A cerimônia havia arrancado lágrimas tanto de Arianna quanto de sua tia Melissa, sua mãe que estava sentada em lugar mais afastado agora na festa olhava com desdém os noivos dançarem sorrindo e trocando selinhos, de fato, aquele era o dia mais feliz da vida de Arianna.
– Posso dançar com a noiva? – Antony perguntou após estender as mãos na direção da filha, o que fez Vincent sorrir e concordar.
– Vou buscar a pimentinha pra dançar. – sutilmente Vincent beijou a testa de sua esposa e saiu caminhando em direção ao som da famosa risada de Aurora que estava nos braços de Melissa e Oliver tentando fugir das cócegas.
Arianna sorriu de forma genuína e pela primeira vez seu pai tinha certeza que ela estava feliz. Casada com o homem que amava, tinha uma filha maravilhosa então naquele momento nada poderia impedi-la de sorrir. A dança era tranquila, uma valsa de pai e filha, a bolha deles.
Não se sabe quando tudo começou a dar errado, som de tiros tiraram todos de suas bolhas, Arianna que era protegida por seu pai buscava freneticamente pela figura de Vincent e Aurora, que segundos atrás tinham passado correndo por eles pelo jardim. Gritos e mais gritos, Richard devido a idade avançada estava sendo guiado para dentro da mansão, dois de seus seguranças haviam sido atingidos e da mesma forma que começou tudo parou. Os convidados caíram no chão com ferimentos superficiais, Oliver estava sujo de sangue porém não era dele, Melissa estava em seus braços desmaiada no tumulto ela foi empurrada e bateu a cabeça contra a estátua do anjo que tinha perto da fonte. Belinda estava caída sobre o gramado desmaiada, uma bala havia acertado seu ombro.
Um aperto começava a tomar conta do coração da jovem Morello, segurando a barra de seu vestido ao ver que seu pai estava bem saiu correndo em busca de sua filha e marido, próximo a entrada do jardim estava o corpo de Vincent caído no chão com Aurora em seus braços, o grito que até então estava preso na garganta de Arianna saiu da forma mais dolorosa possível pois as balas haviam acertado Vincent que estava caído desacordado e Aurora que ainda estava com a expressão de medo no rosto, seus olhos abertos mostrava claramente que a pequena menina já não estava mais entre os vivos. Não se sabe por quanto tempo ela ficou ali parada em choque olhando o corpo dos dois, as lágrimas rolavam por sua face.
– Chame os paramédicos! – A voz de Antony soou atrás de sua filha ainda no chão, ele tentava controlar o desespero na própria voz. Quem não estava ferido ajudava os que estavam e quando todos viram o desespero de Arianna que se ajoelhou próximo ao corpo de Aurora e a segurou em meio aos prantos, o sangue da filha agora manchava o vestido de noiva, sem muita força para levantar ela desmaiou ali mesmo sob o corpo da filha ao lado de Vincent.
– Quero saber quem foi o responsável? – Oliver Bradley rosnou ao ver sua sobrinha Arianna desmaiada, seu filho adotivo baleado e Aurora morta. A figura de Richard olhava a cena da porta de entrada do jardim por onde os convidados passavam, o velho havia conseguido sair ileso sem nenhum arranhão. O sentimento que reverberou dentro de si era a raiva, sua família havia sido atacada no que deveria ser o dia mais feliz de sua neta isto ele não iria aceitar e muito menos perdoar.
(....)
Todos os feridos estavam sendo tratados, os jornalistas tentavam a todo custo saber mais sobre aquele ataque enquanto a polícia investigava o que o Patriarca da família já sabia.
Deitada em sua cama Arianna havia acordado pedindo para tudo ser um pesadelo, porém ao ver seu vestido e as marcas de sangue que nele estavam sua ficha havia caído, sentando na cama ela olhou para a porta ignorando suas vestes saiu do quarto em uma marcha lenta se apoiando pelas paredes e decidida até onde estava seu pai, tio e avô.
