-Então como está?-Disse Anthony olhando pro chão em sinal de vergonha.
-Estou bem.-Disse Evan sentando-se no sofá, seu olhar passeou para o corpo de Anthony, entretanto ele se conteve.-E com você?
-Eu estou tranquilo, mas e você o que traz aqui?-Indagou sentando-se em uma cadeira acolchoada de frente para ele.
-Eu não sei exatamente, eu estava por perto e decidi passar aqui, conversar.-Disse em tom levemente formal, por mais que o quisesse, ainda possuía um certo receio de estar invadindo o espaço de Anthony.
- Ah sim, ainda bem que eu pedi pizza.-Disse Anthony ao ouvir a campainha tocar.-De fome você não morre aqui.-Acrescentou antes de abrir a porta, e novamente se enrubesceu ao perceber o duplo sentido em suas palavras.
-Eu acho que hoje saio satisfeito daqui.-Respondeu em um tom igualmente dúbio, mordendo o pedaço de pizza logo depois.
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Pouco a pouco Evan ia ganhando espaço no coração de Anthony, desde que eles quase transaram, a algumas semanas atrás, ele não voltara a insinuar nada sexual. No entanto continuavam a se ver com bastante frequência, geralmente almoçando juntos e marcando algo no fim de semana, era bastante interessante a forma como as coisas se desdobravam entre eles, pois eram pessoas agradavelmente similares. Anthony conseguia se encantar com uma palestra e passar a noite toda numa balada, só saindo quando a boate fechada, Evan era da mesma forma. Anthony achava engraçado a forma como Evan se transmutava, no trabalho formal e distante, porém assim que cruzava o portão da faculdade se tornava extrovertido, dinâmico e carinhoso. Anthony não tinha muita facilidade de fazer amigos, e Evan acabava ficando durante boa parte de seus intervalos na fa
Evan usava uma camisa polo, a qual era justa o suficiente para marcar seus músculos, uma calça jeans rasgada na coxa, e um tênis olímpicos, estava lindo. Desde que o vira teve vontade de pular nos braços e transar com ele. Já namoravam há semanas, no entanto só agora ele sentira a certeza de que queria dar esse passo. Evan era uma pessoa doce e especial, não queria estar com ele para esquecer Daniel ou suprir uma carência, queria ter algum sentimento digno por ele, e naquele momento ainda que fosse algo bem incipiente, começara a lhe corresponder, como não iria? Ele o apoiava; cuidava, divertia e sobretudo amava todo tempo. Naquela semana mesmo, passou todo sábado fazendo hora extra para ter folga na quarta; que no caso era hoje, só para poder levá-lo no cinema e assistir a última sessão de "Invocaçã
"Me encontre hoje, a meia noite, em frente à ValerieAss:Daniel" Anthony encontrara aquele bilhete em sua caixa de correio naquela manhã, e desde então todo o equilíbrio que havia conquistado veio abaixo. Estava satisfeito com o rumo que sua vida estava tomando. Evan era um bom namorado, e o fazia feliz; era um sentimento terno e suave, lindo. Ter Evan por perto fazia com que Anthony sentisse paz, lhe dava segurança; apoio e o fazia rir, sem contar o quão lindo ele era. Não havia motivos para querer ir até Daniel, chegava a fazer semanas que não pensava nele, era um assunto resolvido. No entanto havia um sentimento indesejável o qual residia em seu peito, por mais que ele tentasse apagar ou ignorar, permanecia ali, e com o tempo percebera que cada vez ficava maior e mais
