O grande dia havia chegado! O mês passou de forma tranquila com dois ou três confrontos entre Belinda e Arianna sobre a forma como queria a cerimônia. Belinda queria uma festa extravagante com bastante pessoas e a mídia fazendo a cobertura de tudo e já Arianna queria algo simples, amigos e familiares no máximo com a festa no próprio jardim. Quem ficou responsável pelo desempate foi Richard, que optou pela ideia da neta.
A mansão estava em festa e várias pessoas haviam sido contratadas para trabalhar no buffet e como manobristas. Aos poucos os convidados se ajeitavam na sala de jantar, que teve uma alteração para parecer um verdadeiro salão de festa. Ninguém conseguia sonhar com a forma como tudo estava espaçoso na casa e no andar de cima Arianna andava de um lado para o outro um pouco nervosa.
– Oras querida, se acalme ou vai criar um buraco no chão! – Melissa falava divertidamente enquanto olhava o próprio reflexo no espelho.
Faziam exatamente duas semanas que Vincent tinha viajado a negócios e com isso os dois não se falavam ou se viam. Arianna começava a pensar que o mesmo tinha desistido do casamento e mesmo sabendo que ele estava do outro lado do corredor se arrumando a dúvida ainda permanecia em sua mente.
– Tia… e se ele não quiser mais? – Os olhos dela brilhavam pelas lágrimas que se formavam, mais um pouco e ela iria chorar ali mesmo. Melissa, que até então achava graça quando percebeu a aflição da sobrinha, se virou pousando as mãos em seu rosto com delicadeza.
– Eu conheço meu filho, e posso afirmar que ele te ama e nunca vai desistir de você. Agora termine de se arrumar, vou ali ver como está o meu filho. – Melissa beijou a testa dela e saiu do quarto em passos firmes.
– Seu desnaturado! Arianna está quase entrando em desespero achando que você desistiu do casamento. É sério Vincent Morello Bradley, duas semanas sem trocar uma palavra, posso saber por qual motivo esse tratamento de silêncio com a minha menininha? – Melissa entrava no quarto já dando bronca no filho que estava em frente ao espelho olhando como o nó da gravata havia ficado.
– Mãe, que isso? Seu filho amado vai se casar em poucas horas e você até aqui para brigar? – Vincent fazia careta enquanto olhava a mulher que mantinha os braços cruzados e a expressão dura na face.
– Nunca desistiria dela, apenas achei que como organizar um casamento dá trabalho, ficar falando com ela a todo momento seria algo para atrapalhar… mas espera aí, ela desistiu? Não quer casar mais? Eu ferrei com tudo? – Vincent deixava o corpo cair na lateral da cama depois de soltar as palavras de uma só vez. A verdade é que todos estavam nervosos, o que levou a uma risada nasalada escapar pelos lábios de Melissa.
Sem pensar duas vezes ele saltou da cama e correu pelo corredor até o quarto de Arianna ignorando os chamados de Melissa. Com um solavanco a porta se abriu assustando Arianna que estava em frente ao espelho se olhando ainda no hobby de seda branco.
Antes que ela pudesse falar algo Vincent envolveu seu rosto nas mãos e a beijou de forma calorosa e apaixonada.
– Te vejo no altar – ele sussurrou ao alisar as bochechas da mulher a sua frente que mantinha os olhos fechados.
– Sabe que ver a noiva antes do casamento dá azar não sabe? – Arianna perguntou de forma tranquila sentindo o calor das mãos dele em sua face.
– Só vale se você estiver vestida de noiva. Me desculpe pelo silêncio de duas semanas. Nunca desistiria de você, nunca. – Vincent voltou a colar os lábios nos dela com um beijo calmo e singelo.
Melissa estava parada na porta olhando a cena com um sorriso bobo nos lábios, atrás dela surgia a figura de Belinda e Antony.
– Licença mas a cerimônia começa em menos de uma hora e a noiva nem pronta está… – Belinda falou fazendo os dois a olharem com sorriso bobo nos lábios.
