A princípio, o carro fez uma volta lenta. A velocidade não atingiu cem quilômetros por hora. O piloto estava apenas conhecendo a potência do motor, deixando sua experiência tomar conta do momento.Na segunda volta, seu pé pesou sobre o pedal. A cada segundo o esportivo ficava mais veloz, finalizando as curvas em tempo recorde. Ethan estava concentrado, mas também relaxado. Aquele era o único momento em que ele podia desligar todos seus sentidos e preocupar-se apenas em cruzar a linha de chegada.Quando ele passava pelo pit-stop, o barulho estrondoso e potente era ainda mais explícito. O acelerar firme e constante fazia os pneus ressoarem com a fricção no asfalto.Diante da fascinação pela maneira obstinada de Ethan dirigir, Blair não conteve a vontade de levantar-se. A mulher estava agitada demais para assistir de longe. E enquanto ela caminhava para frente, ouviu os toques do salto de Lana. A loira estava saindo do pavilhão do autódromo e entrando pelo lado seguro da pista.- "Blair"
- "Chega de conversa, Thomas" a voz rouca de Ethan foi uma surpresa para o sistema de Blair. Seu sorriso de garota logo foi substituído por lábios entreabertos e faces rosadas.- "Entendido, chefe" apesar de estar brincando, Will concentrou todo seu foco na última volta na qual Ethan estava entrando.- "Qualquer coisas?" Blair precisava ter certeza de que qualquer coisa seria realmente suficiente para encerrar uma corrida de Ethan Banks.Enquanto aguardava sua resposta, o carro passou pela pista ao seu lado como se estivesse voando baixo.- "Qualquer coisa" ele lhe garantiu.Blair caminhou até a linha de chegada, a poucos metros do pit-stop. Sabia que os olhares estavam concentrados nela enquanto andava. Os homens estavam expectantes quanto ao que ela iria erguer para declarar o encerramento da corrida. A mulher chegou à linha quadriculada que atravessava a pista e pensou por um segundo, necessitando de toda sua coragem para seguir em frente.Por fim, ela atravessou a pista, parando n
Os olhos azuis tomaram uma proporção maior. Ethan mantinha certo distanciamento, pois não queria assustar a mulher com sua empolgação, não naquele momento. O dia em que ela imploraria por seu toque haveria de chegar. E, para o bem da sanidade de ambos, não poderia demorar.- "Não, isso não é tão duro" ele aplicou mais força contra sua pele alva ao responder, e ela teve certeza de que ficaria marcada.Olhando para cima, vendo que a excitação de Ethan já estava visível em seu olhar, Blair inclinou-se para frente. Estava, pela segunda vez, se entregando ao homem de uma maneira incontrolável. O que ela sentia; o desejo, as pernas fracas, a respiração pesada, os pelos arrepiados, o coração acelerado e a pele ardente. Tudo isso, apenas as mãos contra sua pele eram capazes de proporcionar.- "Parece que você já pegou seu troféu" e então, só então, quando ouviram a voz de Will, Blair e Ethan foram capazes de perceber que existiam outras pessoas no mundo.O homem afastou-se, porém levou consig
O homem pensou, por um momento, que estava entrando em um lugar do qual não conseguiria sair. Olhar para a expressão afetada de Blair havia se tornado sua nova religião. Ele sabia que não precisaria de muito para viciar-se nela, no perfume dela e, logo mais, em seu sabor.- "Não, não tenho" ela finalmente respondeu, com os lábios rosados e desenhados movendo-se com graciosidade.Ethan segurou o queixo de Blair entre os dedos de uma mão enquanto segurava seu sutiã com a outra. Ele sabia que estava colocando as mãos em seu próximo erro, seu melhor erro. Ela inclinou o rosto até virar-se para ele, frente a frente com os olhos azulados que tanto perseguiam seus sonhos.- "Sim, você tem"Ethan viu nos olhos azuis de Blair o quanto ela o queria. Na mesma proporção, ou até mais do que ele a queria. Os olhares nunca mentiam. Ele desceu os olhos para a garganta da mulher, saudando algumas noites anteriores, depois para os seios dela. O perfeito arredondado sob a camiseta era convidativo, mas n
