Narradora ✓ — Me pergunto como um homem tão esperto quanto você, pode se deixar levar pelos jogos dela. — disse Donovan, o veneno presente em suas palavras. — Mas é claro, a garota sempre foi astuta. Diga-me ela contou-lhe que foi ele quem salvou sua vida, e ela o levou para a morte ? Os olhos de Benjamin se arregalaram em espanto, oque diabos ele estava ouvindo, não era possível que as palavras de Donovan fossem verdade, não poderiam ser. ________√_______— Eu não acredito em suas palavras — a voz de Benjamin ecoou em meio ao silêncio após Donovan contar-lhe sua versão da história.Algo que parecia fantasioso demais para ser considerado verdade. Um manicômio? Por qual motivo Ava seria internada em um manicômio? É claro, ela tinha comportamentos que, por vezes, já haviam feito Benjamin duvidar de sua sanidade mental, mas daí a ser internada em um lugar como aquele... era loucura. E toda aquela história de atrair o filho de Donovan para a morte parecia fantasiosa demais para ser con
Ava Brown ✓ Abri os olhos devagar, sentindo algo úmido tocar minha face. A claridade do quarto era desconfortável, me forçando a piscar algumas vezes enquanto tentava me acostumar. Sempre preferi lugares mais escuros. Outra vez, algo úmido deslizou pela minha testa, e aos poucos minha visão ajustou-se à luz. Percorri o olhar pelo ambiente até focá-lo ao lado da cama. Foi então que encontrei os grandes olhos verdes que me observavam com preocupação.Pisquei algumas vezes, confusa, querendo confirmar que não era uma miragem. Não era. Benjamin estava ali, sentado à beira da cama. Nas mãos, ele segurava um tecido macio, que molhava em uma pequena bacia sobre o móvel ao lado, passando-o com suavidade pela minha testa.— Finalmente acordou. — Sua voz era surpreendentemente doce, quase delicada, bem mais serena do que eu esperava ouvir. — Como se sente?— Como se ainda estivesse em um sonho... — respondi, um pouco sem jeito. — Isso é real? Você está mesmo aqui?— Tão real quanto o ar que re
Ava Brown ✓ "O inimigo do meu inimigo é meu amigo."Talvez fosse uma verdade incontestável, talvez não. Mas, no momento, era tudo o que eu tinha. O inimigo do meu inimigo estava ao meu lado, transformado em um aliado improvável. Não era um aliado leal, claro. Para Donovan, eu não passava de uma peça no tabuleiro, um meio para atingir Edward e destruir seu império. Mas que se dane. Se isso significava que aquele desgraçado pagaria por tudo o que fez, eu entregaria minha alma sem hesitar.Meu olhar se fixava no teto adornado acima de mim, onde as sombras dançavam na fraca luz que atravessava as cortinas. Era madrugada, e o sono parecia decidido a me ignorar. Faziam alguns dias desde... bem, desde que tudo mudou. Aceitar um trato com Donovan havia sido, no mínimo, insano. Ir até ele em troca de proteção fora o ápice do meu desespero. Mas, no fim, serviu para alguma coisa. Consegui o que queria: proteção. Embora o preço tenha sido alto. Demais. E nem foi eu quem pagou...Uma semana depoi
Ava Brown ✓ A voz de Athena ecoava em minha mente enquanto eu encarava o vazio do quarto, as palavras ainda reverberando como se fossem ditas naquele exato instante: — Isso mesmo, senhorita Cooper, vamos tirar o senhor Cooper do coma induzido hoje à tarde. Apesar de tudo que aconteceu, o corpo dele respondeu bem aos tratamentos e temos expectativa de que ele acorde assim que os sedativos forem suspensos. Eu estava no quarto, acabara de tomar o café da manhã enquanto discutia com Benjamin sobre o futuro de Kira. Enviar a menina para sua terra natal não era uma opção, não enquanto não sabíamos quem era sua família. Assim que desliguei a chamada, o silêncio tomou conta do ambiente. Benjamin permaneceu parado, seus olhos focados nos meus. Havia algo escondido naquele olhar, algo que eu não conseguia decifrar, mas que trazia uma sensação de que as coisas estavam prestes a mudar. Sem dizer nada, ele se levantou, pegou a bandeja vazia e saiu do quarto. Suspirei fundo, levantando-me da
