PV Marylin DarlinghtonSempre ouvi falar daquele sentimento bonito de quando uma mulher apaixonada entra no altar e olha em direção ao noivo, ali esperando, sorrindo para ela, diziam os apaixonados que aquele momento ficava em câmera lenta, como se tudo parasse e só existisse os dois naquele local, todas essas sensações segundo os apaixonados vinham através do amor, da paixão e de todo os sentimentos desconhecidos que rodeavam o casal.Eu nunca sonhei em sentir esse sentimento, porque eu sempre soube que aquele momento lindo e que todos queriam um dia viver, significava a prisão de dois corpos, que ficariam ligados um ao outro, sem que eles pudessem viver a liberdade que eles tinham, que todos nós tínhamos, mesmo que ela fosse pouca, essa prisão que eles tanto almejavam só terminaria quando um deles percebessem que não valia a pena perder a liberdade para estar ali presos numa corrente de ouro, que jamais se quebraria se não fosse o desejo de lutar pelo animal dentro de nós que deseja
PV Marylin DarlinghtonOs dois homens me olhavam curiosos, pensei que talvez eles me expulsariam do barco, mas não foi o que aconteceu, eles me deram roupas que ficaram extremamente grandes, mas que eram confortáveis, eles não pediram explicações. Apenas me olhavam e esperavam por algo que eu dissesse além de obrigada. — As roupas ficaram grandes, mas eram as únicas que tínhamos aqui que caberia em você, era da minha filha antes dela decidir se casar – disse o senhor mais velho, observando como a roupa estava sobrando em meu corpo de modelo. — Ela era um pouco mais robusta que você — comentou sorrindo, ele mostrava um olhar de saudade no rosto. — Ela está muito longe? — Sem dúvida meu pai sentiria o mesmo que ele, e isso me entristecia, se ao menos o tivesse escutado, agido diferente, eu estaria com ele, sem precisar ter medo da minha sombra. — Ela acabou de se casar, está morando em Atenas, pelo menos por enquanto – disse com pesar. — Eu não queria que ela se casasse sabe, ela é t
PV Marylin DarlinghtonUma semana depois...Viajar pelos mares era a melhor sensação que se poderia viver, o vento e a água batiam contra você, juntos como uma faca cortante, mas em vez de ser dolorosa, era como uma massagem que te fortalecia. Meu mundo tinha se resumido àquele barco, comecei a ajudar Ulisses e Aquiles em tudo, nunca tinha sentido meus braços tão pesados, e minhas costas doloridas como estavam agora. Tudo doía, mas eu me sentia plena, sem problemas, mesmo que estivesse fedendo a peixe. — O que iremos comer hoje, Mary? — perguntou Aquiles, encostando-se ao meu lado, colocando o braço em cima do meu ombro. Não tinha como ser mais abusado do que ele. — Hoje teremos peixe frito com arroz — falei, vendo-o fazer careta antes de reclamar, que era o que ele mais fazia o dia todo e infelizmente não podia culpá-lo. Peixe era a única coisa que eles comiam, e só tinha três formas. Cru, cozido ou frito, os três com o mesmo tempero e com os mesmos acompanhamentos. Eu não reclama
PV Marylin DarlinghtonAssim que desci do barco uma rajada de vento veio em minha direção como se me desse boas-vindas, era refrescante e novo de uma forma que eu não entendia, sentia que estava de volta com a minha liberdade e com um pouco do meu eu.Andei pelas ruas acompanhando Ulisses e Aquiles, observando aqueles rostos novos e desconhecidos, sorridentes e alegres, aqui era o oposto de tudo que vivi nos últimos meses, o sol acima de mim queimava e revigorava cada célula do meu corpo, cada machucado do meu coração, e cada pensamento ruim da minha mente. Era um novo mundo, novas pessoas, um novo começo surgia aqui. — Mary. — Virei-me para Ulisses que sorria me observando. — Você combina com esse país, e essa cor fica bonita em suas bochechas, parece uma menina com um brinquedo novo.Sorri em sua direção, um sorriso que há muito tempo eu não dava e o respondi: — Eu acabei de ganhar algo maior que qualquer brinquedo — respondi e andei alguns passos à sua frente antes de Aquile
