Luna nem percebeu quando pegou no sono. O calor do corpo de Darius, a respiração tranquila e o aconchego da cabana a embalaram, fazendo-a esquecer do tempo.Mas, de repente, despertou sobressaltada. Seu coração disparou ao perceber que a lua ainda brilhava alta no céu, mas já era tarde demais. Precisava voltar antes que os serviçais acordassem, especialmente Ravena.Atordoada, levantou-se apressada, os cabelos desgrenhados e a mente ainda presa nos vestígios da noite intensa que tivera.Darius se mexeu na cama, a voz rouca pelo sono.— O que houve?— Está tarde... preciso ir embora — ela sussurrou, tentando colocar os sapatos.Ele se sentou, passando as mãos pelo rosto antes de encará-la.— Eu te acompanho.Saíram juntos da cabana, o silêncio da floresta os envolvendo. A única trilha que seguiam era iluminada pela luz prateada da lua.Darius olhou para ela e sorriu.— Suba nas minhas costas. Assim chegaremos mais rápido.Luna hesitou, mas sabia que seria mais seguro. Então, com um imp
Luna mal teve tempo de reagir.Enquanto Jasmim e Felicia distraíam Luna no refeitório, Taynara aproveitou o intervalo da aula para confrontar Darius. Encontrou-o encostado em uma árvore no pátio, de braços cruzados, olhando para o horizonte como se estivesse imerso em seus próprios pensamentos. Mas sua tranquilidade acabou no instante em que ela se aproximou.— Eu sei o que você fez, Darius. Ouvi tudo.Ele franziu o cenho, tentando manter a compostura.— Não sei do que você está falando.Taynara bufou, cruzando os braços.— Não adianta negar. Você e Luna... Eu sei o que aconteceu entre vocês.Darius engoliu em seco. Seus olhos desviaram dos dela por um instante.— Eu... — tentou justificar, mas as palavras ficaram presas na garganta.— Eu sempre quis que a sua primeira vez fosse comigo, e não com qualquer uma! — Taynara cuspiu as palavras com rancor, seu olhar faiscando de indignação.Darius suspirou, passando a mão pelos cabelos.— Eu tentei... tentei resistir. Mas não consegui. Foi
Um grito feroz rasgou o silêncio da clareira:— TAYNARA, NÃO!O coração de Luna quase saltou do peito. Ela fechou os olhos, esperando o impacto do ataque, mas, em vez disso, sentiu um deslocamento de ar e ouviu um rugido ensurdecedor.Antes que Taynara pudesse tocá-la, Darius surgiu em um salto ágil e imponente. No meio do ar, seu corpo começou a se expandir de forma violenta. Os músculos se alongaram, as roupas rasgaram e um brilho prateado envolveu sua pele. Ossos estalaram num som grotesco, moldando sua nova forma, e em questão de segundos, onde antes havia um homem, agora havia um enorme lobo de pelos cinza-claro mesclados com branco.Com um rugido ameaçador, ele investiu contra sua noiva, interceptando-a no último segundo. Taynara foi forçada a recuar, rosnando em frustração, seus olhos brilhando em puro ódio.Sua voz ecoou na mente de Darius, carregada de tensão:— Essa garota não é humana. Senti uma energia poderosa vinda dela!Darius ignorou suas palavras, as garras cravadas n
Luna estava sentada na cama, envolta em um roupão felpudo, segurando a xícara de chá com as mãos trêmulas. O calor do líquido mal parecia alcançar o frio que se instalara dentro dela depois de tudo que presenciara. Seu coração ainda batia acelerado, e sua mente insistia em reviver cada detalhe daquela cena surreal.O silêncio no quarto era quase sufocante até que Luna, incapaz de conter as perguntas que lhe queimavam a garganta, rompeu-o com a voz vacilante:— O que tem nessa cidade? O que foi aquilo que eu vi? — Seus olhos, arregalados e confusos, procuravam respostas enquanto observava Ravena recolhendo algumas roupas espalhadas pelo quarto.Ravena parou por um instante, apertando os lábios com hesitação. Ela sabia que esse momento chegaria, mas desejava que fosse de outra forma. Uma parte dela queria proteger Luna da verdade, poupá-la da escuridão que rondava aquela cidade. Mas a outra, mais racional, entendia que o que Luna testemunhara era impossível de esquecer. Ela descobriria