Ava Brown ✓Observo Bryan repousando na cama, os olhos fechados, a respiração tranquila. Por fora, ele parecia tão em paz, mas por dentro... Eu não conseguia imaginar o caos que se desenrolava. Meus pensamentos, no entanto, estavam longe, distantes demais para que eu me sentisse verdadeiramente presente.O jeito como ele despertou algumas horas após a retirada dos sedativos surpreendeu os médicos. Eles não esperavam uma recuperação tão rápida, e logo se iniciou uma bateria interminável de exames. Passei praticamente a tarde e o início da noite sentada ao lado de fora do quarto, enquanto médicos e enfermeiros entravam e saíam, discutindo possibilidades e analisando resultados.Eu não estive sozinha. Benjamin permaneceu comigo o tempo todo, sentado em silêncio no corredor. Ele não dizia muito, mas o peso em seus olhos era claro. Não era culpa pelo que havia acontecido entre nós mais cedo; era algo mais profundo, algo que vinha corroendo-o desde o acidente de Bryan. Pelas palavras que fo
Ava Brown ✓ — Sabe, Ava — a voz de Athena rompeu o silêncio, carregada por uma firmeza envolta em um tom quase nostálgico. — Você me lembra muito alguém que conheci muitos anos atrás... Uma garota que precisou lutar contra tudo e todos para conquistar seu lugar de direito, alguém que se recusou a aceitar as regras que lhe foram impostas.As palavras dela ficaram no ar, como se carregassem um peso que não se via, mas se sentia. Um misto de emoções transbordava em sua voz, algo que eu não conseguia decifrar completamente.— Vim de uma família muito pobre — Athena continuou, seus olhos fixos em algum ponto distante. — Meus pais eram imigrantes cubanos que vieram tentar a vida nos Estados Unidos. Nunca tivemos muito, mas eles se esforçaram para que eu tivesse tudo o que eles nunca puderam ter.Ela pausou, tomando um pequeno gole de café antes de voltar a falar.— Eu nunca me contentei com o pouco que me foi oferecido. Sempre soube que merecia mais. E estava disposta a fazer o que fosse n
AVA BROWN ✓ Uma semana havia se passado desde minha conversa com Athena naquela noite, e seria uma mentira dizer que suas palavras não estavam ecoando em minha mente todos os dias, como um mantra que me negava a entoar.Terminei meu banho, passei meus cremes e penteei meus cabelos, deixando as ondas caírem soltas por meus ombros. Saí do banheiro e lá estava ele, Benjamim, sentado em minha cama, observando silenciosamente toda minha rotina matinal, como se estivesse contemplando uma obra de arte.Ele me observava sem dizer uma palavra, e eu podia sentir a presença dele, inquestionável, como se ele fosse parte do cenário. Outra vez havíamos dormido juntos, outra vez ele explorou cada canto do meu corpo com seus dedos, me fazendo me sentir a mulher mais desejada do mundo. Outra vez acordei em seus braços, tomei café na cama, e, mais uma vez, nenhuma palavra foi dita entre nós.Os dias que se seguiram foram estranhamente confusos. Não sei o que foi dito entre ele e Bryan naquela conversa
Benjamin Cooper ✓ Me afasto de Bryan após aquele abraço desajeitado, sentindo o peso dos últimos dias começar a se dissipar. O clima no quarto parecia mais leve, mas o silêncio que se seguiu ainda carregava uma tensão sutil. Alguns momentos passaram antes que ele resolvesse quebrá-lo. — Pai. — Sua voz soou calma, mas com um toque de hesitação. — Quanto tempo estou assim? — perguntou, a curiosidade se misturando à melancolia. — Os médicos não me dizem nada, e Ava... Bem, ela não foi muito clara. Respirei fundo, escolhendo as palavras com cuidado. Não queria sobrecarregá-lo logo agora que estava começando a se recuperar. — Fazem quase quarenta dias. — Minha voz saiu baixa, mas firme. — Você foi atropelado no centro da cidade. Trouxeram você para cá às pressas, e foi um milagre que tenha sobrevivido... — Pausei, observando sua reação antes de continuar. — Teve algumas paradas cardíacas. Houve momentos em que... — Engoli em seco. — Houve momentos em que achamos que você não resist