- Por que a teria visto?
Ela respondeu sem o olhar, não queria ele inserido na conversa. Não o queria ali.
- Você a conhece? - Lucca perguntou ao rapaz.
-Sim. Mãe Shetary é a pessoa mais inteligente que já conheci. Uma matriarca única.
- Minha mãe dizia que ela pode tanto abençoar, como amaldiçoar alguém - Falou Lucca.
- Não creio nisso - Retrucou Aloy - Ela auxilia em alguns Fulgots, quer o bem de todos e só apareceu em algum, quando algo sério aconteceu e ajudou nas decisões.
Os três chegaram a choupana famintos. Se lavaram em uma bacia de madeira, molhando os cabelos e braços para tirarem o calor e a poeira da estrada, se alimentaram e aguardaram a decisão do conselho dos Sivaês, sentados ao fundo. Lutty se aproximou e se sentou junto aos jovens.
Tendo se dispersado, andado quase o dia todo
Seu coração que mal havia se acalmado e voltado aos batimentos normais, disparou novamente.Aquela senhora disse ter sentido a situação que pairava sobre o Fulgot. Lacantra não se lembrava onde Aloy tinha dito que ela morava, ou se ele havia dito. Como ela viera, quem a avisara, por que viera tão rapidamente, qual seria seu veredito? Não acreditava que qualquer que fosse a decisão da matriarca, alguém fosse revidar ou reclamar. Seu destino estava na mão daquela criatura estranha e mais velha que alguém já conhecera. Ela dissera que sua histeria não fora de todo incompreendida mas não podiam ceder para não serem desacreditados e enfrentados no futuro.Lacantra esperava entre ansiosa e amedrontada com o que poderia advir da anciã.A senhora a olhava, via sua ansiedade latente mas esperou.- É próprio dos sá
Caos e barulho. Ensurdecedor.Lacantra se pôs de pé depois de tentar se levantar por três vezes e cair. Os joelhos ardiam pelos arranhados.Eram muitas pessoas gritando, correndo desesperadas. Entre eles, crianças.Uma de cerca de uns dois anos, tinha um olho fechado e roxo, sentada em meio aos escombros, sua diminuta boca aberta mostrava que chorava desconsolada mas de onde estava, Lacantra não ouvia seu choro. Lágrimas misturadas a sangue e terra, marcavam seu rostinho.Esse foi o impulso para que Lacantra se levantasse e mancasse até o bebê. O teto do lugar, seja ele qual fosse, caía em intervalos. O medo de Lacantra crescia, temia que um dos pedaços do teto caísse na criança antes que a protegesse.Adultos passavam pelo bebê sem um segundo olhar. Uma mulher magérrima e suja de terra que gritava, mas o barulho que vinha de diversos l
- Ele mereceu - Foi o que ela disse a Lucca que a esperava para se despedirem.- Concordo com você, e foi o que disse á ele. Já não basta tudo que vem passando e ele vir com piadinhas, sim, mereceu, Can, quero que fique tranquila. Que não se preocupe com Pua enquanto estiver em Pief.Somente Lucca para a fazer dar um sorriso naquele momento. Seu carinho a desmontava, sua preocupação com ela era enternecedora. Ela o abraçou forte e o encaixe dos dois, era tão natural como sempre fôra.- Quero combinar algo entre nós dois, também - Continuou o amigo. - Vamos nos encontrar em toda meia lua, quando ela mingua? Pensei que podia ser no lago Ponty, que fica na divisa de Pief com Tangui, não muito distante para nós dois. Vou te esperar lá na próxima meia lua e ficarei o dia todo, mesmo que você não apareça, mas tente apare
