- Seu pai vai beber chocolate quente? – minha mãe riu – Não... Ele não fica sem o café descafeinado dele.
- Vou... Provar o chocolate quente. – Ele garantiu.
- Também vou querer. – Mariane empurrou a xícara, que Min encheu com o líquido grosso e fumegante.
- Ok... Vamos ver se isso é bom. – J.R bebeu um gole, ficando com o buço manchado de leite.
Começamos a rir. Pus calda quente nas panquecas dele e esperei-o comer antes de provar as minhas.
Coloquei toda a calda que tinha na jarra em inox nas minhas panquecas e provei. Estava maravilhoso: o quente da calda, misturado aos morangos frescos e levemente ácidos com o chocolate extremamente doce.
Fechei os olhos, sentindo uma ótima sensação invadir meu corpo.
- Seus jornais, senhor. – Min-ji colocou-os sobre a mesa.
Ele abriu o primeiro e disse:
O restante da semana foi de felicidade que transbordava por todos os poros do meu corpo. Eu sorria sozinha, cantarolava a minha música aos quatro cantos e creio que talvez saíssem coraçõezinhos pelos meus olhos quando eu piscava.Nem conseguia acreditar que o reencontraria depois de tanto tempo. Ele não me esqueceu, assim como eu não deixei de pensar nele um minuto sequer. Eu tinha certeza de que estava disposta a deixar tudo por ele.Charles era minha vida, meu mundo, o ar que eu respirava. O que sentia por ele era simplesmente impossível de descrever, só sentir.Comecei a faculdade de Matemática gratuitamente. Meu pai nunca se importou com dinheiro e chegou até a ofender-se quando eu disse que queria estudar naquela faculdade.Enfim, J.R acabou aceitando e tudo parecia ir bem. Eu não havia perdoado Mariane, mas já conseguia manter uma conversa com ela sem acusações ou ironia.Embora eu gostasse de visitar a J.R Recording, não tinha certeza se queria passar a minha vida trabalhando l
- Eu não vou desistir de você, Sabrina.- Não perca seu tempo, Colin.Desliguei a ligação e não voltei para o jantar. Eu sinceramente não entendia o que se passava com Colin. Ele achava mesmo que poderia haver volta depois do que ele fez?Não tinha horário para o encontro com “el cantante” no sábado. Ele havia dito que estaria lá desde o nascer do sol. Eu pus o relógio para despertar às seis horas da manhã. Porque queria chegar cedo à praia.Levantei e toquei o controle, abrindo as cortinas automáticas e deixando o sol brilhante tomar conta do meu quarto.Seria um lindo dia. O melhor da minha vida. Porque eu encontraria Charles.Organizei uma pequena mala com biquíni, saída de banho, protetor solar, shampoo, condicionador, hidratantes, óculos e boné. Encontrei uma lingerie rendada que eu havia comprado para a lua de mel e pus por baixo da roupa. Escolhi um macacão em linho, num corte reto e elegante e sandálias de salto quadrado, em tom caramelo, que combinava com o gelo do tecido da
Pisquei repetidas vezes, tentando acordar. Mas não acordei... Porque sequer estava dormindo.Tudo que vi foram os rostos pasmos de meus pais e Mariane.- Grávida? – Minha mãe perguntou, parecendo não acreditar.- Vocês... Não sabiam? – O médico olhou-me.- Não... Eu não sabia. – Confessei.- Então vamos aproveitar que está aqui e fazer todos os exames necessários. Vou encaminhá-la para um obstetra.- Sim, faça isso, doutor. Por favor. – Meu pai pediu e se eu não estava ficando louca, tinha um sorriso nos lábios dele.- Então peço que aguarde, senhorita Rockfeller, pois as enfermeiras virão buscá-la novamente para vermos como está este bebê.- Obrigada, doutor.Eu não tinha certeza sobre o que sentia naquele momento. Mas pensava como cuidaria
Suspirei e esperei.Ouvimos batidas leve na porta e duas enfermeiras entraram:- Com licença. Vamos levar a futura mamãe até a sala para a ultrassonografia.Sentei imediatamente na cadeira de rodas, antes que elas me ajudassem. Tudo que eu queria era sair correndo dali.- Quem gostaria de acompanhá-la? – uma delas perguntou, com um sorriso no rosto. – Caso queiram ir os três, o doutor pode trocar a sala, por uma maior.Olhei na direção deles e ninguém se manifestou. J.R olhava para a janela, sem expressão. Calissa seguia com o telefone na mão, sem dizer nada. Mariane já estava sentada novamente, indecisa sobre ir ou ficar desde que havia chegado.- Eu... Vou sozinha. – Falei, quebrando o silêncio constrangedor.Limpei as lágrimas e deixei que uma delas me conduzisse pelo corredor completamente branco e limpo, quase como se estivesse chegando ao céu.Quando entrei na sala, elas me ajudaram a deitar na maca e passaram um gel sobre a minha barr
