Ivy mal conseguia recuperar o fôlego quando Kael, ainda tomado pela fúria, virou-se para Nina, seus olhos intensos e predatórios analisando cada detalhe da mulher que ele agora via como uma ameaça. A aura dominante que emanava dele era sufocante, e mesmo Nina, que sempre demonstrava confiança, desviou o olhar momentaneamente em um ato involuntário de submissão.
“ Quem diabos é você? “ Kael rosnou, a voz carregada de autoridade e impaciência.
“ E por que saiu de sua alcateia? Fale rápido, antes que eu mesmo arranque as respostas à força.”
Nina manteve o queixo erguido, mas sua postura era cautelosa. Ela respirou fundo antes de responder, escolhendo as palavras com cuidado.
“ Meu nome é Nina, e eu... fazia parte da Alcateia da Lua. Meu antigo Alfa queria Ivy, mas eu não sabia o motivo.
A tensão ainda pulsava em suas veias como um tambor distante, ecoando as emoções confusas que a dominavam. A raiva queimava em seu peito, mas era incapaz de apagar o desejo incômodo que surgia sempre que Kael estava por perto. Era uma batalha silenciosa dentro dela, um conflito entre a rebeldia de sua mente e a rendição de seu corpo.Com um suspiro pesado, Ivy afundou os ombros e deslizou as mãos pelos cabelos, tentando aliviar a pressão que apertava seu peito. Foi então que sentiu o pequeno volume em seu bolso. Seu celular. O choque da descoberta a fez congelar por um segundo. No meio do caos daquela noite - a fuga, o ataque, Kael a carregando de volta como se ela fosse sua propriedade - ela sequer havia pensado em checar como Nina estava.Com os dedos trémulos, desbloqueou o aparelho e abriu a conversa com a amiga.Ivy: Como você es
Kael estava sentado em seu pequeno escritório, as luzes amenas lançando sombras longas pelas paredes de madeira escura. Ele massageou as têmporas, tentando conter a raiva que ainda ardia em seu peito. Orion rugia dentro de si, inquieto, exigindo que impusesse sua autoridade sobre Ivy. Ela o desafiava de uma forma que ninguém jamais ousara, e o fato de seu lobo não querer puni-la, mas sim protegê-la, só aumentava sua frustração.Seu punho cerrado repousava sobre a mesa, os nós dos dedos brancos com a força que exercia. Ele respirou fundo, fechando os olhos por um momento e permitindo que as memórias da noite voltassem à sua mente.Quando chegou à mansão naquela tarde, o crepúsculo já tingia o céu de tons alaranjados. Seu primeiro instinto foi procurar por Ivy. O cheiro dela estava por toda a casa, mas ao perguntar
Kael empurrou a porta do quarto sem sequer bater.O ambiente estava mergulhado na penumbra, a única iluminação vinda da luz suave da lua que atravessava a cortina entreaberta. O cheiro dela preencheu o espaço no instante em que ele cruzou a soleira “um aroma doce e envolvente que fazia Orion rugir dentro dele, ansioso, possessivo.Ivy estava sentada na beira da cama, os cabelos ainda bagunçados pela confusão daquela noite. Seus olhos encontraram os dele sem hesitação, brilhando com uma mistura de desafio e frustração.Kael respirou fundo, tentando manter o controle que lhe escapava como areia por entre os dedos. Seu lobo exigia que ele a tomasse, que a marcasse, que acabasse com aquele jogo de resistência. Mas ele não podia. Não ainda.Sua voz saiu baixa, carregada de perigo:“Você tem noção do que fez?”Ivy ergueu o queixo, desafiadora como sempre. Ele odiava e amava isso nela ao mesmo tempo.“Eu precisava ver minha amiga. Eu não sou
POV IVYO sol filtrava-se timidamente pelas cortinas pesadas do quarto de Kael, lançando uma luz dourada sobre os lençóis bagunçados. O calor ao seu lado era a primeira coisa que Ivy sentiu ao acordar. Seu corpo ainda estava dolorido da noite intensa, mas a sensação de completude e segurança era inegável. Com os olhos ainda pesados, virou-se ligeiramente, observando Kael ao seu lado. O Alfa dormia de costas, sua expressão serena contrastando com a ferocidade de suas ações e palavras.O peito de Ivy apertou-se. As coisas entre eles estavam cada vez mais confusas. Sentia-se presa a ele de um jeito que jamais imaginara ser possível, mas ao mesmo tempo, seu desejo por respostas e por liberdade nunca fora tão intenso. Sabia que ele faria de tudo para mantê-la em segurança, mas a que custo?Kael começou a se mexer ao seu lado, e seus olhos se abriram lentamen
