Olhos negros com círculos brilhantes me encaravam.“– Irei te mostrar o que é não sobrar nada.”Aquela voz suave disfarçava a escuridão e o vazio que só eram vistos no fundo dos seus olhos, onde deveria estar sua alma havia um buraco escuro infinito, esse buraco queria me sugar para dentro e me aprisionar para sempre, queria me fazer enlouquecer e esquecer meus sentimentos e princípios.Gritei tentando fugir dele, corri desesperada tentando buscar uma saída, quanto mais eu fugia mais me afundava naquela sensação de vazio, no entanto, quando já estava quase no fundo senti braços em volta do meu corpo me segurando com força que me protegiam da escuridão ao redor, olhei para frente e vi olhos verdes que brilhavam como diamantes, eu sabia a quem pertencia àqueles diamantes.Alec.Ele pulou naquele abismo para me salvar, me protegeu loucamente enquanto girava nossos corpos no ar e deixou que a gravidade o empurrasse para baixo, deixou seu corpo sentir todo o impacto da queda para que eu nã
Ao ver a Karolina caindo daquele abismo, senti como se parte de mim estivesse indo embora também e fiquei com medo, o maior medo que tive durante toda minha existência era saber que eu perderia aquela mulher, que ela morreria e eu nunca mais veria a emoção da paixão escondida em seus olhos vermelhos.Eu precisava salvá-la! Eu tinha que salvá-la! Era minha missão de vida salvar a Karolina, mesmo que para isso o custo seria minha morte. Corri para frente e pulei ao seu encontro me transformando levemente e metade lobo e humano para conseguir alcança-la, e alcancei, a segurei em meus braços e a protegi, eu sabia que poderia morrer naquele momento, mas nada no mundo importava a não ser saber que ela viveria, poderia não ser comigo, talvez ela aceitasse o Calmon, não importa, ela deveria viver e ser feliz.Foi assim que a escuridão me tomou.Dentro daquele lugar escuro uma luz amarelada acendeu, e nela havia uma mulher, alguém que nunca havia visto antes, negra, dos cabelos castanhos escur
Na maior cidade dentro do território humano, chamada Valiska, localizada próxima à fronteira que separa o território dos lobos, estava presente a mais alta patente do clero na principal Basílica, todos reunidos com seus fiéis para escutarem o tão esperado discurso do Papa João César. Aos gritos e palmas de euforia dos fiéis, ele apareceu sentado em uma cadeira de ouro sendo carregado pelos seus escravos em cada lado daquela cadeira pesada enquanto uma escrava mulata de corpo curvilíneo caminhava ao lado da cadeira luxuosa do papa com uma bandeja na mão, oferecendo-lhe frutas. Apesar de todo luxo, euforia e alegria ao seu redor, o papa não estava contente com os acontecimentos dessas semanas e ele precisava da ajuda do seu povo para rever e reparar os absurdos causados por aqueles que antes eram seus aliados, no entanto quebraram o pacto feito há milhares de anos por seus antepassados e se juntaram com o ser amaldiçoado que não tem alma e que carrega a morte para onde quer que vá, o D
Horas antes...Todos estavam se divertindo no grande salão de festas dentro do castelo, a maioria eram vampiros, depois dos lobisomens que após a junção das duas tribos, os companheiros escolhidos pela Deusa da Lua finalmente se encontraram, o que era algo raro de acontecer, agora se tornou natural. Trazendo muitos benefícios, pois os maridos infiéis serão mais devotos por causa do vínculo, e nossa raça iria se evoluir.No meio da pista de dança estavam meus casais favoritos: princesa e futura Gama Clara dançando com seu companheiro Marcus e do outro lado vi Maria Elena com o Drakon, ela pode até negar, mas o ama demais para conseguir evitá-lo.– Você me daria esta hora para dançar comigo? – Um sorriso genuíno se formou no meu rosto quando escutei a voz dele, Alec.Segurei sua mão estendida, peguei na lateral do meu vestido longo, levantando um pouco a bainha para caminhar no centro da pista. Ficamos de frente um para o outro, senti sua mão na minha cintura enquanto eu depositava a mi
