Mariana fechou os olhos enquanto tentava escutar os sons além da música barulhenta que Paulo havia colocado para tocar. O desafio que ele havia proposto era relativamente fácil, a garota deveria tentar ignorar a música, ir além dela. Segundo o outro lobisomem, se ela se concentrasse poderia reconhecer sons em uma distância inigualável. A garota caiu deitada ao receber uma almofadada na cara, e Paulo começou a rir, indo a ajudar a sentar novamente e sentando sobre o carpete ao lado da garota.
— Isso não tem graça! — Mariana tirou os fones de ouvido. — Eu vou acabar surda com isso aqui. Olha a altura que isso está!
A garota colocou os fones em Paulo que fez uma careta, os devolvendo para ela. A música estava ridiculamente alta, principalmente para os ouvidos sensíveis da espécie.
— Bem, a culpa não é minha! Não tem muito o q
Dara descobriu a cabeça, parando em frente à mansão onde vivia um dos anciãos. Nunca havia visto um deles pessoalmente, pois essa era a função de Ian, mas sabia que a ajudariam. Por séculos aquele grupo de vampiros anciões mantinha toda a sociedade vampiresca a salvo, não seria Thiago quem destruiria tudo. A vampira olhou ao redor antes de se aproximar da residência, possuía cortes cicatrizados no corpo e alguns rasgos na roupa, além de folhas e gravetos presos em seus cabelos, resultados da corrida pela mata. Os guardas saíram da guarita com seus olhos vermelhos, encarando-a, a mulher permaneceu onde estava e eles chegaram mais perto.— Quem é você? — Um dos vampiros perguntou, apontando a arma para a vampira. Ela sorriu. Sem balas apropriadas, aquela arma faria apenas cócegas nela algumas perfurações que logo cicatrizaram.— Me
“Enquanto lobisomens e vampiros travavam suas batalhas milenares, outros povos notaram que estavam vulneráveis perante a ferocidade das duas espécies. Os lobisomens se diziam protetores da humanidade, mas muitos deles sentiam-se superiores aos humanos, cometendo atrocidades contra vilas que se opunham à sua espécie. Enquanto isso, os vampiros causavam carnificinas durante a noite, por puro prazer de serem superiores aos outros. Desesperados, os humanos recorreram à grande mãe Gaia, pedindo à natureza forças para lutar contra as duas espécies sobre humanas. A grande mãe benevolente escolheu seus Guardiões que foram dotados de dons de magia, podendo ter domínio sobre a natureza e seus filhos. Esses guardiões honraram seu dever protegendo seus povos e defendendo a mãe que os havia acolhido, e esse era o único preço que ela os impunha. Os guardiões viveriam uma lo
Paulo abriu a porta depois da campainha tocar algumas vezes, quem quer que fosse estava com muita pressa em ser atendido. Ele se assustou ao ver Mariana e Giovanna, as duas pareciam assustadas, como se tivessem visto um fantasma ou algo do tipo. Mariana respirou fundo tentando retomar o oxigênio enquanto eles adentravam à casa. Miguel observava a cena parado ao pé da escada e conseguia sentir que alguma coisa estava errada.— Aconteceu alguma coisa? — Paulo perguntou, olhando para Mariana enquanto ela sentava no sofá.— Um vampiro à luz do dia! — Ela falou, olhando para Paulo — Achei que só saíam à noite. Como isso é possível? Ele estuda com a gente, frequenta a escola como uma pessoa normal, tirando o fato de ser um esnobe, e agora descubro que é um vampiro.Miguel se juntou a eles. Os dois homens se entreolharam. Somente um tipo de vampiro conseguia andar
