— Não vai me convidar para entrar? — Tento pôr um pouco de humor na minha voz. Ele pressiona os lábios e faz um sim com a cabeça, apontando a direção da entrada. Observo que mamãe já não está mais aqui, porém, não falo nada, apenas o acompanho para dentro da casa. — Há, me desculpe, esse é Erick Ventura, ele é... um... amigo — falo receosa assim que alcançamos a sala de visitas. Meus olhos percorrem o cômodo com avidez. Tudo está exatamente como eu deixei. Penso. Até mesmo as fotos nos porta-retratos não foram mudados. Após a minha observação, sento-me em um dos sofás que meu pai me aponta. Erick se acomoda em silêncio ao meu lado e um dos empregados entra para servir algumas xícaras de café e de chá. É interessante mencionar que estou sem graça e que meu pai ainda me olha como se visse um fantasma na sua frente. Respiro fundo e ele também. Recebo uma xícara com chá de bom grado da empregada e só após ela sair do cômodo, resolvo dizer algo.— Pai, eu...— Eu não estou entendendo. — El
— Que cara é essa? — André me pergunta assim que os homens saem da sala de reunião. Sem entender a sua pergunta, apenas arqueio as sobrancelhas para ele. — Erick, você passou a reunião inteira com esse sorriso idiota na boca. Sem falar nesse olhar cheio de brilho e completamente perdido. E nem vou mencionar que eu praticamente ministrei essa reunião inteira praticamente sozinho, porque você não estava exatamente aqui. — Bufo audível e começo a ajeitar alguns papéis que estão em cima da mesa, porque quero evitar o seu maldito olhar especulativo.— É impressão sua, André — ralho com desdém. O fato é que o meu irmão não está muito longe da realidade. Desde a nossa noite naquele deque, e isso aconteceu há dois dias, eu não consigo parar de sorrir igual um bobo e porra, o meu coração não desacelera nunca. E tudo porque tive coragem de falar com ela sobre os meus sentimentos.(...)— Hum, isso é um cobertor? — Ela indaga assim que pisamos no assoalho infernizado. Embora Eva tenha passado po
— Eu disse que te amo, Erick Ventura! — Pode repetir, por favor? - Eva gargalha com o meu pedido. — Eu te amo! Te amo! Te amo, e EU TE AMO! — Ela grita e no mesmo instante giro o meu corpo, fazendo-a deitar-se no cobertor e tomo a sua boca ferozmente. — Também te amo, Eva Ferri! — declaro tomado de desejo e torno a beijá-la... — Ei, ou! Acorda hô, imbecil! — A voz de André me desperta e merda, estou com um sorriso maior escancarado de canto a canto do meu rosto. Não tem jeito, terei que me abrir com ele, ou não me deixará em paz. — Ok! — digo, soltando uma respiração profunda na sequência. — Você iria descobrir isso de qualquer forma. — Descobrir o que? — Meu irmão se ajeita em cima da cadeira, encostando-se no encosto e leva as pernas cruzadas para cima da mesa comprida. — Que estou apaixonado. — Seus olhos se abrem demasiadamente. — Opa, quando isso aconteceu? — Imediatamente ele tira as penas de cima da mesa e ajeita a cadeira ficando de frente para mim. — Vai saber. Só...
