O escritório da Agência Escondida sob a "Pizza Deliziosa" virou um verdadeiro caos assim que a mensagem em código morse de Lamartine chegou. Alguns agentes corriam para se preparar para a missão de resgate.Com a tensão evidente em seu rosto, o chefe da operação, um homem de terno impecável e uma expressão de quem não dormia há três dias, pegou seu telefone e discou um número. Seus olhos brilhavam com a urgência da situação. — Boris, lembra daquele favor que você me deve? — Sua voz soou séria, quase ameaçadora. Do outro lado da linha, uma voz carregada de um forte sotaque russo respondeu: — Se for para esconder um corpo, eu cobro extra. — Se fosse para esconder um corpo, eu ligaria para sua mãe. Preciso de informações. O russo riu. Uma risada curta, desconfiada. — Quem você está tentando salvar desta vez? — Charles Lamartine. O silêncio do outro lado foi quase ensurdecedor. — Se ele está pedindo ajuda, a coisa está feia. Vou ver o que consigo. O chefe desligou sem se despedi
Charles sempre teve um profundo respeito por seu chefe, Frederick Cavanov. O homem não era apenas seu superior na agência, mas também um mentor, um amigo da família, alguém que conhecia seu pai desde os tempos do colegial. Foi Cavanov quem lhe ensinou as habilidades essenciais antes mesmo de Charles entrar no exército. Ele confiava nele… ou pelo menos confiava antes de quase morrer na Rússia. Agora, ferido e desconfiado, Charles via tudo com outros olhos. Ele sabia que alguém dentro da agência tinha traído a operação. O ataque que sofreu na Rússia não foi um golpe do acaso. Os russos sabiam exatamente onde encontrá-lo, os pontos fracos de sua missão e até mesmo detalhes que apenas um agente de dentro poderia ter fornecido. Alguém estava vendendo informações. E Charles precisava descobrir quem. Deitado no hospital, mesmo debilitado, sua mente trabalhava sem parar. Dimitri estava morto, Gabriela também. Mas isso não significava que a ameaça tinha acabado. Se havia um traidor, esse
Charles nunca foi de confiar cegamente em ninguém. E depois do que aconteceu na Rússia, sua desconfiança aumentou para níveis absurdos. Antes de sair por aí acusando seu chefe Frederick Cavanov, ele fez o que sabia fazer de melhor: investigou. Ele se infiltrou nos arquivos confidenciais da agência, hackeou bancos de dados governamentais, subornou contatos e, em alguns casos, até invadiu escritórios no meio da madrugada. Seus métodos não eram exatamente legais, mas eram eficientes.E o que ele descobriu o deixou furioso. Seu pai, que ele sempre considerou um homem íntegro, estava envolvido em um projeto nojento chamado Áurea Branca — um plano secreto do governo para exterminar uma parte da população de um país pobre, dono de uma riqueza mineral absurda. Mas o projeto foi um fracasso. E como era de se esperar, todos os envolvidos foram eliminados. Incluindo o próprio pai de Charles. — Então o governo matou o meu pai? — Ele perguntou, encarando Frederick, sua voz perigosamente calma
Charles sentou-se pesadamente em uma das cadeiras da agência. Sua mente estava um completo caos.As vozes ao redor pareciam abafadas, os movimentos das pessoas pareciam mais lentos do que o normal. Era como se ele estivesse preso em uma câmera lenta emocional, incapaz de processar tudo de uma vez. Ele tinha um filho. Com Cássia. E ele não estava lá. A culpa apertou seu peito de uma forma quase sufocante. O que ela pensava dele agora? Será que o odiava? Será que contava para o filho que ele era um canalha que sumiu sem explicação? Ele precisava de ar. Muito ar. Sem dizer nenhuma única palavra, ele se levantou e saiu da agência. Caminhou sem rumo, sentindo o vento frio bater em seu rosto. Cada passo que dava, sua mente gritava uma única coisa: Você precisa vê-la.TRÊS SEMANAS ANTESCássia estava radiante. Seu pequeno bebê estava prestes a completar três meses, e ela não poderia estar mais feliz. Ser mãe solo não era nada fácil, mas ela estava determinada a aproveitar cada segun
