O ambiente continuava tenso, mas agora não era mais um duelo, e sim um acerto de contas. O coronel Lamartine se sentou, respirou fundo e começou a falar: — Charles, eu nunca quis desaparecer da sua vida. Mas o projeto Áurea Branca foi um erro gigantesco. No momento em que deu errado, todos os envolvidos se tornaram alvos do governo. Eu era um dos principais cientistas e estrategistas do projeto, então minha vida estava por um fio. Charles cruzou os braços, o olhar ainda desconfiado. — E o que você fez? — O presidente me deu uma escolha. Ou eu trabalhava em um novo projeto, algo que beneficiasse nosso país, ou eu seria eliminado como todos os outros. E, pior, você também estaria em perigo. Charles sentiu o estômago revirar. Ele passou anos querendo descobrir a verdade sobre a morte do pai e, no fim, seu pai estava "morto" por escolha própria? — Então você simplesmente aceitou trabalhar para o governo novamente? O coronel Lamartine assentiu. — Eu fiz isso por você, Charles. Se eu
Naquela manhã ensolarada, o grandioso Wonder of the Seas atracou elegantemente no Porto da Conférence, próximo à icônica Ponte de l'Alma. A cidade luz brilhava com toda sua glória, e os passageiros estavam animados para explorar Paris, mesmo que por um curto período. Cássia, segurando seu bebê no colo, olhou pela janela de sua cabine. Paris. O lugar onde sempre quis passear sem pressa, onde imaginou que um dia talvez estivesse ao lado de Charles... Mas agora, estava ali sozinha — bom, nem tão sozinha assim. Molie apareceu na porta com sua típica empolgação. — Vamos, madame! Não é todo dia que se atraca em Paris.Cássia sorriu, balançando a cabeça. — Você age como se nunca tivesse vindo aqui antes. — Já estive, mas sempre há um motivo para voltar. Agora, se apronte! James entrou na cabine logo depois, segurando um mapa turístico. — Então, meninas, qual será o roteiro? Vamos direto à Torre Eiffel ou fazemos algo mais "cult" como um passeio pelo Louvre? Molie revirou os olhos. —
Charles mal teve tempo de reagir antes que os lábios de Cássia encontrassem os seus. Foi um beijo intenso, carregado de saudade, amor e tantas emoções que palavras jamais conseguiriam expressar. Ele a segurou firmemente, aprofundando o beijo, como se quisesse compensar cada segundo que passaram longe um do outro. Quando finalmente se afastaram, Cássia sorriu, com os olhos brilhando de alegria. — Tenho uma surpresa para você. Charles arqueou uma sobrancelha, divertido. — Sério? Eu já estou surpreso o bastante por você ainda estar aqui, me beijando, e não me dando um soco por sumir. Ela riu, empurrando levemente seu ombro. — Ah, não se preocupe, posso fazer as duas coisas. Mas primeiro, venha comigo. Os dois caminharam pelo corredor do navio, Charles segurando sua mão, como se temesse que ela desaparecesse se soltasse. O coração dele batia acelerado, a curiosidade misturada à ansiedade. O que mais poderia surpreendê-lo naquela noite? Quando chegaram à suíte, Cássia abriu a porta
O sol já iluminava o convés do navio quando Cássia deixou sua cabine, carregando o bebê nos braços, com Julie ao seu lado. O pequeno dormia serenamente, embalado pelo balanço suave da embarcação, e Cássia não conseguia conter o sorriso ao olhar para ele. — Alguém acordou radiante hoje. — Julie comentou, lançando-lhe um olhar suspeito. Cássia tentou fingir indiferença, mas o sorriso entregava tudo. — Dormir bem faz milagres. Julie arqueou a sobrancelha. — Dormir? É mesmo? Porque, pelo seu humor, diria que você teve outro tipo de atividade noturna... Cássia deu um tapa leve no braço da babá. — Shhh! Não escandaliza! As duas riram, enquanto seguiam para o restaurante principal do cruzeiro. Assim que entraram, avistaram Molie e James já acomodados em uma mesa, com pratos generosos à frente. — Finalmente! — Molie exclamou ao vê-las. — Achei que vocês iam dormir o dia todo. — E perder esse banquete? Jamais. — Cássia respondeu, acomodando-se e ajeitando o bebê ao seu lado. Elas mal
