PV Marylin DarlinghtonAbri os olhos e encarei em volta, não estava na sala, mas sim em um dos quartos, na verdade, em um específico. O mesmo quarto em que eu havia visto René pela primeira vez. Sorri, ele tinha me trazido para cá?Virei-me dando de cara com seu rosto, ele dormia tranquilamente, deixei minha mão passar por sua barba, enquanto seu braço rodeava minha cintura. — Você subiu as escadas comigo, René? — perguntei pensando em sua perna, observei seus lindos olhos azuis se abrirem e me encarar enquanto assentia. — Não deve se esforçar dessa forma, foi muita sorte eu ter conseguido salvar sua perna, se a machucar de novo podemos não ter a mesma sorte — falei, e notei seu revirar de olhos, o que me fez sorrir. — Agora você revira os olhos? — disse rindo quando fui puxada de encontro ao seu corpo forte e nu, senti sua ereção em minha cintura fazendo todo meu corpo acender, assim como minhas bochechas, que senti esquentar. — Esse era seu antigo quarto? — perguntei deixando mi
PV René CarvalierObservei Marylin do outro lado da bancada, ela estava com os olhos focados em um pequeno caderno de anotações, seu rosto carregava uma expressão analítica. — Algum problema? — perguntei, curioso. Eu sempre a observava carregando esse pequeno caderno, fazendo anotações enquanto andava dentro e fora do castelo, mas nunca soube para que servia. — É que consta nas minhas anotações que eu só tenho carne para mais uma semana, achei que duraria para mais duas. O frango tem para mais dois dias, talvez três, a linguiça provavelmente apenas o almoço ou jantar — falou, antes de anotar algo no caderno. — No geral, pelas minhas anotações aqui todos meus suplementos irão durar no máximo mais duas semanas, isso economizando — falou, olhando para fora pela janela em direção ao seu plantio. — Nós vamos conseguir da horta — finalizou, mas vi uma tristeza em seu olhar, ela não estava satisfeita com isso. — E eu vou pescar para você — falei, trazendo um pequeno sorriso em seu rosto
PV René CarvalierÀs vezes gostava de pensar que dei tudo que Alícia precisava. E às vezes gostava de pensar que não dei o suficiente. Ao mesmo tempo que não queria me torturar, eu também queria me torturar. Havia momentos como agora, momentos em que pensava em memórias felizes em que eu não sentia dor, então me sentia culpado por não sentir dor, e então eu decidi que precisava me torturar, que precisava sentir a dor da perda dela.Uma parte minha sabia que lidar com a dor era a forma que eu fazia para minha culpa se manter, mesmo que um lado meu completamente intacto soubesse que eu não tinha culpa alguma, o mesmo lado que talvez reconhecesse réus inocentes quando todos os consideravam culpados, o mesmo que lutava para deixá-los livres quando todos os queriam presos.Olhei para o barco completamente limpo, sua parte de fora em completo esplendor, assim como sua parte de dentro, consegui depois de muito esforço recolocar o motor dentro de seu compartimento. Só precisava agora consegui
PV René CarvalierEu ainda estava pensando nas palavras de Mary quando nos deitamos lado a lado um do outro, ela estava inquieta sem conseguir dormir enquanto acariciava meu peito e eu suas costas por baixo da camisola de algodão branca. Estávamos os dois quietos pensando sobre o que nos aconteceu. Em como nos colocamos em situações tão complicadas e tão dolorosas que pareciam não conseguir cicatrizar e nem solucionar.Era difícil colocar em palavras o que aquela descoberta no diário de Alícia trouxe para mim, e onde ela me colocava agora. Fechei os olhos pensando no dia do acidente.Ajustei o cinto em Alícia, não gostava da ideia de ela estar fora da cadeirinha, mas Francine esqueceu de trazê-la. Foi a única coisa que eu pedi para ela não esquecer. E adivinha só? Ela esqueceu. Ela não deveria ter trazido Alícia sem a cadeirinha, ainda mais com sua direção não sendo a das melhores. Assim que minha doce garotinha me ligou e disse que a mãe tinha esquecido eu vim buscá-la. — Eu vou co