– Droga! – Esbravejei quando tropecei em algo, mas me segurei em uma árvore antes de cair. Tirei meus sapatos e continuei correndo segurando o vestido dos dois lados para não tropeçar na bainha. Meus cabelos soltos voavam com a coroa em cima da cabeça sem sair. Eu enxergava a floresta com o reflexo do luar que batia nas árvores e no chão. Minhas emoções se intensificavam: raiva, medo, cansaço, confusão...Vi as tochas da aldeia que estava praticamente vazia por causa da festa de coroação, corri para a cabana em que o Lúcius encontrava-se, abri a porta e arfei quando vi que a cama estava vazia.Cadê o Lúcius?Sai do quarto e olhei ao redor o procurando, mas não vi nada além das casas e da floresta ao redor.Fechei os olhos e tentei farejá-lo, mas seu cheiro estava muito fraco. Fiquei frustrada.Então usei a ligação de sangue que temos para procurá-lo do mesmo jeito que usei quando eu briguei com o Betha Lucas e procurei o Lúcius em frente à fronteira das duas tribos.Abri os olhos e ol
À medida que o Lúcius se acalmava nos meus braços, percebi que ele se tremia muito, sua respiração tornou-se desregular até que ele caiu no chão tão rápido que só pude perceber quando o vi caído nos meus pés.Vendo aquele homem que antes era forte, musculoso e que tinha uma áurea poderosa, agora não passava de uma pessoa esquelética e fraca, mais fraca que uma criança. Ele deve ter usado muito do restante de suas forças para conseguir vir até aqui e me derrubar no chão, e a adrenalina da raiva que também estava presente, agora se dissipou.Ajoelhei-me ao seu lado e segurei sua cabeça no meu colo.– O que está acontecendo comigo? – Sussurrou ofegante.– Você só está fraco, mas eu posso te ajudar.– Me ajudar?! – Ele franziu o cenho. – Por favor, me mate! – Suplicou.– O quê!? Não! – Disse perplexa.– Eu não aguento mais! Por favor, Karolina, me mate!– Lúciu, e-eu não posso te matar, não depois de você finalmente estar de volta! Deixe-me ajudá-lo.Ele balançou a cabeça em negação.– Po
Ele me de um selinho demorado, e com a língua pediu passagem, cedi, ele estava sendo bem delicado e calmo dessa vez, até que nosso beijo se aprofundou enquanto sugávamos os lábios um do outro, lambendo. Lúcius me apertou mais contra seu corpo e soltou um gemido baixo na minha boca, era mais de alívio do que excitação. Passei a mão pela sua nunca e depois acariciei seus cabelos, eu estava extasiada e feliz por tê-lo de volta, por ter conseguido salvar sua vida, era como se nosso beijo profundo fosse a prova concreta de dizer para nós dois que estava tudo bem. Nossas respirações ficaram ofegantes, mas nenhum queria interromper o beijo, ao contrário, nos apertávamos mais ainda enquanto eu permanecia sentada nos seus braços.Com as mãos no seu cabelo e outra na nuca enquanto ele me segurava forte pela cintura, buscamos ar nos pulmões enquanto nos abraçávamos de olhos fechados.Até que ele respirou fundo, seus pensamentos o consumiam, ele parecia estar sofrendo por algo. Lúcius estava estr
Ainda no meio da floresta e longe de todos, eu permanecia sentada, chorando e soluçando. Eu queria muito não sentir isso, esses sentimentos confusos me deixavam sufocada e o único modo de desabafar era entre lágrimas. Como o Lúcius pôde fazer isso comigo? Na minha cabeça é que ele tem algum motivo por trás da rejeição, mas o quê? E eu estou disposta a enfrentar qualquer coisa por ele, já passei esses meses tentando me manter forte enquanto o Lúcius permanecia em coma, tentei esquecer tudo que passei enquanto era sua escrava, todo o rancor e ódio que tinha. Chorei mais forte de cabeça baixa. Funguei e lembrei daquela coisa que possuiu o Lúcius. Foi por causa daquilo que ele não me quis? E o que foi aquilo? Limpando minhas lágrimas, fiquei de frente à Lua, juntei minhas mãos e comecei a falar umas palavras antigas que meu tio ensinou quando eu era criança. “O Sol é teu brilho, a floresta tua escuridão, o sangue estampado na tua Lua é o mesmo do teu coração. Eu vim da terra, mas