A proximidade permitia a nitidez no fato de que Ethan era mais alto e robusto do que o homem maltrapilho.- "Eu não..." a cada segundo, e a cada palavra, o homem vestido como um mendigo se afastava mais rápido. Estava com medo, temendo que o perigo gritante de Ethan se tornasse um risco real.- "Foi um erro. Me desculpe"Ethan deu um passo na direção do homem, decidido a cometer um delito no mesmo instante, porém ele disparou em uma corrida conturbada, com braços inquietos e pernas sem firmeza.O ar carregado de raiva contida ainda pairava na noite amena de Vegas. A cidade sempre iluminada estava pesada naquele momento, cheia de perguntas a serem respondidas e de impulsos a serem controlados.Blair, apesar de ter presenciado cada segundo, ainda não tivera tempo para processar tudo em sua mente. Ela se sentia exposta e desprotegida, exatamente como em sua infância. No entanto, pela primeira vez, ela teve ajuda. O anjo que sua versão inocente desejava, para lhe segurar e aplacar seus me
Naquela madrugada, as horas foram longas e pacatas. Drake tentou uma reaproximação com base na única coisa que faziam bem; conversar. Mas Blair estava afastada, sobrecarregada.O passado da mulher era uma vasta sequência de desastres, e tudo havia começado com Jean. Ela não falava sobre ele, ou sobre sua mãe, pois vivia em luta contra os pensamentos depressivos que esse assunto lhe provocava.Apesar das tentativas de conversa com a amiga, Drake decidiu lhe dar espaço. Sempre estava por perto, fazendo as refeições ou deixando uma flor na bancada da cozinha. Ele queria provar que ainda estava ali, por e para ela. Porém, ao tentar concertar o passado que Blair julgava ser um inferno pessoal, ele havia cruzado limites perigosos.Drake viajava para Los Angeles nos fins de semana. Estava começando a se encaminhar como ator, apesar de ter medo do que aquilo significaria. Estar próximo de Jean o levaria ao afastamento de Blair, e, uma hora ou outra, Drake precisaria fazer uma escolha.Ele tam
- "Foi bom para me acostumar com a nova vida"- "Ouvi dizer que não é uma vida ruim"Blair sentou-se em sua cama, analisando o horizonte através das portas de acesso à sacada. De fato, não era uma vida ruim, mas ela não sabia até que ponto poderia dizer que era boa.- "Tem novidades?" a ruiva questionou.- "Estou fazendo algumas análises, conversando com conhecidos e pedindo favores, mas espero que as reais novidades venham de você" diante das palavras de Spencer, Blair pôde o imaginar erguendo as sobrancelhas.- "Michele conversou comigo sobre meu pai, e eu anotei todos os pontos importantes da conversa"Spencer não gostava de compartilhar informações virtualmente. Ele era um homem mais velho, e não confiava na tecnologia. Assim sendo, preferia que Blair escrevesse manualmente todas as informações que julgasse ser importantes.- "Boa garota. Algo mais?"- "Bem... eu fui abordada em frente ao meu prédio" ela disse baixo, com medo de que as lembranças tivessem um impacto forte demais.
