Paulo abriu a porta depois da campainha tocar algumas vezes, quem quer que fosse estava com muita pressa em ser atendido. Ele se assustou ao ver Mariana e Giovanna, as duas pareciam assustadas, como se tivessem visto um fantasma ou algo do tipo. Mariana respirou fundo tentando retomar o oxigênio enquanto eles adentravam à casa. Miguel observava a cena parado ao pé da escada e conseguia sentir que alguma coisa estava errada.
— Aconteceu alguma coisa? — Paulo perguntou, olhando para Mariana enquanto ela sentava no sofá.
— Um vampiro à luz do dia! — Ela falou, olhando para Paulo — Achei que só saíam à noite. Como isso é possível? Ele estuda com a gente, frequenta a escola como uma pessoa normal, tirando o fato de ser um esnobe, e agora descubro que é um vampiro.
Miguel se juntou a eles. Os dois homens se entreolharam. Somente um tipo de vampiro conseguia andar
Rose e Dara seguiram pelas ruas da cidade antiga. As ruas de paralelepípedos seguiam tortuosas em direção a uma grande praça, alguns jovens estavam sentados e bebiam enquanto jogavam conversa fora. As duas vampiras ignoraram os humanos, seguindo em direção a um hotel, a construção antiga datava de mais de duzentos anos. Era uma construção magnífica criada pelos vampiros como um porto seguro para os da espécie se abrigarem durante um dos períodos mais sangrentos da batalha entre vampiros e lobisomens. As duas entraram na recepção do lugar, seguindo para o elevador tendo como destino o subsolo do hotel. Não precisavam de apresentações, todos sabiam quem Rose era, e quem quer que estivesse junto dela era um aliado.— Vou apresentar as acusações contra Thiago e você será minha testemunha — Rose falou, se olhando no es
Uma forte tempestade varria as ruas da cidade, Mariana olhava pela janela do consultório de Miguel. Mesmo sabendo que não precisava continuar fazendo o acompanhamento médico, foi até lá para não ter que explicar para a mãe sua cura milagrosa. Caberia ao outro explicar para a mulher sobre a súbita melhora da filha. A garota acreditava que não seria a primeira vez que o lobisomem mentiria sobre aquilo para familiares de lobisomens.— Está sentindo o cheiro? — Miguel perguntou chamando a atenção da garota, ele se aproximou da janela olhando para a rua vazia.— São outros da nossa espécie, não são? Os representantes da Ordem. Paulo me avisou que eles viriam, mas não imaginei que chegariam tão rápido.O médico concordou, os lobisomens da Ordem tinham chegado bem antes do que ele esperava. Assim que o encontrasse
Giovanna acordou gritando e sentou sobre a cama, seu coração estava disparado e escorria suor por seu rosto. Ela havia tido mais um pesadelo sobre ser devorada por uma besta monstruosa. Aquele pesadelo estava se tornado recorrente, e sua morte sempre ocorria sob o pé de uma árvore com o símbolo do livro de Mariana.A garota levantou da cama secando seu rosto enquanto controlava sua respiração. Giovanna suspirou indo para a cozinha pegar um copo de água, a avó estava sentada na cadeira de balanço fumando um cachimbo. A mulher não fazia barulho, só havia o rangido preguiçoso da cadeira de madeira. — Vó! — a garota gritou assustada, colocando a mão sobre o coração — Quer me matar do coração?— Não sou eu quem fala a noite toda e acorda gritando! — A
A caixa estava finalmente limpa sobre a mesa, haviam vários símbolos desenhados nas paredes e na tampa. As figuras em baixo-relevo pareciam ter sido queimadas por dentro dando ao objeto um ar refinado. O metal que prendia a madeira em todas as extremidades não parecia ter qualquer fenda ou fechadura para a abrir, o que intrigava as duas garotas.— Será o que tem aqui dentro? — Mariana apoiou o rosto na mão, já sem esperanças de conseguirem abrir aquela caixa.— Vamos descobrir! — Giovanna respondeu chegando com um martelo. — Vamos abrir essa porcaria nem que seja à força.— Tá maluca, e se você quebra o que tem dentro?! — A garota tomou o martelo das mãos da amiga. — Vamos tentar abrir e, se não conseguirmos, pedimos alguém pra abrir. Alguém que tenha uma ferramenta melhor do que um martelo.Giovanna pegou
