Lorelai - Marca do Alfa
Lorelai - Marca do Alfa
Por: AnglicaLuiza
1

A lua cheia brilhava intensamente no céu, iluminando a pequena cabana isolada na floresta. Dentro do pequeno cômodo escuro a garota respirava com dificuldade, tentando controlar o tremor em suas mãos. Seus olhos, dois lagos azuis, estavam fixos na porta, que ameaçava abrir a qualquer momento.

Do lado de fora, ela podia ouvir os passos pesados e desequilibrados de seu pai bêbado. O som dos vidros quebrando e dos gritos dele reverberavam pela casa, fazendo-a encolher-se ainda mais. Cada noite era uma batalha para sobreviver, mas naquela noite, algo estava diferente. O silêncio súbito a assustou mais do que os gritos.

De repente, um uivo distante ecoou pela floresta, penetrando o silêncio da noite. Lorelai se levantou lentamente, indo até a janela para olhar lá fora. A escuridão parecia mais ameaçadora do que nunca, e a sensação de estar sendo observada a fez recuar. O uivo se repetiu, mais próximo desta vez, e ela sentiu um frio na espinha.

Sem aviso, a porta da casa foi arrombada com um estrondo, e Lorelai ouviu o som de garras arranhando o chão de madeira. O cheiro metálico de sangue inundou o ar, e ela soube que algo terrível havia acontecido. Movida pelo instinto de sobrevivência, ela abriu a porta do quarto apenas uma fresta, apenas o suficiente para espiar.

A visão que encontrou a paralisou de horror. Seu pai jazia no chão, o corpo destroçado e sem vida. Sobre ele, um enorme lobo negro, com olhos brilhantes e selvagens, levantou a cabeça e a encarou. O animal rosnou, mostrando os dentes afiados manchados de sangue, e em um segundo, avançou na direção dela.

Lorelai gritou, fechando a porta com todas as suas forças, mas o lobo a derrubou com facilidade. Ela tentou recuar, mas suas pernas estavam paralisadas pelo medo. O lobo avançou rapidamente, e tudo o que ela pôde sentir foi uma dor aguda quando a pata do lobo acertou seu rosto, jogando-a contra a parede.

A escuridão envolveu Lorelai, e sua última visão foi dos olhos selvagens do lobo se aproximando antes que a inconsciência a tomasse por completo.

                                                                        ooooo

Lorelai despertou em um ambiente estranho, o cheiro esterilizado de desinfetante preenchendo o ar. A luz branca e forte do teto a cegava momentaneamente enquanto ela tentava se situar. Ao se mexer, sentiu uma dor latejante na cabeça e no rosto. Lentamente, percebeu que estava em uma cama de hospital, com bandagens cobrindo partes de seu rosto.

Sua mente estava enevoada, fragmentos confusos de memórias piscando rapidamente, mas sem se conectarem. Tentou lembrar-se do que havia acontecido, mas tudo parecia um borrão. Uma sensação de pânico começou a crescer em seu peito. Onde estava? O que havia acontecido com ela?

— Finalmente, você acordou. — Uma voz suave interrompeu seus pensamentos.

Lorelai virou a cabeça lentamente para ver uma mulher desconhecida ao lado da cama. Ela tinha uma expressão gentil, com olhos preocupados e um leve sorriso nos lábios. Sua aparência já não era tão amigável quanto sua expressão, tinha a pele pálida e olhos acinzentados.

— Quem é você? — Lorelai perguntou, a voz rouca e fraca. A mulher se aproximou um pouco mais, puxando uma cadeira e sentando-se ao lado da cama.

— Meu nome é Helena. Eu estava fazendo uma caminhada na floresta quando encontrei você. Você estava inconsciente, machucada... eu chamei uma ambulância. Eles disseram que era um milagre você estar viva. — Lorelai franziu a testa, tentando forçar sua mente a lembrar.

— Eu... eu não lembro de nada. O que aconteceu comigo?

Helena hesitou por um momento antes de responder.

— Os médicos disseram que você sofreu um trauma muito grande. Às vezes, isso faz com que as memórias fiquem bloqueadas. É uma forma do seu cérebro te proteger.

Lorelai fechou os olhos, tentando puxar qualquer memória, mas tudo continuava em branco.

— Meu pai... onde está meu pai? — apavorava a vaga ideia de tomar uma bronca ou algo pior, mesmo que fosse vítima de um acidente. Helena abaixou o olhar, a expressão mudando para algo mais sombrio.

— Lorelai, quando te encontramos, você estava sozinha. Não havia ninguém mais por perto.

A resposta de Helena não trouxe alívio, apenas mais perguntas. Lorelai tentou sentar-se, mas uma onda de tontura a fez desistir.

— Eu preciso lembrar. Eu preciso saber o que aconteceu.

— Eu sei. — Helena disse suavemente, colocando a mão sobre a de Lorelai. — Mas por agora, concentre-se em se recuperar. Os médicos vão te ajudar a lembrar quando seu corpo estiver mais forte."

Lorelai assentiu lentamente, sentindo-se exausta. Ela se afundou nos travesseiros, deixando os olhos fecharem enquanto a dor e a confusão lentamente se transformavam em uma espécie de resignação. Ela sabia que as respostas viriam com o tempo, mas a sensação de algo terrível espreitando nas sombras de sua mente não a abandonava.

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