O tapa atingiu ao rosto de Anthony e o fez cambalear, contudo ele nem teve impulso de reagir, nada externo podia o atingir, estava machucado demais por dentro para sentir qualquer dor.
-Você é uma vergonha.-Disse Elisa após esbofetear o filho.-Se eu soubesse teria te deixado você com sua avó.
-Eu sinto muito.-Disse Anthony chorando no corredor do hospital, sua voz soara fraca e sem força.
-Eu não sei como fui trazer ao mundo um lixo como você.-Cuspiu no rosto do filho.-Não bastava a decepção de ser gay, você teve que se envolver com o meu enteado, isso é quase um incesto.
- Ele não é meu irmão, não seja ridícula.-Disse sentindo uma revolta nascer.-Você também não é a mãe que eu gostaria de ter.
-Você ainda responde?- Disse Elisa com rep
-Você não pode concordar com isso!-Gritou Elisa em um tom histérico. Rodrigo a observou em silêncio, assustado era a palavra que descrevia seu estado de espírito, nunca imaginou se decepcionar tanto com a mulher que amava, muito menos sentir que a desconhecia.-E o que tem Demais? É amor, assim como o meu e o seu.-Respondeu firme, ela o encarava com descrença, contudo ele não se importara.-Você está falando sério?-Elisa respirou fundo e tentou processar a situação que se desenrolava, seu namorado estava contra ela, e apoiando o erro do seu filho.-Não te incomoda saber que seu filho é um...-Não conseguiu pronunciar a palavra, soava como um palavrão para ela, pior uma maldição.-Gay?-Ele disse de forma natural e isso a deixou abismada.-Primeiro que é algo natural, é a
Após tantos meses longe, e toda tristeza que passou, o abraço de sua avó ainda era capaz de fazer Anthony se sentir subitamente feliz. Ela afagou seus cabelos, e deu-lhe um beijo na resta; isso fez com que Anthony se sentisse com sete anos de idade de novo, ali naquela rodoviária, em casa; com as pessoas que o amava sentia-se protegido, algo bom no meio de tudo de ruim, no entanto acabou se perguntando como seria quando contasse que era gay, e temeu que agissem como sua mãe.-Você está tão lindo, cresceu bastante.-Disse sua avó após o soltar de seu abraço.-Vó; eu parei de crescer; Eu tenho 18 anos.- Disse rindo.-Mas então você é a exceção a essa regra querido.-Disse apertando a bochecha de seu neto.-Você realmente mudou.-Disse sua tia Gabriela vindo pra lhe dar um abra&
-Vem comigo.-Disse Patty acordando Anthony no meio da madrugada.-O que faz aqui?-Respondeu tentando entender aquela situação.-A festa acabou faz horas.-Eu sei, me escondi dentro do armário.-Respondeu com naturalidade.-Você sabe que ninguém dá por minha falta em casa mesmo.-De fato o pai de Patty não podia ser mais desapegado, e sua mãe era a favor que a filha tivesse o máximo de liberdade possível, isso colaborava para o espírito rebelde que ela possuía.-Tudo bem, mas isso ainda não explica o fato de você estar aqui me acordando durante a madrugada.-Disse revirando os olhos.-Eu esperava que todas as baladas e ritmo da capital iria te tornar mais ativo.-Ela o olhou com desdém e continuou.-Bom vou ter que fazer do jeito antigo.-Deu seu sorriso mais malvado antes de puxar o amigo pelo braço e o arrastar escada abaixo.-Ainda n&
-Então quer dizer que foi a Su que te contou tudo?-Perguntou Anthony servindo uma xícara de café quente para Daniel.-Sim, ela veio até a minha casa, pulou o muro e arrombou a janela.-Ambos riam, e por mais surreal que parecesse Anthony sabia que sua amiga era capaz de tudo aquilo.-E porquê ela fez isso? Ela deu alguma explicação?-Provavelmente era porquê eu não atendia o telefone ou não respondia as mensagens.-Daniel olhou para o chão envergonhado.-Fui um cabeça dura, mas agradeço muito que ela tenha sido ainda mais, pois me trouxe de volta até você.- Eles olhavam um nos olhos do outro, e vagarosamente as mãos de ambos deslizaram uma sob outra para se cruzarem em um toque quente, a sensação de atrito fez com que eles liberassem sorrisos ao mesmo tempo.-Precisamos falar de
