Anthony observava Daniel com um sorriso no rosto; ele acordara cedo para arrumar a sexta do piquenique, dessa vez estariam acompanhados, lamentou.
Enfim havia chegado o dia do festival de cinema, o único evento relevante naquele lugar e que todos os anos parava aquela cidade, por isso era tão aguardado, Anthony sempre se perguntava porquê todos os anos as pessoas saiam de suas casas, vestiam suas melhores roupas e se reuniam em praça pública para assistir os mesmos filmes passados num telão, no entanto chegou a conclusão que tudo era sobre exibição.
Naquela cidade as pessoas não tinham muito o que fazer, nem ocasiões para se arrumar de forma exuberante, tudo era monótono e pacato, e de fato elas gostavam de toda tranquilidade, no entanto ficavam entendiadas, e essa era a única fuga que elas encontravam para o cotidiano esmagador delas.
Patty era exatamente ess
-Precisamos conversar.-Disse Lucrécia em tom sério. Anthony já imaginava tudo o que viria a seguir; todo julgamento. Sua tia já demonstrara sua carga de preconceito, não lhe dirigira a palavra durante todo caminho, e se trancou no quarto com seus primos assim que chegaram. No sofá Daniel olhava para o chão e chorava em silêncio, não conseguia imaginar-se afastando novamente de Anthony, e ainda não havia conseguido convencer o mesmo a voltar com ele para capital, e muito menos uma solução para mantê-lo lá, Apesar de seu pai o ter aceitado, sabia que para um homem metódico como ele dividir a casa com o namorado do filho seria demais. Anthony por sua vez se mantinha em choque, não conseguia raciocinar, não esperava que sua avó o aceitasse, Apenas desejava que o coração d
Dançando com seu amor, agarradinho em uma festa, Anthony sentia como se tudo estivesse no lugar em sua vida. Já fazia seis meses desde que voltara para capital; dividia um apartamento com sua melhor amiga, Su, e a convivência era maravilhosa, sendo que até as brigas tornavam-se engraçadas após fazerem as pazes, ela era de fato a irmã que ele nunca tivera, tinha um bom emprego, pois desde que o professor Evan lhe convidara para ser bolsista em seu projeto; ele conseguiu o que precisava para voltar a capital, e por fim tinha Daniel. O relacionamento deles estava cada vez mais profundo e intenso, a ponto de completarem as frases um do outro durante uma conversa. Tudo estava bem em seu mundo, Rodrigo havia se tornado um verdadeiro pai para ele, e via sua avó com frequência, sua tia enfim o aceitara e o deixou estar com seus sobrinhos, a única peça que
Muitas vezes confundimos a palavra sonho com ilusão, sonho são coisas que ainda não alcançamos e desejamos com toda força de nosso coração, algumas pessoas têm sorte e vêm seus sonhos se tornarem realidade, outras assim que seus sonhos se realizam se decepcionam ao ver que as coisas não são como elas imaginam, e por fim tem aquelas que vivem na ilusão. A ilusão nada mais é que uma realidade falsa, eu sei que essa frase soou bem óbvia, no entanto a mesma possui um sentido muito profundo. Nem sempre estar iludido é ruim, algumas pessoas não têm força para encarar a realidade, e a ilusão se torna um abrigo seguro, elas são feliz através dessa mentira, outras são machucadas por ela, há ainda os que preferem a verdade mais cruel do que a mais agradável mentira, tud
