Apesar do passado macabro que viveu, em sua maioria preenchido por uso de substâncias alucinógenas, ele amava sua filha. Sua mente era um verdadeiro campo de tortura, onde ele enfrentava diariamente seus demônios. Tudo que Jean queria era poder voltar no tempo e garantir uma vida digna à Blair, mas era tarde para tal. Tudo que ele tinha era uma tentativa.A vida de Blair fora conturbada. Desde que era uma pequena criança, as lembranças boas de seu pai não superavam as ruins. Ela simplesmente não conseguia lidar com aquele Jean repaginado, sem marcas do passado, sem pecados. O que mais a machucava era o amor que as pessoas sentiam por ele. Em seu íntimo, Blair queria que mais alguém pudesse o odiar, apenas para ela não parecer uma megera amarga. No entanto, havia só mais uma pessoa que poderia odiar Jean, e ela estava a sete palmos abaixo do chão.- "Na verdade, não. Eu acho que preciso voltar para o hotel e descansar um pouco"- "Não, querida. Não precisa voltar ao hotel. Pode ficar a
A reação do corpo de Blair não era natural, parecia envolver algo além do físico. Ela permaneceu estática enquanto tentava assimilar o que via, encantada pelo perfeito anjo caído. Blair não sabia, mas o efeito que sua figura tinha no sistema do homem era igual, se não mais devastador. A diferença estava no fato de que Banks conseguia esconder suas reações.- "Eu não sabia que você tinha acesso ao quarto de Michele" o tom da mulher estava sussurrado, carregado de surpresa e de um desejo que ela era incapaz de conter.- "E não tenho" a voz potente do homem, rouca e grave como um trovão, causou arrepios que o corpo dela não reconhecia.Ethan encarava o rosto de Blair, porém uma parte de sua mente implorava para que seus olhos percorressem o corpo da mulher. A posição dela era sugestiva; de costas, levemente inclinada sobre o mármore, usando um vestido que desafiava o autocontrole de qualquer um.- "Então... este quarto é seu?"Analisando a situação por outra perspectiva, aquilo tinha um
Ethan agarrou a mão de Blair, que estava em sua gravata, e puxou a mulher para si. O encontro entre os corpos fez uma multiplicação de suas vontades. O primeiro suspiro dela foi suficiente para tirar a mente do homem de sintonia. Tudo que seus sentidos viam era Blair.O desejo foi intensificado quando ela umedeceu os lábios com a ponta da língua. Fosse ou não um convite, ele viu suas próprias regras desabarem.Blair sentiu arrepios em sua pele quando o homem a virou e pressionou contra a parede, exatamente como nos encontros anteriores. Ele avançou sobre ela como uma máquina, espremendo seu corpo com dominância. Não estava necessariamente pedindo passagem.O toque era como labaredas de fogo. Cada dedilhar evocava uma ardência nova. Mas, para além disso, os olhares fixos eram o que causavam a hipnose. A química inquebrável. A sensação de necessidade. Eles podiam ver o próprio desejo espelhado nos olhos do outro.Ela inclinou o rosto com expectativa. Ethan desceu os lábios até encontrar
Aquele beijo traduziu em gestos o que eles jamais seriam capazes de dizer. Com malicia, porém reverencia. Com prazer, porém contenção. Com lentidão, porém desespero. O contato cheio de perigo enterrado e promessas que não seriam cumpridas. Para ambos, um toque mais visceral do que o próprio sexo.- "Por que me fez esperar por tanto tempo?" Blair mordeu o lábio inferior, adorando a sensação que a mordida de Ethan havia deixado.- "Eu preciso de um motivo para não comer você agora. Apenas um motivo"Ele aproximou o rosto lentamente, e então deslizou os lábios pela garganta de Blair. A pele de seu corpo foi arrepiada pelo hálito quente do homem. Ethan beijou o local, depois lambeu. O gesto foi suficiente para arrancar gemidos dela. Ele sabia que estava viciado nos lábios femininos, e ainda mais em seu corpo.Logo após, houveram repetidas batidas na porta da suíte. Não era um chamado paciente, era um alerta. As batidas fortes indicavam que a pessoa do outro lado da porta precisava da aten
