O balanço suave do Wonder of the Seas era quase hipnótico. As águas cristalinas do oceano se estendiam até onde os olhos podiam ver, e o céu começava a ganhar os tons alaranjados do entardecer. O cenário era perfeito para relaxar. Mas a mente de Cássia estava a quilômetros dali. Ela entrou na cabine espaçosa, segurando o bebê com todo o cuidado do mundo. Ele dormia tranquilamente, o rostinho sereno, respirando de forma ritmada. Ele não fazia ideia do turbilhão que era a vida da mãe. Cássia sorriu, sentando-se ao lado dele e acariciando sua bochecha macia com a ponta dos dedos. Era incrível como ele parecia com Charles. Esse pensamento fez com que um aperto surgisse em seu peito. Ela se levantou devagar e caminhou até a janela da cabine, observando o movimento das águas. O oceano se estendia em um azul infinito, calmo e silencioso — tão diferente do caos que reinava dentro dela. A falta de Charles ainda doía. Ela queria dividir tudo com ele. As pequenas descobertas do bebê, os sorri
O percurso até o local era longo e complicado, mas Charles sabia que não poderia falhar. Com a ajuda de seus amigos, ele traçou um plano detalhado. O objetivo? Chegar ao esconderijo sem levantar suspeitas, reunir os recursos necessários e infiltrar-se sem chamar atenção. A primeira etapa da missão começou em Munique. Lá, Charles, Pietro, e Martinez embarcaram em um trem para a Hungria. Enquanto Helene seguia por outra alternativa. O trajeto foi tranquilo, mas Charles não conseguia relaxar. Ele sabia que, assim que descessem, tudo ficaria mais perigoso. Helena, que os auxiliava remotamente, enviou uma mensagem codificada: “Pacote no ponto de entrega. Recebam e sumam.” Ao chegarem ao destino, Charles e sua equipe seguiram para um armazém abandonado na periferia. Um velho conhecido de Martinez os esperava ali. — Sabia que vocês iam precisar de um empurrãozinho. — O homem sorriu e entregou uma mochila grande para Charles. Charles abriu o pacote rapidamente. Lá dentro estavam armas
O ambiente continuava tenso, mas agora não era mais um duelo, e sim um acerto de contas. O coronel Lamartine se sentou, respirou fundo e começou a falar: — Charles, eu nunca quis desaparecer da sua vida. Mas o projeto Áurea Branca foi um erro gigantesco. No momento em que deu errado, todos os envolvidos se tornaram alvos do governo. Eu era um dos principais cientistas e estrategistas do projeto, então minha vida estava por um fio. Charles cruzou os braços, o olhar ainda desconfiado. — E o que você fez? — O presidente me deu uma escolha. Ou eu trabalhava em um novo projeto, algo que beneficiasse nosso país, ou eu seria eliminado como todos os outros. E, pior, você também estaria em perigo. Charles sentiu o estômago revirar. Ele passou anos querendo descobrir a verdade sobre a morte do pai e, no fim, seu pai estava "morto" por escolha própria? — Então você simplesmente aceitou trabalhar para o governo novamente? O coronel Lamartine assentiu. — Eu fiz isso por você, Charles. Se eu
Naquela manhã ensolarada, o grandioso Wonder of the Seas atracou elegantemente no Porto da Conférence, próximo à icônica Ponte de l'Alma. A cidade luz brilhava com toda sua glória, e os passageiros estavam animados para explorar Paris, mesmo que por um curto período. Cássia, segurando seu bebê no colo, olhou pela janela de sua cabine. Paris. O lugar onde sempre quis passear sem pressa, onde imaginou que um dia talvez estivesse ao lado de Charles... Mas agora, estava ali sozinha — bom, nem tão sozinha assim. Molie apareceu na porta com sua típica empolgação. — Vamos, madame! Não é todo dia que se atraca em Paris.Cássia sorriu, balançando a cabeça. — Você age como se nunca tivesse vindo aqui antes. — Já estive, mas sempre há um motivo para voltar. Agora, se apronte! James entrou na cabine logo depois, segurando um mapa turístico. — Então, meninas, qual será o roteiro? Vamos direto à Torre Eiffel ou fazemos algo mais "cult" como um passeio pelo Louvre? Molie revirou os olhos. —
