Kael empurrou a porta do quarto sem sequer bater.
O ambiente estava mergulhado na penumbra, a única iluminação vinda da luz suave da lua que atravessava a cortina entreaberta. O cheiro dela preencheu o espaço no instante em que ele cruzou a soleira “um aroma doce e envolvente que fazia Orion rugir dentro dele, ansioso, possessivo.
Ivy estava sentada na beira da cama, os cabelos ainda bagunçados pela confusão daquela noite. Seus olhos encontraram os dele sem hesitação, brilhando com uma mistura de desafio e frustração.
Kael respirou fundo, tentando manter o controle que lhe escapava como areia por entre os dedos. Seu lobo exigia que ele a tomasse, que a marcasse, que acabasse com aquele jogo de resistência. Mas ele não podia. Não ainda.
Sua voz saiu baixa, carregada de perigo:
“Você tem noção do que fez?”
Ivy ergueu o queixo, desafiadora como sempre. Ele odiava e amava isso nela ao mesmo tempo.
“Eu precisava ver minha amiga. Eu não sou
POV IVYO sol filtrava-se timidamente pelas cortinas pesadas do quarto de Kael, lançando uma luz dourada sobre os lençóis bagunçados. O calor ao seu lado era a primeira coisa que Ivy sentiu ao acordar. Seu corpo ainda estava dolorido da noite intensa, mas a sensação de completude e segurança era inegável. Com os olhos ainda pesados, virou-se ligeiramente, observando Kael ao seu lado. O Alfa dormia de costas, sua expressão serena contrastando com a ferocidade de suas ações e palavras.O peito de Ivy apertou-se. As coisas entre eles estavam cada vez mais confusas. Sentia-se presa a ele de um jeito que jamais imaginara ser possível, mas ao mesmo tempo, seu desejo por respostas e por liberdade nunca fora tão intenso. Sabia que ele faria de tudo para mantê-la em segurança, mas a que custo?Kael começou a se mexer ao seu lado, e seus olhos se abriram lentamen
POV KAELKael sentia a inquietação corroer sua mente enquanto caminhava pelo corredor principal da mansão. O encontro com Damian naquela manhã trouxera informações que ele não sabia como digerir, e Orion estava tão inquieto quanto ele, rondando nos recantos de sua consciência como um predador impaciente.A verdade sobre os pais adotivos de Ivy finalmente viera à tona. Eles não eram meros humanos comuns que a acolheram por acaso. Segundo os registros que Damian conseguira acessar, eles haviam se envolvido com o submundo sobrenatural. Mais do que isso, pareciam ter conhecimento sobre o tratado dos Lycans, uma informação que não deveria ser de conhecimento de meros mortais.Kael cerrou os punhos. Aquilo significava que Ivy estava conectada a algo muito maior do que ele imaginara. Mas qual era o real motivo por trás disso? Eles a adotaram porque sabiam quem ela era? Ou simplesmente tentaram protegê-la de algo muito pior?"Isso não pode ser coincidênci
O cheiro de sangue ainda pairava no ar quando Kael chegou ao limite do território. A visão diante dele era caótica: corpos espalhados pelo chão, marcas de garras cortando árvores e pedras, e o odor forte de lobos desconhecidos misturando-se ao da sua alcateia. Damian já estava ali, com alguns guerreiros cercando um lobo capturado. Seu rosto estava coberto de sangue, mas não era o dele.“ O que aconteceu? “ Kael rosnou, seus olhos brilhando em um âmbar feroz.Damian limpou as mãos sujas na camisa rasgada e apontou para o prisioneiro ajoelhado no solo.“ Ataque coordenado. Três grupos. Vieram para testar nossas defesas, mas erraram feio. Perdemos dois guerreiros e alguns estão feridos, mas conseguimos capturar um deles.Kael cerrou os punhos, sentindo Orion rugir dentro de si, ansioso para destroçar qualquer um que ousasse am
O sol já começava a se esconder no horizonte quando Ivy e Nina se sentaram na biblioteca da mansão, cercadas por pilhas de livros antigos que exalavam o cheiro de papel envelhecido. O silêncio era quebrado apenas pelo farfalhar das páginas sendo viradas, enquanto buscavam qualquer pista sobre o passado de Ivy.“Isso é insano,” murmurou Nina, empurrando um tomo de capa de couro para longe. “Como esses lobisomens podem se achar tão superiores?”Ivy folheou um livro maior e mais pesado, os olhos escaneando um capítulo intitulado "A Supremacia dos Lycans". Ela leu em voz alta:“Os Lycans são a forma mais pura da nossa espécie, destinados a governar todas as criaturas sobrenaturais. A Deusa da Lua concedeu a eles força e domínio sobre os territórios e sua forma, e qualquer ser que os desafie está fadado à ruína.”Ela ergueu
