O coração de Anthony parecia prestes a explodir, e seu rosto queimava de tanta vergonha, queria voltar ao banheiro e se esconder, no entanto suas pernas não queriam lhe obedecer, o rapaz a sua frente o olhava com um ar de interrogação, cobrindo seu sexo com as mãos, respirou fundo e disse:

-O que você esta fazendo no meu quarto?-Sua voz soara um pouco mais exaltada do que planejara.

-Eu estava prestes a te perguntar isso, isso é algum tipo de pegadinha? Tem alguma câmera escondida?- Ele soltou uma risada eufórica, e começou a tirar o celular do bolso, e se preparando pra uma selfie.-Meus seguidores vão amar isso, imagina!

-Você está louco? Pare já com isso!-Anthony gritou fazendo sua voz soar estridente.

-Qual foi ator? Me deixa registrar um momento desse.- Disse tirando a primeira selfie.-Nem vou mostrar suas intimidades.

-Apaga essa droga de foto.-Quando percebeu já havia partido pra cima do desconhecido, o mesmo saiu correndo pra fora do quarto deixando aquela risada irritante ecoar pela casa, anthony olhou para seu corpo nu e concluiu que não havia tempo para vestir nada, precisava impedir que aquela foto fosse postada.- Volte aqui seu idiota!-Bradou antes de seguir atrás dele.

Aquela altura Daniel já percebeu que não se tratava de uma pegadinha, e sim de algum engano não explicado, porém não podia deixar escapar a chance de zoar com a cara daquele garoto, por isso continuou correndo em círculos em volta do sofá tendo aquele estranho o perseguindo, o desespero do mesmo o fazia gargalhar e se divertir, no entanto as gargalhadas se intensificaram quando sentiu os braços do estranho o envolvendo sua cintura e tombando por cima dele sob o sofá.

-Me dê esse celular.-Ordenou Anthony falando ao pé do ouvido de Daniel.

-Pegue se for capaz.-Daniel começara a ficar ofegante, pois o encontro das mãos de Anthony em sua barriga lhe causava cócegas, logo o mesmo percebeu o que o movimento de suas mãos causava em seu oponente e decidiu usar aquela vantagem a seu favor.

-Como quiser.-Após essa frase o mesmo pôs-se a fazer cócegas compulsivamente em Daniel.

-Tudo bem eu desisto! Me entrego.-Respondeu sem ar e erguendo o celular.

-Até que enfim.-Respirou aliviado só pra sentir a irritação despertando dentro de si.-Desbloqueie.

-Me obrigue.-Daniel cruzou as pernas e cruzou as mãos atrás de sua cabeça em sinal de desdém.

-Como quiser senhor.-Disse só para iniciar uma nova sessão de cócegas, a qual não durou muito, pois logo foram interrompidos por Elisa.

-Pelo visto nem precisei apresentá-los.-Disse soltando uma risadinha.-Que situação peculiar!

-Não é nada disso que você esta pensando.-Disse Anthony cobrindo seu sexo com uma almofada.

-E desde quando você aprendeu a ler pensamentos querido?-Respondeu forçando um ar sério.

-Ai tia pode parar.-Disse Daniel provocando o riso de Elisa.

-Bom meninos, acredito que o erro foi meu.-Seus olhos correram pelo corpo nu de seu filho, conteve seu riso e continuou.-Serei breve para que você não pegue um resfriado, Tini esse é o Dani filho do meu boy e meu filho do coração, Dani esse é o Tini o chuchuquito da mamãe.

-Prazer chuchuquito da mamãe. - Disse Daniel estendendo a mão para Anthony, só para ser ignorado.

-Você não perdoa uma hein?-Disse Elisa entre risos enquanto via seu filho caminhar de volta pro quarto.

-Você tem bochechas lindas.-Gritou Daniel em um último ato zombeteiro, fazendo com que Anthony mudasse a posição da almofadas e corresse em seguida.

(...)

Durante o jantar as conversas entre os três fluiam de forma leve e descontraída, porém Anthony se mantinha calado, observando a interação que se desenrolava a sua frente, no fim apesar de não interagir se sentia bem em estar em um ambiente onde havia tanta harmonia, e subitamente sentiu falta de sua avó.

Sabia que ela estava bem, tinha suas tias e suas primas e elas a amavam muito, mas ainda assim sentia sua falta, de suas conversas e de seus conselhos; até mesmo das brigas que eventualmente ocorriam, só de pensar na forma como sua mãe simplesmente decidiu lhe trazer, sem o preparar, consultar ou simplesmente avisar, o tiraram de sua vida e o trouxeram como um objeto.

Pensar nisso fez uma raiva crescer dentro de seu peito, e sua expressão logo tornou-se dura, porém todo sentimento acabou se dissipando quando Daniel começou com as provocações:

-Parece que alguém está com muita fome.-Disse Daniel apontado para Anthony, o qual estava ao seu lado.-Não deu nem um pio até agora.

-Não liga não,meu filho acha que todo mundo tem que falar pelos cotovelos igual a ele.-Disse Rodrigo de forma brincalhona.

-Eu estou preocupado, vai que ele tava tendo um ataque ou coisa assim.-Disse Daniel soando inocente.

-Você não toma jeito ne moleque? - Elisa disse se levantando para lavar os pratos.-Vem me ajudar com a louça.

-Vai me castigar agora?-Se fingiu de indignado para segui-la logo depois.

-Desculpe meu filho, ele é um pouco inconveniente, mas sei que com o tempo vocês chegaram a ser amigos.

-Acredito que sim.-Respondeu Anthony tentando ser gentil, apesar da descrença.

-E o que tem achado de viver aqui?.-A pergunta lhe atingiu de sobressalto, mas ele respirou e conteve a resposta.

-Acho que ainda estou absorvendo a mudança, visto que acabei de chegar.

-Bom pessoal, esta na hora da sessão pipoca, sem pipoca.-Gritou Elisa da cozinha e fez com que Anthony agradecesse pela intromissão.-Na verdade é a sessão sobremesa.

-Sessão sobremesa? Que isso?-Perguntou Anthony num tom desconfiado.

-É basicamente assistir a um filme, geralmente comédia ou um romance clichê, enquanto comemos uma sobremesa junto.-Explicou Rodrigo.

-Ah sim, eu estou um pouco cansado da viagem, então eu vou deixar pra próxima.- disse indo para seu quarto, para tentar acalmar a tempestade que ocorria dentro de si.

(...)

-Oi.-Disse Daniel calmamente; adentrando o quarto e deitando em sua cama.

-Oi, eu devia ter reparado na segunda cama, teria evitado todo o desastre de hoje cedo.-Respondeu seco, deitado e enquanto encarava o teto na esperança de que o sono viesse.

-Tudo bem, foi divertido.

-Fale por você.

-Não preciso; suas gargalhadas enquanto me fazia cócegas já disseram o bastante.

-Isso vai ser mais difícil do que eu pensei. -Bufou revirando os olhos.

-Não se preocupe, só ficamos aqui de vez em quando.-Daniel começara a se afetar, mas se conteve.

-Menos mau.

-Porquê você é assim? Parece que tem raiva de todo mundo.- O seu tom de voz demonstrava irritação.- Só viemos aqui para te dar boas vindas.

-Nossa que sorte a minha.- Respondeu irônico.

-Você realmente não herdou nada da sua mãe. – respondeu com a voz embargada e virando pro canto logo depois.