Daniel não conseguia se sentir a vontade com Patty, tinha algo nela que despertava um alarme dentro dele, ela lhe dava uma sensação de perigo.Ele poderia ter avisado ao seu namorado, sinceramente deveria ter criado uma barreira para impedir que ela se mantivesse distante; contudo Daniel era uma daquelas pessoas que apesar de ter uma grande inteligência e intuição, quase nunca se permitia enxergar o lado ruim das pessoas ou acreditar no que sentia.No fim é uma escolha que todos temos de fazer, aceitar a realidade ou nos perder em nossos desejos e idealizações, e para o seu próprio azar Daniel era daqueles que escolhia a segunda opção.Era esse o motivo pelo qual ele ignorara todos os seus instintos que gritaram "corra" no momento que Patty e ele foram apresentados, e se colocar na situação atual onde ambos se encontravam na sala de Anthony, dançando mú
Anthony observava Daniel com um sorriso no rosto; ele acordara cedo para arrumar a sexta do piquenique, dessa vez estariam acompanhados, lamentou.Enfim havia chegado o dia do festival de cinema, o único evento relevante naquele lugar e que todos os anos parava aquela cidade, por isso era tão aguardado, Anthony sempre se perguntava porquê todos os anos as pessoas saiam de suas casas, vestiam suas melhores roupas e se reuniam em praça pública para assistir os mesmos filmes passados num telão, no entanto chegou a conclusão que tudo era sobre exibição.Naquela cidade as pessoas não tinham muito o que fazer, nem ocasiões para se arrumar de forma exuberante, tudo era monótono e pacato, e de fato elas gostavam de toda tranquilidade, no entanto ficavam entendiadas, e essa era a única fuga que elas encontravam para o cotidiano esmagador delas.Patty era exatamente ess
-Precisamos conversar.-Disse Lucrécia em tom sério. Anthony já imaginava tudo o que viria a seguir; todo julgamento. Sua tia já demonstrara sua carga de preconceito, não lhe dirigira a palavra durante todo caminho, e se trancou no quarto com seus primos assim que chegaram. No sofá Daniel olhava para o chão e chorava em silêncio, não conseguia imaginar-se afastando novamente de Anthony, e ainda não havia conseguido convencer o mesmo a voltar com ele para capital, e muito menos uma solução para mantê-lo lá, Apesar de seu pai o ter aceitado, sabia que para um homem metódico como ele dividir a casa com o namorado do filho seria demais. Anthony por sua vez se mantinha em choque, não conseguia raciocinar, não esperava que sua avó o aceitasse, Apenas desejava que o coração d
Dançando com seu amor, agarradinho em uma festa, Anthony sentia como se tudo estivesse no lugar em sua vida. Já fazia seis meses desde que voltara para capital; dividia um apartamento com sua melhor amiga, Su, e a convivência era maravilhosa, sendo que até as brigas tornavam-se engraçadas após fazerem as pazes, ela era de fato a irmã que ele nunca tivera, tinha um bom emprego, pois desde que o professor Evan lhe convidara para ser bolsista em seu projeto; ele conseguiu o que precisava para voltar a capital, e por fim tinha Daniel. O relacionamento deles estava cada vez mais profundo e intenso, a ponto de completarem as frases um do outro durante uma conversa. Tudo estava bem em seu mundo, Rodrigo havia se tornado um verdadeiro pai para ele, e via sua avó com frequência, sua tia enfim o aceitara e o deixou estar com seus sobrinhos, a única peça que