Marco Cesare Olho meu reflexo no espelho, secando meu cabelo com uma toalha branca pequena, desço por meu pescoço até o ombro, paro com a mão em cima da cicatriz do tiro que Magno me deu, o projétil atingiu as costas, mas saiu no ombro: o tiro da traição. Tive sorte! Já se passaram algumas semanas que estou nesse hospital, me sinto bem, mas os médicos precisam ter todas as certezas necessárias, não discuto isso, quero viver anos com a Clara. Submeto-me a todos os tratamentos e obedeço os especialistas para sair desse inferno. Estou cansado de ver minha mulher dormindo em uma poltrona, aliás, estou cansado por vê-la sem dormir, horas e horas trabalhando em um computador. Quando não é isso, dorme um pouco enquanto estou acordado, Clara tem medo que me matem pelo tempo que passo nesse lugar. Esse é meu maior incentivo de sair daqui para que ela respire e relaxe. Matou o assassino do pai, o homem que tentou tirar a minha vida, e ainda me salvou, quase acabou morrendo fazendo isso. Mesm
Clara Tommaso Após a alta de Marco, tivemos um contratempo, pois acabo desmaiando e revelando a ele o quanto estou fraca, mas o importante é que estamos em casa. Desço do carro feliz por finalmente chegar ao meu lar. Sou surpreendida por Marco, com um de seus braços em minhas costas e o outro nas minhas pernas, levantando-me. Sorrio, confusa: — Enlouqueceu? — Louco sempre fui por você! Pensou que eu esqueceria a nossa tradição? Vou cruzar a porta com minha linda esposa nos braços, protegendo-a de espíritos malignos. — Óbvio que vai, me fez casar de véu em uma igreja, usar algo branco, algo azul, uma coisa velha, uma nova, um presente e ainda escolheu o buquê. Tão italiano para um norte-americano. Essa ideia partiu de você, ou foi exigência do meu pai? — Conhece seu pai ao ponto de descobrir nosso segredo. Embora nosso casamento tenha sido pedido de Tommaso, eu gostei de manter a tradição italiana, porque costuma ser assim também no meu país. Outro detalhe: tivemos o azar do me
Clara Tommaso Ele abre o zíper da calça jeans e abaixa junto da cueca, enquanto tira o pé, atrapalha-se e quase cai, e eu gargalho. O olhar dele semicerra, morde a parte interna da bochecha e faz um beicinho lindo. Assim que se livra da calça, eu debocho: — Isso não foi nada sexy, Chefão! — Não era para ser, sua safada! — Endireita a coluna e caminha até parar na minha frente, a ereção de Marco me deixa com água na boca, a ansiedade corrói meus ossos. — Sabe o que quero fazer? — Com os lábios tão próximos dos meus, ele provoca e morde o meu lábio inferior. — O que deseja? — Vou te dar prazer em frente a esse espelho, quero que veja como seu corpo reage sobre minhas carícias e nosso encaixe. — Sim, faça o que quiser… Com os olhos presos aos meus, Marco alisa meu cabelo e analisa cada detalhe do meu rosto, deixa beijos na minha mandíbula e desce com chupões por meu pescoço, minha pele arrepia diante do seu carinho. Levo minhas mãos aos braços dele e deslizo gradualmente até o
Clara Tommaso— Vai me contar quem é esse homem, ou se fechará? — Marco chama a minha atenção e ao ouvir a voz dele, um choque me desperta, pois agora eu me dou conta do que está em jogo. — É difícil, e agora ele virá atrás de você — respondo.— Me conte tudo, Clara, como o conheceu, como ele é, se vou lutar com um homem que te abala assim, então preciso ter estratégias necessárias para acabar com ele. — Não sabe o quanto é confuso e perigoso, o que esse homem pode te fazer… — Prefere me manter no escuro? — Ele se aproxima e segura minhas mãos, aperta e procura meu olhar: — Olhe para mim, seja quem ele for, não é maior que nosso amor, ou é? Só de lembrar o quanto Jack me marcou negativamente, fecho os olhos e volto a Londres, as dores que me causou sobre tortura, e a pior: aborto forçado, que quase me matou. — Abra os olhos e diga que venceremos isso juntos! — Ele agora sacode meus ombros, abro os olhos e deixo lágrimas caírem, toda a dor está em grande escala. — Sinto muito. —
