Beijos roubados tem o gosto do pecado.Olho para a minha imagem no espelho de corpo inteiro e deslizo as mãos pelo vestido de alcinhas e de saia rodada, que tem o comprimento um pouco acima dos meus joelhos e ponho um casaco de lã por cima dele. Mantenho os cabelos soltos e suspiro antes de ir até a porta. E assim que abro, encontro um papel largado no chão. Sorrio quando reconheço a letra de Jade leio em seguida.Estávamos com pressa, esperamos você na varanda na ala sul da casa.— Ah, suas sapequinhas, nem me esperaram! — resmungo, fechando a porta e caminho apressada para o local do nosso encontro. Assim que saio da casa, ajusto o casaco e abraço o meu corpo, recebendo a leve brisa fria que afaga os meus cabelos. Enquanto caminho pela longa varanda, consigo ver boa parte da lua através das copas de algumas árvores. Ela está realmente muito brilhante e amarela essa noite. Dobro a esquina da varanda, encontrando o lado sul da casa e bem no final dela tem alguns sofás redondos, com al
Incapacitado, ficou maluca? Você foi malvada comigo. Como pode me deixar sozinho aqui? Sabia o quanto eu te amava, o quanto eu te queria. Estávamos tão felizes, éramos felizes e mesmo assim resolveu nos deixar. Eu Sinto tanto a sua falta, Anne! Meu peito dói tanto e meu coração sangra a cada vez que respiro. Queria poder te abraçar de novo ao menos pela última vez. Por que fez isso comigo? Com a gente? Conosco? Indago e volto a encher a taça de vinho e saboreio lentamente a bebida que me traz boas lembranças de nós dois. Minha vontade é de chorar, mas acredito que as minhas lágrimas já secaram.— Oi, querido! Não gosto quando você fica sofrendo assim sozinho pelos cantos. — Valéria diz assim que invade o meu espaço pessoal. Ela abre aquele sorriso de sempre cheio de brilho e de insinuações. Seus olhos chegam a brilhar varrendo o meu corpo com avidez e isso me causa uma ânsia insuportável. Não sei por que ainda a aguento aqui na minha casa. Talvez seja porque ela tem me ajudado muito
Eu te decepcioneiTer uma empresa na rede de construções foi ideia da Anne. Ela amava os meus trabalhos, as minhas ideias e a visão que eu tinha das coisas. Na época eu era um simples construtor, um pau mandado que fazia tudo que me diziam e chegava em casa frustrado por não alcançar as expectativas das minhas idealizações. Foi aí que ela me lançou uma pergunta: "Por que não abre a sua própria empresa?" Só que eu precisava tomar uma decisão e não era tão fácil assim, afinal, ela já estava esperando as gêmeas e elas podiam nascer a qualquer momento. No entanto, resolvi seguir o seu conselho e sair da minha zona de conforto. Então me enchi de coragem, pedi demissão do emprego e investir na minha primeira construção - claro que tudo começou na garagem da nossa humilde casa. E ela tinha toda razão. A Ventura Corporation tornou-se um grande sucesso e após assinar o meu primeiro contrato, vieram outros e mais outros, até que finalmente construí a minha própria cede. Enfim em tudo na minha v
Romance, é isso! — Pai? - O chamo com voz trêmula, mas acreditem, dessa vez não é de fingimento. A verdade é que me corta o coração vê-lo assim. Sentimos muito a falta da mamãe, mas parece que ele sente isso em dobro.— Filha? O que faz fora da cama a essa hora? — Meu coraçãozinho disparar e eu corro para os seus braços, e começo a chorar. — Oh, meu pudim, por que o choro? — Ele me senta no seu colo e me afaga com carinho. — Quer falar sobre o que aconteceu? — pede com suavidade.— Eu tive um pesadelo.— Hum, foi tão ruim assim?— Horrível, papai! - Faço um dramalhão.— Entendi. Quer que te leve de volta para a sua cama? — Faço não com a cabeça. — Tudo bem! — Escuto o som do seu suspiro e me aconchego em seu colo, apreciando a seu carinho em minhas costas e ficamos em silêncio por algum tempo.— O que você acha da Eva? — pergunto de repente, quebrando o nosso silêncio.— A Eva? — indaga. Afasto-me um pouco para olhá-lo nos olhos e ele mexe os ombros. — É uma mulher inteligente.— Não