- "Eu não recomendo, senhor" embora soubesse que seu chefe faria o que quisesse, independentemente da recomendação, o segurança fez sua tentativa.Ethan não precisou repetir para que seu funcionário obedecesse. Alex afastou-se da porta, educadamente, para que seu chefe passasse. Blair sabia que aquilo não era um convite para passar a noite com Ethan, então também caminhou para fora da suíte.Àquela altura, o homem estava intacto em seu próprio mundo. As coisas que havia dito, feito e sentido faziam parte do passado, e apenas. Eles entraram no elevador e permaneceram mantendo distância.- "O homem foi contido, mas seguiremos com o protocolo" Alex anunciou.O segurança posicionou a mão na cintura, em um coldre que abrigava seu revólver. Quando a segurança de Ethan poderia ser posta em risco, aquele era o protocolo. Contudo, olhando para o rosto sombrio e corpo forte de Ethan, Blair chegava a duvidar que ele poderia ser humanamente ferido.E quando as portas se fecharam e tudo que restou
- "Você não pode sumir, mulher. Eu fiquei preocupado" Drake disse, ainda abraçando sua amiga.- "Você não acreditaria se eu dissesse o que aconteceu"Drake olhou para o lado, e percebeu que o olhar irritado de Banks estava sobre si. Os olhos de Ethan diziam que ele via algo que não gostara e, se Drake fosse esperto, deveria correr para longe de Blair. Entretanto, para o azar do empresário, Drake faria exatamente o contrário.- "Acho que eu acredito, sim"O abraço chegou ao fim, porém os olhos de Blair continuaram fixos em seu amigo. Ela não queria assistir o romance que se desenrolava ao seu lado. Apesar de ter a atenção de Ethan, Blair não tinha seu toque. Mariah tinha.- "Podemos ir, senhor?" Alex perguntou ao chefe. Naquela situação, o segurança não queria arriscar a integridade de Ethan e Mariah, que estavam relativamente expostos no salão.Ao redor deles, as câmeras fotografavam incessantemente os rostos aflitos das pessoas que ainda não haviam saído do hotel. A equipe policial f
- "Nada importante"Mariah não era a namorada de Ethan, sequer chegava perto de ser. Ela era um caso esporádico, alguém com quem ele saía quando estavam na mesma cidade. A loira tinha expectativas com relação a ele, e isso era reforçado pela mídia, que sempre insinuava um envolvimento amoroso.- "Você parece estar preocupado" ela posicionou a mão no bíceps de Ethan, algo que considerava ser íntimo.- "Não estou"Preocupação não era o sentimento correto. Talvez agitado, inquieto ou pensativo. Tudo tinha relação com Blair Collins. Ethan estava certo quando disse que a ruiva acabaria com sua vida, pois, de fato, era o que ela estava fazendo. Com a sensualidade, com o beijo inesquecível, com o corpo definido, com os lábios volumosos.- "Mas está pensando demais, e sua expressão entrega tudo. Não está pensando em mim" e então, só então, Mariah ganhou a total atenção do homem.Ele olhou para ela, talvez pela primeira vez no dia, ou na semana. Quando estavam juntos, Mariah usava a boa imagem
A Semana da Moda havia chegado ao fim. Blair estava em Las Vegas novamente na semana seguinte. E dizer que muitos de seus pensamentos continuavam em Nova Iorque seria eufemismo.Após algumas ligações, alguns relatórios entregues e conversas breves, Spencer convidou Blair para o departamento. Haviam detalhes que precisariam ser discutidos pessoalmente.- "E então ele comprou as ações da empresa?" o inspetor questionou, inclinando-se para frente em sua mesa desorganizada.- "Sim. A justificativa é que ele não estava pronto para se afastar completa e subitamente" a ruiva relatou.Blair estava de frente para Spencer em seu escritório bagunçado. Ela usava roupas comuns; jeans escuro, casaco com capuz e tênis práticos; o possível para passar desapercebida. Àquela altura, ser descoberta seria como atear fogo na investigação.- "Alguma parte da história é uma inverdade" Blair divagou.- "Por que?" o inspetor demonstrou interesse.- "Ele alega que não estava pronto para abandonar as pistas. No