PV Marylin DarlinghtonRespirei fundo, olhando para o coqueiro à minha frente, eu queria pelo menos dois cocos, eu queria fazer um bolo, havia ficado com vontade depois de ver uma imagem super saborosa no livro de receitas.Eu precisava de coco, e por sorte tinha alguns coqueiros na entrada da floresta, só tinha um único problema.Eram altos demais.Eu já subi em muitas árvores quando pequena, mas as árvores costumavam ter galhos que ajudavam a escalar, totalmente diferente dos coqueiros. Olhei para cima imaginando o que eu poderia fazer. Uma escada me ajudaria. Deixei o facão no chão e caminhei até o galpão, passei por entre os painéis solares e perto das latas de tinta puxei a escada de madeira a retirando, levei com cuidado para fora e a encostei no coqueiro, subi com cuidado conseguindo alcançar o coco, percebendo que eu teria que descer para pegar o facão. Ri e desci pegando o facão, subi novamente e finalmente o cortei, observei de cima quatro cocos caírem no chão e finalmente d
PV Marylin Darlinghton2 dias depois...Olhei para a parede completamente dourada, finalmente havia terminado a sala inteira. Dois dias inteiros focados em pintar, limpar e pintar novamente. Senti o cheiro de tinta e me joguei no chão encarando o teto branco que eu havia tentado pintar, no fim, de certa forma não tinha ficado tão ruim, com certeza estava melhor que antes.Estava suja, coberta de tinta e deitada em um chão ainda mais sujo. Procurei a força que me fez levantar esses dois dias, mas não achei. Eu não tinha porquê levantar, havia terminado a sala, minha meta havia sido cumprida por hoje, tudo que eu precisava era me virar e dormir aqui mesmo nesse chão coberto de tinta, amanhã seria um novo dia, e eu teria porquê levantar.Respirei fundo, sentindo o cheiro de tinta, e o silêncio ao meu redor. Era tão diferente da cidade, lembrava-me tanto o silêncio da fazenda, o barulho leve do vento na minha janela, a luz forte em meu rosto de manhã atrapalhando meu sono. Boas lembrança
PV Marylin DarlinghtonEncarei o sol sumindo completamente e notei pela primeira vez meu fantasma sentado à beira mar, ele estava com o livro do Peter Pan em suas mãos e o encarava fixamente. Levantei meu vestido comprido e comecei a caminhar até ele, sentei-me ao seu lado ainda sem conseguir trazer sua atenção a mim, e em vez de encarar o céu começando a escurecer, encarei o homem ao meu lado, ele não virava a página apenas a olhava diferente de como fazia hoje de manhã, não havia curiosidade em seu rosto e assim como saiu do castelo, notei a mesma confusão em seu rosto e em sua testa franzida, junto com seu olhar perdido.Eu havia dado um descanso para sua mente e para mim, então sem leituras noturnas hoje. Ele saiu pela porta sem se despedir com o livro em mãos.Eu não estava à procura dele quando saí para fora do castelo, algo que não fazia quando o sol já não estava mais no céu e a luz não me protegia mais dos animais, mas algo dentro de mim me incitou a dar uma volta na praia e
PV René Carvalier1 semana depois...Olhei para a linda sereia sentada ao meu lado, ou melhor dizendo, Daphne Blake, observei a mesma tiara roxa em seu cabelo que havia me feito compará-la a personagem pela primeira vez.Observei seu rosto fixo no livro enquanto marcava avidamente com um lápis cada palavra que ela queria que eu repetisse. Eu queria achar uma forma de dizer a ela algo que eu havia começado a treinar quando não estávamos juntos. Treinar com tanto afinco que finalmente eu conseguia dizer em voz alta e agora finalmente eu poderia me apresentar para ela da forma correta e finalmente também descobrir seu nome. — Você não está prestando muita atenção hoje, não é? — falou ao meu lado, ela me observou e sorriu fechando o livro. — Que tal treinarmos o alfabeto? É bom para você ter uma ideia do som correto de cada letra — falou, observei-a abrir um novo livro, eu já estava compreendendo mais palavras do que havia conseguido quando cheguei à ilha, e também nos últimos meses que
