Desde o anúncio do noivado de Arianna seu ex marido Tom Lucchese andava para cima e para baixo em seu apartamento traçando planos e meios de não deixar isso acontecer, sem o conhecimento de sua família ele havia contratado pessoas para seguir a ex mulher e ficarem de olho na filha que até então não havia deixado a mansão Morello.
Tom Ignazio Lucchese, filho de Emília e Tomás Lucchese. O único homem herdeiro de uma fortuna duvidosa, sua família nem sempre teve riquezas, os Lucchese são de origem humilde. Ignazio o pai de Tomás era contador de uma família italiana bastante influente cansado de ver sua esposa grávida trabalhando como lavadeira das mulheres da alta sociedade e sofrendo constantes humilhação, o mesmo passou a desviar parte dos valores dessa família para uma conta secreta e com isso ele iniciou a construção do que seria hoje o império Lucchese. Quando foi descoberto o que ele fazia tratou de armar uma fuga para outro país, na época em que chegou a Nova York as gangues dominavam tudo. Tomás nasceu em solo americano, já como herdeiro de um grande império. Seu pai por meio de negócios escusos criou inimigos e muitos deles se encontravam do lado norte da cidade, ou como muitos diziam o lado Morello de NY.
Anos após o casamento com Emília veio o nascimento de seu primogênito Tom Ignazio Lucchese, e com isso o sonho de uma possível trégua com os Morello, o que de fato aconteceu por meio de um casamento. O único problema era que Tom não foi criado como a maioria dos homens, ele foi ensinado por sua mãe desde pequeno que se quer algo deve tomá-lo à força, também foi ensinado que ele nunca merece ouvir um não e tudo sempre precisa estar rendido aos seus pés. Ele não sabia como tratar uma mulher, seus relacionamentos sempre foram conturbados e devido a influência de seu pai no meio político sempre utilizou do dinheiro para acobertar muita coisa.
Ao se casar com Arianna ele nem mesmo sabia como era se apaixonar, tudo para ele estava em uma questão de posse. Então de uma forma doentia ele sentia algo pela herdeira dos Morello, algo insano e que beirava a loucura. Seu pai achou por bem depois do casamento deixar seu filho a par de alguns assuntos e distribuir mais afazeres para o mesmo, com isso Tom era a cabeça principal de uma organização criminosa que distribuía e recebia entorpecentes por todo o país e já tinha filiais pelo mundo.
– Querido seu pai gostaria de …. Dios Mio – a voz de Emília se ecoou pelo apartamento quando abriu a porta dando de cara com a destruição do lugar. Tom estava parado na janela olhando seu reflexo que ao ver a figura de sua mãe a encarou com os olhos vermelhos.
– Mamãe… Ela vai se casar. – Tom tinha a voz a meio fio enquanto falava com o rosto escondido no ombro de sua mãe que agora estava diante dele o abraçando.
– Arianna? Querido, essa garota não soube te valorizar. Segue sua vida e a esqueça. – Emília tentava soar o mais amorosa possível, como toda mãe ela sabia que seu filho tinha cometido erros e que a maior parte era culpa dela, mas ainda sim ela fechava os olhos para todos os erros e insistia em culpar Arianna pelo divórcio.
– Não, ela é minha! Ela é a mãe da minha filha, ela me pertence. Não posso deixar outro homem ocupar o lugar que é meu. – Um frio percorreu a espinha de Emília que se afastou olhando assustada para o filho que tinha o ódio estampado nos olhos.
– Se ela não pode ser minha, ela não será de mais ninguém. – A curtos passos Emília recuou para trás tampando a boca com horror.
Recuperando sua postura de uma mãe séria e preocupada Emília olhou fixamente para a figura do filho antes de olhar a sua volta.
– Tom, arrume essa bagunça. Acredito que o melhor jeito de ter sua esposa de volta é através de sua filha, seja o melhor pai que puder e Arianna vai se esquecer do motivo pelo qual foi embora. – Emília tinha o tom de voz mais calma e amoroso, por algum motivo tudo que Emília falava seu filho a escutava cegamente. Talvez quando ele bateu pela primeira vez em Arianna se tivesse escutado sua mãe tudo poderia ter sido diferente. Mas a quem ele gostaria de enganar? Tom nunca teria feito nada diferente do que fez no passado.
O celular vibrava em cima da mesa enquanto Tom estava debaixo do chuveiro tomando um banho. Sua mãe já havia ido embora deixando o seguinte recado que haveria uma reunião na sede com os Morello e mais fornecedores. Por mais que eles tivessem seus negócios obscuros era necessário ter algo conforme a lei para justificar tanto dinheiro.
– Tem certeza que eles não vão reclamar? – A voz de Arianna ecoava pelo corredor do ambiente conforme caminhava ao lado de Vincent, seu pai e Oliver iam à frente ambos com terno combinando.
– Vai se sentar ao meu lado e poderá opinar em qualquer decisão. – Vincent falou ganhando apenas a concordância dos outros dois à frente.