Charles mal teve tempo de reagir antes que os lábios de Cássia encontrassem os seus. Foi um beijo intenso, carregado de saudade, amor e tantas emoções que palavras jamais conseguiriam expressar. Ele a segurou firmemente, aprofundando o beijo, como se quisesse compensar cada segundo que passaram longe um do outro. Quando finalmente se afastaram, Cássia sorriu, com os olhos brilhando de alegria. — Tenho uma surpresa para você. Charles arqueou uma sobrancelha, divertido. — Sério? Eu já estou surpreso o bastante por você ainda estar aqui, me beijando, e não me dando um soco por sumir. Ela riu, empurrando levemente seu ombro. — Ah, não se preocupe, posso fazer as duas coisas. Mas primeiro, venha comigo. Os dois caminharam pelo corredor do navio, Charles segurando sua mão, como se temesse que ela desaparecesse se soltasse. O coração dele batia acelerado, a curiosidade misturada à ansiedade. O que mais poderia surpreendê-lo naquela noite? Quando chegaram à suíte, Cássia abriu a porta
O sol já iluminava o convés do navio quando Cássia deixou sua cabine, carregando o bebê nos braços, com Julie ao seu lado. O pequeno dormia serenamente, embalado pelo balanço suave da embarcação, e Cássia não conseguia conter o sorriso ao olhar para ele. — Alguém acordou radiante hoje. — Julie comentou, lançando-lhe um olhar suspeito. Cássia tentou fingir indiferença, mas o sorriso entregava tudo. — Dormir bem faz milagres. Julie arqueou a sobrancelha. — Dormir? É mesmo? Porque, pelo seu humor, diria que você teve outro tipo de atividade noturna... Cássia deu um tapa leve no braço da babá. — Shhh! Não escandaliza! As duas riram, enquanto seguiam para o restaurante principal do cruzeiro. Assim que entraram, avistaram Molie e James já acomodados em uma mesa, com pratos generosos à frente. — Finalmente! — Molie exclamou ao vê-las. — Achei que vocês iam dormir o dia todo. — E perder esse banquete? Jamais. — Cássia respondeu, acomodando-se e ajeitando o bebê ao seu lado. Elas mal
O sol brilhava forte naquela manhã, iluminando a quadra de concreto da prisão de segurança máxima. O lugar estava tenso, como sempre, com grupos bem definidos e separados. De um lado, detentos com meias brancas puxadas até os joelhos — um código silencioso para quem pertencia àquele grupo. Do outro, presos que usavam suas meias dobradas na canela, um sinal claro de que não faziam parte da mesma facção. Henrique caminhou tranquilamente até o grupo das meias brancas. Seu olhar era frio e calculista. Algumas palavras foram trocadas em voz baixa, gestos discretos confirmavam que tudo estava correndo como o planejado. Em seguida, dois homens se destacaram do grupo e o seguiram sem chamar atenção. Segundos depois, um estrondo. Um soco. Outro. E então, caos. A quadra explodiu em violência. Os dois grupos partiram para cima uns dos outros, a pancadaria generalizada atraindo a atenção dos guardas. Gritos ecoavam pelos corredores da prisão enquanto os agentes entravam correndo para tentar
Cinco dias se passaram desde que o cruzeiro atracou na marina de San Diego. O sol brilhava intensamente, refletindo sobre as águas calmas do porto, enquanto os passageiros desembarcavam, carregados de malas, memórias e novas esperanças. Cássia desceu segurando seu bebê nos braços, com Charles ao seu lado e seus amigos próximos. Ela sentia-se completa. Jamais imaginou que um dia teria tanto: um amor verdadeiro, um filho lindo e um futuro promissor ao lado do homem que amava. Além disso, sua conta bancária agora parecia infinita—tudo estava em perfeita harmonia. — Finalmente em casa! — Molie exclamou, esticando os braços como se quisesse abraçar a cidade inteira. — E pronta para dormir em uma cama que não balança! — James completou, fazendo todos rirem. Cássia sorriu, sentindo o coração leve. Olhou para Charles, que segurava uma de suas malas, e suspirou feliz. — Acho que nunca estive tão realizada — disse, sua voz carregada de emoção. Charles arqueou uma sobrancelha e a puxou pel