PV René CarvalierEu ainda estava pensando nas palavras de Mary quando nos deitamos lado a lado um do outro, ela estava inquieta sem conseguir dormir enquanto acariciava meu peito e eu suas costas por baixo da camisola de algodão branca. Estávamos os dois quietos pensando sobre o que nos aconteceu. Em como nos colocamos em situações tão complicadas e tão dolorosas que pareciam não conseguir cicatrizar e nem solucionar.Era difícil colocar em palavras o que aquela descoberta no diário de Alícia trouxe para mim, e onde ela me colocava agora. Fechei os olhos pensando no dia do acidente.Ajustei o cinto em Alícia, não gostava da ideia de ela estar fora da cadeirinha, mas Francine esqueceu de trazê-la. Foi a única coisa que eu pedi para ela não esquecer. E adivinha só? Ela esqueceu. Ela não deveria ter trazido Alícia sem a cadeirinha, ainda mais com sua direção não sendo a das melhores. Assim que minha doce garotinha me ligou e disse que a mãe tinha esquecido eu vim buscá-la. — Eu vou co
PV René CarvalierAncorei o barco observando todos os pescadores ao meu redor, caminhei em direção à passarela à procura do Ágata, até que encontrei na última fileira de barcos, analisei o belo barco com listras azuis e parei em frente a ele o admirando e a procura dos pescadores. — Eles devem estar no bar — falou um senhor em um inglês com um sotaque forte, arrastando-se parando ao meu lado. — Aquela taberna ali é onde os pescadores vão antes de sair para o almoço. — Apontou para uma casa minúscula com uma enorme placa azul em grego. — Obrigado — agradeci e caminhei até lá.Adentrei o pequeno bar que estava lotado de homens, analisei um por um pensando que deveria ter pedido a descrição de Ulisses e Aquiles para Mary. Caminhei até o barman que, enquanto secava um copo nas mãos, virou-se para minha direção. — Eu estou procurando dois pescadores. Ulisses e Aquiles, me falaram que eles estariam aqui — falei, vendo o sorriso do barman se abrir, apontando para os dois homens que estav
PV René CarvalierUlisses tentou conter Aquiles, mas não conseguiu e assim que pisamos na casa onde fui cumprimentado por Ágata com um abraço, fui literalmente empurrado para perto da linda vista e do declive do barranco de pedras por um Aquiles curioso e nervoso. — Comece — mandou, encarei os olhos de Aquiles e comecei. — Eu moro na ilha há algum tempo, depois que Mary se mudou nós começamos a nos esbarrar, por assim dizer e viramos amigos — falei, contendo a palavra namorada que saiu para atendente da loja. — Você morava na ilha? — perguntou Aquiles, avaliando-me. — Você é o fantasma da ilha, o da lenda. O que aconteceu com meu amigo? Você o matou? — Senti as mãos de Aquiles em minha blusa, e um flash de memória do tempo de pugilista voltou à minha mente, apertei minhas mãos em punho ao redor da minha cintura. — O barco dele afundou com ele. Ele achava que era só um problema de combustível, veio até a ilha, eu dei um pouco a ele e ele voltou para o barco, quando amanheceu ach
PV René Carvalier3 meses depois...Hoje faz quase 122 dias que estamos aqui juntos, nessa ilha. E estamos felizes e bem, ou estávamos bem. Bati à porta mais uma vez, escutando Mary vomitar pela terceira vez no dia. Nada parecia ficar no seu estômago. Mary não comia nada direito há duas semanas, estava mais magra e pálida do que o normal. Afastei-me quando a ouvi dar a descarga e abrir a torneira, esperei o mais paciente que consegui até ela abrir a porta e passar por mim, seguindo para o guarda-roupa, evitando ouvir a mesma conversa que havíamos tido nos últimos dias. — Você precisa de um médico, Mary — falei, seguindo-a, ela balançou a cabeça negando. — Eu estou bem, é apenas uma virose — disse, tranquilamente retirando o vestido verde que eu havia comprado na minha primeira saída da ilha. — Você não está tossindo, e nem espirrando. Não parece virose para mim — disse, aproximando-me e fazendo-a parar seus movimentos. Observei seu tique nervoso no colar de pérola. — Talvez seja
