Charles sentou-se pesadamente em uma das cadeiras da agência. Sua mente estava um completo caos.As vozes ao redor pareciam abafadas, os movimentos das pessoas pareciam mais lentos do que o normal. Era como se ele estivesse preso em uma câmera lenta emocional, incapaz de processar tudo de uma vez. Ele tinha um filho. Com Cássia. E ele não estava lá. A culpa apertou seu peito de uma forma quase sufocante. O que ela pensava dele agora? Será que o odiava? Será que contava para o filho que ele era um canalha que sumiu sem explicação? Ele precisava de ar. Muito ar. Sem dizer nenhuma única palavra, ele se levantou e saiu da agência. Caminhou sem rumo, sentindo o vento frio bater em seu rosto. Cada passo que dava, sua mente gritava uma única coisa: Você precisa vê-la.TRÊS SEMANAS ANTESCássia estava radiante. Seu pequeno bebê estava prestes a completar três meses, e ela não poderia estar mais feliz. Ser mãe solo não era nada fácil, mas ela estava determinada a aproveitar cada segun
Assim que Charles se despediu de Pietro, saiu da cafeteria sem olhar para trás. Caminhou pelas ruas movimentadas, mas sua mente estava a quilômetros dali, focada apenas no que estava prestes a descobrir. Ele pegou um táxi e foi direto para seu apartamento secreto, um pequeno refúgio longe dos olhos da agência. Assim que entrou, trancou a porta, acendeu apenas um pequeno abajur e jogou o pendrive sobre a mesa. Respirou fundo. Ele sabia que, uma vez que visse o que havia ali, sua vida nunca mais seria a mesma. Ligou o laptop, inseriu o pendrive e abriu os arquivos. Nos primeiros minutos, apenas documentos técnicos, ordens assinadas, relatórios detalhados sobre o projeto "Áurea Branca". Charles leu tudo com atenção, suas mãos se fechando em punhos à medida que as palavras faziam sentido em sua mente. Era um plano hediondo: um experimento para exterminar silenciosamente parte da população de um pequeno país rico em recursos minerais. Mas o que fez seu sangue gelar foi o nome que aparec
Naquela mesma noite, Charles arrumou sua mala pequena — apenas o essencial. Armas, dinheiro vivo, alguns passaportes falsos e o pendrive com todas as provas contra Frederick. Ele não iria direto para a Romênia. Ainda não. Antes, precisava fazer duas paradas estratégicas. Havia pessoas que poderiam dar as respostas que ele precisava e, mais importante, ajudá-lo caso as coisas saíssem do controle. Ele pegou seu telefone descartável e discou um número. — Se for uma cobrança, eu já disse que não tenho dinheiro — atendeu uma voz rouca do outro lado. Charles revirou os olhos. — E se for um convite para uma viagem romântica? A pessoa do outro lado soltou uma risada curta. — Aí eu aceito. Quem é a vítima? — Eu. Houve um breve silêncio. — Droga, Lamartine. O que você aprontou dessa vez? Charles suspirou, recostando-se na poltrona. — Preciso da sua ajuda, Alexei. Estou indo para Romênia, mas antes quero te encontrar. — Hm... Romênia? Isso cheira a problema. — Cheira a respostas.