— Ou, droga! Desse jeito irei para o olho da rua antes de completar um mês de trabalho nessa casa! — resmungo, calçando a rasteirinha apressadamente e saio do quarto logo em seguida. Tive a pior noite de todas. A insônia me acompanhou por longas horas e a leitura não me ajudou dessa vez, e quando finalmente consegui dormir, tive terríveis pesadelos com o Logan entrando no meu quarto e me puxando para fora dele. Não importava o quanto eu lutasse ou gritasse, ninguém me ouvia e eu não conseguia me livrar dele. Foi agonizante e não me atrevi a ir para o jardim dessa vez. Não depois do beijo que o senhor Ventura me deu. Aquele beijo me acendeu de um jeito que não sei explicar. — Meninas, espero que estejam prontas, pois já estamos atrasa... — Paro de falar quando percebo o quarto vazio. Suspiro. — Jade? Skarlitti? — As chamo, abrindo a porta do banheiro. — Ora vamos, meninas, não é hora para... — Olho para as suas camas e estranhamente encontro uma linda rosa vermelha largada em cima de um
— Ai meu Deus, não acredito que você vai acompanhar o senhor Ventura em uma festa! — Lídia praticamente grita, rodopiando com o vestido que me ajudou a escolher colado em seu corpo. Eu só consigo rir dessa sua alegria esfuziante. — Nanã, nanã, nanã... — Ela começa a cantarolar, enquanto dança uma valsa abraçada ao tecido caro e rio ainda mais. — Só tome cuidado com a Valéria, Eva. — Dona Dolores diz tirando a minha atenção da minha amiga. — Desde que a senhora Ventura se foi, ele se enfornou dentro daquela casa com um único propósito, conquistar o coração do cunhado. — Apenas solto uma respiração sutil e volto o meu olhar para Lídia, que continua em sua festa fantasiosa. — Ela não é flor que se cheira, querida. — O senhor Ventura e eu não temos nada, Dolores. Eu só irei acompanhá-lo e isso é tudo. — E você acha pouco? Acredite, querida, não é assim que ela verá as coisas. — O problema é dela! — resmungo e tento me afastar, porém, a senhora segura o meu braço e automaticamente olho
É estranho constatar isso, mas, confesso que não consigo parar de pensar na babá das minhas filhas. O que tem de estranho? Tudo está estranho. Para começar, o fato de pensar nela quando eu deveria pensar em Anne, em nós, na nossa história. Eu sei que parece doentio, mas não creio de seja o momento certo para me envolver com outra mulher. No entanto, Jade e Skarlitti precisam de uma mãe e é nelas que devo pensar agora. Então, por que me sinto culpado? Sinto-me como se estivesse traindo a minha esposa. Olho para o quadro na parede do nosso quarto, exibindo uma foto gigante sua e esvazio o meu primeiro copo da noite. — Não sei o que dizer, querida. Eu me sinto bem perto dela e gosto de conversar com ela. O som da sua risada me faz tão bem, mas, eu sei que não devo pensar assim. — Por que ela não me diz nada? Por que me deixa perdido nessa névoa de dúvidas? — Fala comigo, Anne, me dê uma luz por favor! — peço, mas nada acontece. Estou tão cansado! — Boa noite, querido! — A voz de Valéria
Abro os olhos encontrando o dia já claro e percebo o quanto estou ofegante. A porra do sonho parecia ser tão real causando-me sensações incríveis. Era como se ela estivesse realmente aqui comigo. Não me lembrava dessa nossa conversa absurda. Na época, Jade e Skarlitti já tinham pouco mais de dois anos e essa conversa absurda havia se apagado da minha memória. Esfrego o rosto para despertar e com uma respiração alta, saio da cama. Tomo um banho rápido e visto uma roupa para ir a empresa, porém, antes de sair passo no escritório para pegar alguns documentos que deixei trancafiado no meu cofre. No caminho, olho o meu celular e encontro uma mensagem de André, meu irmão mais velho e mais novo sócio da Ventura Corporation. Ao entrar no meu escritório, o som alegre das minhas filhas brincando no Jardim preenche os meus ouvidos e acredite, esse som tornou-se algo costumeiro aqui nessa casa, e como se eu fosse atraído, vou imediatamente para uma janela, pois, assisti-las brincar com a babá tor