Ao receber a ligação de Aline, Pedro ficou surpreso. Aline raramente tomava a iniciativa de ligar para ele.- Senhorita Aline, tão tarde, algo aconteceu? - perguntou ele.Nesse momento, Julieta já havia dormido. Aline, em pé ao lado da janela da varanda, disse:- Pedro, você poderia perguntar ao Senhor Mateus sobre aquilo que eu mencionei? Como ele está pensando a respeito?- Que coisa? - Pedro questionou.Aline não escondeu, falou abertamente:- Acompanhar-me para ver o Mar Sereno. Eu lhe contarei um segredo, um segredo que será de seu interesse.- Ok, vou perguntar. Assim que souber, te ligo.- Obrigada.Aos dezoito anos, Aline e Mateus comemoraram um aniversário juntos. Após soprar as velas e comer o bolo, ela fez três desejos. O primeiro era ver o amanhecer na praia do Mar Sereno com Mateus. O segundo, que sua mãe acordasse do coma. E o terceiro, casar-se com Mateus. Os desejos da juventude devem ser perseguidos, caso contrário, morrer sem realizá-los seria uma pena. O segund
O tom do Mateus era frio e severo. Assim que terminou de falar, desligou o telefone. Do outro lado, Pedro, segurando o celular, demorou um momento para processar a informação, antes de se apressar em ligar para Aline.- Amor, quem estava ligando essa hora da madrugada? - perguntou Fernanda, sua esposa, despertando ao lado dele.- Meu chefe.Fernanda franzia a testa, reclamando:- Não acredito, seu chefe ainda está nessa de correr atrás da namorada? Há quanto tempo isso já dura? Não é por nada, mas quanta lentidão, hein? Tanto tempo nessa e a garota ainda não deu o sim?Pedro suspirou, sem jeito:- Esses dois, brigas, silêncios, e eu no meio passando recados!- Pois é, seu chefe realmente enrola e é medroso. Pedir o número dela é tão difícil assim? Se eu encontrar seu chefe, vou ensinar-lhe uns truques de paquera! Ele até que é bonito e parece um bom partido, mas no fim das contas é um mudo!Pedro refletiu um pouco, discordando de Fernanda:- Quem dera ele fosse mudo, mas não, ele não
No Grupo SY, prédio número 1, na sala de reuniões.Mateus e Gustavo acabaram de terminar uma reunião com um parceiro. Assim que o parceiro saiu, Mateus recebeu uma mensagem de voz no WhatsApp.Eu não quero ir para a escola:[uma voz de cinco segundos] seguida por um emoji fofo de uma criança pulando feliz com uma mochila nas costas.Ao ver a mensagem, um sorriso involuntário surgiu nos lábios de Mateus.Gustavo se aproximou curioso:- De quem é a mensagem? É raro te ver sorrir. É da Aline?Ao mencionar Aline, a expressão de Mateus esfriou:- Não.Gustavo viu a tela do celular e leu o nome no WhatsApp:- Eu não quero ir para a escola? Não me diga que você tá envolvido com alguma estudante? Ela é maior de idade, pelo menos?Mateus lançou-lhe um olhar reprovador:- É apenas uma criança.- Ah? Você também não poupa as crianças?Gustavo o olhou como se estivesse olhando para um pervertido.Mateus, sem paciência, abriu a mensagem de voz, que reproduziu uma vozinha adorável:- Papai! Estou com
- Então eu vou te levar, mas se você não encontrar seu pai, vou chamar a polícia para te levar de volta para casa!- Ah! Obrigada, senhor motorista!Durante o caminho, Julieta estava muito animada. Ela imaginou a surpresa do pai ao vê-la, já que não tinha avisado que iria visitá-lo....Chegando à porta do Grupo Grupo SY, Julieta pagou a corrida, desceu do táxi com sua mochila e correu até a guarita.Ela olhou ao redor, um pouco perdida, e perguntou ao segurança:- Senhor, eu quero entrar para encontrar meu pai, mas este lugar é tão grande, com tantos prédios. Você sabe onde meu pai está?O segurança, sem ver ninguém da sua cabine, perguntou:- Quem está falando?Ao abrir a janela e olhar para os lados sem ver ninguém, Julieta, agarrada à janela, pediu:- Senhor, olhe para baixo. Estou aqui embaixo!O segurança, ao abaixar a cabeça, finalmente viu Julieta e exclamou surpreso:- Pequena, você me assustou!Julieta, com seus grandes olhos brilhantes, insistiu:- Senhor, você ainda não me
