-Então quer dizer que foi a Su que te contou tudo?-Perguntou Anthony servindo uma xícara de café quente para Daniel.
-Sim, ela veio até a minha casa, pulou o muro e arrombou a janela.-Ambos riam, e por mais surreal que parecesse Anthony sabia que sua amiga era capaz de tudo aquilo.
-E porquê ela fez isso? Ela deu alguma explicação?
-Provavelmente era porquê eu não atendia o telefone ou não respondia as mensagens.-Daniel olhou para o chão envergonhado.-Fui um cabeça dura, mas agradeço muito que ela tenha sido ainda mais, pois me trouxe de volta até você.-
Eles olhavam um nos olhos do outro, e vagarosamente as mãos de ambos deslizaram uma sob outra para se cruzarem em um toque quente, a sensação de atrito fez com que eles liberassem sorrisos ao mesmo tempo.
-Precisamos falar de
Daniel não conseguia se sentir a vontade com Patty, tinha algo nela que despertava um alarme dentro dele, ela lhe dava uma sensação de perigo.Ele poderia ter avisado ao seu namorado, sinceramente deveria ter criado uma barreira para impedir que ela se mantivesse distante; contudo Daniel era uma daquelas pessoas que apesar de ter uma grande inteligência e intuição, quase nunca se permitia enxergar o lado ruim das pessoas ou acreditar no que sentia.No fim é uma escolha que todos temos de fazer, aceitar a realidade ou nos perder em nossos desejos e idealizações, e para o seu próprio azar Daniel era daqueles que escolhia a segunda opção.Era esse o motivo pelo qual ele ignorara todos os seus instintos que gritaram "corra" no momento que Patty e ele foram apresentados, e se colocar na situação atual onde ambos se encontravam na sala de Anthony, dançando mú
Anthony observava Daniel com um sorriso no rosto; ele acordara cedo para arrumar a sexta do piquenique, dessa vez estariam acompanhados, lamentou.Enfim havia chegado o dia do festival de cinema, o único evento relevante naquele lugar e que todos os anos parava aquela cidade, por isso era tão aguardado, Anthony sempre se perguntava porquê todos os anos as pessoas saiam de suas casas, vestiam suas melhores roupas e se reuniam em praça pública para assistir os mesmos filmes passados num telão, no entanto chegou a conclusão que tudo era sobre exibição.Naquela cidade as pessoas não tinham muito o que fazer, nem ocasiões para se arrumar de forma exuberante, tudo era monótono e pacato, e de fato elas gostavam de toda tranquilidade, no entanto ficavam entendiadas, e essa era a única fuga que elas encontravam para o cotidiano esmagador delas.Patty era exatamente ess
-Precisamos conversar.-Disse Lucrécia em tom sério. Anthony já imaginava tudo o que viria a seguir; todo julgamento. Sua tia já demonstrara sua carga de preconceito, não lhe dirigira a palavra durante todo caminho, e se trancou no quarto com seus primos assim que chegaram. No sofá Daniel olhava para o chão e chorava em silêncio, não conseguia imaginar-se afastando novamente de Anthony, e ainda não havia conseguido convencer o mesmo a voltar com ele para capital, e muito menos uma solução para mantê-lo lá, Apesar de seu pai o ter aceitado, sabia que para um homem metódico como ele dividir a casa com o namorado do filho seria demais. Anthony por sua vez se mantinha em choque, não conseguia raciocinar, não esperava que sua avó o aceitasse, Apenas desejava que o coração d
