O vento frio cortava o rosto de Ivy como pequenas lâminas enquanto Kael disparava pela floresta em sua forma de lobo. Seu lobo era gigante, quase do tamanho de um cavado, com pelos negro e espesso era quente sob os dedos dela, mas o calor não chegava a afastar o gelo que se instalara em seu peito. Seu coração martelava em um ritmo frenético, a respiração entrecortada pela dor que rasgava seu interior.
A cena da captura de Nina se repetia incessantemente em sua mente: os vultos emergindo das sombras, os olhos cruéis brilhando no escuro, os gritos abafados por mãos impiedosas. Ivy se debatera, tentara lutar, mas fora inútil. Ela falhara.
Uma lágrima quente escorreu pelo seu rosto e caiu sobre o pelo de Kael. Ele rosnou baixinho em resposta, e ela soube que ele sentia sua dor. Mas também sentia outra coisa: fúria. Uma raiva avassaladora, brutal, quase sufocante. O jeito que seus m&ua
POV KAELKael sentia o peso da noite sobre seus ombros enquanto deixava Ivy na mansão. Dessa vez, ele sabia que ela não fugiria. A tragédia do sequestro de Nina havia sido um golpe forte demais para que Ivy tentasse escapar novamente. O lobo dentro dele ainda rugia de fúria, ressentido com a desobediência dela. Mas agora, sua prioridade era outra: encontrar Nina e, principalmente, descobrir o que significava o nome Stravos.Após deixar Ivy dentro da mansão e se trocar, Kael acelerou em sua moto pela estrada que levava ao centro da alcateia. O vento gelado da madrugada chicoteava seu rosto, mas ele não se importava. Seus pensamentos estavam um caos. O sobrenome Stravos parecia familiar, mas não conseguia se lembrar de onde o conhecia. Era uma lembrança antiga, enterrada em algum canto obscuro de sua mente. Algo que ele não deveria esquecer, mas que ainda estava fora de alcance.Assim que
POV IVYO tempo passava, e cada dia sem notícias de Nina era uma tortura para Ivy. O sentimento de impotência crescia a cada amanhecer, cada pôr do sol, cada segundo que se arrastava sem respostas. Presa dentro daquela mansão luxuosa, cercada por muros altos e guardas vigilantes, ela se sentia como um pássaro enjaulado enquanto sua amiga poderia estar sofrendo nas mãos de quem a levou.Kael não aliviava sua vigilância. Pelo contrário, reforçava a segurança a cada dia, dobrando os guardas, restringindo ainda mais sua liberdade. Mas tudo isso apenas alimentava sua frustração.Lia, sentada na beira da cama, observava Ivy com paciência.“ Você precisa confiar em Kael, Ivy. Ele está fazendo tudo o que pode.”Ivy bufou, levantando-se bruscamente.“ Mas não é o suficiente! “ exclamou, seus olhos brilhando de fúria. “ Eu não posso simplesmente ficar aqui esperando enquanto Nina está lá fora! Eu vou procurá-la.”Lia suspirou, cruzando os braços.“ Você sabe que ele não vai permitir.”“ E desde
POV IVYIvy Delacroix passou a vida aprendendo a lutar. Não com os punhos, mas com a resistência de quem enfrenta o mundo sozinha desde sempre. Órfã desde os seis anos, cresceu saltando de um lar temporário para outro, acumulando memórias amargas de rejeição e negligência. A cada mudança, ela construía paredes mais altas ao seu redor, aprendendo que depender de alguém só trazia dor.Agora, aos 25 anos, Ivy tinha poucas coisas que chamava de suas. Seu pequeno apartamento com paredes finas e móveis usados. Um emprego como garçonete em um restaurante simples durante a semana e, ocasionalmente, extras em festas luxuosas para pagar o aluguel atrasado. E, claro, os pesadelos que a acompanhavam desde a infância, lembranças fragmentadas de uma noite que roubou seus pais e a deixou sozinha no mundo.Fisicamente, Ivy era uma combinação de suavidade e força. Cabelos castanho-escuros ondulados que chegavam à altura dos ombros, quase sempre presos em um coque bagunçado, olhos cinzentos que carrega
A noite parecia se arrastar para Ivy. O salão, cheio de risadas artificiais e olhares julgadores, era sufocante. Cada passo que dava carregando a bandeja parecia um teste de equilíbrio e nervos. E então aconteceu.Um tropeço. Um deslize mínimo, mas suficiente para que a bandeja escorregasse de suas mãos, derrubando as taças de cristal em um estrondo alto e devastador.O som ecoou pelo salão como um alarme, cortando o burburinho das conversas. Todos os olhares se voltaram para ela. Ivy sentiu o rosto queimar, como se mil refletores estivessem focados em sua humilhação. Ela engoliu em seco, paralisada por um instante, antes de se agachar para recolher os cacos.Mas antes que seus dedos alcançassem o primeiro pedaço de vidro, ele estava lá.O homem que ela havia visto perto da lareira mais cedo. O mesmo que parecia ter cravado seu olhar nela, deixando-a em um misto de fascinação e medo. Ele estava ajoelhado ao seu lado, suas mãos grandes e firmes movendo-se com uma precisão desconcertant