- "Acredite, eu estou orgulhoso de você" Drake murmurou, jogando-se contra o sofá da sala como se fosse uma piscina olímpica.- "É apenas um perfil em uma rede social" Blair fez pouco caso, mas sabia que aquilo significava mais do que admitiria. Na terapia, seria chamado de progresso.- "Você sabe que significa bem mais"A mulher caminhou até o sofá, ainda usando seu pijama confortável, e aninhou-se ao lado do amigo. Por mais que tivessem desavenças, e tinham, ela o amava como um irmão.- "Eu cansei de me esconder do mundo" aquilo era parte da verdade, porém uma parte importante.Blair pensou no que Spencer diria. Talvez ele fosse reprovar sua conduta, pois perfis em redes sociais significavam exposição, e uma investigação não precisava de exposição. No entanto, por outro lado, era preferível que ela vivesse uma vida comum, assim estaria acima das suspeitas.A ruiva desejou compartilhar aquele pensamento com seu amigo, mas sabia que seria antiético de sua parte, então apenas o guardou
E quando a manhã seguinte chegou, o dia estava propício ao divertimento ilimitado que as pessoas encontravam apenas em Vegas. Blair Collins levantou-se de sua enorme cama, em frente a uma lareira invernal, sentindo-se a mulher mais privilegiada da cidade por ter aquela visão.Blair vestiu seu robe de seda fina e caminhou para fora do quarto. A manhã ensolarada brilhava fora do apartamento, iluminando os pecados de Las Vegas, dourando sua imagem promíscua. O ambiente era repleto de amplas janelas, todas voltadas para a parte mais cobiçada da cidade, a Strip.Mesmo com o brilho ofuscante do sol, seu dia ganhou sombras ao chegar na sala do apartamento e encontrar seu pai. Jean Collins estava sentado em um dos sofás da sala de estar, ao lado de um homem engravatado e Drake. Seu amigo parecia um surfista ao lado de dois mercenários; completamente deslocado. Ele vestia um pijama enquanto os homens usavam ternos escuros. A imagem dizia claramente que Blair e Drake haviam sido abordados sem q
Drake desviou seus olhos para Blair. A mulher estava impassível, achando toda aquela preocupação desnecessária. Poderiam ser coincidências. Para ela, Jean estava apenas inflando o próprio ego. Era mais fácil agir como se alguém o odiasse do que admitir que era um diretor com fama temporária. Ela não queria palpitar, pois lhe parecia ridículo. Sua vontade era levantar-se, tomar seu café com leite amendoado e trabalhar. Nada mais.- "E então, o que será feito?" ela perguntou, apenas para não parecer desinteressada.- "Precisamos de um plano para atrair atenção. Talvez um evento, ou uma festa aberta ao público. A pessoa, seja ela quem for, precisa sentir-se confortável para atacar" o segurança explicou calmamente, ganhando a atenção e indignação de todos.- "Expor minha filha para um maníaco em potencial? Não, obrigado" Jean foi o primeiro a discordar.Já lhe bastava que Blair fosse distante emocionalmente, e ele não queria correr o risco de perder sua presença também. O homem não arrisc
No dia seguinte, Blair sentia-se energizada. Não precisaria trabalhar, pois os preparos finais para a Fashion Week cabiam apenas aos estilistas. Havia combinado um almoço com Daliah e Drake, para que pudesse apresentar um ao outro. Para ela, era importante que o amigo conhecesse as pessoas que entravam em sua vida.- "Tem certeza de que não quer abrir um vinho?" Drake perguntou pela terceira vez, olhando para o suco de frutas sobre a mesa na sala de jantar.- "É segunda-feira" ela revirou os olhos, sorrindo internamente para a sede insaciável de Drake por vinhos.- "Está certa" ele deu-se por vencido, erguendo os braços.Ambos estavam descontraídos, usando roupas leves e descalços. Era a primeira vez que a mulher se sentia à vontade naquele enorme lugar, cercada pela noção de que seu pai era um homem muito rico.- "Eu quero falar sobre algo" Blair olhou para o amigo, admirando a energia positiva e suave que emanava dele. Era como se Drake fosse seu ponto de luz.- "Certo" ele cruzou o
- "Me conte mais sobre a Costa Rica" Drake pediu, olhando fixamente para os olhos castanhos de Daliah.- "Aquele país subdesenvolvido? Não mesmo. Estamos em Vegas, querido. Vamos falar sobre esse paraíso" ela respondeu séria, porém fez Drake gargalhar.- "Meu Deus, ela é incrível" ele disse, olhando para Blair com uma expressão de contentamento.- "Bem, estou curiosa com a relação de vocês. Moram juntos, se olham com carinho e demonstram uma intimidade e química incríveis. Como podem ser apenas amigos?" Daliah estava surpresa com a proximidade entre os amigos.- "Blair é tudo que eu tenho, e eu a amo como uma irmã. Sou um cara legal, sei disso, e seríamos o casal do século. Mas eu vejo algo nela que vai além de atração e romance. Somos família" Drake murmurava suas palavras de carinho enquanto olhava o horizonte se estendendo pela janela, inspirando seu pensamento em momentos que viveu com a ruiva ao seu lado.- "Não tem atração. Então você é gay?" Daliah franziu as sobrancelhas perfe