Nicolas entrou na fazenda, o lugar não parecia nem um pouco com o que era enquanto Ian era o líder. Alguns corpos estavam amontoados nos cantos de um quarto em estágio avançado de decomposição, impregnando o ar com o odor podre. O vampiro se questionava para onde Dara teria ido depois do fim de Ian, a vampira tinha desaparecido e até então não haivia nem sinal da existência dela. Mas não apenas ela tinha abandonado o Clã, outros vampiros também o haviam abandonado depois da morte de Ian, por não reconhecerem Thiago como um líder. O vampiro abriu a porta da sala que agora pertencia a Thiago, olhando para a cabeça podre do antigo líder do Clã. Nicolas desviou o olhar tendo a atenção voltada para o fogo na lareira e Thiago em uma poltrona, olhando as labaredas.— Espero que tenha achado meus lobisomens — o híbrido falou des
Os lobisomens estavam reunidos na casa de Miguel, sobre a mesa estava estendido um mapa da cidade. Eles tentavam montar um plano para exterminar os vampiros locais, antes do grande ataque que os outros planejavam.— Podemos atrair os vampiros para esses galpões perto da floresta e mandar tudo pro ar! — Jonas falou rindo. — Vai ser rápido e prático. Posso preparar bombas suficientes se me derem uma semana.— Não pode fazer isso! — Mariana olhou pra ele. — Tem humanos nesses lugares durante a noite, seguranças, alguns trabalhadores. Não podemos matá-los.— Alguns humanos podem morrer! — Radesh falou, interrompendo a menina. — O mais importante é não sermos descobertos e cumprir nosso papel.— Não me pareceu que nossa missão era ocultar nossa existência. Não foi isso que contaram quando eu despertei. Nossa miss
Dara olhou para o enorme quadro que adornava a parede sobre a lareira. Nele havia a pintura, feita a tinta óleo, de uma construção monumental esculpida nas pedras da montanha coberta por neve. Ao fundo, as nuvens cobriam o que provavelmente era uma torre que seguia rumo ao céu. Os cantos da armação do quadro estavam puídos pelos anos de existência. Rose aproximou-se, trazia consigo dois cálices dourados cheios de sangue. A vampira parou ao lado de sua hóspede, entregando-lhe uma das bebidas enquanto também dirigia sua atenção para o quadro.— É uma prisão. — Rose relatou, se referindo à construção na pintura. — No passado prendiam aí todos aqueles da nossa espécie que iam contra nossas leis. Ao menos é isso que dizem. — A vampira saboreou o líquido da taça antes de prosseguir. — Ganhei ess
Paulo levantou da cama olhando pelo espelho os hematomas espalhados em seu corpo. Ao menos as dores haviam aliviado, depois da bolsa de sangue de vampiro que Miguel havia arrumado para ele beber. O rapaz riu enquanto ia para a cozinha, tinha passado toda sua vida sob a sombra das grandiosidades feitas pelo pai. O rastreador da Ordem, o lobisomem que havia achado os melhores da raça, além de ser ele mesmo um deles.O lobisomem era totalmente diferente do progenitor. Apesar de ser lobisomem e rastreador, não possuía as características para a Ordem e, por isso, nunca havia sido merecedor do amor do pai. Paulo secou uma lágrima que escorria em seu rosto. Tinha ido para aquela cidade provar que podia ser mais do que os membros da Ordem, mas lá estava ele, sob o mesmo teto de três deles e precisando da ajuda deles. Ao menos tinha ajudado Mariana com seu despertar, o que mostrava que não era um completo inútil.