– Quem? – Ela perguntou ao abrir as portas, sua filha estava morta e aquilo estava doendo mas ela não iria chorar, pelo menos não agora. Os três homens olharam assustados em direção a porta quando a morena ainda vestida de noiva passou em seu olhar não havia nada além de fúria e ódio. Seu marido ela não sabia se estava vivo, o que deveria ter sido seu conto de fadas tinha virado um filme de terror, então ela precisava saber que era o culpado.
– Filha... Ainda não temos certeza...mas parece que.... – Antony foi interrompido pela voz fraca porém seria de Richard.
– Tom Lucchese. – Naquele momento um brilho desconhecido passou pelos olhos dela e tudo que ela fez foi olhar para a expressão de Oliver que estava caída.
– Vincent onde está? – Arianna perguntou com medo da resposta.
– Ele tentou proteger Aurora e a mesma bala que matou ela, perfurou seu pulmão... Nesse momento ele está no hospital lutando pela vida na mesa de cirurgia, Melissa está com ele. – Fora Oliver quem contou o que fez com que o rosto de Arianna caísse um pouco, a imagem de sua filha sem vida caída na grama com medo a fez derramar as lágrimas que foram secas pelos dedos de seu pai.
– Vão para o hospital, não deixem Vincent sozinho. Ele vai… Tom vai tentar de novo… – Ela não terminou de falar. Será que Tom sabia o estrago que ele havia feito? Em seu ciúmes doentio ele foi o mandante que ceifou a vida da própria filha.
Arianna saiu aos prantos do escritório, sua ficha estava caindo aos poucos, diferente de suas lágrimas que caiam em cascatas por seu rosto.
– Vá você e Oliver para o Hospital. Mandarei meus homens vigiarem a mansão e o hospital, pode deixar que cuidarei da segurança de Arianna. – Richard soltou as palavras enquanto discava os números no celular e olhava para Antony que sumia no corredor seguido de Oliver.
No andar de cima a escuridão parecia engolir cada vez mais Arianna que agora estava caída no chão do quarto onde Aurora dormia, olhando sua mala recém desfeita da Grécia, os brinquedos e o senhor urso que está a estava em cima da estante ao lado do retrato delas. Arianna se lembra desse dia, fora um dia de extremo calor e as duas decidiram nadar na praia privativa da casa na Grécia, Vincent estava junto e foi ele quem tirou a foto após Aurora comemorar com jeitinho delicado que tinha aprendido a nadar. Olhando aquela foto ela chorou mais ainda, não tinha mais lágrimas para sair e ainda sim estava chorando.
No hospital Vincent lutava pela vida pois uma das balas havia perfurado seu pulmão, a cirurgia era de urgência e Melissa estava aflita do lado de fora enquanto não tinha notícias de seu filho. Como a bala no ombro de Belinda fora algo de raspão ela já estava liberada e sentada no corredor olhando a inquietação da cunhada.
– Ele vai ficar bem, todos irão. – Nunca havia saído palavras confortáveis dos lábios de Belinda e talvez isso tenha assustado um pouco a filha mais nova de Richard.
A cirurgia durou cerca de quatro horas e quando o médico surgiu para conversar Melissa estava uma verdadeira pilha de nervos.
– O senhor Bradley está fora de perigo, conseguimos a tempo reparar os danos causados. Não irá ficar sequela, mas precisamos aguardar. – O médico falou com o semblante bastante cansado e por fim tanto Oliver e Melissa respiraram aliviados.
Antony apertou as mãos de Belinda e se levantou logo em seguida, sua mente estava em sua filha que sofria a morte de Aurora.
– Bom Mel e Oliver vocês cuidam do Vincent aqui, eu vou pra casa cuidar de Arianna. – Nesse momento Melissa olhou assustada para o irmão que havia entendido que a mesma ainda não sabia.
– Aurora não sobreviveu. Ela estava no colo de Vincent. – Ali a tia Melissa desabou, caindo de joelhos com os olhos cheios de água, segurando os soluços que vinham a sua garganta. Aquele dia com toda certeza deveria ser o mais feliz do mundo para toda a família entretanto o terror estava se alastrando sob a família Morello.