Marco Cesare Assim que ela joga aquelas palavras para mim, levanto e ando por todo o quarto, buscando compreender essa merda. Não sou um babaca, nunca faria mal a Clara, ainda mais se soubesse que ela estava grávida. Ela fala, mas está tão distante, que sua voz se torna um burburinho, entra em um ouvido e sai pelo outro. Volto para a realidade quando interroga: — Entende? — Se entendo o quê? — esbravejo. — Marco… — Levanta e tenta se aproximar, mas me afasto. — Eu não sou ele! — Não é mesmo, e nunca disse nada dessa natureza. — Insinuou quando falou que não queria passar por isso de novo. Eu não machucaria você, Clara. — Não é isso, são os riscos que enfrentamos, não quero ser vulnerável novamente, por favor, me entenda. — Sempre sonhei em ser pai, formar uma família! — Sou sua família, Stella será sua filha. — Ela não é minha filha de sangue! — vocifero. — Será nossa filha, cuidaremos e educaremos ela, Marco. Me escute, por favor. — Quer dizer que pode criar outra
Clara Tommaso Marco e Eric combinaram de fazer um baile de máscaras, ele só me avisou ontem, então passei o dia preparando-me para esse evento. Desço a escada principal e encontro Eric com um copo de uísque na mão e um sorriso cínico no rosto, a gravata borboleta está aberta, aproximo-me e levo as mãos ao pescoço dele, ajustando. Afasta o copo da boca e diz: — Você está linda essa noite… — Assim como você, o preto lhe cai bem, aliás o preto cai muito bem na sua família. Cadê seu primo? — Já tem pessoas chegando, ele foi verificar a segurança, sei o quanto essa festa te assusta, mas ninguém tocará em você enquanto eu estiver aqui. — Sabe que não me importo em viver ou morrer, apenas me importo com Marco. — Afasto-me de Eric e acaricio o rosto dele. — És o irmão que eu nunca tive, anjo da morte! — Esse é seu jeito de demonstrar amor por mim? Me apelidando de morte? Que coisa feia! — Dou um tapa no braço dele, que logo sorri e me abraça. — Serei sempre o que precisar que eu sej
Marco Cesare — Eu disse que esconder isso de Clara seria pior! — Eric joga na minha cara a pior burrada que fiz na noite. — Não está ajudando ao dizer isso. — Realmente não é para ajudar, olha a merda dessa noite, eu não devia ter concordado com isso! — É mesmo? Você quase falou na sala quando cheguei e o vi, acha que não sei, ou que não vejo? — O quê? — Você é um invejoso, quer a minha mulher! — Empurro Eric para longe, completamente explodindo de raiva. — Negue! — Consegue se ouvir? — Eric me empurra, e noto que passei dos limites. — Nunca vi Clara dessa forma, ela é como uma irmã para mim! — Preciso vê-la, tentar consertar essa merda! Passo por ele, que segura meu braço e afirma: — Estou indo embora para os Estados Unidos amanhã, não precisa de mim aqui, e se pensou que em algum momento eu queria sua mulher, me mostrou seu nível de confiança, não sou o Magno! — Estou estressado… — Seguro os ombros do meu primo, falei coisas que feriram ele e Clara. — Sinto muito, n
Clara Tommaso Acordo assustada quando me jogam um balde de água, tento me mexer, mas estou em pé com os pulsos presos em algemas no telhado. Minha cabeça está doendo um pouco, vejo a silhueta de alguém, forço minha visão turva a observar bem, são duas pessoas: Jack e Valentina. — Good Morning, babygirl! — Jack sorri e segura meu queixo, deixa um leve beijo em meus lábios. — Estou cansado de falar no seu idioma, pombinha, o italiano é chato. — Se me beijar de novo, arrancarei um dos seus lábios com os dentes! — Ainda continua selvagem? Isso é uma prova que seu corpo adorou o que ensinei em Londres, e seus lábios continuam macios como sempre, e sua pele tão linda… comprei uma camisola vermelha, já que me disseram o quanto gostava dessa cor e ao te ver quase nua agora, confirmo que realmente cai muito bem em você. — Cadê meu filho, Jack? — Nossa, acreditou mesmo na criança? — Alisa minha bochecha e sorri. — Jasper era apenas um garotinho que peguei no orfanato, aliás, ele não se