PV René CarvalierEncarei Mary do outro lado, ela estava concentrada em cortar os legumes e cantarolar baixinho uma música que eu já havia ouvido em uma festa, lembrava das luzes azuis, das pessoas vestidas de formas despojadas, e também do sentimento de tédio que me rodeava. Com certeza não era uma boa recordação.A luz do dia estava partindo, era cedo para o jantar e para a leitura. As aulas duraram pouco hoje, Mary havia sentido muita dor de cabeça o dia todo, talvez pelo fato de não ter conseguido dormir ontem, seus pesadelos voltaram e uma parte minha sabia que ela se lembrou pelo menos um pouco do que teve ontem à noite, por isso sua dor de cabeça hoje mais cedo. Assim que ela acordou, eu saí do castelo, e a vigiei do meu posto, escondido o suficiente para ficar longe de sua visão, mas perto o suficiente para se algo acontecesse e assim que me cansei de apenas a vigiar de longe eu decidi entrar. E aqui estava eu, observando-a cantarolar e cozinhar, fui rodeado pelo cheiro de tin
PV René CarvalierOlhei para Mary ao meu lado, estávamos sentados os dois um ao lado do outro, ela segurando uma taça de vinho e bebericando tranquilamente enquanto observávamos o crepitar da lenha. Não falamos nada desde o nosso abraço, Mary simplesmente pegou o vinho e duas taças, serviu-me e se serviu, colocou a lenha na lareira e se sentou no chão. Eu a acompanhei, sentando-me no chão ao seu lado, bebendo o vinho que meu paladar rapidamente conheceu como Bordeaux de Mouton-Cadet um vinho francês ano 2015 mais sua origem veio de 1927 em uma safra que foi muito mal, mas que o Barão Phillipe Rothschild criou esse vinho para não comprometer a qualidade do vinho. Como eu sabia desse fato? Meu pai era um fanático por vinho desde adolescente, e por isso decidiu ensinar seu primogênito, porque segundo meu pai um homem que sabia apreciar um bom vinho, saberia apreciar uma bela mulher, o que me fez pensar em Francine e onde eu teria errado com ela.Foquei nos ingredientes que tocavam minha
PV Marylin DarlinghtonSempre ouvi falar daquele sentimento bonito de quando uma mulher apaixonada entra no altar e olha em direção ao noivo, ali esperando, sorrindo para ela, diziam os apaixonados que aquele momento ficava em câmera lenta, como se tudo parasse e só existisse os dois naquele local, todas essas sensações segundo os apaixonados vinham através do amor, da paixão e de todo os sentimentos desconhecidos que rodeavam o casal.Eu nunca sonhei em sentir esse sentimento, porque eu sempre soube que aquele momento lindo e que todos queriam um dia viver, significava a prisão de dois corpos, que ficariam ligados um ao outro, sem que eles pudessem viver a liberdade que eles tinham, que todos nós tínhamos, mesmo que ela fosse pouca, essa prisão que eles tanto almejavam só terminaria quando um deles percebessem que não valia a pena perder a liberdade para estar ali presos numa corrente de ouro, que jamais se quebraria se não fosse o desejo de lutar pelo animal dentro de nós que deseja
PV Marylin DarlinghtonOs dois homens me olhavam curiosos, pensei que talvez eles me expulsariam do barco, mas não foi o que aconteceu, eles me deram roupas que ficaram extremamente grandes, mas que eram confortáveis, eles não pediram explicações. Apenas me olhavam e esperavam por algo que eu dissesse além de obrigada. — As roupas ficaram grandes, mas eram as únicas que tínhamos aqui que caberia em você, era da minha filha antes dela decidir se casar – disse o senhor mais velho, observando como a roupa estava sobrando em meu corpo de modelo. — Ela era um pouco mais robusta que você — comentou sorrindo, ele mostrava um olhar de saudade no rosto. — Ela está muito longe? — Sem dúvida meu pai sentiria o mesmo que ele, e isso me entristecia, se ao menos o tivesse escutado, agido diferente, eu estaria com ele, sem precisar ter medo da minha sombra. — Ela acabou de se casar, está morando em Atenas, pelo menos por enquanto – disse com pesar. — Eu não queria que ela se casasse sabe, ela é t