Paulo olhou para Giovanna, a humana estava tranquila, o que era um bom sinal. Outros humanos não tinham uma boa reação com a verdade, mas ela estava totalmente calma. Era essa tranquilidade que havia garantido a sobrevivência da garota na noite anterior, quando haviam lhe contado toda a verdade sobre o que eram. Como resposta a garota falou que não havia problema naquilo, contanto que ela pudesse ajudar Mariana.
— Não é a primeira vez que vê um lobisomem! — Paulo perguntou para a garota que estava deitada no sofá.
— Meu bisavô era um homem peculiar e numa noite o vi de madrugada — Giovanna parou pensando — ele provavelmente estava voltando a “ser gente”. Por anos achei que era coisa da minha cabeça, até a noite passada! Deveria ter perguntado para minha avó, ela sempre jogou indiretas sobre essas coisas.
Paulo riu do termo “volt
Mariana suspirou antes de parar em frente de casa, suas mãos estavam trêmulas e, só então, ela notou que os dentes rangiam de nervosismo. Sua vida não era mais a mesma e, a partir daquele momento, teria que mentir para as pessoas que mais amava. Infelizmente aquilo era uma regra entre as outras espécies: evitar que os humanos descobrissem sobre suas existências. Dessa forma, conseguiam garantir a segurança de todos por milhares de anos.A garota destrancou o portão e colocou um sorriso falso no rosto, entrando na casa. O lugar estava silencioso, provavelmente a mãe estava cuidando da loja. Na sala, algumas fotos da família fizeram seus olhos se encherem de lágrimas. Aqueles dias nunca mais voltariam, ela não seria mais a mesma. Mariana conteve as lágrimas, sentia falta do pai naquele momento mais do que sentiu em toda sua vida. Talvez ele poderia ter a ajudado. Se ele ainda estives
Nicolas olhava enquanto Thiago andava de um lado para o outro, visivelmente impaciente, estavam trancados em um pequeno mausoléu no cemitério da cidade. Tinham saído para procurar o futuro lobisomem, mas se esconderam depois que Nicolas reconheceu o cheiro da criatura que caçavam como sendo de um membro da linhagem dos rastreadores lobisomens. Não arriscariam uma luta direta com a linhagem pura dos lobisomens. Teriam de ficar no esconderijo até o pôr do sol quando finalmente poderiam retornar para a fazenda. O lugar empoeirado tinha uma mistura de cheiros de flores de cravo e morte recente, o odor forte incomodava Nicolas. Gostava de humanos enquanto ainda vivos, depois da morte não tinham mais nenhuma utilidade para sua espécie, daquela forma eram apenas repugnantes.— Escutou o uivar ontem à noite? Acha que vai ser seguro você continuar com seu plano de se tornar um híbrido? — Nico
Os dois lobisomens corriam lado a lado pela floresta. Mariana sentia-se livre como nunca havia se sentido em toda sua vida. Os pequenos animais que viviam por lá fugiam deles, mas aquilo não era um problema. Não estava lá procurando por coelhos, seu alvo era uma presa bem maior. A jovem lobisomem pulou por sobre uma árvore caída enquanto farejava o ar. O odor forte dos vampiros de alguma forma parecia a atrair e era aquele cheiro que ela estava perseguindo.Mariana olhou para Paulo ao seu lado, os dois não podiam se comunicar verbalmente, mas era como se suas mentes fossem apenas uma enquanto estavam na forma animalesca. Era hora de testar o quão potente seu faro era naquela forma. Ela ficou sobre as duas pernas farejando suas presas, mas o cheiro não remetia a apenas um, talvez houvesse muitos deles. Paulo notou a mesma coisa, aquele não seria um bom lugar de caça. Se existia um clã, eles est