Naquela noite, Luna se debruçava sobre seu diário, registrando cada detalhe do que havia vivido e descoberto. As palavras fluíam com intensidade, misturando confusão, medo e uma emoção nova que crescia dentro dela. Sem perceber, sua mão deslizou pelo papel, esboçando um lobo com traços precisos, como se aquela imagem já estivesse gravada em sua mente. Ao terminar, ela escreveu, quase sem pensar: "Agora me apaixonei por um lobo." Suspirando, fechou o diário e o guardou na gaveta do criado-mudo. Sentindo a mente inquieta, caminhou até a varanda. O céu estava escuro, coberto por nuvens espessas, e o vento frio anunciava a chuva que se aproximava. Seus olhos buscaram algo na direção da floresta, como se esperassem encontrar uma resposta ali, mas tudo o que viu foi a densa escuridão entre as árvores. Permaneceu ali por mais alguns instantes, deixando o vento soprar contra seu rosto, antes de decidir voltar para o quarto. Deitou-se, puxando as cobertas sobre o corpo. Assim que fechou
Luna despertou com um sobressalto, o coração martelando no peito. O sofá de couro frio sob sua pele contrastava com o calor febril que percorria seu corpo. O escritório de seu pai estava mergulhado em penumbra, iluminado apenas pelo brilho bruxuleante da lareira. Ela piscou várias vezes, tentando entender como havia parado ali. A última coisa de que se lembrava era… a mordida. A voz dele. As presas. O sangue. Um arrepio subiu por sua espinha quando sentiu um movimento próximo. — Querida, você está bem? — Eliezer perguntou, sua voz era suave, mas havia nela um tom de preocupação. Ele se aproximou, estendendo a mão para tocá-la. Luna se afastou bruscamente, o coração acelerando ainda mais. Seu corpo instintivamente se encolheu no canto do sofá, os olhos arregalados de pavor iminente. — Não toque em mim! — Sua voz saiu mais trêmula do que gostaria. — O que... o que é você?! E aquela mulher? você a machucou?! Eliezer parou, sua expressão frustrada. — Filha, por favor, me escu
Luna respirou fundo, tentando escolher as palavras que estava prestes a dizer. O clima entre ela e seu pai havia se acalmado, mas sabia que isso estava prestes a mudar. — Pai… tem mais uma coisa que preciso te contar. Eliezer, que já estava tenso, estreitou os olhos, analisando cada movimento da filha. Ele se afastou um pouco, segurando os ombros de Luna com delicadeza. — Fale, Luna. Ela engoliu em seco, sentindo o coração acelerar dentro do peito. Sua mente gritava para que parasse, mas já era tarde demais para recuar. — Eu… eu me entreguei a Darius. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. O rosto de Eliezer endureceu, os olhos ficando perigosamente sombrios. Luna sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas continuou antes que perdesse a coragem. — Eu me apaixonei por ele, pai. Só que eu não sabia que ele estava noivo... Quer dizer, eu sabia, mas no momento em que aconteceu… eu não me importei. Eu só queria e ele também, e aconteceu. Sua voz falhou, e ela teve qu
O escritório de Eliezer estava mergulhado em uma tensão sufocante. O silêncio entre os três homens era quase ensurdecedor.Eliezer estava atrás de sua mesa, seu olhar afiado como lâminas. Ranamés andava de um lado para o outro, os músculos rígidos pela raiva reprimida. Darius, sentado em uma poltrona, mantinha a expressão neutra, mas sua mente estava um turbilhão.— Quero saber exatamente o que aconteceu entre você e Luna — a voz de Ranamés saiu baixa, carregada de indignação.Darius inspirou fundo, cruzando os braços.— Foi apenas um momento… um impulso — ele disse, medindo as palavras. — Eu não sei explicar, mas algo aconteceu. Talvez por causa do meu lado lobo… Eu senti tudo de forma intensa, mesmo na forma humana.Ranamés riu sem humor.— "Apenas um momento"? Você tem noção do que isso causou?— Não foi intencional! — Darius rebateu. — Eu não planejei nada, não sabia que isso teria tanta repercussão.— Você traiu Taynara com uma humana! — Ranamés explodiu, batendo a mão sobre a me