— Mas você fez isso? Na última festa, parece que se divertiu bastante, não? Feira noturna? Fliperama? E o que mais? Que outro tipo de “social” você anda fazendo? — Orson falou, deixando escapar uma risada baixa e fria. — Zara, você realmente acredita que é insubstituível? Durante todo o tempo que o conhecia, Zara nunca o tinha ouvido falar tanto de uma só vez. Porém, cada palavra que saía de sua boca era como uma lâmina afiada, cortando direto o peito dela, rasgando sem piedade. Ela sempre soube que ele era orgulhoso e inalcançável, mas antes, ao menos, ele escondia isso sob uma camada de educação e frieza. Agora, nem mesmo essa máscara restava. O olhar de desprezo e superioridade que ele lançava nela era um lembrete cruel de que nunca foram iguais, nem no começo, nem agora. Ela não tinha o direito de fazer amigos, isso ficou claro para Zara. Ela não era nada além de um objeto que pertencia a ele. E agora, na visão dele, esse objeto estava “sujo”. E, como qualquer coisa que p
Era a primeira vez que Zara via Orson daquele jeito. Na verdade, o rosto dele, agora tomado por emoções intensas, parecia bem mais vivo do que a expressão controlada e impassível de sempre. Foi então que Zara percebeu algo curioso: ele era capaz de reagir por causa dela. Que raro. Mas, pensando bem, qualquer homem ficaria irritado ao ouvir o que ela dissera antes. O mais estranho, porém, era que Zara sentia uma calma surpreendente. Ela sustentou o olhar dele por alguns segundos e, então, perguntou: — O que eu disse antes não foi claro o suficiente? Eu disse que... Antes que ela pudesse terminar, a mão de Orson subiu de repente. Aquele movimento era familiar. Zara conhecia bem demais. Desde pequena, ela já havia passado por isso inúmeras vezes. Seus olhos fecharam-se automaticamente, antecipando o tapa que estava prestes a vir. Mas a dor nunca chegou. Devagar, ela abriu os olhos e viu que a mão de Orson ainda estava suspensa no ar, imóvel. As sobrancelhas dele estava
Orson sabia que não precisava recorrer a ameaças como aquela — e muito menos por Zara. Para ele, ela não merecia tanto esforço. Mas, ao observar as reações dela, ele percebeu algo: estava se divertindo.Quanto tempo fazia que Zara conhecia Leander? Se suas informações estivessem corretas, o baile recente havia sido o primeiro encontro deles. E, mesmo assim, ela já agia como se os sentimentos entre eles fossem profundos?As palavras dela ainda ecoavam em sua mente: Leander era mais atencioso, mais carinhoso... Comparado a ele? Que piada.Orson jamais imaginou que, em toda a sua vida, alguém ousaria compará-lo a outro homem. Muito menos alguém como Leander. Ele sequer havia prestado atenção no rapaz no baile. E agora Zara dizia que ele era "inferior"?Zara, naquele momento, parecia uma gata arisca, com os olhos faiscando de raiva, pronta para morder. E tudo isso para defender quem? Leander? Quanto mais Orson pensava, mais achava graça na situação.De repente, o celular de Zara começou a
— Desculpe, Sr. Leander, mas ela não pode atender sua ligação agora.Com uma das mãos, Orson segurava o celular e falava diretamente com o homem do outro lado da linha. A outra mão, que antes estava embaixo da saia de Zara, agora deslizava calmamente em direção ao próprio cinto, que ele começava a desabotoar.— Mas não se preocupe... Ela está ótima agora.Enquanto dizia isso, os olhos de Orson permaneceram fixos em Zara. Seu olhar era intenso, como se quisesse perfurá-la, mas ela não reagiu. Depois daquele único som que escapou de sua boca, Zara desistiu de lutar. Seu corpo estava imóvel, os olhos perdidos no teto do carro, completamente alheios ao que acontecia ao redor. Nem mesmo o olhar incisivo de Orson parecia atingi-la.Do outro lado da linha, Leander disse algo, mas Zara já não conseguia ouvir.Assim que terminou sua frase, Orson desligou o celular sem hesitar. O aparelho caiu no banco ao lado enquanto ele se inclinava sobre Zara, pressionando seu corpo contra o dela sem nenhuma
