- "Me conte mais sobre as gravações em Nova Iorque" Blair pediu.- "Bem, nós vamos gravar no novo edifício Banks. Ainda não foi inaugurado. Será inaugurado após as gravações. Consegue imaginar o privilégio?" Drake explicou.- "Edifício Banks?" Aquele sobrenome soou mais familiar do que deveria.A ruiva pensou no relógio que ainda mantinha em sua bolsa, no quarto de hotel. Ela não colocou o aparelho no porta-malas do carro, como Colton havia instruído. Algo em seu coração dizia que não era a coisa certa a ser feita, pelo menos não naquele momento.- "Sim, de Ethan Banks. Parece que ele e Jean são próximos"- "São?" A ruiva preferiu fingir indiferença.- "Eu ouço alguns rumores nos estúdios, você sabe. Dizem que Ethan não tem amizades, ele apenas fecha negócios. Eu não sei até que ponto ele está sendo gentil em disponibilizar o prédio para as gravações"Blair ouviu com atenção aquelas palavras. Ela continuou caminhando, seguindo os passos de Jean até o estacionamento, no entanto, sua me
- "Essa merda está batizada" o homem revirou os olhos, conhecendo as preferências duvidosas de seu amigo.- "Você precisa desta merda"- "Até onde eu sei, preciso de privacidade"Ethan deslizou os dedos pelos fios escuros de seu cabelo. Ele sentia a ansiedade dedilhar seu corpo, pedindo por algum espaço em sua mente. Aqueles desconhecidos, a música alta, os gritos eufóricos. Aquele ambiente estava acabando com sua cabeça.- "Eu lamento, cara, mas a fama custou sua privacidade"- "Eu sei"- "Agora lide com isso. Você precisa aparecer, falar com as pessoas e fingir que dá a porra da mínima"Ethan ouviu atentamente aquelas palavras. Talvez aquela fosse sua única opção, afinal. Porque, se continuasse em seu quarto, teria que responder muitas perguntas depois. Ele continuou olhando para as pessoas abaixo de si, enojado com a presença de todos.- "Eu vou sair" Ethan disse e, no segundo seguinte, começou a caminhar de volta para o quarto.- "O que?"- "Não deixe os bêbados morrerem na minha
A verdade sobre Banks era que ele culpava Blair por toda aquela atração. A forma como ela andava, a forma como falava. Era um jogo muito difícil, até mesmo para o jogador mais experiente. A mulher era como uma droga que ele usava, as vezes, sempre com medo de viciar-se. A questão era que ele não conseguia parar.- "Eu posso ficar?"Blair não respondeu, apenas abriu espaço para que Ethan entrasse em seu quarto. Ela não conhecia muitos homens como ele, mas se havia algo que ela sabia sobre eles, era que gostavam de apostas altas. Quanto mais impossível, mais improvável, mais insano, mais almejável seria.O homem adentrou o ambiente, mas não observou o espaço ao seu redor. Sua visão estava embaçada demais para tal. Ele sentou-se na cama, embriagado demais para permanecer de pé. Após sair da casa de Bel-Air, o homem passou bons minutos em um bar de esquina, bebendo mais bebida barata do que em sua adolescência.- "Devo estar muito bêbado para vir até você" o homem comentou, em uma fala ma
- "Não fique longe" Blair fechou o curto espaço entre os lábios, e depositou um leve beijo na boca de Ethan. Um beijo inocente, sem malicia ou excitação. O único prazer era o de compartilhar a sensação de carinho e confidencialidade.Foi então que a dúvida se instalou no coração de Blair. Ela não sabia se ainda seria capaz de entregar aquele relógio para Colton, não depois daquelas palavras bêbadas de Ethan.- "Não abuse, Angel. Eu disse que irei me lembrar"- "E eu disse que duvido"*Os raios de sol em Los Angeles pareciam brilhar mais do que em qualquer outro lugar do mundo. A cidade dos anjos era reluzente, tinha uma aura pura e cheia de vida.Naquela manhã agradável, Ethan acordou preguiçosamente. Ele precisou de alguns segundos para assimilar a claridade do quarto, os lençóis claros e a montanha de travesseiros sob sua cabeça. Ao abrir os olhos, ele sentiu uma leve dor de cabeça lhe atingir, e então soube que pedir uma dose seguida por outra não foi uma boa ideia.- "Bom dia" um
