Spencer Davis caminhou até o armário de madeira antiga em sua sala. Cada detalhe do ambiente era envelhecido, pois o inspetor trabalhava naquele departamento há alguns bons anos. Ele pegou uma caixa e voltou para sua cadeira.Atrás da mesa, Blair estava sentada em uma cadeira, esperando pelas próximas instruções. Spencer retirou algumas fotografias da caixa, e as dispôs sobre a mesa.- "Suponho que você já tenha o encontrado" o inspetor ponderou.- "Por que não me mostrou antes?"- "Eu não queria que você ficasse obcecada por um rosto, e se esquecesse do derredor"- "Ele estava no baile" Blair respondeu, inclinando-se para frente e analisando as fotos que Spencer tinha.- "Ethan Banks é um ex-piloto, e abandonou a carreira para administrar os negócios da família"Spencer sentou-se em sua cadeira, e também analisou as fotos enquanto pensava sobre o caso. Anos antes, ele havia iniciado uma investigação; tinha fotos, vídeos, gravações e testemunhas, mas nunca era suficiente. Ele precisav
Ela girou para que ele pudesse ver todo o vestido. Porém, tratando-se de Blair Collins, qualquer roupa a deixaria bem. Era um motivo compreensível de inveja que a ruiva parecesse linda em qualquer ocasião.- "Você está muito linda, não que seja uma novidade"Ela aplicou uma última camada do batom vermelho vívido antes de sair. Era indiscutível que aquela era sua cor, pois ornava com os fios de cabelo de modo a canalizar toda e qualquer atenção.*As luzes da cidade de Los Angeles eram o que iluminava o mundo em tempos de trevas. O futuro estava nos arranha-céus e em sua imponência. Cada prédio situado nos arredores da cidade que nunca dormia tinha uma finalidade; mostrar seu poder.O Roosevelt Hotel era um ambiente interessante. Com sua fachada branca e grandes pilares arredondados de sustentação, o prédio contava com um visual moderno. Seu interior não era diferente, dispondo de elegância em abundância. Os lustres em variados cômodos, o piso em mármore puro e as suítes superiores com
Sede dos filmes mais aclamados pelo mundo cinematográfico, a cidade dos anjos era mais um ambiente de fingimento e atuação do que de prazer. Os locais, por mais luxuosos e elegantes, não exalavam dinheiro como Vegas. E nem deveriam. Para Los Angeles, o legado de Hollywood era suficiente.Os eventos eram, também, um momento adequado para reafirmar laços de influência e mostrar ao mundo que, para além do dinheiro, os convidados tinham contatos. Era um acordo confidencial entre as estrelas americanas; estar no topo e ajudar quem estava no topo a permanecer.No banco de trás da limusine, Jean, Drake e Blair esperavam do lado de fora do Roosevelt. Um dos hotéis mais famosos entre as estrelas do tapete vermelho. A princípio, seria apenas um jantar entre o elenco que compunha o filme, mas acabara se tornando motivo para uma pequena aglomeração de fotógrafos.- "Você está bem famoso" Drake sorriu para Jean.- "Parece que sim" o homem mais velho olhou para fora, vendo todas aquelas pessoas ido
- "Primeiramente, nenhuma mulher deve ser comparada. E, em segundo lugar, ela é uma mulher ou uma deusa?"Joseph gargalhou para a ironia marcante no tom de voz do amigo. Ele sabia que Ethan era alguém realista, e que não impressionava-se facilmente com a beleza feminina. Uma mulher precisaria ter algo realmente singular em si para chamar sua atenção.Enquanto isso, cumprimentando alguns conhecidos no caminho, Jean conduziu sua filha até uma mesa em frente ao palco.Os olhares se voltaram para Blair, como em todos os momentos acontecera. Era inevitável olhar para o balançar naturalmente sensual de sua cintura, hipnotizar-se por seu corpo envolto no tecido vermelho. Imaginar como seu cabelo seria macio era como uma religião. Ela parecia cara demais até para o mais rico dos homens ali, e não apenas tratando-se de dinheiro.O vestido justaposto ao corpo curvilíneo parecia uma perfeita extensão de si. Blair chamava atenção por seus fios flamejantes, por seu rosto bonito e angelical, por se