— Bom dia, senhor Ventura, a sua agenda está livre essa manhã. — A minha secretária avisa assim que entro no meu escritório. — Porém, o senhor precisa ver algumas plantas para dar o alvará aos arquitetos e iniciar as novas construções. E, também tem alguns contratos para analisar e assinar em cima da sua mesa. — Certo. André já chegou? — Sim, já tem um tempo. — Ótimo! Avise que preciso falar com ele. Os documentos já estão separados? — Sim, senhor Ventura. Trarei logo após servir o seu café. — Obrigado, Lisa! — Por nada. Com licença, senhor! — A garota me dá as costas para sair da minha sala e eu me acomodo confortavelmente em minha cadeira, encarando o teto e me pego sorrindo para as doces imagens dessa manhã. Caramba, eu não imaginava que me apaixonaria outra vez, não com essa intensidade. A porta volta a se abrir e eu penso que está na hora de voltar a minha realidade e mergulhar no trabalho. Contudo, não é a Lisa que passa por ela e sim a Valéria. Ela fecha a porta atrás de s
— Pulso firme, Eva. Mantenha a sua cabeça erguida. Isso. Agora quero que tente me bater com o máximo de força que conseguir. Faça como praticamos esses dias. — Débora pede, tomando a posição de ataque. Ela olha firme nos meus olhos e aguarda um movimento meu. Eu respiro fundo e me mexo. Contudo, ela consegue me acertar.Escolhi a Débora como minha instrutora devido a sua história de vida. É bem diferente da minha, mas ao mesmo tempo também é igual. Deu para entender? Enfim, Deby casou-se muito jovem e estava completamente apaixonada. Ela teve um casamento romântico por alguns anos inteiros. Entretanto, um grave acidente de trabalho deixou o homem da sua vida limitado, e por esse motivo ele se tornou um alcoólatra, e o romance foi se acabando pouco a pouco. Cris tornou-se ciumento, possessivo e violento e Débora passou a ser espancada quase que todos os dias sempre que chegava do seu trabalho, não importava o motivo. E em outras vezes ele fazia ameaças aos seus colegas de trabalho. Um
— Seja bem-vinda a essa família de malucos, Eva! — Ele diz se afastando.— Obrigada, André!— Ok, o nosso jantar será servido em breve. Vocês aceitam algo para beber? Uma água, um café, um chá...— Eu prefiro uísque e você, Erick? — André interrompe a esposa.— Eu também.— Ótimo! Então vamos para o meu escritório. — O olhar de Erick procura o meu e eu faço um gesto sutil, pedindo que ele não se vá. Contudo, Erick deixa um minúsculo sorriso brincar no canto da sua boca e pisca um olho para mim. Por favor! Suplico sem emitir som.— Oooh, meu Deus, amor! — Glória cantarola quebrando o nosso elo. — Eles até já se comunicam com olhares. Não é lindo? — Completa com um suspiro emocionado, que inevitavelmente me faz levar as costas da minha mão a boca e seguro um riso.— Eu volto logo, amor, e você, cuide bem dela para mim. - Erick fala aproximando-se rapidamente e deixa um beijo cálido na minha testa, se afastando logo em seguida. Logo me pego sem graça outra vez e encaro a mulher com um so
— Escocês ou norueguês? — André indaga assim que entramos no seu escritório.— Tanto faz — ralho, fechando a porta e encaro as suas costas largas com apreensão.— Tanto faz é um descaso, irmão caçula. A resposta certa seria escocês, mas tudo bem! — Ele me estende um copo.— Eu preciso te contar uma coisa muito séria.— Não me venha de falar de trabalho agora, Eri...— Não se trata de trabalho, é... sobre a Eva.— Há, se vai falar sobre aquela gostosa lá na sala, fique à vontade! Cara, dessa vez você acertou em cheio, que garota...— Deixa de ser babaca, André! - Ele respira fundo e engole o seu sorriso, arqueando as sobrancelhas em seguida.— Ok, falando sério agora. O que quer falar sobre a Eva? Só não me diga que desistiu da garota, porque...— Ela é casada — digo de uma vez e levo o copo a boca, no entanto, André o confisca e o leva para longe de mim.— Nesse caso, precisamos de uma dose tripla. — Ele resmunga e volta para o bar de canto, enche o copo até a borda e bebe todo de uma
— Tia Glória, você já leu a saga Senhor dos Anéis? — Jade pergunta de repente, levando uma porção de comida a boca em seguida.— Leitura? Oh, não querida. A tia Glória mal tem tempo de respirar, mas, não sabia que gostava de livros.— A gente também não. Foi a Eva quem nos ensinou a amar a leitura. — O olhar admirador da minha cunhada corre imediatamente para a minha namorada, que está sentada ao meu lado.— Mas, isso é muito bom, Eva! Está mantendo a educação que Anne sempre quis para as filhas.— Quando eu ganhei o meu primeiro livro tinha só dez anos. Foi um presente de aniversário de uma amiga. O título era, Simplesmente Acontece. Ela havia apostado alto que me conquistaria para o mundo literário e adivinha?— Ela te conquistou.— Isso.— Um relato fascinante, Eva! — Glória sibila com admiração. É, parece que a Eva tem mesmo o dom de conquistar as pessoas ao seu redor. — Então, meninas, a titia tem alguns livros maravilhosos guardados na biblioteca e se quiserem poderão levar para