O amanhecer chegou silencioso na mansão, trazendo consigo a promessa de um dia comum para os que ali viviam. Ivy, porém, acordou com o coração acelerado e a mente tomada pela adrenalina da decisão que havia tomado na noite anterior. Seu plano estava traçado e, dessa vez, não haveria nada que a fizesse mudar de ideia.Ela e Nina desceram para o café da manhã tentando agir naturalmente. Kael estava sentado à cabeceira da mesa, observando-a com aqueles olhos intensos que pareciam perfurar sua alma. Lia, sempre animada, falava sobre o treinamento dos guerreiros da alcateia e a segurança reforçada na mansão. Ivy sentiu um arrepio ao perceber que Kael estava se certificando de que ela não fugiria de novo. Mal sabia ele que a decisão já havia sido tomada.“Você parece inquieta, Ivy” Kael comentou, levantando uma sobrancelha.“Só
O vento frio cortava o rosto de Ivy como pequenas lâminas enquanto Kael disparava pela floresta em sua forma de lobo. Seu lobo era gigante, quase do tamanho de um cavado, com pelos negro e espesso era quente sob os dedos dela, mas o calor não chegava a afastar o gelo que se instalara em seu peito. Seu coração martelava em um ritmo frenético, a respiração entrecortada pela dor que rasgava seu interior.A cena da captura de Nina se repetia incessantemente em sua mente: os vultos emergindo das sombras, os olhos cruéis brilhando no escuro, os gritos abafados por mãos impiedosas. Ivy se debatera, tentara lutar, mas fora inútil. Ela falhara.Uma lágrima quente escorreu pelo seu rosto e caiu sobre o pelo de Kael. Ele rosnou baixinho em resposta, e ela soube que ele sentia sua dor. Mas também sentia outra coisa: fúria. Uma raiva avassaladora, brutal, quase sufocante. O jeito que seus m&ua
POV KAELKael sentia o peso da noite sobre seus ombros enquanto deixava Ivy na mansão. Dessa vez, ele sabia que ela não fugiria. A tragédia do sequestro de Nina havia sido um golpe forte demais para que Ivy tentasse escapar novamente. O lobo dentro dele ainda rugia de fúria, ressentido com a desobediência dela. Mas agora, sua prioridade era outra: encontrar Nina e, principalmente, descobrir o que significava o nome Stravos.Após deixar Ivy dentro da mansão e se trocar, Kael acelerou em sua moto pela estrada que levava ao centro da alcateia. O vento gelado da madrugada chicoteava seu rosto, mas ele não se importava. Seus pensamentos estavam um caos. O sobrenome Stravos parecia familiar, mas não conseguia se lembrar de onde o conhecia. Era uma lembrança antiga, enterrada em algum canto obscuro de sua mente. Algo que ele não deveria esquecer, mas que ainda estava fora de alcance.Assim que
POV IVYO tempo passava, e cada dia sem notícias de Nina era uma tortura para Ivy. O sentimento de impotência crescia a cada amanhecer, cada pôr do sol, cada segundo que se arrastava sem respostas. Presa dentro daquela mansão luxuosa, cercada por muros altos e guardas vigilantes, ela se sentia como um pássaro enjaulado enquanto sua amiga poderia estar sofrendo nas mãos de quem a levou.Kael não aliviava sua vigilância. Pelo contrário, reforçava a segurança a cada dia, dobrando os guardas, restringindo ainda mais sua liberdade. Mas tudo isso apenas alimentava sua frustração.Lia, sentada na beira da cama, observava Ivy com paciência.“ Você precisa confiar em Kael, Ivy. Ele está fazendo tudo o que pode.”Ivy bufou, levantando-se bruscamente.“ Mas não é o suficiente! “ exclamou, seus olhos brilhando de fúria. “ Eu não posso simplesmente ficar aqui esperando enquanto Nina está lá fora! Eu vou procurá-la.”Lia suspirou, cruzando os braços.“ Você sabe que ele não vai permitir.”“ E desde