― Zara. ― Orson aproximou-se e bateu na porta. Não houve resposta. Sua testa se franziu imediatamente. Ele bateu novamente, com mais firmeza, mas o silêncio permaneceu. Perdendo a paciência, ele levantou o pé, pronto para arrombar a porta. No entanto, no instante seguinte, a porta se abriu. Zara apareceu, e Orson recuou o movimento, fixando o olhar diretamente nela. A expressão dela estava serena, quase fria. ― Não. Orson estreitou os olhos, desconfiado, mas Zara estendeu o teste de gravidez em sua direção. ― Sr. Orson, pode ficar tranquilo. Ele baixou os olhos, observando o teste. Apenas uma linha vermelha. ― Amanhã vamos ao hospital. ― Disse ele, sem alterar o tom. ― Isso aqui pode não ser confiável. ― Eu não vou. ― Zara respondeu imediatamente. A expressão de Orson endureceu. ― O resultado já está aqui. ― Disse ela, firme. ― E, além disso, eu só estava com o estômago ruim. Não tem como algo assim acontecer por acaso. ― Oito da manhã. Eu passo para te busc
― Amanhã, às oito da manhã, vá até o quarto 1613 e leve-a ao hospital. Orson entregou o número para Jennifer, que franziu a testa, sem entender completamente a instrução. Seus olhos buscaram alguma explicação no rosto dele, mas só encontraram frieza. ― Essa questão não deve chegar aos ouvidos de ninguém. Se houver qualquer vazamento de informação... Você sabe o que pode acontecer. O tom de Orson era controlado, mas o olhar intenso fazia o ar pesar. Jennifer imediatamente percebeu que havia interpretado a situação de forma errada. Engoliu em seco e assentiu rapidamente: ― Entendido. ― Pode sair. Sem mais uma palavra, ele desviou o olhar, encerrando a conversa. Jennifer deixou o quarto às pressas, e o silêncio tomou conta novamente. Orson, por sua vez, deixou o assunto de lado, como se já estivesse resolvido. No entanto, naquela noite, quando fechou os olhos para dormir, foi surpreendido por um sonho. Ele sonhou com uma criança. Orson nunca foi alguém ligado a sentimen
Zara já havia feito a coleta de sangue e agora estava sentada em uma cadeira, aguardando o resultado. Depois de uma noite inteira, sua mente ainda parecia um vazio. Ela não sabia ao certo se estava mais ansiosa ou assustada. Claro que ela queria ter um filho. Afinal, seria alguém com quem compartilharia seu próprio sangue, uma extensão de si mesma. Naquele momento, Zara era praticamente sozinha no mundo. Ter um filho significaria ter um lar, algo que ela sempre desejou desde pequena. Mas o medo de não conseguir proteger essa criança a consumia. Mesmo que ela conseguisse levá-la ao mundo em segurança, será que a família Harris tentaria tirá-la dela? Pelo comportamento de Orson, era evidente que ele não permitiria que ela ficasse com a criança. E, quando esse momento chegasse, com o que ela poderia enfrentá-lo? Foi justamente esse pensamento que a fez tomar a decisão de usar água para alterar o teste caseiro na noite anterior. Ela acreditava que, com isso, Orson desistiria
Zara lançou um olhar confuso para ele, mas Orson não disse nada. Apenas tirou o próprio casaco e o amarrou em torno da cintura dela. O movimento repentino a pegou de surpresa, fazendo-a dar um pequeno salto. ― O que você está fazendo... Ela estava prestes a perguntar, mas, naquele instante, sentiu uma sensação quente e úmida que percorreu seu corpo. Ela sabia exatamente o que era. Sua menstruação havia descido. Zara olhou para Orson, um tanto atordoada. ― Você não está grávida. ― Disse o médico, confirmando o que ela já suspeitava. ― O atraso provavelmente foi causado pelo estresse. Caso ainda tenha dúvidas, pode fazer um ultrassom depois que o ciclo terminar. Embora Zara já soubesse a resposta, ouvir a confirmação do médico fez com que suas mãos se fechassem em punhos involuntariamente. ― Está tentando engravidar? ― Perguntou o médico, ao notar a expressão de desapontamento em seu rosto. ― Não... Não é isso. Mas ele ignorou sua resposta e continuou: ― Essas coisas