Do outro lado da cidade, em um barracão abandonado estava a figura de Tom Lucchese sentado em uma cadeira com rodinhas, nos dedos um cigarro aceso enquanto seu olhar era distante. A sua frente estava uma fileira de seis homens parados com as mãos para trás. O celular tocava no seu bolso, porém quando ele olhava o visor e via o nome de sua mãe o mesmo desligava. – Quero a certeza de que ele está morto. – Tom falou friamente após tragar o cigarro e soltar a fumaça para o alto. – Os jornais indicam que houve um óbito, e nossa informante do buffet disse que a recém casada está trancada no andar de cima aos prantos. – Um homem de blusa cinza falou e tais palavras fizeram os lábios de Tom se abrir em um sorriso. – Certo amanhã apareço para prestar minhas homenagens e recuperar minha esposa e filha. – Tom tragou uma última vez o cigarro e se levantou caminhando para a porta onde seu carro estava estacionado. – Desapareçam da cidade pelo menos até a poeira baixar. E sumam com a informant
Já fazia cerca de meia hora que Tom estava parado na frente dos portões da mansão Morello onde ninguém permitiu sua entrada, ele se recusava a acreditar que sua filha havia morrido e queria ter certeza. Após esmurrar o volante com toda força que tinha ao encostar a cabeça para trás, pode ouvir dois seguranças que estavam parados em frente ao portão dizer que a família estava no hospital e que em breve voltariam. O som do motor do carro pareceu deixar todos surdos quando ele arrancou em alta velocidade, iria rodar todos os hospitais da cidade até encontrar Arianna. Talvez por sorte ou azar o primeiro hospital que parou já se deparou com a figura de Belinda abraçada ao marido Antony logo na entrada e dois seguranças atrás. Ele não poderia chamar a atenção, fechando os vidros fumê do carro ele estacionou no final da rua e voltou a pé, as mãos dentro do bolso um boné na cabeça e óculos escuro. Tom passou pela porta da frente sem nem ao menos ser reconhecido, a verdade é que todos estavam
O sorriso se manteve nos lábios de Arianna até descer as escadas e avistar a silhueta de Emília que estava em pé olhando a coleção de vasos ming de sua falecida Avó enquanto Tomás estava sentado em uma poltrona, trajando elegantemente um terno azul marinho com gravata vermelha. A julgar pela aparência de ambos, eles tinham por volta de seus cinquenta anos, os que se tornaram dez anos mais novos que os pais de Ariana. - Em que posso ajudá-los? Acredito que não temos nenhum assunto em comum. – Arianna falou enquanto cruzava os braços na altura da cintura e ficava olhando a expressão cansada de Emília. A mais velha até tentou sorrir mas não obteve grande êxito e com isso sentou-se na poltrona ao lado, Arianna permaneceu em pé enquanto Tomás se levantava limpando a garganta e estendendo a mão para cumprimenta-la. – Faz tempo minha cara, queria saber como tens passado. – Tomás tinha a voz tranquila e suave, a morena por sua vez arqueou as sobrancelhas enquanto ignorava a mão esticada
A mídia se referia ao casamento de Vincent e Arianna como casamento sangrento, já havia se passado um mês desde o ocorrido e todos ainda tocavam no assunto sempre corpos baleados surgiam pelo país. Vincent estava se recuperando em casa agora, o mesmo ficava recluso dentro do quarto a única pessoa que ele recebia era sua esposa que depois do luto pela morte da filha estava começando a fase de aceitação. A segurança da casa havia sido reforçada, e nesse mês que os dois ficaram reclusos na mansão nenhuma notícia de Tom havia sido ouvida. Desde aquele dia no hospital o ex marido de Arianna desapareceu do mapa, boatos eram ouvidos que ele havia voltado para Itália o seio familiar, outros boatos eram que ele tinha enlouquecido e se trancado em seu apartamento onde apenas sua mãe entrava, ninguém sabia ao certo qual era o verdadeiro, porém todos tinham algo em comum: Tom Lucchese ficará louco ao saber da morte da filha no casamento da ex, e mais louco ainda ao ser proibido de participar do