Quando a porta foi aberta revelou uma imensa sala de reunião com uma mesa retangular grande, várias cadeiras e um telão pendurado na parede. Claramente se confundia com uma sala de filme, milhares de pessoas estavam sentadas apenas aguardando, os lugares na cabeceira da mesa estavam vazios que indicava ser o lugar de Antony.
– Finalmente. Achei que não viria novamente, Antony. – aquela voz fez Arianna estancar no lugar, ninguém havia informado que a reunião teria a presença de Tom.
Da mesma forma que ela se assustou, Tom olhou espantado para a figura ao lado de Vincent que segurava sua mão.
– Desculpa a demora Tom, estava deixando minha filha a par dos negócios. – Antony respondeu e todos logo voltaram seus olhares para a bela morena que acompanhava Vincent. Aquilo, os olhares de todos sobre ela deixou Tom desconfortável e com raiva.
– Perdão por fazê-los esperar. Mas vamos ao que interessa, irei representar meu avô. – O sorriso angelical que brotava nos lábios dela fez com as caras amarradas fossem desfeitas naquela mesa. Ela tinha esse dom natural de ser dócil quando necessário e assim derrubar alguns muros, por breve segundos a culpa atingiu Tom por ser o principal homem que nunca mais teria o sorriso dela ao seu lado.
A reunião seguia de forma agitada a todo o momento Tom olhava em direção a Arianna que estava sentada ao lado de Vincent segurando suas mãos.
– Então já marcaram a data? – Tom finaliza a reunião porém trazia os olhares de todos sob Arianna e Vincent.
– Na verdade já será no mês que vem. Porém será uma cerimônia mais íntima apenas para os familiares. – Arianna se voltava na direção de Tom com um olhar frio a sua voz não tinha uma entonação alegre ou emoção alguma presente, Tom não conseguia entender.
– Se nos permite temos que ir. – Vincent respondeu ao se colocar em pé na mesa todos se levantaram com exceção de Tom em sinal de respeito.
O grande dia havia chegado! O mês passou de forma tranquila com dois ou três confrontos entre Belinda e Arianna sobre a forma como queria a cerimônia. Belinda queria uma festa extravagante com bastante pessoas e a mídia fazendo a cobertura de tudo e já Arianna queria algo simples, amigos e familiares no máximo com a festa no próprio jardim. Quem ficou responsável pelo desempate foi Richard, que optou pela ideia da neta. A mansão estava em festa e várias pessoas haviam sido contratadas para trabalhar no buffet e como manobristas. Aos poucos os convidados se ajeitavam na sala de jantar, que teve uma alteração para parecer um verdadeiro salão de festa. Ninguém conseguia sonhar com a forma como tudo estava espaçoso na casa e no andar de cima Arianna andava de um lado para o outro um pouco nervosa. – Oras querida, se acalme ou vai criar um buraco no chão! – Melissa falava divertidamente enquanto olhava o próprio reflexo no espelho. Faziam exatamente duas semanas que Vincent tinha viajad
A cerimônia havia arrancado lágrimas tanto de Arianna quanto de sua tia Melissa, sua mãe que estava sentada em lugar mais afastado agora na festa olhava com desdém os noivos dançarem sorrindo e trocando selinhos, de fato, aquele era o dia mais feliz da vida de Arianna. – Posso dançar com a noiva? – Antony perguntou após estender as mãos na direção da filha, o que fez Vincent sorrir e concordar. – Vou buscar a pimentinha pra dançar. – sutilmente Vincent beijou a testa de sua esposa e saiu caminhando em direção ao som da famosa risada de Aurora que estava nos braços de Melissa e Oliver tentando fugir das cócegas. Arianna sorriu de forma genuína e pela primeira vez seu pai tinha certeza que ela estava feliz. Casada com o homem que amava, tinha uma filha maravilhosa então naquele momento nada poderia impedi-la de sorrir. A dança era tranquila, uma valsa de pai e filha, a bolha deles. Não se sabe quando tudo começou a dar errado, som de tiros tiraram todos de suas bolhas, Arianna que
Do outro lado da cidade, em um barracão abandonado estava a figura de Tom Lucchese sentado em uma cadeira com rodinhas, nos dedos um cigarro aceso enquanto seu olhar era distante. A sua frente estava uma fileira de seis homens parados com as mãos para trás. O celular tocava no seu bolso, porém quando ele olhava o visor e via o nome de sua mãe o mesmo desligava. – Quero a certeza de que ele está morto. – Tom falou friamente após tragar o cigarro e soltar a fumaça para o alto. – Os jornais indicam que houve um óbito, e nossa informante do buffet disse que a recém casada está trancada no andar de cima aos prantos. – Um homem de blusa cinza falou e tais palavras fizeram os lábios de Tom se abrir em um sorriso. – Certo amanhã apareço para prestar minhas homenagens e recuperar minha esposa e filha. – Tom tragou uma última vez o cigarro e se levantou caminhando para a porta onde seu carro estava estacionado. – Desapareçam da cidade pelo menos até a poeira baixar. E sumam com a informant
