— Escocês ou norueguês? — André indaga assim que entramos no seu escritório.— Tanto faz — ralho, fechando a porta e encaro as suas costas largas com apreensão.— Tanto faz é um descaso, irmão caçula. A resposta certa seria escocês, mas tudo bem! — Ele me estende um copo.— Eu preciso te contar uma coisa muito séria.— Não me venha de falar de trabalho agora, Eri...— Não se trata de trabalho, é... sobre a Eva.— Há, se vai falar sobre aquela gostosa lá na sala, fique à vontade! Cara, dessa vez você acertou em cheio, que garota...— Deixa de ser babaca, André! - Ele respira fundo e engole o seu sorriso, arqueando as sobrancelhas em seguida.— Ok, falando sério agora. O que quer falar sobre a Eva? Só não me diga que desistiu da garota, porque...— Ela é casada — digo de uma vez e levo o copo a boca, no entanto, André o confisca e o leva para longe de mim.— Nesse caso, precisamos de uma dose tripla. — Ele resmunga e volta para o bar de canto, enche o copo até a borda e bebe todo de uma
— Tia Glória, você já leu a saga Senhor dos Anéis? — Jade pergunta de repente, levando uma porção de comida a boca em seguida.— Leitura? Oh, não querida. A tia Glória mal tem tempo de respirar, mas, não sabia que gostava de livros.— A gente também não. Foi a Eva quem nos ensinou a amar a leitura. — O olhar admirador da minha cunhada corre imediatamente para a minha namorada, que está sentada ao meu lado.— Mas, isso é muito bom, Eva! Está mantendo a educação que Anne sempre quis para as filhas.— Quando eu ganhei o meu primeiro livro tinha só dez anos. Foi um presente de aniversário de uma amiga. O título era, Simplesmente Acontece. Ela havia apostado alto que me conquistaria para o mundo literário e adivinha?— Ela te conquistou.— Isso.— Um relato fascinante, Eva! — Glória sibila com admiração. É, parece que a Eva tem mesmo o dom de conquistar as pessoas ao seu redor. — Então, meninas, a titia tem alguns livros maravilhosos guardados na biblioteca e se quiserem poderão levar para
Meses antes da fuga...Uma música distante, um som bem distinto e bem longe. Sim, eu conheço essa música. É a porra do meu telefone tocando. Mas, por que não consigo abrir os meus olhos? Por que eles estão tão pesados assim? Ah, finalmente a música parou de tocar! Resmungo, sentindo a minha cabeça latejar e me forço a me mexer na cama. No entanto, até o meu corpo não me obedece direito. Que merda está acontecendo comigo? Quase sem forças, deslizo a minha mão do meu lado no colchão. Eu preciso de ajuda, preciso da Eva, mas, encontro o outro lado do colchão completamente vazio.— Eva? — A chamo, mas a minha voz está diferente. Está fraca e arrastada, e a minha língua parece pesada. Que porra é essa? — Eva?! Forço a minha voz sair mais forte, porém, fracasso completamente. Solto um gemido de desagrado e obrigo os meus olhos a se abrirem. Na minha frente a imagem turva de uma garrafa esquecida em cima do móvel me chama atenção. Com um grunhido, faço força para me levantar, mas a minha ca
Um mês depois... A porta do meu escritório se abre vagarosamente e um homem alto, e magro, usando um chapéu escuro com abas passa por ela. Faço um gesto para ele se aproximar da minha mesa e ele faz sem hesitar. Desde que Eva fugiu tenho a procurado como um louco e pode ter certeza de que todos os seus familiares e amigos estão sendo muito bem vigiados para o caso de ela ir procurá-los. A merda toda é que já faz trinta dias e Eva não apareceu para nenhum deles.— Alguma novidade? — inquiro para o idiota, sem oferecer-lhe um lugar para se sentar, porém, o imbecil mantém um par de olhos escrutínio em cima de mim.— Tenho uma bem interessante. — Ele responde e o meu coração acelera enlouquecido, deixando-me em total alerta. Finalmente, finalmente uma resposta! Penso e fico de pé imediatamente aguardando que ele continue. — A senhora Eva Cross está morta. Senhor Cross, que palhaçada é essa? Me pediu para investigar uma mulher morta? — Respiro bem fundo, para não berrar com esse detetive
