Cap. 40: Os três inimigos do alpha.E então... eles viram tudo. Até o dia do casamento. E, para crianças de apenas cinco anos — por mais inteligentes que fossem — tudo aquilo era insuportável.A dor de Maya quando foi capturada. O momento em que foi tomada à força. O grito sufocado. O medo. A solidão. A tentativa dos próprios pais de matá-la depois da injustiça.A fuga. A luta.E, por fim, o rosto do homem.Kan.Eles não conseguiram ver quem havia sido o agressor de sua mãe. Mas, no momento em que Maya encontrou aquele homem na Vila dos Lobos, os meninos captaram a ligação imediatamente.— Aquele é o papai... — disseram os três ao mesmo tempo, em uníssono.Samuel Kan. O nome ecoava em suas mentes. Era como se a própria magia tivesse sussurrado dentro deles.A conexão foi cortada com um soluço. Manter aquela visão custara caro. Mesmo com Ayel, o mais velho, usando seu dom para intensificar os poderes dos irmãos, o esforço havia drenado todas as forças dos três. Mal conseguiam controlar
Capítulo 41 – Plano MirimA luz da lua atravessava as cortinas finas do pequeno quarto, recortando sombras suaves pelo chão de madeira. Ayel, Noam e Lior estavam reunidos sob uma coberta improvisada como tenda, sussurrando com a urgência de quem está salvando o mundo ou sabotando um pedacinho dele.— Ela não vai nos perdoar por isso — murmurou Noam, os olhos azuis piscando levemente.— Vai sim — rebateu Ayel, firme. — Quando tudo der certo, ela vai entender. Mas... por ora é melhor que ela nem desconfie.— E se o Cael descobrir? — Lior coçou a nuca, inquieto. — Ele já está desconfiando da gente, ele não parou de falar que, quando éramos mais novos, ficávamos correndo atrás dele. Mesmo que ele não diga, é impossível esquecer que vivíamos pendurados nas asas dele.— Ele não pode sentir o que a gente sente. A energia que nos liga a ela e… a ele — disse Ayel com uma calma sobrenatural. — Eles não fazem ideia do que somos capazes.No canto do quarto, um tablet exibia gráficos em queda livr
Capítulo 42 – A EntrevistaA sala estava silenciosa, exceto pelo som das teclas sendo pressionadas com força. Maya olhava para o monitor com os olhos cansados, a lista de empresas aberta, um currículo recém-atualizado e um nó preso na garganta. Havia perdido tudo — menos os filhos —, e era por eles que ela apertava "enviar", uma vez atrás da outra.— Tá pronta? — perguntou Lior, surgindo ao lado dela como quem só passava por ali.— Pronta pra quê, filho? — ela sorriu, sem energia.— Pra mudar o destino — respondeu ele, com um olhar que não parecia de uma criança.Com a lista em mãos — que os trigêmeos disseram ser “empresas confiáveis e com vagas ativas” —, Maya começou a enviar seus dados. Não leu os nomes. Não teve tempo, nem cabeça. No meio delas, lá estava:Kan Industries — Setor Financeiro e Inovação Estratégica.Ela clicou. Enviou. E não percebeu a sombra que se movimentava ao fundo da realidade, puxando os fios do destino com dedos pequenos e determinados.Enquanto isso...Na t
Cap. 43 Entrevista com o AlfaEles conseguiram bloquear e Kan não conseguiu perceber que aquela em sua frente era Maya, eles suspiraram aliviados ao perceber que deu certo.A sala de presidência estava silencioso, exceto pelo som abafado do ar-condicionado e da respiração acelerada de Maya ou melhor, Mayara, como se apresentou, usando o nome falso que ensaiara tantas vezes na cabeça.O coração de Maya batia descompassado no peito ao se deparar com quem menos esperava, naquele silencio se prestasse atenção se podia ouvir as batidas, mas para Kan isso não era problema, ele conseguia captar qualquer tensão e nervosismo através das emoções das pessoas e para ele, o coração de Maya estava tão alto quando um tambor, ele só ficou em dúvida se ela de medo ou surpresa.Kan estava ainda mais impressionante do que em suas lembranças: alto, de porte dominante, os olhos de lobo cinzentos pareciam despir sua alma com um único olhar.Instintivamente, ela desviou o rosto, o estômago revirando com o m