Dançando com seu amor, agarradinho em uma festa, Anthony sentia como se tudo estivesse no lugar em sua vida. Já fazia seis meses desde que voltara para capital; dividia um apartamento com sua melhor amiga, Su, e a convivência era maravilhosa, sendo que até as brigas tornavam-se engraçadas após fazerem as pazes, ela era de fato a irmã que ele nunca tivera, tinha um bom emprego, pois desde que o professor Evan lhe convidara para ser bolsista em seu projeto; ele conseguiu o que precisava para voltar a capital, e por fim tinha Daniel. O relacionamento deles estava cada vez mais profundo e intenso, a ponto de completarem as frases um do outro durante uma conversa. Tudo estava bem em seu mundo, Rodrigo havia se tornado um verdadeiro pai para ele, e via sua avó com frequência, sua tia enfim o aceitara e o deixou estar com seus sobrinhos, a única peça que
Muitas vezes confundimos a palavra sonho com ilusão, sonho são coisas que ainda não alcançamos e desejamos com toda força de nosso coração, algumas pessoas têm sorte e vêm seus sonhos se tornarem realidade, outras assim que seus sonhos se realizam se decepcionam ao ver que as coisas não são como elas imaginam, e por fim tem aquelas que vivem na ilusão. A ilusão nada mais é que uma realidade falsa, eu sei que essa frase soou bem óbvia, no entanto a mesma possui um sentido muito profundo. Nem sempre estar iludido é ruim, algumas pessoas não têm força para encarar a realidade, e a ilusão se torna um abrigo seguro, elas são feliz através dessa mentira, outras são machucadas por ela, há ainda os que preferem a verdade mais cruel do que a mais agradável mentira, tud
Já fazia um mês que não falava com Daniel, no entanto o que mais feria não era a traição, era o vazio que sentia. Anthony aparentava ser a parte mais forte da relação, a mais independente. Se alguém olhasse de fora diria que Daniel era quem amava mais, ele era quem mais demonstrava afeto e seus sentimentos, enquanto Anthony tinha um ar reservado, todos sabiam que ele amava a Daniel, mas ninguém sabia a extensão desse amor. Contudo a verdade é que o carma de Anthony era a intensidade, ele era denso, profundo, e no fim das contas apesar de ser independente, a ponto de conseguir se afastar de quem amava, nunca superava algo totalmente. Ele era daquele tipo de pessoa durona por fora e uma manteiga derretida por dentro. Anthony enxergava o mundo com seu coração, apesar de não o demonstrar. Na verdade toda essa
-Então como está?-Disse Anthony olhando pro chão em sinal de vergonha.-Estou bem.-Disse Evan sentando-se no sofá, seu olhar passeou para o corpo de Anthony, entretanto ele se conteve.-E com você?-Eu estou tranquilo, mas e você o que traz aqui?-Indagou sentando-se em uma cadeira acolchoada de frente para ele.-Eu não sei exatamente, eu estava por perto e decidi passar aqui, conversar.-Disse em tom levemente formal, por mais que o quisesse, ainda possuía um certo receio de estar invadindo o espaço de Anthony.- Ah sim, ainda bem que eu pedi pizza.-Disse Anthony ao ouvir a campainha tocar.-De fome você não morre aqui.-Acrescentou antes de abrir a porta, e novamente se enrubesceu ao perceber o duplo sentido em suas palavras.-Eu acho que hoje saio satisfeito daqui.-Respondeu em um tom igualmente dúbio, mordendo o pedaço de pizza logo depois.&
Pouco a pouco Evan ia ganhando espaço no coração de Anthony, desde que eles quase transaram, a algumas semanas atrás, ele não voltara a insinuar nada sexual. No entanto continuavam a se ver com bastante frequência, geralmente almoçando juntos e marcando algo no fim de semana, era bastante interessante a forma como as coisas se desdobravam entre eles, pois eram pessoas agradavelmente similares. Anthony conseguia se encantar com uma palestra e passar a noite toda numa balada, só saindo quando a boate fechada, Evan era da mesma forma. Anthony achava engraçado a forma como Evan se transmutava, no trabalho formal e distante, porém assim que cruzava o portão da faculdade se tornava extrovertido, dinâmico e carinhoso. Anthony não tinha muita facilidade de fazer amigos, e Evan acabava ficando durante boa parte de seus intervalos na fa