Belinda havia aceitado o casamento? Não. Mas ela estava fazendo o possível para ver sua filha feliz e até manipular Antony para que o mesmo não pedisse o divórcio após as festividades.
– Te espero no altar. – Vincent beijou a testa dela e saiu do quarto sendo acompanhado por Antony que ria da expressão do garoto. Oliver estava parado no meio do corredor com as mãos dentro do bolso esperando o filho.
(...)
Tudo estava pronto do segundo andar se podia ouvir o som dos violinos que tocavam no jardim, Arianna estava com os cabelos presos em coque no alto da cabeça o vestido era um formato de princesa simples, rendado na parte de cima com um pequeno decote e a saia volumosa no mais delicado tule que caia sobre o corpo da morena. Seu bouquet de tulipas brancas estava sobre a cama. O andar estava silencioso o que indicava que logo ela iria descer. Olhando uma última vez sua figura no espelho Arianna sorriu.
Quando seus dedos tocaram a maçaneta e a porta se abriu a mesma acabou recuando alguns passos.
– O que você está fazendo aqui, Tom? – Ela perguntou com a voz trêmula. Não havia ninguém naquele momento ali, apenas os dois.
– Então é verdade… vai mesmo se casar? Achei que não ia continuar com essa ideia absurda! – Aparência era a pior possível, camisa social amassada, cabelos desgrenhados e olhos em chamas. Quando ele fez menção de ir em direção a ela para tocar seu rosto, Arianna recuou.
– Não devo satisfação a você, mas sim irei me casar em alguns minutos. Com licença Tom precisou descer. – as mãos dela estavam fechadas tão forte em volta do bouquet que as juntas de seus dedos chegavam a ficar brancos com a força que ela usava.
Ele a puxou pelo braço com força, o que a fez gritar um pouco assustada, no segundo que Tom viu a expressão de medo na face dela como se fosse um filme ele recuou soltando-a.
– Ele não vai te fazer feliz. Pode até se casar com ele, mas saiba que logo ficará viúva… talvez. – Ele ameaçou.
– E por um acaso você me fez feliz, Tom? Já não bastaram os cinco anos de pura infelicidade que me fez passar, as agressões, manipulações e todo o inferno que me fez passar? Agora você ousa vir aqui e ameaçar Vincent? Eu amo Vincent, sempre foi ele e sempre será. – Arianna reunia forças que até então não sabia ter e disparava as palavras. Tom recuou um pouco olhando a mulher a sua frente e quando a oportunidade surgiu Arianna passou por ele descendo as escadas onde no meio do caminho já estava Antony subindo.
– Pai! – Arianna o abraçou tão apertado que Antony estranhou tal atitude e logo se voltou para olhar a filha com preocupação. Ela não iria revelar que seu ex marido e motivo de seus pesadelos estava no andar de cima, tudo que desejava era terminar com tudo logo.
Nervosa e tremendo um pouco foi assim que Arianna seguiu até onde estava Aurora que entraria na frente da mãe jogando pétalas de crisântemos brancos no chão. Quando a garotinha viu a mãe seus olhos brilharam em êxtase, sua mãe parecia uma princesa, uma rainha aos olhos de Aurora.
Parando a poucos centímetros de Aurora a noiva se abaixou com um sorriso suave nos lábios.
– Mama você é a minha rainha, te amo – a criança soltou ao receber um beijo na testa e segurar firme a cestinha em suas mãos e começar a jogar as pétalas conforme as portas da sala de jantar se abriram revelando o imenso salão que havia se tornado. Os convidados sentados olhando a figura de Arianna andar ao lado de Antony, no centro o juiz de paz com Vincent que mantinha os olhos fixos na mulher da sua vida.