Assim que Charles se despediu de Pietro, saiu da cafeteria sem olhar para trás. Caminhou pelas ruas movimentadas, mas sua mente estava a quilômetros dali, focada apenas no que estava prestes a descobrir. Ele pegou um táxi e foi direto para seu apartamento secreto, um pequeno refúgio longe dos olhos da agência. Assim que entrou, trancou a porta, acendeu apenas um pequeno abajur e jogou o pendrive sobre a mesa. Respirou fundo. Ele sabia que, uma vez que visse o que havia ali, sua vida nunca mais seria a mesma. Ligou o laptop, inseriu o pendrive e abriu os arquivos. Nos primeiros minutos, apenas documentos técnicos, ordens assinadas, relatórios detalhados sobre o projeto "Áurea Branca". Charles leu tudo com atenção, suas mãos se fechando em punhos à medida que as palavras faziam sentido em sua mente. Era um plano hediondo: um experimento para exterminar silenciosamente parte da população de um pequeno país rico em recursos minerais. Mas o que fez seu sangue gelar foi o nome que aparec
Naquela mesma noite, Charles arrumou sua mala pequena — apenas o essencial. Armas, dinheiro vivo, alguns passaportes falsos e o pendrive com todas as provas contra Frederick. Ele não iria direto para a Romênia. Ainda não. Antes, precisava fazer duas paradas estratégicas. Havia pessoas que poderiam dar as respostas que ele precisava e, mais importante, ajudá-lo caso as coisas saíssem do controle. Ele pegou seu telefone descartável e discou um número. — Se for uma cobrança, eu já disse que não tenho dinheiro — atendeu uma voz rouca do outro lado. Charles revirou os olhos. — E se for um convite para uma viagem romântica? A pessoa do outro lado soltou uma risada curta. — Aí eu aceito. Quem é a vítima? — Eu. Houve um breve silêncio. — Droga, Lamartine. O que você aprontou dessa vez? Charles suspirou, recostando-se na poltrona. — Preciso da sua ajuda, Alexei. Estou indo para Romênia, mas antes quero te encontrar. — Hm... Romênia? Isso cheira a problema. — Cheira a respostas.
O balanço suave do Wonder of the Seas era quase hipnótico. As águas cristalinas do oceano se estendiam até onde os olhos podiam ver, e o céu começava a ganhar os tons alaranjados do entardecer. O cenário era perfeito para relaxar. Mas a mente de Cássia estava a quilômetros dali. Ela entrou na cabine espaçosa, segurando o bebê com todo o cuidado do mundo. Ele dormia tranquilamente, o rostinho sereno, respirando de forma ritmada. Ele não fazia ideia do turbilhão que era a vida da mãe. Cássia sorriu, sentando-se ao lado dele e acariciando sua bochecha macia com a ponta dos dedos. Era incrível como ele parecia com Charles. Esse pensamento fez com que um aperto surgisse em seu peito. Ela se levantou devagar e caminhou até a janela da cabine, observando o movimento das águas. O oceano se estendia em um azul infinito, calmo e silencioso — tão diferente do caos que reinava dentro dela. A falta de Charles ainda doía. Ela queria dividir tudo com ele. As pequenas descobertas do bebê, os sorri
O percurso até o local era longo e complicado, mas Charles sabia que não poderia falhar. Com a ajuda de seus amigos, ele traçou um plano detalhado. O objetivo? Chegar ao esconderijo sem levantar suspeitas, reunir os recursos necessários e infiltrar-se sem chamar atenção. A primeira etapa da missão começou em Munique. Lá, Charles, Pietro, e Martinez embarcaram em um trem para a Hungria. Enquanto Helene seguia por outra alternativa. O trajeto foi tranquilo, mas Charles não conseguia relaxar. Ele sabia que, assim que descessem, tudo ficaria mais perigoso. Helena, que os auxiliava remotamente, enviou uma mensagem codificada: “Pacote no ponto de entrega. Recebam e sumam.” Ao chegarem ao destino, Charles e sua equipe seguiram para um armazém abandonado na periferia. Um velho conhecido de Martinez os esperava ali. — Sabia que vocês iam precisar de um empurrãozinho. — O homem sorriu e entregou uma mochila grande para Charles. Charles abriu o pacote rapidamente. Lá dentro estavam armas