Ele tentava ignorar o que havia acontecido, no entanto aquele sentimento permanecia crescendo dentro dele, e ele não sabia se conseguia viver como se o beijo que Daniel lhe dera nunca tivesse acontecido. Uma parte sua queria deixar tudo, enfrentar a todos; até mesmo a Su que não aprovara a sua recaída, no fim das contas o amor era tudo que importava não é mesmo? Entretanto Anthony também se importava com os sentimentos dos outros, e não podia magoar Evan. Amava a Evan também, ainda que não da mesma forma que a Daniel, como não o iria amar? Ele era doce, fiel, atencioso e lindo, ele tinha a Impressão que se conseguisse esquecer a Daniel iria passar a vida inteira com Evan; pois ele o fazia feliz. No entanto não conseguia esquecer; sentia falta de Daniel como um peixe sente da água, queria estar nos braços
Daniel sentia-se corajoso naquela manhã, durante o beijo ele teve certeza que Anthony ainda o amava, ele o havia dito com seus lábios, ainda que sem palavras. "E se havia amor existia esperança" sussurrava para si mesmo enquanto caminhava até a casa de seu amado, tocou a campainha e esperou a resposta, no entanto tudo o que conseguiu foi o silêncio. Discou o número de Anthony, entretanto o celular do mesmo encontrava-se desligado. Não havia nada realmente anormal naquela situação, talvez Anthony tivesse ido a um lugar e seu celular havia descarregado, mas havia algo dentro de Daniel dizendo que tinha algo a mais naquela situação, algo estava realmente errado, como um sexto sentido ou alguma certeza que não podemos explicar, mas temos. Movido a isso Daniel começou a vasculhar as redes sociais de Anthony, proc
"Onde está Anthony?" Essa pergunta assombrava a todos, Su e Daniel ligaram para todos os hospitais e delegacias, Inclusive já haviam registrado uma queixa, e publicado a foto do mesmo nas redes sociais pedindo para caso alguém tivesse informações entrassem em contato. Já estavam a dois dias sem notícias, Elisa chorava desesperada na sala de estar, o arrependimento de ter passado tanto tempo longe de seu filho, julgando-o ao invés de amar, Rodrigo a abraçava e apoiava, perdeu tudo para seu preconceito, até mesmo o homem que amava, sempre se gabara de ser inteligente agora percebeu que agiu como a maior das burras. Todos eles tinham um medo em comum: a homofobia. Anthony havia saído para um dia de aula, deu um beijo na bochecha de Su, e havia combinado de dormir na casa de Daniel assim que a aula acabasse. Entretanto horas depois ning
-Porquê?-Perguntou Anthony com lágrimas nos olhos, e decepção no peito.-Amor.-Disse Patty com naturalidade para o espanto de Anthony.-Há uma linha muito tênue entre o amor e ódio Tini.-Ela puxou uma cadeira, e sentou-se na sua frente, como uma vilã clássica acendeu um cigarro e tragou.-Você ultrapassou essa linha comigo.-Concluiu com uma expressão sombria. Anthony estava ali a alguns dias, mas naquele momento passara a questionar se não estava alucinando. Lembrou-se dos momentos que ele e Patty compartilharam juntos, e se perguntou como havia deixado as coisas chegarem naquele ponto.-Me perdoe se eu fiz você criar expectativas, me perdoe se eu te magoei.-Anthony não tentou resistir quando as lágrimas começaram a sair de seus olhos.-Eu sempre te amei como um irmão, nunca iria querer te ferir.-Aquela frase fi
Anthony respirou fundo e sentiu o ar brincando em seus pulmões, era lindo e gratificante, viver para ele havia se tornado uma conquista. Quase um mês depois de todo o ocorrido ele seguia tentando perdoar Patty; sinceramente chegou a lamentar que ela tivesse tido aquele trágico fim, e eventualmente se perguntava se poderia ter feito algo para que as coisas pudessem ter sido diferentes, no entanto sempre concluia que sua amiga estava doente a muito tempo; e que nada poderia ter feito. As vezes alguma lembrança de Patty vinha a sua memória, ele soltava um sorriso e chorava em sequência, agradecia a Deus por ter Daniel sempre perto, pois ele o apoiava e lhe dava força para seguir. O amor realmente era lindo, fazia com que até os momentos difíceis soassem bonitos. Era bom, estar com Daniel era simplesmente bom, eventualmente brigavam,