Quando Zara saiu do banheiro, Orson ainda estava lá. Ele estava apenas de camisa, já que sua jaqueta havia ficado com Zara. As abotoaduras estavam desfeitas, e as mangas estavam dobradas, revelando seus braços fortes. Somando isso à sua postura imponente e aos traços marcantes do rosto, ele chamava atenção de todos que passavam. Era impossível não olhar. Mas Orson parecia completamente indiferente aos olhares curiosos. Ele estava com os olhos fixos no celular, sem sequer levantar a cabeça. Zara o observou por um instante, e seus passos, que estavam prontos para seguir adiante, hesitaram. Orson, acostumado a ser alvo de olhares, não reagia à atenção das pessoas ao redor. No entanto, quando Zara fixou os olhos nele, ele pareceu sentir algo. Levantou a cabeça rapidamente e a encarou. Ela apertou os lábios e caminhou em direção a ele. ― Sua jaqueta ficou suja... ― Disse Zara em um tom baixo. ― Vou lavar e devolvo depois. Orson estava prestes a dispensar o gesto, mas, ao olhar
A pergunta repentina de Orson fez Zara engasgar. Ele lançou um olhar na direção dela, um olhar que fez o corpo de Zara imediatamente se enrijecer, como se ele a acusasse de estar ansiosa para criar uma conexão com ele. Zara mordeu os lábios, prestes a responder, mas Orson foi mais rápido, analisando a situação com sua calma habitual: ― Eu só não quero que você fique próxima demais do Ivo, só isso. Agora que a Fiona está noiva do Evander, não quero virar assunto ou ferramenta de especulação na família deles. Entendido? Zara abriu a boca para tentar argumentar, mas Orson a interrompeu, tomando a decisão por ela: ― Está decidido. Aqui está o cartão dela. Guarde com você. Se precisar de algo por aqui, entre em contato diretamente com ela. Zara, só tenho um pedido: não me traga problemas, está claro? …O celular tocou enquanto Zara estava deitada na cama do hotel. ― Srta. Zara, tudo bem? ― A voz do outro lado era feminina, doce e carregada de charme. ― Aqui é a Jennifer, sua g
Nos dias que se seguiram, Zara não viu Orson. Jennifer, no entanto, mostrou-se uma guia extremamente competente. Durante esse tempo, ela levou Zara para conhecer vários lugares em Cidade S. Os passeios não se limitavam a pontos turísticos entediantes. Jennifer organizava os roteiros de forma tão equilibrada e agradável que, mesmo caminhando bastante, não havia cansaço. ― À noite, vai ter um show de fogos de artifício aqui. ― Comentou Jennifer durante o jantar. ― Não é algo que acontece todos os dias. Hoje é o início do inverno, e em Cidade S esse espetáculo é especial para a data. Reservei para você um lugar no andar superior, conhecido como o melhor ponto de observação. Assim que terminar de comer, suba para ver. É realmente incrível! ― Você não vai comigo? Jennifer deu um sorriso leve: ― Srta. Zara, eu também tenho namorado, sabia? Já passei esses dias todos sem dar atenção a ele. Se eu não voltar hoje à noite, ele vai ficar muito bravo. ― Sinto muito, eu não queria atra
O número de pessoas no terraço aumentava cada vez mais, e o som dos fogos de artifício tornava o ambiente barulhento, quase caótico. Mas, por algum motivo, Zara sentiu tudo ao seu redor ficar em silêncio. Era como se o mundo inteiro tivesse desaparecido, deixando apenas ela e Orson ali. As pessoas, os fogos no céu, tudo parecia ter se dissolvido em um vazio. Então, as palavras que Jennifer lhe dissera dias atrás começaram a ecoar em sua mente. Na época, Zara não deu muita atenção ao que Jennifer disse. Achou que eram apenas devaneios, algo sem sentido. Afinal, Orson não parecia o tipo de homem que faria algo assim, muito menos por ela. Mas aquelas palavras, como uma pedra atirada em um lago tranquilo, haviam deixado marcas. O impacto não foi imediato, mas as ondulações ainda persistiam. E, naquela noite, elas pareciam mais fortes do que nunca. Foi nesse momento que Zara notou Orson dar um passo à frente. Apenas um simples passo, mas algo que fez seu coração disparar, como se