POV KAELKael sentia a inquietação corroer sua mente enquanto caminhava pelo corredor principal da mansão. O encontro com Damian naquela manhã trouxera informações que ele não sabia como digerir, e Orion estava tão inquieto quanto ele, rondando nos recantos de sua consciência como um predador impaciente.A verdade sobre os pais adotivos de Ivy finalmente viera à tona. Eles não eram meros humanos comuns que a acolheram por acaso. Segundo os registros que Damian conseguira acessar, eles haviam se envolvido com o submundo sobrenatural. Mais do que isso, pareciam ter conhecimento sobre o tratado dos Lycans, uma informação que não deveria ser de conhecimento de meros mortais.Kael cerrou os punhos. Aquilo significava que Ivy estava conectada a algo muito maior do que ele imaginara. Mas qual era o real motivo por trás disso? Eles a adotaram porque sabiam quem ela era? Ou simplesmente tentaram protegê-la de algo muito pior?"Isso não pode ser coincidênci
O cheiro de sangue ainda pairava no ar quando Kael chegou ao limite do território. A visão diante dele era caótica: corpos espalhados pelo chão, marcas de garras cortando árvores e pedras, e o odor forte de lobos desconhecidos misturando-se ao da sua alcateia. Damian já estava ali, com alguns guerreiros cercando um lobo capturado. Seu rosto estava coberto de sangue, mas não era o dele.“ O que aconteceu? “ Kael rosnou, seus olhos brilhando em um âmbar feroz.Damian limpou as mãos sujas na camisa rasgada e apontou para o prisioneiro ajoelhado no solo.“ Ataque coordenado. Três grupos. Vieram para testar nossas defesas, mas erraram feio. Perdemos dois guerreiros e alguns estão feridos, mas conseguimos capturar um deles.Kael cerrou os punhos, sentindo Orion rugir dentro de si, ansioso para destroçar qualquer um que ousasse am
O sol já começava a se esconder no horizonte quando Ivy e Nina se sentaram na biblioteca da mansão, cercadas por pilhas de livros antigos que exalavam o cheiro de papel envelhecido. O silêncio era quebrado apenas pelo farfalhar das páginas sendo viradas, enquanto buscavam qualquer pista sobre o passado de Ivy.“Isso é insano,” murmurou Nina, empurrando um tomo de capa de couro para longe. “Como esses lobisomens podem se achar tão superiores?”Ivy folheou um livro maior e mais pesado, os olhos escaneando um capítulo intitulado "A Supremacia dos Lycans". Ela leu em voz alta:“Os Lycans são a forma mais pura da nossa espécie, destinados a governar todas as criaturas sobrenaturais. A Deusa da Lua concedeu a eles força e domínio sobre os territórios e sua forma, e qualquer ser que os desafie está fadado à ruína.”Ela ergueu
O amanhecer chegou silencioso na mansão, trazendo consigo a promessa de um dia comum para os que ali viviam. Ivy, porém, acordou com o coração acelerado e a mente tomada pela adrenalina da decisão que havia tomado na noite anterior. Seu plano estava traçado e, dessa vez, não haveria nada que a fizesse mudar de ideia.Ela e Nina desceram para o café da manhã tentando agir naturalmente. Kael estava sentado à cabeceira da mesa, observando-a com aqueles olhos intensos que pareciam perfurar sua alma. Lia, sempre animada, falava sobre o treinamento dos guerreiros da alcateia e a segurança reforçada na mansão. Ivy sentiu um arrepio ao perceber que Kael estava se certificando de que ela não fugiria de novo. Mal sabia ele que a decisão já havia sido tomada.“Você parece inquieta, Ivy” Kael comentou, levantando uma sobrancelha.“Só