A cerimônia havia arrancado lágrimas tanto de Arianna quanto de sua tia Melissa, sua mãe que estava sentada em lugar mais afastado agora na festa olhava com desdém os noivos dançarem sorrindo e trocando selinhos, de fato, aquele era o dia mais feliz da vida de Arianna. – Posso dançar com a noiva? – Antony perguntou após estender as mãos na direção da filha, o que fez Vincent sorrir e concordar. – Vou buscar a pimentinha pra dançar. – sutilmente Vincent beijou a testa de sua esposa e saiu caminhando em direção ao som da famosa risada de Aurora que estava nos braços de Melissa e Oliver tentando fugir das cócegas. Arianna sorriu de forma genuína e pela primeira vez seu pai tinha certeza que ela estava feliz. Casada com o homem que amava, tinha uma filha maravilhosa então naquele momento nada poderia impedi-la de sorrir. A dança era tranquila, uma valsa de pai e filha, a bolha deles. Não se sabe quando tudo começou a dar errado, som de tiros tiraram todos de suas bolhas, Arianna que
Do outro lado da cidade, em um barracão abandonado estava a figura de Tom Lucchese sentado em uma cadeira com rodinhas, nos dedos um cigarro aceso enquanto seu olhar era distante. A sua frente estava uma fileira de seis homens parados com as mãos para trás. O celular tocava no seu bolso, porém quando ele olhava o visor e via o nome de sua mãe o mesmo desligava. – Quero a certeza de que ele está morto. – Tom falou friamente após tragar o cigarro e soltar a fumaça para o alto. – Os jornais indicam que houve um óbito, e nossa informante do buffet disse que a recém casada está trancada no andar de cima aos prantos. – Um homem de blusa cinza falou e tais palavras fizeram os lábios de Tom se abrir em um sorriso. – Certo amanhã apareço para prestar minhas homenagens e recuperar minha esposa e filha. – Tom tragou uma última vez o cigarro e se levantou caminhando para a porta onde seu carro estava estacionado. – Desapareçam da cidade pelo menos até a poeira baixar. E sumam com a informant
Já fazia cerca de meia hora que Tom estava parado na frente dos portões da mansão Morello onde ninguém permitiu sua entrada, ele se recusava a acreditar que sua filha havia morrido e queria ter certeza. Após esmurrar o volante com toda força que tinha ao encostar a cabeça para trás, pode ouvir dois seguranças que estavam parados em frente ao portão dizer que a família estava no hospital e que em breve voltariam. O som do motor do carro pareceu deixar todos surdos quando ele arrancou em alta velocidade, iria rodar todos os hospitais da cidade até encontrar Arianna. Talvez por sorte ou azar o primeiro hospital que parou já se deparou com a figura de Belinda abraçada ao marido Antony logo na entrada e dois seguranças atrás. Ele não poderia chamar a atenção, fechando os vidros fumê do carro ele estacionou no final da rua e voltou a pé, as mãos dentro do bolso um boné na cabeça e óculos escuro. Tom passou pela porta da frente sem nem ao menos ser reconhecido, a verdade é que todos estavam
O sorriso se manteve nos lábios de Arianna até descer as escadas e avistar a silhueta de Emília que estava em pé olhando a coleção de vasos ming de sua falecida Avó enquanto Tomás estava sentado em uma poltrona, trajando elegantemente um terno azul marinho com gravata vermelha. A julgar pela aparência de ambos, eles tinham por volta de seus cinquenta anos, os que se tornaram dez anos mais novos que os pais de Ariana. - Em que posso ajudá-los? Acredito que não temos nenhum assunto em comum. – Arianna falou enquanto cruzava os braços na altura da cintura e ficava olhando a expressão cansada de Emília. A mais velha até tentou sorrir mas não obteve grande êxito e com isso sentou-se na poltrona ao lado, Arianna permaneceu em pé enquanto Tomás se levantava limpando a garganta e estendendo a mão para cumprimenta-la. – Faz tempo minha cara, queria saber como tens passado. – Tomás tinha a voz tranquila e suave, a morena por sua vez arqueou as sobrancelhas enquanto ignorava a mão esticada
