Blair aproximou-se do homem e sentou-se sobre suas pernas, passando um dos braços pelos ombros dele.- "Gustave Flaubert"- "Romance francês" a incredulidade no tom da mulher foi nítida. Ela não conseguia crer que alguém como Ethan tinha interesse em romances.- "Todas as obras francesas têm teor romântico" ele explicou, dando de ombros.Blair sorriu, e então Ethan teve certeza de que aquele sorriso poderia iluminar a cidade toda. A proximidade entre eles era assustadora para ambos, e eles tiveram medo do que sentiriam quando tivessem que se afastar.- "Nesta história, eu seria a mocinha?" ela perguntou.- "Provavelmente"- "E você seria o herói?"- "Não" o homem enfatizou com um aceno em negativa.- "Por que não?"Ethan não seria capaz de ser o herói na história de alguém. Ele ficou interessado na pergunta de Blair e pensou em uma resposta plausível. Não queria fazer a mulher pensar que estava se envolvendo com um maníaco, um vilão, ou qualquer coisa do tipo.- "Nessa história, o her
- "Oi"- "Oi, gata. Devo me preocupar?" Drake murmurou, fazendo sua amiga sorrir com alívio. Ela temeu que ele estivesse chateado com seu sumiço.- "Não. Eu estou bem. Estou na Califórnia" Blair comunicou.- "Você e os trinta bilhões de dólares?"- "Sim" ela respondeu revirando os olhos.- "Fique bem, Blair"Blair avistou Ethan perto do deque de madeira, iluminado pelas luzes do porto e bonito como sempre. Banks conversava com outro homem, que viria a ser o comandante da lancha que flutuava em alto mar. Blair admirou os detalhes de Ethan, se apaixonando por cada um deles mais uma vez. Ele parecia esboçar controle mesmo quando fazia as coisas mais simples possíveis.- "Fique bem também. E diga a Daliah que eu mandei um beijo" por fim, ela lembrou-se de dizer algo.- "Como sabe que estou com ela?"- "Eu simplesmente sei"- "Aproveite a Califórnia, gata. Estarei esperando por você" o amigo desejou.No fundo, embora ele não aprovasse o tipo de relação que Ethan e Blair tinham, Drake queri
- "Sua casa é um paraíso" ela murmurou, virando-se para encarar o homem que a admirava de longe.- "Agora que você está aqui, eu posso concordar"Blair desviou os olhos para os outros aspectos da sala. Era um espaço amplo, preenchido apenas pelo carro de competição esportiva e sofás ao norte. As cores eram fechadas, mas os vidros ao redor do ambiente não permitiam que parecesse sombrio.Tinham alguns quadros pendurados na única parede de alvenaria. Eram minimalistas e escuros. A decoração do ambiente sustentava-se no carro, pois não existiam vasos ou retratos.- "Obrigada por me convidar" ela agradeceu.- "Obrigado por vir"Ethan aproximou-se da mulher em sua sala, sentindo que a distância era algo que poderiam dispensar. Ele percebeu o olhar curioso dela sobre os detalhes, e viu-se interessado em sua opinião. O que ela mudaria? O que ela deixaria exatamente igual?Banks segurou o queixo de Blair entre os dedos e tomou seu olhar para si. Os olhos azuis oceânicos estavam brilhando, lin
Todas as vitórias de Banks lhe deram visibilidade. Sua aparência desejável e corpo atlético convidavam as mulheres ao autódromo em todas as corridas, em seu tempo de piloto, e ele sabia que despertava interesse nelas. A curiosidade daquelas pessoas era mais do que plausível.- "Tem certeza de que foi uma boa ideia?" Blair questionou, percebendo que sua presença poderia gerar conclusões precipitadas por parte dos espectadores.- "Não precisa pensar muito sobre isso"- "O que eu respondo se me perguntarem o que somos?"- "O que quiser responder"A verdade era que Ethan não se importava com o que as pessoas pensavam. Elas sempre apostavam nas piores hipóteses, afinal. E embora Blair não estivesse habituada ao mundo da fama, ele estava.- "É por isso que a mídia ama você. O que você faz é sempre um mistério" Blair comentou.- "Era pior quando eu era piloto. A paz que eu tenho agora é como um paraíso"Blair sabia que Ethan Banks não tinha paz. Todavia, em comparação com sua vida antiga, ch
