Ficaram mais de uma hora em cima da árvore.
Os seis renegados não estavam com pressa de irem embora. Nadavam, bebiam, nadavam novamente. Lacantra estava mais embaixo, em um galho distante do chão mas seus amigos estavam há uns dois metros de distância dela. O corpo enrijecido da posição, mantinham-se calados. Os bêbados abaixo, tinham espadas que brilhavam a luz do sol, descansando apoiadas no chão, mas nunca longe deles.
- Claro que nunca pensei em atacar a velha anciã - Dizia um dos renegados e a voz chegava claramente até onde os amigos estavam. - Ela é uma bruxa, sabiam, sente sua presença antes mesmo de estar em sua frente. Pode lançar maldições, inclusive.
- Sim, qual o motivo de morar sozinha tão afastada?- Dizia a mulher. - Ela é muito protegida, penso eu, não teme a nada e os Biús a protegem.
<Dois dias depois, ela foi chamada por Frizzat.- Que sua tarde seja boa, Lacantra. Como tem passado?- Também a do senhor. Tenho passado bem. Anseio voltar para minha tribo, mas estou sendo bem tratada aqui e procurando fazer o que está ao meu alcance.Estavam na choupana onde ficavam as crianças no aprendizado. O lugar estava silencioso e quase vazio, apenas algumas mães andavam por ali.De pé e imponente à sua frente, vestido com um manto de ancião, verde nas cores de Pief, seu manto descia até quase encostar no chão. Sobreposto ao seu manto, uma fita verde escura, se destacava pendurada de seu pescoço e descendo até a altura da cintura. O símbolo de liderança.- Muito me agrada que esteja se sentindo bem. Chamei-a para que pudéssemos dar início ao seu treinamento com os Cândalos.Pelo visto ele soubera de seu
Cada um pensava na invasão dos sem tribos e em sua ameaça velada. Shetary não se juntou à eles nessa noite, devia estar digerindo o mesmo pensamento.Deitados lado a lado em silêncio, adormeceram.Muita terra. Terra vermelha e úmida. Lacantra e mais dezenas de pessoas cavavam um buraco que já estava fundo e largo. Suas mãos doíam e as unhas quebradas, estavam cheias de terra. Tinham pressa. Uma mulher ao seu lado, lhe passou um objeto ovalado com uma tampa de rosca e ela sorveu a água que continha repassando para a pessoa que estava ao seu lado para que bebessem também. Seus cabelos curtos, pouco acima dos ombros, eram de uma cor diferente e não natural, pareciam quase brancos. Estavam submersos por muitos metros dentro da terra como em um túnel, e na entrada do túnel, ela viu seu pai a lhe sorrir.Sua pressa não lhe permitiu se sentir envergonha
Correria e gritos se ouviam, Lacantra encontrou Nora e Reilo saindo da choupana. Sila chorava, tendo sido acordada pelos gritos. No colo do pai, foi passada para Magú que foi incubido de cuidar da irmã enquanto se juntariam aos moradores para enfrentar os sem tribos.- Lacantra, peça aos meus pais que me deixem ir com vocês - Magú a interceptara quando ela voltou ao seu quarto para pegar as armas. Ele segurava uma Sila que chorava cada vez mais frenética.- Magú, os sem tribos são perigosos precisamos de sua ajuda para cuidar de sua irmã e protegê-la, tudo bem, podemos contar com você? - Ela se abaixou á altura do amigo, massageou-lhe as bochechas com carinho. Ele deu de ombros e foi para o quarto, levando a irmã que ainda soluçava.Os sentinelas, cerca de cinquenta que rondavam Pief, deram o alerta e muitas pessoas agora estavam nas rua