Cap1: A menina da adaga no coração. Maya VolpynEu tinha doze anos quando abri os olhos pela primeira vez.Literalmente.Desde o dia em que nasci, estive em coma. Mas não era um coma qualquer. Eu vim ao mundo com uma adaga cravada no peito — uma lâmina mágica atravessando meu coração, protegida apenas pela minha caixa torácica. Ninguém jamais conseguiu explicar como isso foi possível. E muito menos como remover a adaga sem me matar no processo.Não tenho lembranças. Nenhuma infância. Nenhum som, cheiro ou rosto familiar. Só o vazio.Meus pais passaram anos buscando desesperadamente alguém com magia suficiente para salvá-la. Tentaram de tudo. Magos, curandeiros, rituais. Mas a resposta era sempre a mesma: retirar a adaga significaria assinar minha sentença de morte.Ninguém entendeu como, um dia, simplesmente acordei.O que lembro é uma voz. A voz de um garoto. Familiar, mesmo que eu não tivesse memórias para compará-la. Logo depois, senti uma luz azul vibrar no centro do meu peito. E
Cap. 2 Lançada para a morte;Tudo aconteceu rápido demais.Confusa, encarei Lana se aproximar com um olhar estranho. Antes que eu pudesse reagir, senti suas mãos me empurrando com força, direto para a água gelada do lago.O impacto foi brutal. O frio cortou minha pele como lâminas invisíveis e meus pulmões arderam, implorando por ar. Afundava cada vez mais, como se o lago quisesse me engolir inteira.Lá em cima, entre as ondas, vi o rosto dela — sereno, cruel. Eu a implorei com o olhar, mas Lana apenas virou as costas, desaparecendo como se fugisse de algo... ou de alguém.Nunca aprendi a nadar. Meu corpo lutava por instinto, mas era inútil. A dor me puxava para o fundo, até que... tudo mudou.De repente, não estava mais no lago.Estava em um campo de batalha.Espadas colidiam com estrondo, a guerra explodia ao meu redor. Lobos enormes corriam em disparada, seus uivos se misturando aos gritos de feiticeiros e magos.Em minhas mãos, uma espada brilhava com um poder estranho. Eu lutava.
Cap. 3: Rumores de armação.Meus pais pareciam hesitantes naquele dia, o que era compreensível. Como poderiam contar para sua filha que dormiu toda a vida que, agora com apenas três anos, precisaria se preparar para um casamento iminente? Disseram que eu tinha um parceiro, mas não revelavam muitos detalhes. Imaginei que se tratava de algo complexo, que eu precisaria reconhecer meu parceiro e ele a mim. Como podiam escolher algo assim para mim?— Não se preocupe, Samuel Kan é um homem inteligente e bonito — disse minha mãe, demonstrando insegurança e desviando o olhar. Isso me deixou ainda mais intrigada.— Mamãe... vocês me ofereceram a ele?— Nunca faríamos isso! — protestou ela.— Mas... de repente Samuel Kan se interessou por uma de vocês.— Tem certeza que não foi por minha irmã Lana? — perguntei esperançosa.— Não é sua irmã, ele foi bem claro. Além disso, foi naquele... — ele ia dizer algo, mas minha mãe o interrompeu. Que segredos eles estavam escondendo agora? Quem era Samuel
Cap.4: Trama dos trigêmeos.Samuel kanA aurora despontou, anunciando o dia do meu casamento. No entanto, meu coração não pulsava com a alegria habitual de um noivo. Em vez disso, era tomado por uma mistura de ansiedade e melancolia.Horas antes da cerimônia, eu me encontrava em meu escritório, cercado por uma comitiva de líderes das empresas da nossa família. Eles discutiam animadamente sobre os detalhes do casamento, enquanto eu me perdia em pensamentos sobre Maya. Será que ela já havia chegado?Com dificuldade, tentava me concentrar nas palavras dos anciões, mas meus pensamentos se voltavam para ela, a mulher que amava e que havia sacrificado sua vida para me salvar. O casamento arranjado com outra mulher era apenas um meio para um fim, uma exigência da deusa do destino que eu precisava cumprir para poder encontrá-la novamente.Quando ela tinha morrido em meus braços, a deusa do destino me garantiu que ela renasceria e eu aceitei a derrota naquele dia, mas fui salvo por um triz, um