Seguimos em silêncio até a cafeteria do Hospital. O local era no terceiro andar e tinha um teto em vidro, de onde podia-se ver a luz do sol e o tempo lá fora. Claro que escolhi sentar sob a luminosidade, sabendo o calor que fazia na rua, com a temperatura ambiente ali dentro.A atendente veio trazer o menu e enquanto eu escolhia, Colin disse:- Para mim café expresso, sem açúcar. Para ela chocolate quente e panquecas de chocolate com calda.- Eu não quero chocolate quente... Tampouco panquecas com calda. – Levantei os olhos na direção dele, o rosto escondido atrás do cardápio que mais parecia um livro de tantas páginas.- Mas... Você sempre gostou.- Quero um café com leite. Creio que eu deva começar a beber bastante leite... – falei mais para mim mesma – Um croissant com creme de baunilha... E outro de queijo.- Nã
- Venha! – Ele me pegou pelo braço, sem muita gentileza, encaminhando-me para o carro, onde estavam minha mãe e Mariane esperando.O ar condicionado estava ligado e cheguei a arrepiar quando entrei na temperatura gelada, que contrastava com o calor da rua.- Para casa. – Meu pai falou ao motorista.Seguimos para casa, em silêncio. J.R sequer olhou na minha direção. Mariane ficou compenetrada no celular e minha mãe vez ou outra me olhava, com o rosto baixo.Assim que chegamos em casa e descemos, meu pai retirou um lenço de pano do bolso e disse autoritariamente:- Limpe seu rosto.Limpei o rosto e estava subindo as escadas quando ele falou, em tom de voz alto:- Onde você vai?- Eu... Vou tomar um banho e sair.- Sair? Onde?- Eu... Vou contar a “ele”. Preciso dizer que vai ser pai.Mariane sentou no sofá da sala principal,
- Eu preciso pegar uma coisa... E não foi você quem me deu. – Falei.- Diga o que é e Min-ji buscará para você.Olhei-o firmemente, as lágrimas contidas, a dor queimando meu peito, extravasando na minha alma.Me dei em conta de que Min-ji estava próxima, as mãos para frente, entrelaçadas, observando tudo. Sorri na direção dela, sabendo que a dor que a governanta sentia era talvez a mesma da minha mãe.- O que quer que eu pegue, senhorita Sabrina? – Ela perguntou com a voz baixa.- A jaqueta preta de couro.- Sei qual é. – Ela disse subindo imediatamente.Fiquei ali, parada. Minha mãe aproximou-se e deu-me um beijo. Olhei o cordão no chão, sabendo que certamente ninguém juntaria. Iria para o lixo, junto com todas as minhas coisas. Ninguém precisava de nada meu... Tudo era para me ferir, me magoar, acabar comigo.Ainda assim, eu não tiraria a minha filha. Toquei meu ventre e sorri, tentando não passar a dor que sentia naquele momento para ela.Min-ji desceu com a jaqueta nas mãos e meu
Do retrovisor do lado de fora eu os via gritando enquanto eu gritava mais alto, não conseguindo ouvir nada do que eles tentavam gritar. O motorista tentava me alcançar pela lateral.Olhei para o lado direito e me dei em conta de que podia puxar o freio de mão. E assim o fiz. O carro parou. E ouvi o estrondo dos dois homens batendo na lataria.- Sua louca. – O motorista abriu a porta e me puxou para o lado de fora, de forma agressiva.Fui até os outros homens, para me certificar de que estavam bem.- Você... Não sabe dirigir? Por que não avisou? – Um deles perguntou, tocando o peito, com o semblante de dor.O outro me fuzilou com o olhar. Ambos entraram no carro no qual estavam e foram embora.- Eu preciso do seu celular. – Falei para o motorista.Ele nem olhou na minha direção. Fez uma ligação e parecia ter entrado em contato com algum guincho.- Senhor, eu preciso mesmo do celular.- Estou com pouca bateria e o guincho vai demorar. Não vou deixar você usar.Eu ri, incrédula:- Eu não