Blair revirou os olhos como não fazia há muito tempo. Poucas coisas mexiam com suas emoções como Ethan, e não era diferente com sua irritação. O homem estava tão acostumado com pessoas lhe bajulando que não via limites nas próprias ações.E diante da raiva e da noção de que não chegariam a lugar algum com aquela típica conversa cheia de sarcasmo, a mulher levantou-se de sua cadeira. Ethan apenas a observou, não expressando qualquer tipo de reação até Blair começar a falar.- "Quando você estiver disposto a falar sério, nós conversaremos" e, dito isso, ela caminhou para fora do restaurante.Banks permaneceu estático, sentado sozinho com sua taça de vinho em mãos. Uma parte de seu cérebro, talvez a parte atraída por Blair, lhe ordenou que fosse atrás dela. Ethan não gostava de vê-la caminhando para longe.O homem virou o restante do líquido em sua boca e bebeu tudo em um único gole. Após poucos segundos, ele sorriu para si mesmo. O que aquela ruiva estava fazendo com sua mente era diabó
Aquela sensação também era fruto de sua escolha. Desde que decidiu abandonar a investigação de Spencer e viver um romance com Ethan, Blair sabia que estava abrindo uma porta que não poderia ser fechada.Blair também pensou nas palavras que ouviu de George. Ele parecia ser um carrasco do pior tipo, e claramente a via como uma ameaça. Juntando os fragmentos da história, seria estupidez não perceber que havia algo errado com Ethan, ou com as pessoas ao seu redor. E se Benedict fora uma vítima, o que lhe garantia que não existiria uma próxima?- "O que eu preciso fazer?" Blair perguntou para si mesma, deslizando as mãos pelo cabelo com nervosismo.Quando a ruiva ergueu os olhos para frente, pôde avistar a estante. Então sua visão focou em um artigo específico; um cofre eletrônico de tamanho médio. Ela levantou-se sem pressa, com medo do caminho que seus pensamentos estavam tomando. Blair caminhou até a estante, que tinha alguns livros, decorações menores, e dois porta-retratos com fotos.
A mulher analisou a expressão sonolenta dele, a vulnerabilidade, e sentiu a culpa pressionar sua mente. Enquanto ele esfregava os olhos com as costas das mãos, parecendo tão alheio ao que ela acabara de fazer, Blair se culpou por não poder ser minimamente honesta.- "Eu senti sua falta" Ethan foi o primeiro a dizer algo.- "Eu perdi o sono"Blair permaneceu estática enquanto observava Ethan em uma tentativa graciosa de afastar o sono. A mulher não sabia como pedir desculpas por algo que sequer havia confessado, mas desejou se desculpar.Ver aquele homem confiando nela como provavelmente não confiaria em ninguém destruía Blair por dentro. Ela sabia, todos sabiam, que aquela era a primeira vez que ele gostava da companhia de alguém. Não era pelo seu corpo, não era por interesse ou por conveniência. Ethan confiava em Blair, apesar de não dever.- "Vem aqui" ele pediu, estendendo uma mão para a ruiva.Blair aproximou-se dele e segurou sua mão estendida, ainda mantendo alguma distância. Na
- "Eu não quero matar você, então não se mova" ela orientou.- "Eu espero que você esteja brincando"Blair suspirou uma e outra vez antes de começar. O primeiro deslizar da lâmina pela bochecha de Ethan foi acanhado, medroso e muito suave. Enquanto isso, o homem a escrutinava. Os olhos dele estavam sempre fixos nela, absorvendo a concentração de Blair. Ele percebeu que ela mordia o interior da bochecha quando estava muito empenhada, e apenas não comentou porque não queria tirar sua concentração.Blair limpou os dois lados da lâmina na toalha ao seu lado, e Ethan aproveitou o instante para fazer um de seus comentários pouco inocentes:- "Você vai sentir falta da barba?"- "A barba está em você" ela respondeu com displicência.A forma como Banks estava não costumava importar. Ele era bonito suficiente para ficar bem em qualquer visual. A barba era um charme, de fato, mas sua ausência não o deixava menos do que perfeito.- "Mas são suas pernas que ela arranha"- "Você é ridículo" ela sor