Blair recebeu a mensagem de Spencer cinco minutos antes de adentrar o elevador. Ela teclou o painel, indicando que desceria até o subsolo. A ruiva recostou as costas na parede de aço, e suspirou enquanto o elevador descia para o estacionamento. Ela levava consigo uma pequena pasta, com as anotações que fez durante os dias de silêncio de Spencer.A verdade era que aqueles relatórios eram superficiais. Não continham o real desejo que ela sentia pelo homem, nem os olhares intensos, nem as vontades em comum. Não existia forma correta para descrever aquele sentimento crescendo em seu peito.E quando as portas do elevador voltaram a se abrir, no subsolo, Blair partiu para fora, já com uma decisão em mente. Seria impossível conciliar Ethan com a investigação. Ela não poderia continuar sendo leal a Spencer, não quando todo seu corpo vibrava ao lado de outro homem.A ruiva avistou o inspetor encostado em um pilar de sustentação, analisando seu derredor despretensiosamente. Ao avistar Blair, Sp
- "Eu vou ajudar você. Me desculpe por desistir, eu não conhecia suas motivações" ela garantiu, apertando a mão do homem.- "Todos temos nossas dores" ele murmurou.A partir daquele momento, Blair comprou a luta de Spencer, pois gostaria que alguém tivesse feito o mesmo por sua mãe. Ela pensou em como aquele homem se sentia, tendo que conviver com a possibilidade de vingar seu irmão, mas nunca chegando perto suficiente.- "Sim, todos temos nossas dores"*Blair Angel Collins era uma mulher adulta, com vinte e três anos de experiências traumáticas. Em sua infância, havia sofrido com a violência e perda da mãe, depois passara alguns anos em um orfanato. Seu pai foi ausente, mesmo quando estava por perto.Quando finalmente encontrou a luz, ou pensou ter encontrado, ela se enganou. Blair fora morar com sua tia, irmã de sua mãe, porém percebeu que isso não facilitou sua vida.Morando com a tia, Blair sofreu com a negligência. A mulher pensava que aquela pequena criança era responsável pela
Blair precisou de um segundo para pensar sobre aquela pergunta. Ela tinha uma relação estável com o pai, talvez razoável. Não envolvia amor ou afeto, mas ambos tinham as partes que lhe cabiam da relação. Ele tinha a presença da filha, e ela tinha a ajuda financeira dele.- "Pode parecer ridículo, mas eu não sei. Não nos falamos muito"- "Não é ridículo. Você tem o direito de não querer se aproximar" a madrinha respondeu.Melhor do que qualquer outra pessoa, Mirtes entendia que o relacionamento entre pai e filha não era fácil, muito menos amoroso. Haviam raízes de magoa que jamais seriam cortadas, e aquilo envenenava os frutos da relação.- "Eu sei. Enfim, não quero falar sobre Jean. Me fale sobre os seus negócios"- "Oh, ninguém aqui está ficando mais novo, e eu preciso cuidar da minha velhice. Estou pensando em vender os vinhedos e investir o dinheiro"- "Por que venderia? Faz pouco tempo desde que começou a trabalhar com as uvas"- "Realmente. Mas estou ficando mais cansada a cada d
O grande dia havia chegado. A Fashion Week era a realidade de cinco das maiores capitais do mundo da moda. Em Nova Iorque, no centro de Manhattan, estava concentrada a celebração de vestuário do universo. A cidade iluminada por riqueza e bom gosto era exclusiva, naquele momento, para todos os modelos vestindo milhares de dólares em forma de roupas.O evento contava com presenças ilustres, a atração durava sete dias. Em cada extremo do salão bem iluminado haviam pessoas entendidas sobre o assunto, esperando ansiosamente pelo momento em que a mágica começaria.A passarela situada no centro do salão, como atração principal, ainda não havia sido inaugurada naquele ano. Suas luzes estavam apagadas, pois as pessoas teriam um momento de ambientação antes do espetáculo. A música de fundo era um som calmo para aplacar o vazio enquanto, em seus próprios círculos, as pessoas mantinham conversas particulares.- "Eu estou tremendo de nervosismo" Drake comentou, e então bebeu seu último gole de suc