PV Marylin DarlinghtonContive a vontade de olhar para os lados à procura do rosto conhecido de William, mantive firme meu olhar em frente enquanto apertava a mão de René contra a minha.Seguimos em direção à caminhonete estacionada de Ulisses e Aquiles, como virou uma rotina a cada duas semanas René vir para a cidade, eles sempre combinavam um dia específico para não haver desencontros. Observei o rosto de Aquiles sorridente em nossa direção ao me ver, mas logo Ulisses o conteve, não podíamos demonstrar afeto dessa forma em público, se William estivesse os vigiando desconfiaria. — É bom revê-la sereia — falou Ulisses, sorri. — Digo o mesmo para os dois — falei, fazendo Aquiles sorrir em minha direção. — Você vai na minha moto, te devo um passeio — disse, pegando minha mão e me puxando, dei uma olhada rápida em René que sorriu e segui Aquiles até sua moto. Subi e o abracei. — Saudades de você sereia — falou Aquiles antes de ligar o motor e sair pelas ruas de Atenas.PV René Carv
PV René Carvalier — Auvergne. — Escutei a voz profissional de Othon do outro lado da linha, trazendo-me uma saudade que mantive guardada bem no fundo do meu peito junto com as lembranças. — Othon, sou eu, René — falei, e ouvi algo cair do outro lado, junto com um silêncio, vindo seguido de barulho de papéis caindo, janelas sendo fechadas e em seguida a voz de Othon emocionada. — René... eu não acredito é você mesmo? — indagou, ficando novamente em silêncio. — Acredito que já tenha verificado o DDD, e a não ser que tenha outro amigo escondido na Grécia, acho que realmente sou eu — falei, fazendo-o rir. — É realmente você e não o chapado de drogas que ajudei a fugir da Clínica Psiquiátrica — comentou com um suspiro aliviado. — Eu fui à sua procura na ilha depois que sua esposa descobriu para onde você tinha ido, quando ela me disse que você tinha morrido eu não acreditei e fui atrás, não o achei, mas isso não me fez acreditar que você tinha morrido, nunca acreditei nessa hipótese
PVMarylin DarlinghtonOlhei para René, ele parecia surpreso, nunca havíamos conversado sobre o porquê eu fiquei realmente ao lado de William até o fatídico dia que decidi desistir e fugir. — Eu sinto muito por não ter contado sobre isso, René, mas todos esses meses fiquei pensando se minha fuga tinha tido o efeito que eu queria que tivesse. Que longe eu mantivesse meu pai a salvo, ele sabe se cuidar e tem um monte de homens leais a ele ao seu lado, que levariam um tiro por ele se necessário por tanto que eu ficasse longe. Também sou uma amante da natureza, tenho alguns problemas com aranhas, mas até elas eu já salvei uma ou duas vezes — falei, lembrando-me da vez que tirei uma aranha ruiva de dentro da privada, qualquer outra pessoa teria tentado dar descarga. Eu não. Fui corajosa o suficiente para dar um jeito de colocá-la em um pote e soltá-la. — Uma vez eu resgatei um filhote de crocodilo e coloquei ele na banheira, estava muito calor e o pequeno rio que havia se formado havia de
PV René Carvalier — De quanto tempo você está, Mary? — perguntou Othon para Mary, enquanto esperávamos o piloto taxiar pela pista. — Eu não sei exatamente, mas o médico acha que estou entre 6 e 8 semanas — falou olhando pela janela, onde ainda conseguíamos ver Ulisses, Aquiles e Ágata, eles trouxeram as poucas coisas que deixamos na casa, e vieram se despedir com a promessa que retornaríamos para ter o bebê aqui na Grécia. — Dessa vez sou completamente a favor do relacionamento — falou Othon trazendo a atenção de Mary, agradeci a ele com uma troca de olhares. Deixar a Grécia, a ilha para trás era trilhar o caminho para encarar William frente a frente, assim como toda a bagagem que foi deixada quando Mary o deixou no altar. — Conquistei você quando descobriu que eu pulei em um barco em movimento — Mary brincou com ele. — Exatamente, sabe a probabilidade de aquele salto terminar de forma trágica? — Não tenho ideia — respondeu Mary sorrindo. — Eu também não, mas com certeza era