Já fazia um mês que não falava com Daniel, no entanto o que mais feria não era a traição, era o vazio que sentia. Anthony aparentava ser a parte mais forte da relação, a mais independente. Se alguém olhasse de fora diria que Daniel era quem amava mais, ele era quem mais demonstrava afeto e seus sentimentos, enquanto Anthony tinha um ar reservado, todos sabiam que ele amava a Daniel, mas ninguém sabia a extensão desse amor. Contudo a verdade é que o carma de Anthony era a intensidade, ele era denso, profundo, e no fim das contas apesar de ser independente, a ponto de conseguir se afastar de quem amava, nunca superava algo totalmente. Ele era daquele tipo de pessoa durona por fora e uma manteiga derretida por dentro. Anthony enxergava o mundo com seu coração, apesar de não o demonstrar. Na verdade toda essa
-Então como está?-Disse Anthony olhando pro chão em sinal de vergonha.-Estou bem.-Disse Evan sentando-se no sofá, seu olhar passeou para o corpo de Anthony, entretanto ele se conteve.-E com você?-Eu estou tranquilo, mas e você o que traz aqui?-Indagou sentando-se em uma cadeira acolchoada de frente para ele.-Eu não sei exatamente, eu estava por perto e decidi passar aqui, conversar.-Disse em tom levemente formal, por mais que o quisesse, ainda possuía um certo receio de estar invadindo o espaço de Anthony.- Ah sim, ainda bem que eu pedi pizza.-Disse Anthony ao ouvir a campainha tocar.-De fome você não morre aqui.-Acrescentou antes de abrir a porta, e novamente se enrubesceu ao perceber o duplo sentido em suas palavras.-Eu acho que hoje saio satisfeito daqui.-Respondeu em um tom igualmente dúbio, mordendo o pedaço de pizza logo depois.&
Pouco a pouco Evan ia ganhando espaço no coração de Anthony, desde que eles quase transaram, a algumas semanas atrás, ele não voltara a insinuar nada sexual. No entanto continuavam a se ver com bastante frequência, geralmente almoçando juntos e marcando algo no fim de semana, era bastante interessante a forma como as coisas se desdobravam entre eles, pois eram pessoas agradavelmente similares. Anthony conseguia se encantar com uma palestra e passar a noite toda numa balada, só saindo quando a boate fechada, Evan era da mesma forma. Anthony achava engraçado a forma como Evan se transmutava, no trabalho formal e distante, porém assim que cruzava o portão da faculdade se tornava extrovertido, dinâmico e carinhoso. Anthony não tinha muita facilidade de fazer amigos, e Evan acabava ficando durante boa parte de seus intervalos na fa
Evan usava uma camisa polo, a qual era justa o suficiente para marcar seus músculos, uma calça jeans rasgada na coxa, e um tênis olímpicos, estava lindo. Desde que o vira teve vontade de pular nos braços e transar com ele. Já namoravam há semanas, no entanto só agora ele sentira a certeza de que queria dar esse passo. Evan era uma pessoa doce e especial, não queria estar com ele para esquecer Daniel ou suprir uma carência, queria ter algum sentimento digno por ele, e naquele momento ainda que fosse algo bem incipiente, começara a lhe corresponder, como não iria? Ele o apoiava; cuidava, divertia e sobretudo amava todo tempo. Naquela semana mesmo, passou todo sábado fazendo hora extra para ter folga na quarta; que no caso era hoje, só para poder levá-lo no cinema e assistir a última sessão de "Invocaçã
"Me encontre hoje, a meia noite, em frente à ValerieAss:Daniel" Anthony encontrara aquele bilhete em sua caixa de correio naquela manhã, e desde então todo o equilíbrio que havia conquistado veio abaixo. Estava satisfeito com o rumo que sua vida estava tomando. Evan era um bom namorado, e o fazia feliz; era um sentimento terno e suave, lindo. Ter Evan por perto fazia com que Anthony sentisse paz, lhe dava segurança; apoio e o fazia rir, sem contar o quão lindo ele era. Não havia motivos para querer ir até Daniel, chegava a fazer semanas que não pensava nele, era um assunto resolvido. No entanto havia um sentimento indesejável o qual residia em seu peito, por mais que ele tentasse apagar ou ignorar, permanecia ali, e com o tempo percebera que cada vez ficava maior e mais