Zara saiu primeiro, com Ivo logo atrás, mantendo aquele sorriso sempre gentil no rosto. ― Sr. Orson... Até logo. Orson apenas assentiu com um leve movimento de cabeça, o rosto impassível. Logo depois, as portas do elevador se fecharam. No reflexo metálico do painel, a expressão de Orson ficou evidente: sobrancelhas franzidas e lábios apertados. Enquanto isso, do outro lado, quando Zara estava prestes a entrar no quarto, uma voz a chamou repentinamente. ― Zara! Ela se virou rapidamente e viu Ivo. ― Amanhã você vai ao set? ― Perguntou ele. ― Por que não iria? ― Devolveu Zara, arqueando as sobrancelhas. Ivo sorriu. ― Nada, só queria confirmar. Achei que talvez pudesse ter outros planos. Zara entendeu de imediato o que ele queria dizer e respondeu em um tom calmo, quase frio: ― Não tenho. ― Que bom. Então, descanse bem. Boa noite. Antes de entrar no próprio quarto, Ivo lançou-lhe um último sorriso. Era um sorriso carregado de algo que Zara não sabia definir, mas
Quando saiu do camarote, Zara finalmente soltou um longo suspiro, como se estivesse carregando um peso enorme. Ela não sabia para onde ir, então ficou parada no corredor, olhando para o nada. Não sabia quanto tempo havia passado, mas, de repente, o som seco de um isqueiro sendo aceso ecoou atrás dela. Era um som tão nítido que a fez virar imediatamente. Talvez porque já o tivesse visto na noite anterior, Zara não se surpreendeu tanto ao dar de cara com Orson. Ainda assim, sua mão, que pendia ao lado do corpo, se fechou involuntariamente. Orson, no entanto, parecia alheio à sua presença. De cigarro entre os dedos, ele olhava para a tela do celular, deslizando o dedo sem pressa. O corredor era amplo e vazio, apenas os dois ocupavam aquele espaço. Mesmo que agora fossem praticamente estranhos, Zara ainda sentia-se desconfortável. Após hesitar por alguns segundos, decidiu voltar para o camarote e se afastar daquela situação. Mas, ao virar-se, uma figura cambaleante surgiu na su
Fazendo as contas, ela percebeu que sua menstruação já estava atrasada há alguns dias. Esse pensamento a deixou completamente atordoada. Quando Orson segurou sua mão, Zara não resistiu, apenas o seguiu, ainda perdida em seus próprios devaneios. Ivo saiu do camarote bem a tempo de ver a cena. Ele franziu a testa e, instintivamente, deu alguns passos na direção deles, como se quisesse intervir. ― Isso é um assunto entre nós dois, Sr. Ivo. É melhor não se meter. A voz de Orson era calma, mas havia um tom de alerta inconfundível. Ivo parou no mesmo instante, desviando o olhar para Zara, como se buscasse alguma confirmação. ― Eu... Estou bem. ― Disse ela rapidamente, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. Sem dar tempo para mais discussões, Orson a puxou pelo braço e ambos saíram do restaurante. Antes de voltarem para o hotel, Orson parou em uma farmácia. Quando ele entregou o teste de gravidez nas mãos de Zara, ela pareceu levar um susto. Apertando os lábios, resmung
― Zara. ― Orson aproximou-se e bateu na porta. Não houve resposta. Sua testa se franziu imediatamente. Ele bateu novamente, com mais firmeza, mas o silêncio permaneceu. Perdendo a paciência, ele levantou o pé, pronto para arrombar a porta. No entanto, no instante seguinte, a porta se abriu. Zara apareceu, e Orson recuou o movimento, fixando o olhar diretamente nela. A expressão dela estava serena, quase fria. ― Não. Orson estreitou os olhos, desconfiado, mas Zara estendeu o teste de gravidez em sua direção. ― Sr. Orson, pode ficar tranquilo. Ele baixou os olhos, observando o teste. Apenas uma linha vermelha. ― Amanhã vamos ao hospital. ― Disse ele, sem alterar o tom. ― Isso aqui pode não ser confiável. ― Eu não vou. ― Zara respondeu imediatamente. A expressão de Orson endureceu. ― O resultado já está aqui. ― Disse ela, firme. ― E, além disso, eu só estava com o estômago ruim. Não tem como algo assim acontecer por acaso. ― Oito da manhã. Eu passo para te busc
