Aeminium, no final do verão, o tempo é imprevisível, frequentemente com chuvas repentinas. Mateus teve azar, justo quando chegou à meia encosta, desabou um toró. Aline também havia se ajoelhado sob uma chuva torrencial, avançando aos poucos com profundas reverências, suplicando por seu perdão. Eventualmente, ele a perdoou. Talvez, apenas uma prece sincera pudesse realmente tornar os desejos realidade. Talvez os Budas realmente possam ouvir. Assim fez Mateus, subindo a montanha ajoelhado, passo a passo. ...No templo da Montanha da Tinta. Um jovem monge, apressado, quase esbarra no Mestre Xuan Kong. - Por que essa pressa? - perguntou o Mestre.- Mestre, acabo de ver uma pessoa subindo a montanha de joelhos sob a grande chuva. Ele parecia muito desesperado, então tentei consolá-lo um pouco. Mas ele não quis ir embora, e com essa chuva forte, se algo acontecer logo na entrada do templo, será terrível... - explicou o monge.Mestre Xuan Kong franzindo a testa:- Pegue um guarda-chu
No livro de orações que Mateus abriu, estava escrito "Mateus" por todas as páginas. Se isso fosse uma coincidência, as páginas seguintes todas escritas com "Julieta" definitivamente não eram. Não poderiam existir tantas coincidências assim no mundo.Mestre Xuan Kong também viu e por um momento ficou perplexo, então disse:- Eu peguei o livro errado, este já está cheio. Vou pegar um novo para você.Ele estava prestes a pegar o livro de volta.Mateus segurou firme:- A pessoa que escreveu neste livro, seu nome é Aline?Mestre Xuan Kong hesitou, olhando para ele:- Você conhece a pessoa que escreveu neste livro?- Sim, esta é a caligrafia dela, eu não me engano.Mestre Xuan Kong acenou com a cabeça:- Entendi, a pessoa por quem você está pedindo, está relacionada a ela, certo?- Sim.- Lembro-me bem dessa moça, ela subiu a montanha no mesmo estado que você, quase anoitecendo. Ela parecia muito desesperada e sem ajuda, então eu falei algumas palavras para confortá-la, e ela passou muito
Mesmo um vislumbre de alguém que remotamente lembrasse Aline era suficiente para distrair Mateus completamente....Após a partida de Aline.Na Vila Panorama Real, Julieta sempre estava sentada na entrada da mansão abraçando seu boneco Patrick Estrela, com Batata, o gato, agachado ao seu lado, ambos esperando por Aline voltar.O cozinheiro Sr. Pietro dizia que só com a barriga cheia ela teria energia para esperar pela mãe. Por isso, Julieta comia bem, dormia bem, e era excepcionalmente obediente. Ela temia que, se não se comportasse, sua mãe nunca mais voltaria.Antônia visitava Julieta e trazia muitos brinquedos para ela. Mas Julieta sempre perguntava:- Madrinha Antônia, minha mãe falou com você? Ela era sua melhor amiga.Cada vez que isso acontecia, Antônia sentia uma dor imensa. Ela não tinha coragem de dizer a Julieta que Aline... talvez nunca voltasse.Naquela grande mansão da Vila Panorama Real, pai e filha se enfrentavam, mas nenhum deles mencionava Aline.Julieta sabia que
Câncer de Pulmão?Sr. Marcelo e o Dr. Fábio ficaram surpresos.- Você fez uma biópsia? - perguntou Dr. Fábio.- Não, eu tinha um trauma torácico grave, não podia fazer biópsia, só tirei raios-X. O médico disse que meu pulmão estava muito mal e recomendou que eu ficasse para mais exames e tratamento, mas... eu tinha outras coisas para resolver e saí do hospital. - Aline balançou a cabeça.- Então vamos fazer novos exames de imagem agora, e se necessário, uma biópsia para confirmar o diagnóstico.Aline não respondeu, seu olhar vazio e sem vida era como um abismo tranquilo.Marcelo olhou para Aline:- Aline, não importa o que você tenha, farei tudo para ajudar, mas se você não quer mais viver, se perdeu a vontade de lutar, ninguém pode ajudar. O câncer de pulmão é tratável, mas se você deseja a morte, nem Deus pode intervir.- Sr. Marcelo, obrigada por me salvar, mas não vejo mais razão para viver...- Viver é a razão. Aline, você está apenas perdida agora, você é jovem e sua vida tem inf
