu quis gritar com ela de primeira.Mas eu não fiz isso.A assimilação do que o meu pai havia falado entrou rasgando dentro de mim e eu só abri a minha boca uma vez, não conseguindo falar, mas na segunda, falando a única coisa que eu sentia naquele momento.Dentro de mim.- Ela é minha vida - Toquei o braço da mulher ao meu lado e o olhar dela caiu sobre mim. O olhar castanho se iluminou e eu tive certeza que era ela ali.Minha Alex, que ela não me deixaria.Que ela ficaria comigo, assim como eu havia ficado com ela quando ela mais precisou, ela não precisava e não era obrigada, mas eu seria magoado demais se ela não ficasse, eu iria sofrer.Com o tempo, depois de tanto tempo, eu sabia que eu não queria sofrer por ela.- Marco - Ela se moveu para ainda mais perto e colocou suas mão
MARCO POLOColocar os pés em casa me dá uma paz que se instala em mim, eu me mexo devagar pelo apartamento e me aproximo do sofá e me sento, vendo Alex caminhar em silêncio e me acompanhar.- Quer alguma coisa? - Balanço a cabeça. - Você ficou calado o caminho inteiro.- Estou bem, não se preocupe - Volto a me levantar. - Na verdade eu preciso sim de algo, vem comigo - Me mexo devagar até entrar no escritório, indo até o armário e puxando papel atrás de papel, até ter uma pilha em mãos e ir para mesa, puxando a lata de lixo de debaixo da mesa e colocando sobre a mesa de madeira.- Marco? - Eu abro a primeira gaveta, pegando cada caixinha ou cada cartela ou comprimido solto que eu encontro, levando tudo pro lixo. - Esta...- Me livrando disso, chega, eu sou isso - Minha voz sai baixa, quando termino eu encaro a lixeira sobre minha mesa. - Nunca cheguei a usar isso, não tenho a necessidade de estocar isso, é inútil.Alex dá a volta na mesa e se apro
MARCO POLOCaminho até a minha cadeira e me sento, olhando para a mulher de cabelos castanhos presos, estou atrasado, mas ela não, com uma calça jeans perfeita apertando ela e uma camisa branca dobrada até o antebraço.Ela tem um sorriso nos lábios.Um belo sorriso nos lábios.- Fiquei uma hora inteira falando de um tipo específico de distúrbio, o distúrbio sexual tem muitas implicâncias, mas para muitos é só mais um problema sobre o sexo ou uma conduta. Enquanto não paramos de ver o problema é não tratarmos a pessoa por trás dele, nunca haverá solução ou melhora significativa, até pode acontecer, mas tem regressão - Ela faz uma pausa, me procurando entre as fileiras. - É como ir em um médico e ele tratar sintomas, mas não o problema. Isso é um erro, porque, se formos levar em conta a holística de uma pessoa, ou seja, ele como um todo, vamos entender tudo, vai ser como abrir um dicionário, vai ser como abrir o google. Mas há um detalhe, abrir não é cuidar
Fui descoberto por mim mesmo.Autor desconhecido_____________________MARCO POLO KELLERMarco Polo Keller, prazer, sou o seu admirador, mesmo não conhecendo você que está aí perto de mim, aprendi a ser simpático desde cedo, porque caramba, nunca sei quando vou precisar de uma ajuda.Eu sou bem complicado em relações pessoais, sou o cara que lida de uma forma perfeita com as pessoas, eu gosto delas e elas gostam de mim, mas não as quero tão perto. Precisamos das relações humanas pra ter uma normalidade padrão esperada por todo mundo, mesmo que as vezes você queira ser sozinho, mas fazendo isso fica estranho, você é taxado de antissocial pra cima, certo?Ah, mas tem um detalhe, eu preciso ser assim: normal, sem os rótulos.Talvez seja fácil ser normal, mas não quando você é diagnosticado anormal, fin
MARCO POLOHavia quatro ano que eu havia entrado na advocacia, eu havia tido uma sorte grande de meu pai me querer por essas partes, porque o medo dele o motiva a me manter longe ou fora do seu campo de visão ou convívio, como se eu fosse uma sombra obscura da família Keller, embora ele gostasse de se gabar com outros sobre o extraordinário filho dele e seus casos de destaque como um advogado ou com alguma mulher bonita. Eu sempre tinha alguém do meu lado por necessidade e meus casos sempre tinha minha total dedicação.Meu pai não lidou bem com a minha percepção sexual aplicada, nunca, me chamando de maluco muitas das vezes ou até mesmo se perguntou onde foi que ele errou, talvez foi ter comido minha mãe ou ela ter conhecido ele, bem, mas com o tempo cada um foi para seu canto sem perturbar ninguém, hoje nosso assunto comum e os meus casos vinculados com a advocacia. Almoço de domingo? Esquece!Isso não me torna ruim. Gosto de pensar que sou diferente dos outros, m
MARCO POLOEu estava duas vezes mais ansioso que o normal, isso não era novidade, já era por um motivo, agora tenho mais um belo e bonito motivo, de boa aparência, um sorriso e calma invejável, eu fecho o relatório, estou na área de alimentação da empresa, da advocacia, olhando para um copo de café amargo gelado, são três horas da tarde.Ela não vai ligar, ela não precisa exatamente de mim, por que ela me ligaria? Por que caralho ela precisaria de mim?– Está tudo bem? – Vejo a sombra do meu pai e o vejo se sentar na minha frente, olhando fixamente para mim, como sempre, nada de muito novo. Analisando meu comportamento, assim como os telespectadores do animal planet analisa o conteúdo produzido.– Sim, tudo – Falo calmo, puxo o copo de café para mais perto. – O senhor? – Pergunto, sabendo que aquela e a única conversa que conseguimos ter, sem ele começar a me criticar ou falar sobre as nobres atitudes deles como pai.– Mais um caso?– Separa