Rose e Dara seguiram pelas ruas da cidade antiga. As ruas de paralelepípedos seguiam tortuosas em direção a uma grande praça, alguns jovens estavam sentados e bebiam enquanto jogavam conversa fora. As duas vampiras ignoraram os humanos, seguindo em direção a um hotel, a construção antiga datava de mais de duzentos anos. Era uma construção magnífica criada pelos vampiros como um porto seguro para os da espécie se abrigarem durante um dos períodos mais sangrentos da batalha entre vampiros e lobisomens. As duas entraram na recepção do lugar, seguindo para o elevador tendo como destino o subsolo do hotel. Não precisavam de apresentações, todos sabiam quem Rose era, e quem quer que estivesse junto dela era um aliado.— Vou apresentar as acusações contra Thiago e você será minha testemunha — Rose falou, se olhando no es
Uma forte tempestade varria as ruas da cidade, Mariana olhava pela janela do consultório de Miguel. Mesmo sabendo que não precisava continuar fazendo o acompanhamento médico, foi até lá para não ter que explicar para a mãe sua cura milagrosa. Caberia ao outro explicar para a mulher sobre a súbita melhora da filha. A garota acreditava que não seria a primeira vez que o lobisomem mentiria sobre aquilo para familiares de lobisomens.— Está sentindo o cheiro? — Miguel perguntou chamando a atenção da garota, ele se aproximou da janela olhando para a rua vazia.— São outros da nossa espécie, não são? Os representantes da Ordem. Paulo me avisou que eles viriam, mas não imaginei que chegariam tão rápido.O médico concordou, os lobisomens da Ordem tinham chegado bem antes do que ele esperava. Assim que o encontrasse
Giovanna acordou gritando e sentou sobre a cama, seu coração estava disparado e escorria suor por seu rosto. Ela havia tido mais um pesadelo sobre ser devorada por uma besta monstruosa. Aquele pesadelo estava se tornado recorrente, e sua morte sempre ocorria sob o pé de uma árvore com o símbolo do livro de Mariana.A garota levantou da cama secando seu rosto enquanto controlava sua respiração. Giovanna suspirou indo para a cozinha pegar um copo de água, a avó estava sentada na cadeira de balanço fumando um cachimbo. A mulher não fazia barulho, só havia o rangido preguiçoso da cadeira de madeira. — Vó! — a garota gritou assustada, colocando a mão sobre o coração — Quer me matar do coração?— Não sou eu quem fala a noite toda e acorda gritando! — A
A caixa estava finalmente limpa sobre a mesa, haviam vários símbolos desenhados nas paredes e na tampa. As figuras em baixo-relevo pareciam ter sido queimadas por dentro dando ao objeto um ar refinado. O metal que prendia a madeira em todas as extremidades não parecia ter qualquer fenda ou fechadura para a abrir, o que intrigava as duas garotas.— Será o que tem aqui dentro? — Mariana apoiou o rosto na mão, já sem esperanças de conseguirem abrir aquela caixa.— Vamos descobrir! — Giovanna respondeu chegando com um martelo. — Vamos abrir essa porcaria nem que seja à força.— Tá maluca, e se você quebra o que tem dentro?! — A garota tomou o martelo das mãos da amiga. — Vamos tentar abrir e, se não conseguirmos, pedimos alguém pra abrir. Alguém que tenha uma ferramenta melhor do que um martelo.Giovanna pegou
Nicolas entrou na fazenda, o lugar não parecia nem um pouco com o que era enquanto Ian era o líder. Alguns corpos estavam amontoados nos cantos de um quarto em estágio avançado de decomposição, impregnando o ar com o odor podre. O vampiro se questionava para onde Dara teria ido depois do fim de Ian, a vampira tinha desaparecido e até então não haivia nem sinal da existência dela. Mas não apenas ela tinha abandonado o Clã, outros vampiros também o haviam abandonado depois da morte de Ian, por não reconhecerem Thiago como um líder. O vampiro abriu a porta da sala que agora pertencia a Thiago, olhando para a cabeça podre do antigo líder do Clã. Nicolas desviou o olhar tendo a atenção voltada para o fogo na lareira e Thiago em uma poltrona, olhando as labaredas.— Espero que tenha achado meus lobisomens — o híbrido falou des