Ettore FerrariEntro na empresa pelo elevador do estacionamento, e assim que adentro minha sala peço para Carlota vir me passar os relatórios dos últimos dias que fiquei fora. Passo toda a manhã lendo relatórios e fechando contratos de vendas de ações, subsidiárias e mais uma infinidade de coisas que mantinham a organização funcionando. Quando termino vou para o meu restaurante no bairro velho. Assim que peço minha refeição, ligo para Pietro avisando que estou indo para a sede ver o maldito russo. Hoje cabeças vão rolar, e muitas outras rolarão quando eu souber o paradeiro dos coleguinhas dele. Espero que o que meu irmão achou seja quente o suficiente para pressioná-lo.Entro no carro indo em direção ao meu parque de diversões, mas antes, olho meu celular para ver o que Violleta está fazendo, de cara vejo que ela não está no quarto, olho nos outros cômodos, mas não a encontro. Que porra é essa? Vou avançando, cômodo a cômodo, e finalmente a vejo. Ela está deitada em uma espreguiçade
Ettore FerrariEle não fala nada, somente me olha com um sorriso de canto, cagando para que estou dizendo. Se o choro e a cara fodida da própria mãe não o estava encorajando a falar, eu sabia bem o que encorajaria. Fiz um sinal para Pietro, e imediatamente ele e o outro soldati seguraram bem os pulsos da mulher. Ele se remexia na cadeira, impotente e desesperado enquanto eu me aproximava com um facão de carne muito bem afiado.— “Не давайте им ничего!” — “Não dê nada a eles!”, gritou a mãe.— “Em italiano, porra!” — ordeno também em russo e desço o facão com força sobre o pulso direito da mulher. Seu grito ecoa pela sala, estridente, medonho junto com o do filho. — Estenda as mãos dele também.Fazem o mesmo com os braços do homem, e assim que ficam frente a frente deslizo o facão ao longo da pele suada e marcada de sangue e tatuagens. Ele está chorando, desesperado vendo a mãe tremer de dor. Ela fica pálida e desmaia.— Há uma regra muito sutil nesse jogo, Dmitri. Se não consegue prot
VIOLLETA FERRARI Não amo Ettore e nunca amarei, mas não tenho sangue de barata para conviver com essa situação, todos sabem o que ele fez em seu escritório com Rebecca, a loira azeda. Espero que isso passe logo e eu consiga uma maneira de escapar desse desespero. Isso, sem mencionar que terei que me deitar com meu carrasco, em breve. Hoje pensei que ele fosse me obrigar a fazer algo para o qual ainda não estou preparada, consegui adiar, mas sei que uma hora ou outra, esse dia vai chegar. Minhas palavras no chuveiro vêm à mente e as reforço, antes de me ter, quero que Ettore fique completamente louco. Se eu tiver que lutar fisicamente com ele e sofrer por isso, que seja. Não pode ficar pior do que já está e a morte à esta altura me parece um alívio.Pietro ficou encarregado de me escoltar até o shopping para escolher um vestido para a tal festa de noivado, mais uma desavisada que vai entrar nessa droga de máfia, onde não temos direitos de opinar em nada, nem ao menos escolher quando,
VIOLLETA FERRARIFicamos conversando sobre outras coisas supérfluas até que nossos pedidos chegassem, não digo uma palavra enquanto faço minha refeição, pois realmente estava faminta. Assim que terminamos, voltamos para casa. Pietro tinha alguns assuntos para resolver, já eu gostaria de desfrutar um pouco da piscina para relaxar antes da festa.Entro no quarto a procura de um biquíni, mas olhando as opções, só vejo pedaços de linha, sim, por que o que vejo são peça minúsculas que lembram vagamente biquínis. Mesmo não acostumada a usar esse tipo de peça, tão minúscula, pego uma, juntamente com uma toalha e saio do quarto. Vejo inúmeros soldados ao redor, mas nenhum ousa olhar para onde estamos, apenas um dos soldados, de vez enquanto, olha para mim e me sinto um pouco desconfortável. Ele aparenta ser bem jovem pelo seu porte, diferente dos outros que são bem mais fortes e altos, porém altura, neste caso, não quer dizer nada, acredito que nesse mundo o que vale é a esperteza e agilidad