PV René CarvalierAncorei o barco observando todos os pescadores ao meu redor, caminhei em direção à passarela à procura do Ágata, até que encontrei na última fileira de barcos, analisei o belo barco com listras azuis e parei em frente a ele o admirando e a procura dos pescadores. — Eles devem estar no bar — falou um senhor em um inglês com um sotaque forte, arrastando-se parando ao meu lado. — Aquela taberna ali é onde os pescadores vão antes de sair para o almoço. — Apontou para uma casa minúscula com uma enorme placa azul em grego. — Obrigado — agradeci e caminhei até lá.Adentrei o pequeno bar que estava lotado de homens, analisei um por um pensando que deveria ter pedido a descrição de Ulisses e Aquiles para Mary. Caminhei até o barman que, enquanto secava um copo nas mãos, virou-se para minha direção. — Eu estou procurando dois pescadores. Ulisses e Aquiles, me falaram que eles estariam aqui — falei, vendo o sorriso do barman se abrir, apontando para os dois homens que estav
PV René CarvalierUlisses tentou conter Aquiles, mas não conseguiu e assim que pisamos na casa onde fui cumprimentado por Ágata com um abraço, fui literalmente empurrado para perto da linda vista e do declive do barranco de pedras por um Aquiles curioso e nervoso. — Comece — mandou, encarei os olhos de Aquiles e comecei. — Eu moro na ilha há algum tempo, depois que Mary se mudou nós começamos a nos esbarrar, por assim dizer e viramos amigos — falei, contendo a palavra namorada que saiu para atendente da loja. — Você morava na ilha? — perguntou Aquiles, avaliando-me. — Você é o fantasma da ilha, o da lenda. O que aconteceu com meu amigo? Você o matou? — Senti as mãos de Aquiles em minha blusa, e um flash de memória do tempo de pugilista voltou à minha mente, apertei minhas mãos em punho ao redor da minha cintura. — O barco dele afundou com ele. Ele achava que era só um problema de combustível, veio até a ilha, eu dei um pouco a ele e ele voltou para o barco, quando amanheceu ach
PV René Carvalier3 meses depois...Hoje faz quase 122 dias que estamos aqui juntos, nessa ilha. E estamos felizes e bem, ou estávamos bem. Bati à porta mais uma vez, escutando Mary vomitar pela terceira vez no dia. Nada parecia ficar no seu estômago. Mary não comia nada direito há duas semanas, estava mais magra e pálida do que o normal. Afastei-me quando a ouvi dar a descarga e abrir a torneira, esperei o mais paciente que consegui até ela abrir a porta e passar por mim, seguindo para o guarda-roupa, evitando ouvir a mesma conversa que havíamos tido nos últimos dias. — Você precisa de um médico, Mary — falei, seguindo-a, ela balançou a cabeça negando. — Eu estou bem, é apenas uma virose — disse, tranquilamente retirando o vestido verde que eu havia comprado na minha primeira saída da ilha. — Você não está tossindo, e nem espirrando. Não parece virose para mim — disse, aproximando-me e fazendo-a parar seus movimentos. Observei seu tique nervoso no colar de pérola. — Talvez seja
PV Marylin DarlinghtonContive a vontade de olhar para os lados à procura do rosto conhecido de William, mantive firme meu olhar em frente enquanto apertava a mão de René contra a minha.Seguimos em direção à caminhonete estacionada de Ulisses e Aquiles, como virou uma rotina a cada duas semanas René vir para a cidade, eles sempre combinavam um dia específico para não haver desencontros. Observei o rosto de Aquiles sorridente em nossa direção ao me ver, mas logo Ulisses o conteve, não podíamos demonstrar afeto dessa forma em público, se William estivesse os vigiando desconfiaria. — É bom revê-la sereia — falou Ulisses, sorri. — Digo o mesmo para os dois — falei, fazendo Aquiles sorrir em minha direção. — Você vai na minha moto, te devo um passeio — disse, pegando minha mão e me puxando, dei uma olhada rápida em René que sorriu e segui Aquiles até sua moto. Subi e o abracei. — Saudades de você sereia — falou Aquiles antes de ligar o motor e sair pelas ruas de Atenas.PV René Carv