Marcelo segurou firme sua bengala, pensativo por alguns segundos, antes de dizer:- Se a Clínica Mayo em País M puder tratá-la, Aline, posso enviá-la para lá.- Sr. Marcelo, eu não tenho nenhum vínculo com você, por que você é tão bom para mim? Eu... - Aline já tinha os olhos marejados.Marcelo sorriu levemente:- Eu não estou sendo bom sem razão. Embora eu goste de fazer boas ações, não é para qualquer um. A primeira vez que te vi, senti uma familiaridade inexplicável, talvez você se pareça com alguém que eu conheci. Além disso, você tem a idade da minha filha que perdi, o que inevitavelmente despertou minha compaixão.Pietro também sorriu, brincando:- Sr. Marcelo, você e Aline têm um destino tão ligado, por que não a adota como sua filha? Afinal, você já tem o hábito de adotar filhos e filhas por onde passa.- Você sabe, eu realmente considerei isso. Já tenho um filho adotivo e uma filha adotiva, por que não mais uma filha? - Marcelo respondeu, meio sério.Pietro sugeriu:- Aline, p
À noite, Marcelo retornou do hospital. Dentro da mansão Lopes, um delicioso aroma de comida se espalhava.- Que pratos Saulo pediu para a cozinha preparar? Está cheirando tão bem? - Marcelo perguntou enquanto entrava.Thaís, ouvindo a voz dele, rapidamente se levantou do sofá e correu para a entrada:- Pai, você voltou!Ela sorriu e enlaçou o braço de Marcelo.- Sr. Saulo disse que você estava de bom humor hoje, então ele mandou a cozinha preparar pratos extras.Marcelo deu um tapinha na mão dela:- Você também não vem para casa há um tempo, e hoje o Ivan também está aqui. Que tal vocês dois me fazerem companhia para beber um pouco?- Claro. Pai, você acha que eu emagreci recentemente?Thaís girou em frente a Marcelo assim que ele se sentou.- Você está se cansando demais com os negócios do grupo? Que tal tirar umas férias e deixar as questões internacionais para o Ivan por um tempo? Você poderia ir viajar, namorar... É culpa minha por te sobrecarregar tanto que você nem tem tempo par
...Após o jantar, Thaís levou uma bandeja de frutas para o escritório de Marcelo. Ele estava sentado à mesa, olhando uma antiga foto de sua esposa.- Pai, você está pensando na minha mãe novamente? - perguntou Thaís.- Sua mãe faleceu cedo, ela também tinha problemas pulmonares. Naquela época, a medicina não era tão avançada como hoje. Eu a levei por todo o mundo em busca de médicos famosos, mas nada pôde ser feito. Eventualmente, fiquei obcecado e não queria vê-la morrer, então pedi que o hospital mantivesse seus sinais vitais, o que só prolongou seu sofrimento. Aline me lembra muito sua mãe, e isso desperta meu instinto de compaixão. Thaís, finalmente compreendendo, olhou ao redor e seus olhos pousaram em um contrato sobre a mesa.Trata-se de um contrato de cooperação na cadeia de abastecimento.- Pai, realmente vamos colaborar com o Grupo SY? Alguns dos termos deles são bastante agressivos. Não vamos acabar prejudicados? - ela questionou, referindo-se a um contrato de parceria na
À noite, a cidade de S. Vitor estava em plena efervescência. Aeminium, ao norte, e a cidade de S. Vitor, ao sul, distavam enormemente um do outro, como dois mundos apartados.Aline estava junto à janela do quarto do hospital, abrindo-a para deixar entrar uma brisa noturna. Apenas um mês havia passado. No entanto, os eventos em Aeminium pareciam distantes como se fossem de uma vida passada. Muitas pessoas dizem que, após traumas psicológicos significativos, escolhem esquecer certos eventos. Mas por que ela se lembrava de tudo?Ela olhou para o reflexo de si mesma na janela e lentamente levantou a mão em direção ao seu pescoço vazio. Ali, sempre havia usado um colar de prata, do qual pendia um anel de prata.Ivan entrou no quarto com uma marmita térmica, notando a figura esguia de Aline perdida em pensamentos ao lado da janela. Ele tossiu levemente, cobrindo a boca com o punho para chamar sua atenção:- Srta. Aline, este é o jantar que o Sr. Marcelo me pediu para trazer. Foi prepar