VIOLLETA FERRARIAssim que entramos na casa onde está acontecendo a festa, Ettore é recebido com aplausos dos convidados, aqui é como se ele fosse um tipo de deus, acho isso um absurdo e um tanto quanto ridículo. Ele fica rodeado de homens, todos conversando sobre coisas que não entendo, mas imagino que tem alguma coisa haver com russos e a viagem que ele mencionou que faria hoje.Olho para um dos cantos e vejo uma moça de cabelos castanhos, de pele branquinha e de olhos azuis que transmitem tristeza, e de cara sei que é a noiva. Viro-me para Ettore, perguntando:— Ettore posso conversar com a noiva, enquanto você resolve seus assuntos? — Vá, mas não saia de onde eu possa vê-la.Seguindo para onde a mulher está, quando chego mais perto ela abre um sorriso muito sincero, embora eu possa notar que ela reparou bastante em minha roupa. Estava começando a me arrepender de ter vindo tão exposta a um casamento, ao menos nenhum dos outros homens tinha audácia de me olhar com luxúria. Ettore
ViolletaAntes mesmo de pôr o corpo totalmente para o lado de fora do carro, sinto uma queimação no peito, e olho para os lados vendo os soldados de Ettore acabando com os russos. Ele grita, se fazendo ouvir por cima do barulho que se instaura: — Gregory, pela esquerda! — Ouço-o dizer antes de atirar num dos russos mascarados. Ettore parece uma máquina de guerra, atirando como um militar nos inimigos, expondo-se sem medo à chuva de balas. Está tão concentrado que mal consegue me ver no meio da rua, paralisada.Sinto a dor de novo, só que mais intensa desta vez. Passo a mão pelas minhas costas onde a dor é mais forte e sinto arder, está molhado e pegajoso. Assustada percebo que é sangue. Levanto os olhos para ele, que desviou-se de seu alvo por apenas milésimos. Quando me viu sua expressão se transformou e nunca o vi correr tão rápido em minha direção.— Ettore, acho que… — Antes mesmo de terminar a frase já estou caindo de lado no colo dele, que me olha espantado ao mesmo tempo que m
VIOLLETA FERRARISEIS DIAS DEPOISMeus cabelos voam ao vento, sinto a brisa da manhã, estou em um campo com flores vermelhas por todos os lados, uma linda visão agradável aos olhos. Sinto uma paz extraordinária, poderia ficar aqui sempre, sem me preocupar com nada, será que estou no paraíso?De repente o céu escurece, as flores murcham, tudo ao meu redor vira trevas, sinto uma dor no peito, me falta o ar e tudo se apaga.— Doutor, batimentos acelerando! — Ouço alguém dizer, mas não consigo abrir meus olhos, sinto um cansaço imenso e caio, mais uma vez, no sono. — Podemos desentubar… Aos poucos vou abrindo meus olhos, com dificuldade por causa da claridade, mas me esforço para abri-los até que consigo. Ouço um barulho de máquinas ligadas, quando percebo onde estou, o barulho fica irregular, mais alto, vejo a porta sendo aberta e Sandra passar por ela. Minha garganta dói e está seca.Chegou até perto da cama, parecia feliz em me ver embora fosse minha confirmação de que ainda estava vi
VIOLLETA FERRARIChegando em casa, Bianca e Pietro estão à minha espera, mesmo sendo tudo tão louco, a recepção deles foi muito gentil e fico aliviada por não ver Ettore ali. Sinal de que ele ainda não havia retornado de sua viagem ao México, segundo o que me contou Sandra.Vamos todos imediatamente para a sala de jantar para almoçar e deixo as conversas alheias fluírem enquanto guardo meu silêncio. Pietro está de frente para mim bem concentrado em sua refeição, então pergunto:— Quando começam as minhas aulas?— Você mal se recuperou e já quer mexer com armas? — Pietro diz, com seu um sorriso espontâneo.— Fiquei seis dias desacordada por não saber como me defender, preciso começar o mais rápido possível.— Você tem razão, vou providenciar para que comece semana que vem, não se preocupe com isso por enquanto. A segurança foi reforçada em toda a casa.Dificultando ainda mais minha fuga. Russos desgraçados.Alegando cansaço, subo para o quarto fechando a porta atrás de mim. Finalmente