Já havia passado mais de quatro meses que Lacantra estava em Pief e estava acostumada, já se sentia á vontade com tudo e todos. Seus cabelos eram uma mancha escurecendo sua cabeça, estava bem mais forte, os treinos ficavam cada vez mais puxados e por vezes, ela tinha que passar um emplastro de remédios pelo corpo para conseguir dormir a noite, seu corpo todo doía mas estava avançando, os músculos estavam visíveis e suas vestes foram alargadas. Treinava até por seis horas diárias. Treinava subir em árvores rapidamente e permanecer por horas parada em galhos finos. Cada dia tinha um treinamento novo e mais difícil.Sua amizade com Aloy, Sassa e muitos outros da tribo, estava mais forte e não acordava mais chorando no meio da madrugada estranhando onde estava e pensando em sua família. A dor ainda era pungente, mas aos poucos ia se amenizando. Continuava contand
A construção do túnel, bem como a armadilha na entrada de Pief, continuava a todo vapor. Um bruraco de mais de vinte metros de profundidade, com seis metros de largura, estava sendo cavado na entrada da tribo e seria tapado com gramas para esconder e camuflar o buraco. Qualquer um desavisado que chegasse a tribo, cairia e ficaria preso até que se soubesse se era um forasteiro e quais as intenções. Caso chegassem a tribo sem avisar, seriam investigados e renegados ao condado dos renegados e podiam passar o restante de suas vidas prisioneiros.Não avisaram sequer a qualquer outra tribo para não correrem o risco de a notícia se espalhar e os de má intenções saberem da armadilha. Alguns moradores de Pief, também não tinham conhecimento sobre as novas técnicas de seguranças e quando saíam, eram escoltados pelos guardiões para que evitass
Foram três dias em prol do objeto sonhado pela jovem.Encontraram as árvores Poça em muitos lugares. Nem precisaram andar muito, estavam por toda parte. Os jardineiros de Pief, pegaram mudas de Poça para plantarem em muitos lugares.Reuniam-se todos dias, cerca de quarenta ou cinquenta pessoas para discutirem a fabricação da arma. Pediram que Lacantra batizasse o “objeto” e ela o chamou de atirador.Fabricaram no segundo dia alguns modelos em diversos tamanhos, seguiam o desenho original e arcaico que a garota desenhou tão logo acordou. Inúmeros outros desenhos foram desenhados à partir do primeiro, mas sempre olhavam o original.Ranem, um senhor de cerca de quarenta anos, era o mestre dos Cândalos em Pief. Era um lutador ágil, que lhes treinava e os ensinava métodos de ataque, defesa, como utilizarem o Golpeador de forma mais eficaz. Ninguém
Ela foi ao encontro dos três quando percebeu que Frizzat falava e gesticulava ansioso, ficou curiosa por não ouvir e ao perceber que ela chegava, o líder virou-se para ela:- Que bom que está aqui, sonhadora, precisamos voltar imediatamente.- Por ser um líder, o senhor não acha que seja necessário respeitar-nos? - Ela odiava o apelido e mais ainda quando era lhe dirigido por ele. Ele ficou sem ação por uns segundos.- Não temos tempo para sua insolência agora, garota.- Me chamo Lacantra, senhor Frizzat. Leva o mesmo tempo me chamar pelo meu nome.Aloy baixou a cabeça constrangido, mas a anciã disse:- Lacantra, estamos com um problema que creio que você tem que ouvir. Vamos entrar. Aloy, prepare-nos um chá e junte-se a nós.- Sim, senhora - Respondeu o rapaz enquanto subiam para a morada.Sentaram-s
- Deixou o rapaz falando sozinho? - Questionou-a a senhora com um meio sorriso nos lábios, assim que a moça entrou.- O que tenho que fazer, mãe Shetary, começo com as penas, como a senhora pediu? - Ignorou a pergunta, queria esquecer aquele assunto.- Logo os Cândalos chegarão, se prepare para o treino.- Mas o que farei até lá?- Vá meditando, faça uma prece e peça á Rafo que a ajude a deixar de ser tão teimosa e cabeça dura.Lacantra corou mas não deu prosseguimento à conversa. Se pôs a arrumar as prateleiras de potes com fusões. Ficou nisso por duas horas, a senhora estava sentada, com as mãos juntas em um mantra de prece, olhos fechados e a jovem ficou a observá-la por uns minutos. Aloy não tinha entrado e ela não o tinha visto até ele entrar e começar a prepar