PV Marylin DarlinghtonAssim que saí do templo encontrei Ulisses encostado na moto, desci as escadas e parei em sua frente. — Agora irei te mostrar o restante da cidade.***Ulisses me mostrou toda a cidade de Atenas em quase três horas de passeio, paramos para comer, e fazer as compras para o almoço que sua esposa prepararia para nós.Agora estávamos na última parada para irmos de volta a Pireu. Ulisses estacionou em frente a uma grande loja com belas vestimentas na vitrine. — Essa é a melhor loja de Atenas. Aqui há compra e venda de tecidos, assim como tem a melhor costureira da cidade.Desci da moto carregando a sacola que continha a última parte da minha vida na Riviera Francesa.Passei pela porta que Ulisses abriu para mim e no mesmo momento paralisei no lugar. — Divertido, não é? — Incrível seria a palavra certa.Aquela loja era diferente de tudo que eu já tinha visto, tecidos circundavam as paredes, e o teto era de várias cores diferentes, não tinha começo nem fim, parecia
PV Marylin Darlinghton Ulisses dirigiu para casa de forma rápida e ansiosa enquanto passávamos pelas ruas, pelos moradores e turistas que curtiam o sol, a ansiedade de Ulisses tinha passado para mim enquanto dirigia, então quando paramos comecei a me preocupar, enquanto ele ficava calmo. — Ela vai adorar você — disse ele enquanto segurava as sacolas deles e as minhas e me guiava em direção à entrada da casa.Uma mulher apareceu em nossa frente, carregando uma enorme travessa, ela parou notando nossa presença. Ela olhou em minha direção sorridente e em seguida olha para Ulisses com os olhos cheios de lágrimas, antes de deixar a travessa em cima da mesa de centro e correr para os braços dele. Afastei-me e observei a cena, sorrindo. Ela era uma mulher morena e de lindos olhos azuis e profundos, tinha um sorriso encantador no rosto, mesmo que já tivesse algumas marcas da idade, ela tinha um ar puro e feliz, e observando os dois ao longe dava para sentir o amor deles, a paixão ainda
PV Marylin DarlinghtonOlhei para as ruas de Pireu, seria minha última volta, minhas últimas compras nessa cidade por um longo tempo.Acompanhei Ulisses pela feira dos pescadores, rindo com as piadas e as explicações de Aquiles que me acompanha com o braço ao meu redor, ele não me largou desde que soube da minha viagem para a Ilha do Pescador. — Você poderia ficar mais um pouco, posso te ensinar a pilotar o barco, a pescar com arpão, a cozinhar um bom camarão, a beber conhaque sem engasgar, tenho tanta coisa para te ensinar, Mary. — Desde quando você cozinha? — Desde o momento em que você disse que vai para a ilha do pescador. Posso cuidar de você, Mary, posso te ensinar as coisas boas da vida e posso te proteger, ninguém vai te machucar se eu estiver ao seu lado. — Olhei para Ulisses que tinha parado de andar para olhar para mim e Aquiles, ele sorriu para mim e voltou a andar. — Aquiles, eu... Preciso me encontrar, encontrar de novo minha liberdade, mesmo que seja em uma ilha, eu
PV Marylin DarlinghtonA viagem de barco para meu novo destino foi rápida e constante como as batidas do meu coração que estavam aceleradas, o pescador me ajudou a colocar todos os meus mantimentos em cima da areia tão rápido quanto ele podia e em seguida partiu, sem me dar a chance de agradecê-lo. Eu o vi partir deixando-me a sós com a ilha e seu enorme castelo.Olhei em volta, peguei as sacolas mais pesadas levando-as para o grande castelo que se erguia, as nuvens negras que começava a se formar no céu me preocupavam, subi à costa de pedra que se erguia como um grande muro de proteção ao redor do castelo até finalmente enxergá-lo em todo seu esplendor e em seu estado degradado à minha frente.Coloquei as sacolas em frente à porta que em breve eu abriria e desci a costa novamente para pegar o restante das sacolas, conseguindo trazer todas, parei em frente a porta e respirando fundo, peguei a chave que tanto eu guardara, coloquei na velha fechadura que rangeu como se há décadas não fo