Naquela noite, Orson havia jogado fora toda a sua compostura e autocontrole.Zara, por sua vez, não permaneceu por ali. Sem nem sequer arrumar as roupas, ela desceu do carro, abraçando os próprios braços enquanto caminhava.A porta do carro se fechou com um som seco, e Orson, sem hesitar, pisou fundo no acelerador.O Maserati preto desapareceu rapidamente na escuridão da noite. Zara sabia, no fundo, que provavelmente aquele seria o último encontro entre os dois.Orson dirigiu diretamente para a casa em Brisa do Mar.Ele não voltava para lá há muito tempo. Nos últimos dois meses, mesmo que Zara não estivesse mais presente, ele havia se acostumado a ficar no Condomínio Oásis.Quando chegou, Ivone ficou visivelmente contente com o retorno repentino.— O senhor já jantou? Quer que eu prepare alguma coisa?— Não precisa. — Respondeu ele rapidamente, caminhando a passos largos para o interior da casa.Ao subir as escadas, algo chamou sua atenção: a porta do quarto no final do corredor estava
— Sim. — Respondeu Orson.— Preparei um presente para ela. Quando for, leve junto, está bem? — Disse Paula. — O Evander talvez não esteja à altura, mas, no fim, isso é coisa da Fiona. Espero que eles sejam felizes.Enquanto falava, Paula não tirava os olhos de Orson, aparentemente esperando alguma reação.No entanto, ele manteve a mesma calma de sempre. Diante das palavras dela, limitou-se a soltar um leve "hum", indicando que havia entendido.— Zara também estará no noivado, não estará? — Marta, que até então permanecia em silêncio, perguntou de repente.O nome de Zara era raramente mencionado entre eles, mas, no instante em que Marta o trouxe à tona, os outros dois franziram levemente as sobrancelhas.— Ela não cortou laços com a família Garcia? — Perguntou Paula, lançando um olhar rápido para Orson.Ele continuava comendo tranquilamente, sem qualquer alteração na expressão. Até mesmo a breve tensão que pareceu surgir em seu rosto desapareceu, como se tudo não tivesse passado de uma
Mesmo naquele momento, Orson ainda não olhou para Fiona. Seu olhar vagou pelo salão, observando os arredores, enquanto suas sobrancelhas se franziram levemente.— Orson. — Fiona chamou por ele, incapaz de esconder a mágoa em sua voz.Só então ele pareceu voltar à realidade. Após lançar-lhe um breve olhar, entregou-lhe o presente que trazia nas mãos.— Parabéns.Fiona não esperava que tudo o que receberia dele fosse um simples e vazio "parabéns".Sua mão apertou-se involuntariamente. Foram necessários alguns segundos até que ela, como se voltasse a si, estendesse a mão para pegar o presente.— Obrigada.O estojo vermelho, de tecido refinado, passou das mãos dele para as dela, mas Fiona não pôde deixar de notar o toque breve nos dedos de Orson. Estavam frios como gelo.Ela ergueu os olhos para encará-lo, mas a expressão dele permanecia inalterada. Orson apenas recolheu a mão com calma, como se nada tivesse acontecido.Nesse momento, Evander aproximou-se.— Sr. Orson, seja bem-vindo.Ele
No caminho para a Rua dos Ventos, Orson viu uma postagem de Ivo no Instagram. A localização era em Cidade S, mas ele não estava sozinho. No canto da foto, vestindo um sobretudo branco, estava Zara.As sobrancelhas de Orson se contraíram imediatamente, e ele disse diretamente:— Pare o carro.O motorista o olhou, confuso, mas antes que pudesse perguntar qualquer coisa, Orson já havia bloqueado a tela do celular e ordenado:— Dê a volta. Vamos para o Grupo Harris.O táxi funcionava com taxímetro, então o motorista não questionou. Apenas resmungou algo, virou o volante e mudou de direção.Orson permaneceu sentado, encarando a paisagem pela janela com uma expressão impenetrável. Seus dedos longos tamborilaram levemente contra a tela do celular antes de, finalmente, discar o número de seu assistente.— Reserve uma passagem para Cidade S.…Zara estava agora em Cidade S.O filme sendo produzido era uma adaptação de uma de suas obras. Apesar de sua participação no roteiro não ser tão signific