A primeira reação de Sara foi rir com desdém.- Criança, você sabe quem é a pessoa que está apontando?- Sei, é meu pai!Vendo a convicção no rosto dela, Sara ficou sem palavras.- Crianças que mentem...Rapidamente, o segurança alcançou-as.Sara ordenou:- Segurança, leve-a para fora. Ela está atrapalhando nosso trabalho!- Sim, sim, um segurança da entrada não prestou atenção, e ela entrou sem ser vista. Vou levá-la para fora agora!Enquanto o segurança estava arrastando Julieta para fora...Julieta, com sua voz doce, gritou:- Meu pai realmente está aqui! Eu não menti!Sara estava prestes a se virar para subir as escadas e procurar Francisco quando uma mensagem de Clara veio à sua mente:- Esse é o malditinho! Já tem seis anos!Sara se lembrou da foto no arquivo e franzir a testa abruptamente. Ela se virou para olhar novamente para a criança.Parecia... realmente ser aquele malditinho chamado Julieta!Ela chamou o segurança:- Espere!O segurança então soltou Julieta. Julieta correu
No Grupo Grupo SY, na sala de monitoramento, Aline e Antônia estavam freneticamente vasculhando as câmeras de segurança. Gustavo, ao compreender o que estava acontecendo, expressou sua preocupação:- Se Mateus descobrir, ele vai ficar uma fera com você!Antônia repreendeu Gustavo com uma cotovelada:- Agora não é a hora de culpar a Aline! Fique quieto um pouco!Na verdade, não era necessário Gustavo culpar ninguém. Se Julieta realmente se perdesse e não pudesse ser encontrada, não seria Mateus quem teria que se preocupar em repreendê-la, ela estaria tão consumida pela culpa que poderia considerar o suicídio.Apesar de suas palavras, Gustavo estava seriamente ajudando. Percebendo que elas estavam tendo dificuldades com as câmeras, ele sugeriu:- Vocês continuem procurando aqui. Eu vou falar com o segurança para ver se ele viu a Julieta.Cinco minutos depois, Gustavo voltou com notícias:- A Julieta realmente veio para cá, mas foi levada por uma mulher. Segundo a descrição do segurança
Sara sentiu que a situação estava ficando complicada, mas não podia ignorar a ligação de Francisco. Ignorá-la seria como admitir culpa de sequestro. Após hesitar por alguns segundos, ela atendeu com uma voz calma:- Alô, irmão?- Sara, onde você levou a filha da Aline? - a voz de Francisco era tensa.- Eu... eu não fiz nada! - tentou se defender Sara.- Para de mentir! Tudo foi visto claramente nas câmeras de segurança! Não faça besteiras! Onde você está?- Estou no Hospital de Ossonoba!...Aline e seu grupo correram para o hospital. Ao ver Aline, Julieta imediatamente se soltou de Sara e correu em sua direção.- Mamãe!Aline a abraçou fortemente, e todo o nervosismo sufocante se transformou em lágrimas.- Como você pôde sair sozinha? Eu estava quase enlouquecendo de preocupação! Graças a Deus te encontrei. Você está bem?As duas choraram juntas. Julieta, enquanto enxugava as lágrimas de Aline, pediu desculpas:- Mamãe, me desculpe, eu nunca mais vou sair correndo assim.- Desde que
Aline observava Julieta correndo alegremente para longe. Ela havia fantasiado essa cena várias vezes em sua mente e construído inúmeras defesas psicológicas. Mas, quando realmente aconteceu, a dor no peito era insuportável, quase sufocante. Seu coração parecia estar envolto em um saco plástico grosso e hermético, abafado, à beira da vertigem. Quando finalmente conseguiu um sopro de ar, era como se milhares de agulhas finas perfurassem o saco plástico, trazendo dor e desamparo.De repente, uma pequena figura bateu contra as pernas de Mateus. Julieta olhou para cima e perguntou: - Pai! Você veio me salvar? Ela envolveu suas pernas com as pequeninas mãos.Mateus então voltou a si. Olhou para baixo, para aquele rostinho adorável, incrédulo. Ele e Aline tinham mesmo uma filha. Julieta, percebendo o olhar complexo de Mateus, questionou, confusa:- Pai, por que você não fala? Ficou tão surpreso assim em me ver?Era isso, surpresa e alegria... Emoções reviradas.Ele observava cuidadosa