– Você está grávida de quase três meses. – Essas palavras fizeram Arianna congelar olhando para o médico que a examinava na cama após um desmaio. Uma semana depois da visita de Emília e Tomás, a morena se recusava a se alimentar e sentia constantes enjoos. Quando passou mal naquela manhã todos logo trataram de chamar um médico, afinal o luto por Aurora ainda era presente e ouvir aquelas palavras do homem vestido de branco a sua frente a deixou em choque. Vincent sorriu e beijou a testa da esposa repetidamente, Antony e Belinda olhavam com um sorriso nos lábios para Arianna. Os únicos que não estavam presentes na casa naquele momento eram Melissa e Oliver, mas seriam notificados o quanto antes, afinal era motivo de festa. Com a notícia de que em breve um novo bebê chegaria à família, vários preparativos foram feitos. Mais seguranças foram contratados, a mansão parecia uma fortaleza. Arianna andava pela casa com os olhos longe porém com a mão apoiada na barriga, se lembrando de moment
– Empregados usam as portas dos fundos. Vamos rapaz, regras básicas da casa. – Nesse momento Arianna olhou com certo receio para Amélia, mais depois voltou sua atenção para as frutas em sua frente na mesa. A porta da cozinha foi batida com muita força o que assustou Arianna e voltou seus olhos para a senhora, antes que qualquer palavra escapasse de seus lábios a mais velha já limpou a garganta e começou a tirar a mesa com as frutas. – Não gosto dele. Querida, se for sair leve sempre alguém com você. Não saia sozinha com ele. Tenho um mal pressentimento. – Foi tudo que Amélia falou antes de deixar apenas uvas para Arianna comer. Realmente o mal pressentimento em relação ao novo funcionário da mansão não vinha apenas de Amélia, a grávida também sentia o mesmo e olha que o conhecia somente a poucas horas. (...) Os meses foram se passando, Arianna estava agora com sete meses de gestação. Sentia-se enorme sempre que passava em frente a um espelho, mesmo Vincent a enchendo de mimos e
Sean Cortez, filho de uma latino americana, fruto da infidelidade de Tomás Lucchese durante a gravidez de Emília. Por dois anos seguidos Tomás conseguiu esconder a existência do garoto, pagando as melhores escolas para ele e Tom, dando assim a oportunidade de ambos terem uma boa educação, Tom havia completado três anos quando a mãe de Sean faleceu e assim sua existência veio a tona, Emília ficou furiosa não queria cuidar de Sean e tão pouco queria que seu marido fizesse isso, sem muitas escolhas Tomás enviou Sean para um colégio interno onde sempre o visitava e provinha seu sustento, Sean por sua vez achando que era culpa sua a distância de seu pai ele procurou ser sempre o melhor da turma. Não escondendo que tinha mais um filho Tomás enviou seu filho mais velho com quinze anos para estudar no mesmo colégio que Sean, esperando que ia dois se dessem bem e até virasse amigos, Emília não gostou muito da ideia porém ela não tinha escolhas, ou deixava Tom ter contato com Sean ou perderia
O plano era simples, Arianna e Vincent juntamente com o bebê seriam enviados para morar na ilha de Mykonos, Richard havia cuidado de tudo para que todos suspeitasse que o casal havia se mudado para a França. A residência em Mykonos estava no nome da avó de Arianna e por se tratar de uma residência antiga ninguém suspeitaria. O que eles fariam nesse meio tempo, já que ambos desejavam entrar para os negócios da família iriam primeiro cuidar do filho e enquanto isso aprender o ofício de Richard, coletar os segredos mais sórdidos de todo o mundo e assim saber a hora exata em que poderia ser usado. O prazo era de 05 anos. Olhando pela janela do quarto Arianna estava segurando um envelope pardo nas mãos, sua família aguardava no andar de baixo onde iria para o aeroporto. – Querida? – a voz de Vincent cortou o ambiente enquanto abria a porta e podia ver pelo reflexo a expressão serena dela. – O que é isso nas mãos? – Ele perguntou ao se aproximar mais um pouco e passar o polegar pelo