Um garoto de uns dez anos, veio correndo em direção á eles.
Magrelo, espichado,com cotovelos finos e compridos, um cabelo claro e espetado, um sorriso enorme de dentes grandes, olhos claros e grandes para o tamanho do rosto, os interpelou:
- Que o dia de vocês seja ótimo. Como foi o Fulgot, Aloy, quem é ela? - Sem esperar uma resposta, virou-se para Frizzat. - Frizzat, ela vai morar aqui conosco, onde vai morar?
- Qual pergunta quer que respondamos primeiro, Magú? - Aloy o puxou, bagunçando seus cabelos.
- Me deixe, Aloy, quem é ela?
- Essa é Lacantra, Magú. Essa jovem vai morar com a gente, mas ainda não sabemos onde ficará - Respondeu Frizzat com um sorriso genuíno para o garoto, diferente do arrogante que a jovem estava acostumada.
- Ah, então você é a sonhadora? - Ele agora pulava ao lado de Lacantra, animado e seus
Deitada, começou a ler um pouco sobre a história de Pief e descobriu coisas que nem imaginava. Na verdade não conhecia muito sobre a tribo. Ali dizia que tinham quinhentos e vinte e sete moradores, mas estava desatualizada. Pief tinha atualmente mais que o dobro do que dizia o pergaminho.Era a tribo que mais tinha pessoas nos arredores. Esse era um dos motivos de ela não entender ter sido alocada ali e nem fora substituída por um ou mais em Pua.Pief era convocada em diversos confrontos, principalmente contra Brucks.Eram mais devotos de Rafo que em Pua. Em tudo davam graças á Rafo, ela percebeu. Até imagens dele estavam espalhadas por toda tribo. Nora agradeceu o alimento que comeram, fechou os olhos e fez uma prece de agradecimento antes.Os pergaminhos que lia, pregava e faziam menções à adoração.Menções tamb&eacut
- Estou bem, Magú. Já vou cumprimentar seu pai em um instante.Reilo era tão agradável quanto sua esposa e seus filhos.Fazia diversos trabalhos em Pief, era muito solicitado para ajudar desde pequenas melhorias, como em consertos das choupanas. Viajava sempre com os Cândalos na caça e Magú havia puxado o pai no quesito falante.Na alimentação do meio do dia, ele procurava estar em casa se não estivesse longe, voltava para se alimentar com a família.Lacantra se alimentava com eles, aliviada por poder não pensar mais em sua visagem.- Você deve ter conhecido Aloy - Falava Reilo que comia um pedaço suculento de ave com Sila em uma das pernas. Dava-lhe pedaços da ave após assoprar.Reilo era
Lacantra passou os dias na casa da família solicíta que a acolhera em Pief. Conheceu dezenas de pessoas e foi convidada a morar com muitas, mas se sentia bem onde estava.A festa a qual fora convidada por Sassa, foi algo diferente. Faziam semanalmente um encontro onde todos apareciam, cantavam, dançavam. Uma grande fogueira era feita no início da noite e era sustentada ao longo da festa. Crianças, jovens, idosos, todos se divertiam.Aloy compareceu e logo se postou ao lado da jovem. Perguntou se estava se adaptando à tribo e por mais que o quisesse ignorar, acabou dividindo uma bebida com ele, muito comum ali, mas extremamente forte.- Não sente frio na cabeça, agora? - Questionou-a o rapaz quando a festa já ia alta. - Me dá a impressão que a pele do seu couro cabeludo está vermelha e gelada - Disse passando a mão em seu topo da cabeç
Em silêncio, ambos de costas um para o outro, ela tentando não se mexer após ter se coberto até o queixo, ouviam a matriarca se movendo pelo seu quarto. Parecia estar fazendo uma prece. Ela era bem devota e fazia orações mesmo quando estava na presença de alguém e só quando a senhora entrou no anexo em que estavam deitados, que a garota percebeu que não havia lhe desejado uma noite boa. Pôs se de pé em um pulo e com uma mão em punho sobre o coração, lhe desejou uma noite boa, com a cabeça baixa.- Que a de vocês também seja boa, meus filhos. Aloy, viu Frizzat hoje?Ele se sentou, quase encostando em Lacantra, que diminuiu o espaço entre os dois, se chegando mais para a beirada do manto.- Eu o vi ontem, mãe. Disse-lhe que viria para cá e ele pediu que dissesse que tentará vir antes que a lua co