O balanço suave do Wonder of the Seas era quase hipnótico. As águas cristalinas do oceano se estendiam até onde os olhos podiam ver, e o céu começava a ganhar os tons alaranjados do entardecer. O cenário era perfeito para relaxar. Mas a mente de Cássia estava a quilômetros dali. Ela entrou na cabine espaçosa, segurando o bebê com todo o cuidado do mundo. Ele dormia tranquilamente, o rostinho sereno, respirando de forma ritmada. Ele não fazia ideia do turbilhão que era a vida da mãe. Cássia sorriu, sentando-se ao lado dele e acariciando sua bochecha macia com a ponta dos dedos. Era incrível como ele parecia com Charles. Esse pensamento fez com que um aperto surgisse em seu peito. Ela se levantou devagar e caminhou até a janela da cabine, observando o movimento das águas. O oceano se estendia em um azul infinito, calmo e silencioso — tão diferente do caos que reinava dentro dela. A falta de Charles ainda doía. Ela queria dividir tudo com ele. As pequenas descobertas do bebê, os sorri
O percurso até o local era longo e complicado, mas Charles sabia que não poderia falhar. Com a ajuda de seus amigos, ele traçou um plano detalhado. O objetivo? Chegar ao esconderijo sem levantar suspeitas, reunir os recursos necessários e infiltrar-se sem chamar atenção. A primeira etapa da missão começou em Munique. Lá, Charles, Pietro, e Martinez embarcaram em um trem para a Hungria. Enquanto Helene seguia por outra alternativa. O trajeto foi tranquilo, mas Charles não conseguia relaxar. Ele sabia que, assim que descessem, tudo ficaria mais perigoso. Helena, que os auxiliava remotamente, enviou uma mensagem codificada: “Pacote no ponto de entrega. Recebam e sumam.” Ao chegarem ao destino, Charles e sua equipe seguiram para um armazém abandonado na periferia. Um velho conhecido de Martinez os esperava ali. — Sabia que vocês iam precisar de um empurrãozinho. — O homem sorriu e entregou uma mochila grande para Charles. Charles abriu o pacote rapidamente. Lá dentro estavam armas
O ambiente continuava tenso, mas agora não era mais um duelo, e sim um acerto de contas. O coronel Lamartine se sentou, respirou fundo e começou a falar: — Charles, eu nunca quis desaparecer da sua vida. Mas o projeto Áurea Branca foi um erro gigantesco. No momento em que deu errado, todos os envolvidos se tornaram alvos do governo. Eu era um dos principais cientistas e estrategistas do projeto, então minha vida estava por um fio. Charles cruzou os braços, o olhar ainda desconfiado. — E o que você fez? — O presidente me deu uma escolha. Ou eu trabalhava em um novo projeto, algo que beneficiasse nosso país, ou eu seria eliminado como todos os outros. E, pior, você também estaria em perigo. Charles sentiu o estômago revirar. Ele passou anos querendo descobrir a verdade sobre a morte do pai e, no fim, seu pai estava "morto" por escolha própria? — Então você simplesmente aceitou trabalhar para o governo novamente? O coronel Lamartine assentiu. — Eu fiz isso por você, Charles. Se eu
Naquela manhã ensolarada, o grandioso Wonder of the Seas atracou elegantemente no Porto da Conférence, próximo à icônica Ponte de l'Alma. A cidade luz brilhava com toda sua glória, e os passageiros estavam animados para explorar Paris, mesmo que por um curto período. Cássia, segurando seu bebê no colo, olhou pela janela de sua cabine. Paris. O lugar onde sempre quis passear sem pressa, onde imaginou que um dia talvez estivesse ao lado de Charles... Mas agora, estava ali sozinha — bom, nem tão sozinha assim. Molie apareceu na porta com sua típica empolgação. — Vamos, madame! Não é todo dia que se atraca em Paris.Cássia sorriu, balançando a cabeça. — Você age como se nunca tivesse vindo aqui antes. — Já estive, mas sempre há um motivo para voltar. Agora, se apronte! James entrou na cabine logo depois, segurando um mapa turístico. — Então, meninas, qual será o roteiro? Vamos direto à Torre Eiffel ou fazemos algo mais "cult" como um passeio pelo Louvre? Molie revirou os olhos. —
Charles mal teve tempo de reagir antes que os lábios de Cássia encontrassem os seus. Foi um beijo intenso, carregado de saudade, amor e tantas emoções que palavras jamais conseguiriam expressar. Ele a segurou firmemente, aprofundando o beijo, como se quisesse compensar cada segundo que passaram longe um do outro. Quando finalmente se afastaram, Cássia sorriu, com os olhos brilhando de alegria. — Tenho uma surpresa para você. Charles arqueou uma sobrancelha, divertido. — Sério? Eu já estou surpreso o bastante por você ainda estar aqui, me beijando, e não me dando um soco por sumir. Ela riu, empurrando levemente seu ombro. — Ah, não se preocupe, posso fazer as duas coisas. Mas primeiro, venha comigo. Os dois caminharam pelo corredor do navio, Charles segurando sua mão, como se temesse que ela desaparecesse se soltasse. O coração dele batia acelerado, a curiosidade misturada à ansiedade. O que mais poderia surpreendê-lo naquela noite? Quando chegaram à suíte, Cássia abriu a porta