Quando Aline tinha dez anos, Maria foi empurrada escada abaixo por Gabriel e acabou em estado vegetativo.Durante o namoro com Aline, Mateus a acompanhou várias vezes para visitar Maria.Naquela época, Maria ainda não tinha acordado e nem estava neste sanatório.Esta era, na verdade, a primeira vez que Maria via Mateus pessoalmente.Ela se aproximou na sua cadeira de rodas elétrica, sorrindo:- É mesmo você, pensei que tinha chamado a pessoa errada.Ela tinha visto fotos de Mateus no celular de Aline.Mateus não respondeu.Maria perguntou:- Você veio aqui pra visitar alguém da família?- Sra. Maria, se nada acontecer eu vou embora primeiro.Sua resposta deixava claro que ele não queria papo.Mateus estava distante, sem nenhuma vontade de relembrar o passado.- Tenho uma coisa para te dar.Maria apressadamente tirou do bolso um anel de prata e entregou a ele.Mateus se surpreendeu:- Esse anel, como foi parar com você?Maria explicou com sinceridade:- Da última vez que Aline veio me v
Aline recebeu um telefonema de Pedro e correu para Vila Panorama Real.Ela já sabia a senha da Vila Panorama Real, mas, por cortesia, tocou a campainha primeiro.Quando a porta se abriu e Aline viu Fernando, os dois claramente se surpreenderam.Fernando foi o primeiro a reagir: - Senhorita... como você veio parar aqui, foi Mateus que pediu?Os olhos de Fernando brilharam de alegria.Ele pensou que Mateus finalmente tinha perdoado Aline.Rapidamente, ele a convidou para entrar: - Entra, tá um calorão lá fora.Fernando era tão caloroso quanto antes com ela.Entrando na casa, Aline se sentia culpada: - Fernando, eu já deixei a família Ribeiro, não precisa me chamar de senhorita.- Eu trabalho na casa dos Ribeiro desde antes de você nascer, vi você crescer. Naquela casa, só você era boa com a gente, sempre trazia bebidas geladas no verão. Lembro de uma vez que atrasei o governador Gabriel e ele quase me demitiu, mas você falou por mim.Aline sentiu ainda mais culpa: - Isso era pouca co
Aline, preparando ingredientes na cozinha, parou ao ouvir aquelas palavras.Antigamente, eles realmente tinham combinado de ver o mar, o mar de verão, o mar de inverno, o mar cor de laranja... Mas agora, as coisas não eram mais como antes.- Você se enganou, eu nunca disse isso.Mateus deixou essas palavras para trás e subiu para o escritório no segundo andar com um rosto frio.Aline olhou para a sua figura se afastando, meio atônita.Fernando tentou consolar Aline:- Senhorita, Mateus sempre foi teimoso, ele é duro na queda, não leve para o pessoal.Aline sorriu, sem jeito:- Fernando, não precisa se dar ao trabalho de nos juntar. Ele tem uma noiva agora, ele... ele não gosta mais de mim.- Noiva? Como assim, eu não sabia disso! Ele deve estar te enganando!Aline não queria aprofundar a questão.Não importava se Clara era ou não sua noiva, ela e ele não tinham mais possibilidades.Fernando era uma pessoa de coração claro e inteligente:- Senhorita, você e Mateus são tão inteligentes,
Aline sentiu suas pestanas tremerem.- Isso... Como esse anel foi parar com você? Eu tinha...- Você tinha jogado fora, certo? - Mateus sorriu friamente, com um tom de escárnio.- Onde você o encontrou?- Eu não tenho tempo para procurar um anel sem significado. Eu fui ao sanatório visitar um parente e encontrei sua mãe. Foi ela quem pediu para o zelador encontrá-lo.Mateus se virou e sentou-se novamente, jogando o anel na mesa com descaso.Como se fosse um pedaço de lixo.Aline disse:- Já que o Sr. Mateus acha que o anel não tem significado, eu o joguei fora. Tem algo de errado nisso?- Nada de errado. Agora saia e leve seu lixo com você.O homem fixou os olhos na tela do computador, sem olhar para ela.Sua voz estava fria, sem emoção.E o "lixo" a que ele se referia era o anel.Aline apertou o anel nas mãos e saiu do escritório.Mateus sentou-se à mesa, segurando uma caneta.No momento em que Aline fechou a porta, ele quebrou a caneta sem expressão no rosto.Seus olhos estavam escur