― Amanhã, às oito da manhã, vá até o quarto 1613 e leve-a ao hospital. Orson entregou o número para Jennifer, que franziu a testa, sem entender completamente a instrução. Seus olhos buscaram alguma explicação no rosto dele, mas só encontraram frieza. ― Essa questão não deve chegar aos ouvidos de ninguém. Se houver qualquer vazamento de informação... Você sabe o que pode acontecer. O tom de Orson era controlado, mas o olhar intenso fazia o ar pesar. Jennifer imediatamente percebeu que havia interpretado a situação de forma errada. Engoliu em seco e assentiu rapidamente: ― Entendido. ― Pode sair. Sem mais uma palavra, ele desviou o olhar, encerrando a conversa. Jennifer deixou o quarto às pressas, e o silêncio tomou conta novamente. Orson, por sua vez, deixou o assunto de lado, como se já estivesse resolvido. No entanto, naquela noite, quando fechou os olhos para dormir, foi surpreendido por um sonho. Ele sonhou com uma criança. Orson nunca foi alguém ligado a sentimen
Zara já havia feito a coleta de sangue e agora estava sentada em uma cadeira, aguardando o resultado. Depois de uma noite inteira, sua mente ainda parecia um vazio. Ela não sabia ao certo se estava mais ansiosa ou assustada. Claro que ela queria ter um filho. Afinal, seria alguém com quem compartilharia seu próprio sangue, uma extensão de si mesma. Naquele momento, Zara era praticamente sozinha no mundo. Ter um filho significaria ter um lar, algo que ela sempre desejou desde pequena. Mas o medo de não conseguir proteger essa criança a consumia. Mesmo que ela conseguisse levá-la ao mundo em segurança, será que a família Harris tentaria tirá-la dela? Pelo comportamento de Orson, era evidente que ele não permitiria que ela ficasse com a criança. E, quando esse momento chegasse, com o que ela poderia enfrentá-lo? Foi justamente esse pensamento que a fez tomar a decisão de usar água para alterar o teste caseiro na noite anterior. Ela acreditava que, com isso, Orson desistiria
Zara lançou um olhar confuso para ele, mas Orson não disse nada. Apenas tirou o próprio casaco e o amarrou em torno da cintura dela. O movimento repentino a pegou de surpresa, fazendo-a dar um pequeno salto. ― O que você está fazendo... Ela estava prestes a perguntar, mas, naquele instante, sentiu uma sensação quente e úmida que percorreu seu corpo. Ela sabia exatamente o que era. Sua menstruação havia descido. Zara olhou para Orson, um tanto atordoada. ― Você não está grávida. ― Disse o médico, confirmando o que ela já suspeitava. ― O atraso provavelmente foi causado pelo estresse. Caso ainda tenha dúvidas, pode fazer um ultrassom depois que o ciclo terminar. Embora Zara já soubesse a resposta, ouvir a confirmação do médico fez com que suas mãos se fechassem em punhos involuntariamente. ― Está tentando engravidar? ― Perguntou o médico, ao notar a expressão de desapontamento em seu rosto. ― Não... Não é isso. Mas ele ignorou sua resposta e continuou: ― Essas coisas
Quando Zara saiu do banheiro, Orson ainda estava lá. Ele estava apenas de camisa, já que sua jaqueta havia ficado com Zara. As abotoaduras estavam desfeitas, e as mangas estavam dobradas, revelando seus braços fortes. Somando isso à sua postura imponente e aos traços marcantes do rosto, ele chamava atenção de todos que passavam. Era impossível não olhar. Mas Orson parecia completamente indiferente aos olhares curiosos. Ele estava com os olhos fixos no celular, sem sequer levantar a cabeça. Zara o observou por um instante, e seus passos, que estavam prontos para seguir adiante, hesitaram. Orson, acostumado a ser alvo de olhares, não reagia à atenção das pessoas ao redor. No entanto, quando Zara fixou os olhos nele, ele pareceu sentir algo. Levantou a cabeça rapidamente e a encarou. Ela apertou os lábios e caminhou em direção a ele. ― Sua jaqueta ficou suja... ― Disse Zara em um tom baixo. ― Vou lavar e devolvo depois. Orson estava prestes a dispensar o gesto, mas, ao olhar