Abro uma brecha de olho encontrando o quarto um tanto escuro, se não fosse os raios de sol a invadir as finas brechas das persianas e automaticamente abro um sorriso languido, seguido de um suspiro satisfeito, pensando na noite passada. Seus beijos doces, suas carícias suaves, seus sussurros em meio aos beijos em minha pele arrepiando-me, me fazendo gemer baixinho. E com essas lembranças, salto animadíssima para fora da cama e vou direto para o banheiro. E durante o banho rápido não consigo largar esse sorriso gigante e bobo, pois não tenho a menor possibilidade de frear os meus pensamentos felizes. Erick, Erick, Erick... Meu cérebro repete várias vezes o seu nome como se quisesse memorizar cada letra dele. Droga, o meu sorriso está mais largo agora e se brincar ele será capaz de partir o meu rosto ao meio. Respiro fundo, me seco rápido e de volta ao quarto visto a primeira roupa que vejo na minha frente. Pressa de ir vê-lo? Ah, imagina! A verdade, é que logo Erick irá para a empresa
— Me esperem aqui, vou rapidinho lá dentro dar um beijo no seu pai e então poderemos ir. — Elas soltam risadinhas cúmplices e eu me afasto do carro avidamente. No caminho para o escritório da casa encontro Lucinda, uma empregada. Ela está carregando uma bandeja com duas xícaras, pires, um bule de café e um açucareiro.— Imagino que isso é para o senhor Ventura e para o seu convidado misterioso — retruco caminhando ao lado da mulher.— Sim, senhora. —El abre um sorriso gracioso que retribuo imediatamente e paro bem na sua frente, fazendo-a parar de andar.— Pode deixar que eu levo, Luci.— Ah, não, senhora, esse é o meu trabalho.— Ai, por favor, Luci! Eu só quero uma desculpa para invadir aquele escritório e poder beijá-lo antes de sair.— Está bem, mas se o senhor Ventura brigar comigo...— Ele não vai brigar com você, sua boba! — Impulsiva, seguro a bandeja e sigo imediatamente para o cômodo desejado. Contudo, assim que me aproximo da porta, Luci me ajuda girando a maçaneta e logo a
Imagine um paraíso. Imaginou? Agora acrescente a ele uma passarela de concreto tão grande, que é possível fazer até três curvas nelas, além de ser ladeada por belos pinheiros viçosos, e por trás desses pinheiros têm intermináveis plantações de uvas. Foi isso que encontrei bem na entrada do V&V – Ventura & Vinhos, até paramos em frente a um enorme casarão antigo. É verdadeiramente uma visão de roubar o fôlego.Assim que saí do carro uma brisa suave me abraçou, trazendo-me um adocicado cheiro de uvas que me fez fechar os olhos e apreciá-lo. É um novo quadro e esse que não foi pintado à mão, e sim, desenhado pela grandeza do homem com a ajuda da suprema natureza. O lugar está tão quieto e tão silencioso que chego a cogitar que estamos apenas nós quatro aqui, mas logo surgem os empregados e começam a carregar as nossas bolsas para dentro da casa, nos instalando em quartos tão enormes quanto luxuosos, como se isso aqui fosse um grande e muito bem decorado hotel cinco estrelas. Não posso de
Já é final de tarde e confesso que já estou sentido saudades desse lugar. De verdade, eu queria ficar aqui para sempre apesar de toda essa imensidão e de todo o luxo, essa casa em nada me lembra do meu passado. Pelo contrário, ela me fez construir lembranças que quero guardar para sempre. Contudo, sei que logo estaremos de volta a minha cruel realidade. Solto um suspiro baixo e deixo os meus olhos percorrem ávidos os belos vinhedos, depois pelo céu com alguns traços alaranjados e algumas aves voando sobre ele. Elas parecem ter pressa de voltar para casa. Penso. Desperto dos meus devaneios quando sinto o seu abraço atrás do meu corpo e em seguida um beijo na minha nuca. E eu me permito relaxar, encostando-me no seu corpo.— Lindo, não é? — indaga sem parar os seus carinhos.— Muito lindo! — concordo.— Você gostou?— Eu amei, Erick! Isso aqui é perfeito! — Ele beija o meu rosto.— Fico feliz que tenha gostado. Eu preciso te avisar. — Viro um pouco a cabeça para olhá-lo.— O quê?— Andr