Blair separou os lábios para acalmar a respiração que começava a acelerar-se. Era a primeira vez que o via por inteiro, sem máscaras. Seu rosto conseguia ser ainda mais bonito pessoalmente, desprovido de imperfeiçoes consideradas normais. Aquele homem mantinha um padrão de beleza inalcançável.E, para ele, ver a ruiva pela segunda vez era como uma benção. Iluminada pelas lâmpadas opacas, ela parecia ter uma própria luz ao redor de si; um fogo pronto para queimá-lo.- "A dama de vermelho" o homem murmurou. Seu tom de voz era baixo e suave, mas reverberava como um estrondo.A máscara lhe dava a aparência sombria que exalava, porém apenas o terno preto era capaz de fazer a mesma coisa. O olhar da mulher desceu para as mãos do homem, torcendo para não parecer sentir falta do aperto ao redor de sua garganta. Mas ele percebeu, sempre percebia.E quando seus olhares se encontraram, de um tom de azul para o outro, foi como uma implosão. A mulher se perguntou como vivera vinte e três anos sem
Blair recobrou sua postura. Estava tão afetada que não se reconhecia. Ela lembrou-se de seu propósito em toda aquela situação. Familiarizar-se com a elite, conhecer pessoas, fazer laços, estar ao lado do pai e sorrir, se entregar ao mundo da fama. Mas nunca, em hipótese alguma, ela deveria sentir-se afetada pelo alvo de seu trabalho. Ethan era um investigado, não um amante em potencial.- "Não vou entrar no seu jogo" os dedos de Ethan ainda estavam sobre os lábios dela, sentindo seu hálito quente enquanto ela pronunciava as falas carregadas de desejo.Blair tentou afastar-se, contudo, Ethan posicionou ambas as mãos na bancada da pia, uma em cada lado do corpo da mulher. Ele a aprisionou da maneira mais sutil que poderia. Todo o corpo dela desejou aceitar a investida de Ethan e acabar em uma das cabines. Mas ela sabia que o ar sombrio não era apenas parte de sua sensualidade, era um perigo real, e proteger-se seria sua melhor arma.- "Não brinca comigo" a voz parecia ganhar um tom a ma
- "Eu não quero vê-la mal outra vez"Durante a amizade deles, Blair passara por declínios severos em sua saúde mental. A infância conturbada, os problemas com abandono e decepções e todos seus fracassos pesavam sobre ela, de tempos em tempos. Nunca parecia estar bem, só vivia intervalos de felicidade. Apenas a lembrança dos momentos ruins era capaz de destroçar os momentos bons, então Blair prometera para si mesma que faria de tudo antes de se deixar cair em depressão novamente.- "Não vai acontecer de novo" ela encarou os olhos de Drake para lhe garantir isso.A mulher se preparou para dizer algo mais, vendo a dúvida serpentear o semblante de Drake, mas foi interrompida por uma voz rouca atrás de si.- "Sr. Collins"Jean imediatamente olhou para o homem atrás de sua filha. Aquele tom, calmo como o mar, escondia uma tormenta devastadora. Simples palavras pareciam um comando no tom de Ethan.- "Sr. Banks, é uma honra estar aqui" Collins levantou-se e estendeu a mão para Banks, que acei
Banks era bom lendo pessoas, e focar sua atenção em uma figura como Blair era um esforço prazeroso. Ele analisou a mulher enquanto ela se levantava. Mesmo nervosa, ela sabia exalar sensualidade.- "Tyler" ela se virou para ele, também usando seu segundo nome como referencial.Algumas noites antes, quando Blair se reuniu com Spencer para vasculhar os poucos detalhes sobre Ethan aos quais tinham acesso, ela descobriu seu segundo nome. Também descobriu o tipo ideal de mulher para ele, baseando-se nas fotos de suas acompanhantes; altas, magras, loiras.- "Então você pesquisou sobre mim" Ethan ponderou. Não ficou surpreso, apenas um pouco curioso.- "Eu faço o que precisa ser feito" a voz aveludada compondo aquelas palavras era o princípio do pecado.- "Sabemos o que precisa ser feito" Ethan se aproximou ao sentenciar, captando para si toda a atenção e oxigênio da mulher. Tudo que ela sentia era ele. Em todos os sentidos. Em todos os lugares.- "Não vai acontecer enquanto estiver me vendo