- Você foi muito bem - Aloy a acompanhava próximo a cerca, dando-lhe um copo com chá quente.Sheraty e Sácia tomavam conta da situação com Zoey. Cuidavam dela e da bebê.O dia começava, o sol aparecia ao longe, e o rapaz tinha uma das crianças adormecida nos braços. Um manto jogado sobre o corpinho cansado que passara a noite preocupado com a mãe.- Fiz algo para todos se alimentarem, quer que te prepare algo? vou deitar Narra com os irmãos.Lacantra não respondeu. Estava imersa em pensamentos. Não entendia como conseguira fazer aquilo. Como teve sangue frio diante da situação.Sácia a chamou por três vezes antes que ela escutasse.- Vamos entrar, Zoey quer falar com você.Com um braço sobre seu ombro, acompanhou a moça até o quarto.Zoey parecia estar menos ab
Essa foi a maior conversa que tiveram na primeira semana em que Lacantra esteve em sua morada.Em seu último dia lá, Sácia a buscou ao fim da tarde, mesmo ela dizendo que conseguiria chegar em Pief sozinha. A líder insistiu em acompanhá-la.Magú a abraçou forte, quase a quebrando ao meio tão logo ela pisou na porteira da tribo. Seus pais e sua irmãzinha também ficaram felizes com a chegada da nova membro da família.- Parece que está maior, Magú, e Sila também, venha cá bebê linda.Ela chegou em um dia em que todos se encontravam, era chamado de festa semanal. Sassa e Aloy dançavam quando ela se aproximou da fogueira, e ele a percebeu ali.O rapaz não a cumprimentou nem falou com ela. Isso a deixou chateada, mas ela não entendia o motivo. Procurou evitá-lo durante o evento, conversou com a maioria
Os dias passaram com uma Lacantra desanimada. Nora e as crianças preenchiam seus dias e isso a ajudava a não pensar tanto em Aloy e sua conversa. Estava treinando o que mãe Shetary lhe ensinara. Aplicava diariamente seu ensinamento quando pensava na família e na conversa com Aloy, e assim iam passando os dias.Pensava muito no que Nora havia dito e talvez tivesse sido isso, ele a atacara verbalmente por ter sido ferido por ela e por tantas outras situações em sua vida. Mas ela se manteria afastada e não pediria perdão por tê-lo esbofeteado.Tirava um tempo todos os dias antes da última refeição para brincar com Magú e Sila. Nora e Sassa estavam sendo suas melhores amigas e Nana, uma linda jovem que sempre estava na morada de Sassa ou no Galpão, também se aproximava de Lacantra.Ela era alegre e sempre os fazia rir. Em Pief, a vida seguia com ela
Ficaram mais de uma hora em cima da árvore.Os seis renegados não estavam com pressa de irem embora. Nadavam, bebiam, nadavam novamente. Lacantra estava mais embaixo, em um galho distante do chão mas seus amigos estavam há uns dois metros de distância dela. O corpo enrijecido da posição, mantinham-se calados. Os bêbados abaixo, tinham espadas que brilhavam a luz do sol, descansando apoiadas no chão, mas nunca longe deles.- Claro que nunca pensei em atacar a velha anciã - Dizia um dos renegados e a voz chegava claramente até onde os amigos estavam. - Ela é uma bruxa, sabiam, sente sua presença antes mesmo de estar em sua frente. Pode lançar maldições, inclusive.- Sim, qual o motivo de morar sozinha tão afastada?- Dizia a mulher. - Ela é muito protegida, penso eu, não teme a nada e os Biús a protegem.<