POV IVYIvy se movia pelas bordas do salão, carregando uma bandeja de bebidas com cuidado para não derrubar nada. Sua estratégia era clara: manter-se invisível. Os vestidos brilhantes, as conversas cheias de risadas artificiais e o cheiro opulento de perfumes caros faziam-na sentir como se estivesse em um mundo ao qual não pertencia.O som abafado da música e das conversas parecia envolver o salão em uma bolha. Ivy respirou fundo, tentando ignorar o desconforto que crescia dentro dela. Tudo o que precisava fazer era terminar o turno, pegar seu pagamento e voltar para a sua vida simples e previsível.Mas então, ela o viu.Ele estava de pé próximo à lareira, segurando um copo de uísque com uma mão enquanto observava a sala com uma intensidade que parecia palpável. O homem exalava uma aura perigosa, como se pertencesse a outro mundo. Seu terno preto impecável moldava seu corpo poderoso, destacando ombros largos e uma postura que demandava respeito sem esforço.Ivy parou no meio do caminh
POV IVYIvy chegou em casa bem depois da meia-noite, exausta fisicamente, mas com a mente em um turbilhão. Ela jogou a bolsa em um canto do pequeno apartamento e foi direto para a cozinha, onde abriu a geladeira em busca de qualquer coisa que pudesse distraí-la. Tudo o que encontrou foi uma garrafa de água e algumas sobras de comida da noite anterior.Ela suspirou, fechando a geladeira com mais força do que o necessário. "Quem ele pensa que é?" A frase ecoava em sua mente como um disco arranhado. Aquele homem misterioso, com sua postura imponente e olhar ardente, parecia estar gravado em sua memória contra a sua vontade.De repente, o som de uma notificação no celular a tirou de seus devaneios. Era uma mensagem de Nina, sua melhor amiga.Nina: "Tá acordada? Quero saber tudo sobre esse trabalho extra que te fez cancelar nossa noite de pizza e filmes!"Ivy sorriu pela primeira vez em horas. Nina sempre conseguia arrancar uma reação positiva dela, mesmo nos piores dias.Flashback: Como I
Ivy andou pela sala do pequeno apartamento, os braços cruzados, como se tentasse se segurar. Seu coração ainda estava acelerado, e a sensação dos lábios dele nos seus continuava a assombrá-la. Era como se o beijo tivesse deixado uma marca invisível que queimava cada vez que ela pensava nisso – o que era constante."Isso é loucura," murmurou para si mesma, jogando-se no sofá. Tentou se concentrar em qualquer outra coisa: no som distante de buzinas na rua, na televisão desligada, até mesmo no estalo leve do cano do aquecedor. Mas nada abafava as lembranças daquela noite.Raiva e atração se misturavam de maneira desconfortável dentro dela. Ele a havia beijado sem permissão, a puxado para aquele momento de pura intensidade... e ela havia correspondido. "Por quê?" pensou, a irritação consigo mesma crescendo. Ela não era o tipo de pessoa que se deixava levar por impulsos, muito menos por estranhos que a perseguiam pelas ruas. Até mesmo seus antigos namorados ela não se permitia assim.Seu t
POV KAELKael andava de um lado para o outro no pequeno escritório improvisado em sua casa, cada passo ecoando a raiva contida que parecia prestes a explodir. Seus punhos estavam cerrados, os músculos tensionados, e sua mente era um campo de batalha. O cheiro dela ainda pairava no ar, doce e inebriante, como uma lembrança cruel que Orion se recusava a deixar ir. A sensação do doce do seu beijo, a força primitiva desesperada para reivindica-la, descendo direto para minha ereção apenas de lembrar."Você é fraco," ele rosnou para si mesmo, chutando uma cadeira no caminho. A madeira se arrastou pelo chão com um rangido, mas ele mal percebeu. O ódio fervia em suas veias – ódio por si mesmo, por Orion, por aquela mulher.Mas era mentira. Ele não a odiava. Não conseguia."Orion!" Kael gritou para dentro de si, tentando forçar o lobo a responder. "Você cedeu a ela! Me fez ceder!"A risada baixa e gutural do lobo reverberou em sua mente, carregada de um tom provocador."Eu não te fiz nada," re