10 anos antesO garoto correu por entre as árvores, seu corpo esguio de apenas treze anos se movia por entre a escuridão da mata enquanto escutava os latidos dos cães de caça que pertenciam à sua família. Os animais o perseguiam pelo bosque, seu próprio pai havia soltado os cães para irem atrás do garoto. A cada passo sentia mais o suor gelado que escorria por sua pele, o corpo também reagia mal à toda aquela agitação. Sua temperatura subia cada vez mais, por culpa da doença em seu sangue. Estava disposto a não parar sua fuga, mesmo que isso lhe custasse a vida. Apenas não queria mais viver naquele lugar, não poderia prosseguir com aquela vida onde era sempre um erro. Tinha sido um desperdício do tempo do pai, como o próprio homem havia lhe dito. Se questionava: o que adiantaria continuar seu tratamento, se não poderia cumprir sua miss&at
Miguel entrou em casa, estava com uma roupa de academia e a regata deixava seus braços fortes à mostra. Paulo estava sentado em frente ao notebook e o fechou ao ver o outro, ele estava sério. Miguel passava tanto tempo vivendo como humano que não notava o quanto aquilo prejudicava, não apenas ele, como todos os lobisomens por perto. Sua espécie não podia contar com sua ajuda daquela forma.— Sabe que na vida as nossas escolhas podem interferir em muita coisa, não sabe? — Paulo perguntou, levantando e indo até onde o outro estava.— Não me venha com rodeios. Onde exatamente quer chegar com isso? — Miguel tomou tranquilamente um copo de água sob o olhar de reprovação de Paulo.— Um Clã vampírico, enorme, está vivendo perto da sua cidade e você nem notou! Você não sai pra caçar, deixou esse lugar des
Mariana fechou os olhos enquanto tentava escutar os sons além da música barulhenta que Paulo havia colocado para tocar. O desafio que ele havia proposto era relativamente fácil, a garota deveria tentar ignorar a música, ir além dela. Segundo o outro lobisomem, se ela se concentrasse poderia reconhecer sons em uma distância inigualável. A garota caiu deitada ao receber uma almofadada na cara, e Paulo começou a rir, indo a ajudar a sentar novamente e sentando sobre o carpete ao lado da garota.— Isso não tem graça! — Mariana tirou os fones de ouvido. — Eu vou acabar surda com isso aqui. Olha a altura que isso está!A garota colocou os fones em Paulo que fez uma careta, os devolvendo para ela. A música estava ridiculamente alta, principalmente para os ouvidos sensíveis da espécie.— Bem, a culpa não é minha! Não tem muito o q
Dara descobriu a cabeça, parando em frente à mansão onde vivia um dos anciãos. Nunca havia visto um deles pessoalmente, pois essa era a função de Ian, mas sabia que a ajudariam. Por séculos aquele grupo de vampiros anciões mantinha toda a sociedade vampiresca a salvo, não seria Thiago quem destruiria tudo. A vampira olhou ao redor antes de se aproximar da residência, possuía cortes cicatrizados no corpo e alguns rasgos na roupa, além de folhas e gravetos presos em seus cabelos, resultados da corrida pela mata. Os guardas saíram da guarita com seus olhos vermelhos, encarando-a, a mulher permaneceu onde estava e eles chegaram mais perto.— Quem é você? — Um dos vampiros perguntou, apontando a arma para a vampira. Ela sorriu. Sem balas apropriadas, aquela arma faria apenas cócegas nela algumas perfurações que logo cicatrizaram.— Me
“Enquanto lobisomens e vampiros travavam suas batalhas milenares, outros povos notaram que estavam vulneráveis perante a ferocidade das duas espécies. Os lobisomens se diziam protetores da humanidade, mas muitos deles sentiam-se superiores aos humanos, cometendo atrocidades contra vilas que se opunham à sua espécie. Enquanto isso, os vampiros causavam carnificinas durante a noite, por puro prazer de serem superiores aos outros. Desesperados, os humanos recorreram à grande mãe Gaia, pedindo à natureza forças para lutar contra as duas espécies sobre humanas. A grande mãe benevolente escolheu seus Guardiões que foram dotados de dons de magia, podendo ter domínio sobre a natureza e seus filhos. Esses guardiões honraram seu dever protegendo seus povos e defendendo a mãe que os havia acolhido, e esse era o único preço que ela os impunha. Os guardiões viveriam uma lo