Aline, com os olhos arregalados, olhou ao redor. O céu estava escuro, e a entrada da pequena vila parecia apertada.- Onde estamos? O que estamos fazendo aqui?Mateus instruiu:- Fique no carro, eu e Pedro vamos cuidar de algo.Quando Mateus e Pedro desceram do carro e caminharam para a vila, Aline se debruçou na janela, observando-os. Ela sentiu um mau pressentimento. Mateus disse que estava em viagem de negócios, mas eles estavam em uma vila remota e pouco habitada.O telefone de Mateus estava no carro. Preocupada, Aline pegou o celular e saiu do carro, seguindo-os.…Mateus e Pedro caminharam até o final da vila, até a casa de um homem chamado Dante Pacheco.- Sr. Mateus, é aqui. Dante Pacheco mora nesta casa.Mateus bateu na porta e de repente ouviram sons de luta lá dentro.Aline chegou ofegante à porta:- Mateus, seu celular...A porta se abriu abruptamente, e uma faca brilhante e afiada cortou a noite, mirando em Mateus!- Cuidado!Aline correu na frente dele, bloqueando o gol
- Na verdade... Julieta...Aline estava prestes a revelar que Julieta era filha dele quando Mateus pressionou um pano limpo contra o peito dela, sangrando profusamente, e disse com raiva:- Se cale! Aline, escute, estamos quase no hospital. Você não vai morrer! Agora, você precisa economizar energia e manter a consciência!Aline franziu a testa de dor.Mateus segurou firme a mão dela, ameaçando:- Aline, preste atenção, eu ainda não te perdoei. O que você me deve, você tem que pagar pessoalmente! Morrer é a maneira mais fácil e confortável de se redimir. Eu não vou permitir que você use a morte como forma de redenção! Seria fácil demais para você!- Esta facada que levei por você pode ser a compensação pela facada que você sofreu na prisão. Mas... Mateus, eu posso não ter a mesma sorte de sobreviver. Prometa-me que, mesmo que... mesmo que eu morra, e você descubra certas coisas, não me culpe, não me odeie mais. Eu... Eu queria que você... começasse de novo...Antes que ela pudesse term
Pedro nunca tinha visto Mateus tão contraditório.Parecia que as crenças firmes que ele tinha eram abaladas subitamente por Aline.A facada que ela levou por ele aquela noite foi suficiente para desmoronar a fortaleza inabalável em seu coração....Aline teve um sonho longo, como se estivesse em um pântano.Quanto mais ela lutava, mais afundava.A dor em seu peito era surda e irreal.Ela se viu envolta em uma luz branca brilhante.Atrás dela, Julieta gritava: - Mãe! Não vá!Ela se virou instintivamente.Julieta correu em sua direção, mas passou através do corpo de Aline como se ela não pudesse vê-la.Ela olhou para baixo, para seu próprio corpo, que gradualmente se tornava transparente...Na sala de cirurgia, um alarme soou:- Não está bom! A pressão arterial da paciente caiu para quarenta!...Ela estava morrendo?Mas ainda havia tantas coisas que ela não havia feito.No aniversário que Julieta e Antônia prepararam para ela, ela fez três desejos:Esperava que Mateus deixasse o ódio p
Depois da cirurgia, Aline passou o dia inteiro em coma.Ela só acordou na madrugada do dia seguinte.Mateus estava debruçado ao lado da cama, parecendo estar dormindo.Esquecendo-se de suas feridas, Aline tentou se levantar para pegar o cobertor ao lado. O movimento causou dor na ferida do seu peito esquerdo, fazendo-a gemer baixinho.Mateus, que não estava dormindo profundamente, acordou imediatamente. Ele a empurrou de volta para a cama e disse com um franzir de testa:- Não se mexa.- Você ficou aqui comigo o tempo todo?Ele negou prontamente:- Não, foi Pedro quem cuidou de você.Ela se perguntou se isso era verdade. Ele parecia cansado, com olheiras, diferente de antes.Mateus entregou o celular dela:- Seu telefone não parou de tocar enquanto você estava desacordada. Eu atendi por você.Será que foi Julieta quem ligou?O coração de Aline ficou apreensivo:- Quem... quem ligou?- Foi sua amiga, Antônia. Eu contei a ela sobre o seu acidente.Aline suspirou aliviada interiormente,