Já fazia cerca de meia hora que Tom estava parado na frente dos portões da mansão Morello onde ninguém permitiu sua entrada, ele se recusava a acreditar que sua filha havia morrido e queria ter certeza. Após esmurrar o volante com toda força que tinha ao encostar a cabeça para trás, pode ouvir dois seguranças que estavam parados em frente ao portão dizer que a família estava no hospital e que em breve voltariam. O som do motor do carro pareceu deixar todos surdos quando ele arrancou em alta velocidade, iria rodar todos os hospitais da cidade até encontrar Arianna. Talvez por sorte ou azar o primeiro hospital que parou já se deparou com a figura de Belinda abraçada ao marido Antony logo na entrada e dois seguranças atrás. Ele não poderia chamar a atenção, fechando os vidros fumê do carro ele estacionou no final da rua e voltou a pé, as mãos dentro do bolso um boné na cabeça e óculos escuro. Tom passou pela porta da frente sem nem ao menos ser reconhecido, a verdade é que todos estavam
O sorriso se manteve nos lábios de Arianna até descer as escadas e avistar a silhueta de Emília que estava em pé olhando a coleção de vasos ming de sua falecida Avó enquanto Tomás estava sentado em uma poltrona, trajando elegantemente um terno azul marinho com gravata vermelha. A julgar pela aparência de ambos, eles tinham por volta de seus cinquenta anos, os que se tornaram dez anos mais novos que os pais de Ariana. - Em que posso ajudá-los? Acredito que não temos nenhum assunto em comum. – Arianna falou enquanto cruzava os braços na altura da cintura e ficava olhando a expressão cansada de Emília. A mais velha até tentou sorrir mas não obteve grande êxito e com isso sentou-se na poltrona ao lado, Arianna permaneceu em pé enquanto Tomás se levantava limpando a garganta e estendendo a mão para cumprimenta-la. – Faz tempo minha cara, queria saber como tens passado. – Tomás tinha a voz tranquila e suave, a morena por sua vez arqueou as sobrancelhas enquanto ignorava a mão esticada
A mídia se referia ao casamento de Vincent e Arianna como casamento sangrento, já havia se passado um mês desde o ocorrido e todos ainda tocavam no assunto sempre corpos baleados surgiam pelo país. Vincent estava se recuperando em casa agora, o mesmo ficava recluso dentro do quarto a única pessoa que ele recebia era sua esposa que depois do luto pela morte da filha estava começando a fase de aceitação. A segurança da casa havia sido reforçada, e nesse mês que os dois ficaram reclusos na mansão nenhuma notícia de Tom havia sido ouvida. Desde aquele dia no hospital o ex marido de Arianna desapareceu do mapa, boatos eram ouvidos que ele havia voltado para Itália o seio familiar, outros boatos eram que ele tinha enlouquecido e se trancado em seu apartamento onde apenas sua mãe entrava, ninguém sabia ao certo qual era o verdadeiro, porém todos tinham algo em comum: Tom Lucchese ficará louco ao saber da morte da filha no casamento da ex, e mais louco ainda ao ser proibido de participar do
– Você está grávida de quase três meses. – Essas palavras fizeram Arianna congelar olhando para o médico que a examinava na cama após um desmaio. Uma semana depois da visita de Emília e Tomás, a morena se recusava a se alimentar e sentia constantes enjoos. Quando passou mal naquela manhã todos logo trataram de chamar um médico, afinal o luto por Aurora ainda era presente e ouvir aquelas palavras do homem vestido de branco a sua frente a deixou em choque. Vincent sorriu e beijou a testa da esposa repetidamente, Antony e Belinda olhavam com um sorriso nos lábios para Arianna. Os únicos que não estavam presentes na casa naquele momento eram Melissa e Oliver, mas seriam notificados o quanto antes, afinal era motivo de festa. Com a notícia de que em breve um novo bebê chegaria à família, vários preparativos foram feitos. Mais seguranças foram contratados, a mansão parecia uma fortaleza. Arianna andava pela casa com os olhos longe porém com a mão apoiada na barriga, se lembrando de moment
– Empregados usam as portas dos fundos. Vamos rapaz, regras básicas da casa. – Nesse momento Arianna olhou com certo receio para Amélia, mais depois voltou sua atenção para as frutas em sua frente na mesa. A porta da cozinha foi batida com muita força o que assustou Arianna e voltou seus olhos para a senhora, antes que qualquer palavra escapasse de seus lábios a mais velha já limpou a garganta e começou a tirar a mesa com as frutas. – Não gosto dele. Querida, se for sair leve sempre alguém com você. Não saia sozinha com ele. Tenho um mal pressentimento. – Foi tudo que Amélia falou antes de deixar apenas uvas para Arianna comer. Realmente o mal pressentimento em relação ao novo funcionário da mansão não vinha apenas de Amélia, a grávida também sentia o mesmo e olha que o conhecia somente a poucas horas. (...) Os meses foram se passando, Arianna estava agora com sete meses de gestação. Sentia-se enorme sempre que passava em frente a um espelho, mesmo Vincent a enchendo de mimos e