O sol brilhava forte naquela manhã, iluminando a quadra de concreto da prisão de segurança máxima. O lugar estava tenso, como sempre, com grupos bem definidos e separados. De um lado, detentos com meias brancas puxadas até os joelhos — um código silencioso para quem pertencia àquele grupo. Do outro, presos que usavam suas meias dobradas na canela, um sinal claro de que não faziam parte da mesma facção. Henrique caminhou tranquilamente até o grupo das meias brancas. Seu olhar era frio e calculista. Algumas palavras foram trocadas em voz baixa, gestos discretos confirmavam que tudo estava correndo como o planejado. Em seguida, dois homens se destacaram do grupo e o seguiram sem chamar atenção. Segundos depois, um estrondo. Um soco. Outro. E então, caos. A quadra explodiu em violência. Os dois grupos partiram para cima uns dos outros, a pancadaria generalizada atraindo a atenção dos guardas. Gritos ecoavam pelos corredores da prisão enquanto os agentes entravam correndo para tentar
Cinco dias se passaram desde que o cruzeiro atracou na marina de San Diego. O sol brilhava intensamente, refletindo sobre as águas calmas do porto, enquanto os passageiros desembarcavam, carregados de malas, memórias e novas esperanças. Cássia desceu segurando seu bebê nos braços, com Charles ao seu lado e seus amigos próximos. Ela sentia-se completa. Jamais imaginou que um dia teria tanto: um amor verdadeiro, um filho lindo e um futuro promissor ao lado do homem que amava. Além disso, sua conta bancária agora parecia infinita—tudo estava em perfeita harmonia. — Finalmente em casa! — Molie exclamou, esticando os braços como se quisesse abraçar a cidade inteira. — E pronta para dormir em uma cama que não balança! — James completou, fazendo todos rirem. Cássia sorriu, sentindo o coração leve. Olhou para Charles, que segurava uma de suas malas, e suspirou feliz. — Acho que nunca estive tão realizada — disse, sua voz carregada de emoção. Charles arqueou uma sobrancelha e a puxou pel
A lua cheia iluminava o céu, projetando um brilho prateado sobre os jardins bem-cuidados da mansão que Cássia herdara de seus pais. A noite estava quente, mas uma brisa suave tornava o ar agradável. Do lado de dentro, no quarto principal, Cássia estava de pé na sacada, olhando pensativa para o horizonte. Vestida com uma camisola de seda delicada, que abraçava suas curvas de forma provocante, ela suspirou, deixando o vento brincar com os fios soltos de seu cabelo. A noite era tranquila, mas seu corpo estava inquieto. Charles saiu do banheiro com o corpo ainda úmido, uma toalha branca e macia presa apenas na cintura. Seu físico bem definido brilhava sob a luz do abajur, e os fios escuros de seu cabelo pingavam gotas de água em seu peito. Ele caminhou descalço e silencioso até Cássia, parando atrás dela. Sem dizer uma palavra, inclinou-se e depositou um beijo quente e úmido na curva de seu pescoço, fazendo-a arfar levemente. — Você está tentadoramente linda essa noite… — murmurou ele
Nos dias que se seguiram após a chocante notícia da fuga de Henrique e Malcon, a mansão de Cássia tornou-se um verdadeiro bunker. Um carro de polícia permaneceu estacionado na entrada principal 24 horas por dia, seus faróis desligados, mas sempre com dois oficiais atentos a qualquer movimentação suspeita. Os empregados, antes acostumados com a liberdade de entrar e sair, agora eram monitorados e acompanhados de perto, cada entrega, cada visitante, tudo era checado minuciosamente. Dentro da casa, Cássia estava praticamente em confinamento voluntário. O simples ato de sair para tomar um café na varanda parecia um luxo arriscado. Charles não desgrudava dela e do bebê, sempre de olho em qualquer possível ameaça. — Isso está me sufocando. — Cássia murmurou certa noite, sentada na cama enquanto balançava suavemente o bebê no colo. — Eu entendo a necessidade, mas não aguento mais me sentir como uma prisioneira dentro da minha própria casa. Charles se virou para ela, secando os cabelos ap