- "Temos uma amizade"- "Uma amizade?" o homem franziu as sobrancelhas.Os olhos de Ethan eram sempre uma incógnita. O homem fora treinado para não sentir ou demonstrar. Os olhos brilhavam, mas não transmitiam emoção alguma. Era uma bela montanha de gelo.Naquela posição, os raios de luz que atravessavam a janela refletiam em Ethan, e faziam sua silhueta parecer dourada. Era um ironia muito bonita. Ele, com toda sua escuridão, iluminado pela luz mais forte que o mundo conhecia.- "Uma ótima amizade"- "Preocupante"- "Por que? Tem medo de que eu tenha as mesmas amizades que você?"O homem demorou alguns segundos para responder. Porque, de fato, ele temia que Blair tivesse as amizades que um dia teve. Ele tinha medo de que Drake significasse mais do que ele estava disposto a suportar. Seria eufemismo dizer que Ethan sentiu ciúmes. O que ele sentiu estava além do que podia ser descrito.- "Eu esperava que ele fosse seu melhor amigo gay" Ethan tratou de desconversar.- "É como um irmão,
- "Vamos para a sacada? A vista é linda"- "Eu não espero menos de Las Vegas"Blair abriu as grandes portas de acesso à sacada. A vista era estonteante. A imagem era capaz de descrever o dinheiro, o poder, a beleza civil; tudo no mesmo plano. As luzes coloridas decoravam os prédios, como se todos fossem um desenho feito por anjos. Las Vegas era bonita demais para ser admirada por poucos minutos.- "Incrível" foi tudo que David conseguiu dizer.- "Eu sei" Blair concordou.Havia uma barra de proteção no fim da sacada, e ambos aproximaram-se dela. Blair recostou as costas no parapeito, ficando de frente para David. Ele olhava para a cidade, e então voltava a olhar para Blair, tentando decidir qual das imagens era mais amável.- "Eu não estava pronto para ver você" o homem confessou.- "Você pensou que eu estivesse diferente?"- "Não. Eu sabia que você seria a mesma. Mais forte, mais bonita, mais rica... mas a mesma"- "Infelizmente" Blair abaixou a cabeça, e passou a encarar os próprios
A ruiva não quis ler o restante da matéria, e sequer conseguiria. Seus olhos estavam vidrados na imagem. Blair não conseguia deixar de olhar cada detalhe da foto. O vestido preto de Mariah, o cabelo loiro bem penteado, a linguagem corporal confortável. Eles eram um casal, quisesse ela ou não. Era o tipo de casal que queria privacidade, e que não assumia a relação para não serem bombardeados por perguntas.Por fim, e enfim, ela decidiu aceitar que a dor provinha de uma verdade; o fato de que Ethan não gostaria de alguém além de si mesmo.Aquela imagem lhe causava mais dores do que o passado. Era como se uma faca estivesse em seu coração, rodando e rodando até formar uma cratera. Porque apesar de todos os riscos que corria, Blair havia escolhido não entregar o relógio a Colton apenas para proteger Ethan. Ela o protegeu com a esperança de que não fosse um cretino.A mulher não percebeu que estava tão irritada até lágrimas odiosas nublarem sua visão. Ela apertou o aparelho em sua mão, e o
- "Connor Rivera era o segurança pessoal de George Banks. Ele desapareceu na noite em que Benedict foi morto, e até o mês passado ninguém sabia de seu paradeiro. Ele usou documentos falsos durante anos, mas não podia modificar seu rosto. Ele também não podia sair do país, porque sua impressão digital o denunciaria. E se George descobrisse que ele não estava morto..." Colton explicou, detalhadamente.- "Então Rivera é um homem que sabe mais do que deveria. Mas por que ele fugiu?"- "Quando Benedict morreu, ele acreditou que seria o próximo"- "E como vocês souberam o paradeiro de Rivera?" Blair seguiu perguntando.- "Nós recebemos uma ligação anônima, e fomos informados sobre duas possíveis localizações. Uma em San Diego, e outra em Los Angeles. Uma delas, obviamente, era o endereço errado" e então foi a vez de Susan murmurar.- "Quando a primeira investigação sobre o caso Benedict foi aberta, o nome de Rivera foi citado em muitos depoimentos. Mas até então ele era um homem morto" Spen