Um garoto de uns dez anos, veio correndo em direção á eles.Magrelo, espichado,com cotovelos finos e compridos, um cabelo claro e espetado, um sorriso enorme de dentes grandes, olhos claros e grandes para o tamanho do rosto, os interpelou:- Que o dia de vocês seja ótimo. Como foi o Fulgot, Aloy, quem é ela? - Sem esperar uma resposta, virou-se para Frizzat. - Frizzat, ela vai morar aqui conosco, onde vai morar?- Qual pergunta quer que respondamos primeiro, Magú? - Aloy o puxou, bagunçando seus cabelos.- Me deixe, Aloy, quem é ela?- Essa é Lacantra, Magú. Essa jovem vai morar com a gente, mas ainda não sabemos onde ficará - Respondeu Frizzat com um sorriso genuíno para o garoto, diferente do arrogante que a jovem estava acostumada.- Ah, então você é a sonhadora? - Ele agora pulava ao lado de Lacantra, animado e seus
Deitada, começou a ler um pouco sobre a história de Pief e descobriu coisas que nem imaginava. Na verdade não conhecia muito sobre a tribo. Ali dizia que tinham quinhentos e vinte e sete moradores, mas estava desatualizada. Pief tinha atualmente mais que o dobro do que dizia o pergaminho.Era a tribo que mais tinha pessoas nos arredores. Esse era um dos motivos de ela não entender ter sido alocada ali e nem fora substituída por um ou mais em Pua.Pief era convocada em diversos confrontos, principalmente contra Brucks.Eram mais devotos de Rafo que em Pua. Em tudo davam graças á Rafo, ela percebeu. Até imagens dele estavam espalhadas por toda tribo. Nora agradeceu o alimento que comeram, fechou os olhos e fez uma prece de agradecimento antes.Os pergaminhos que lia, pregava e faziam menções à adoração.Menções tamb&eacut
- Estou bem, Magú. Já vou cumprimentar seu pai em um instante.Reilo era tão agradável quanto sua esposa e seus filhos.Fazia diversos trabalhos em Pief, era muito solicitado para ajudar desde pequenas melhorias, como em consertos das choupanas. Viajava sempre com os Cândalos na caça e Magú havia puxado o pai no quesito falante.Na alimentação do meio do dia, ele procurava estar em casa se não estivesse longe, voltava para se alimentar com a família.Lacantra se alimentava com eles, aliviada por poder não pensar mais em sua visagem.- Você deve ter conhecido Aloy - Falava Reilo que comia um pedaço suculento de ave com Sila em uma das pernas. Dava-lhe pedaços da ave após assoprar.Reilo era
Lacantra passou os dias na casa da família solicíta que a acolhera em Pief. Conheceu dezenas de pessoas e foi convidada a morar com muitas, mas se sentia bem onde estava.A festa a qual fora convidada por Sassa, foi algo diferente. Faziam semanalmente um encontro onde todos apareciam, cantavam, dançavam. Uma grande fogueira era feita no início da noite e era sustentada ao longo da festa. Crianças, jovens, idosos, todos se divertiam.Aloy compareceu e logo se postou ao lado da jovem. Perguntou se estava se adaptando à tribo e por mais que o quisesse ignorar, acabou dividindo uma bebida com ele, muito comum ali, mas extremamente forte.- Não sente frio na cabeça, agora? - Questionou-a o rapaz quando a festa já ia alta. - Me dá a impressão que a pele do seu couro cabeludo está vermelha e gelada - Disse passando a mão em seu topo da cabeç
Em silêncio, ambos de costas um para o outro, ela tentando não se mexer após ter se coberto até o queixo, ouviam a matriarca se movendo pelo seu quarto. Parecia estar fazendo uma prece. Ela era bem devota e fazia orações mesmo quando estava na presença de alguém e só quando a senhora entrou no anexo em que estavam deitados, que a garota percebeu que não havia lhe desejado uma noite boa. Pôs se de pé em um pulo e com uma mão em punho sobre o coração, lhe desejou uma noite boa, com a cabeça baixa.- Que a de vocês também seja boa, meus filhos. Aloy, viu Frizzat hoje?Ele se sentou, quase encostando em Lacantra, que diminuiu o espaço entre os dois, se chegando mais para a beirada do manto.- Eu o vi ontem, mãe. Disse-lhe que viria para cá e ele pediu que dissesse que tentará vir antes que a lua co