A mídia se referia ao casamento de Vincent e Arianna como casamento sangrento, já havia se passado um mês desde o ocorrido e todos ainda tocavam no assunto sempre corpos baleados surgiam pelo país. Vincent estava se recuperando em casa agora, o mesmo ficava recluso dentro do quarto a única pessoa que ele recebia era sua esposa que depois do luto pela morte da filha estava começando a fase de aceitação. A segurança da casa havia sido reforçada, e nesse mês que os dois ficaram reclusos na mansão nenhuma notícia de Tom havia sido ouvida. Desde aquele dia no hospital o ex marido de Arianna desapareceu do mapa, boatos eram ouvidos que ele havia voltado para Itália o seio familiar, outros boatos eram que ele tinha enlouquecido e se trancado em seu apartamento onde apenas sua mãe entrava, ninguém sabia ao certo qual era o verdadeiro, porém todos tinham algo em comum: Tom Lucchese ficará louco ao saber da morte da filha no casamento da ex, e mais louco ainda ao ser proibido de participar do
– Você está grávida de quase três meses. – Essas palavras fizeram Arianna congelar olhando para o médico que a examinava na cama após um desmaio. Uma semana depois da visita de Emília e Tomás, a morena se recusava a se alimentar e sentia constantes enjoos. Quando passou mal naquela manhã todos logo trataram de chamar um médico, afinal o luto por Aurora ainda era presente e ouvir aquelas palavras do homem vestido de branco a sua frente a deixou em choque. Vincent sorriu e beijou a testa da esposa repetidamente, Antony e Belinda olhavam com um sorriso nos lábios para Arianna. Os únicos que não estavam presentes na casa naquele momento eram Melissa e Oliver, mas seriam notificados o quanto antes, afinal era motivo de festa. Com a notícia de que em breve um novo bebê chegaria à família, vários preparativos foram feitos. Mais seguranças foram contratados, a mansão parecia uma fortaleza. Arianna andava pela casa com os olhos longe porém com a mão apoiada na barriga, se lembrando de moment
– Empregados usam as portas dos fundos. Vamos rapaz, regras básicas da casa. – Nesse momento Arianna olhou com certo receio para Amélia, mais depois voltou sua atenção para as frutas em sua frente na mesa. A porta da cozinha foi batida com muita força o que assustou Arianna e voltou seus olhos para a senhora, antes que qualquer palavra escapasse de seus lábios a mais velha já limpou a garganta e começou a tirar a mesa com as frutas. – Não gosto dele. Querida, se for sair leve sempre alguém com você. Não saia sozinha com ele. Tenho um mal pressentimento. – Foi tudo que Amélia falou antes de deixar apenas uvas para Arianna comer. Realmente o mal pressentimento em relação ao novo funcionário da mansão não vinha apenas de Amélia, a grávida também sentia o mesmo e olha que o conhecia somente a poucas horas. (...) Os meses foram se passando, Arianna estava agora com sete meses de gestação. Sentia-se enorme sempre que passava em frente a um espelho, mesmo Vincent a enchendo de mimos e
Sean Cortez, filho de uma latino americana, fruto da infidelidade de Tomás Lucchese durante a gravidez de Emília. Por dois anos seguidos Tomás conseguiu esconder a existência do garoto, pagando as melhores escolas para ele e Tom, dando assim a oportunidade de ambos terem uma boa educação, Tom havia completado três anos quando a mãe de Sean faleceu e assim sua existência veio a tona, Emília ficou furiosa não queria cuidar de Sean e tão pouco queria que seu marido fizesse isso, sem muitas escolhas Tomás enviou Sean para um colégio interno onde sempre o visitava e provinha seu sustento, Sean por sua vez achando que era culpa sua a distância de seu pai ele procurou ser sempre o melhor da turma. Não escondendo que tinha mais um filho Tomás enviou seu filho mais velho com quinze anos para estudar no mesmo colégio que Sean, esperando que ia dois se dessem bem e até virasse amigos, Emília não gostou muito da ideia porém ela não tinha escolhas, ou deixava Tom ter contato com Sean ou perderia