Sicília, Itália.
Lucca De Rossi, ou apenas, o Príncipe Da Morte, como é conhecido na Máfia Italiana, estava à espreita nas sombras da noite. O assassino frio e calculista, observava a sua próxima vítima, Matteo Salvatore Cacciola, Chefe da Famiglia Cacciola.
Lucca, vinte e oito anos, trabalha há muito tempo para a Cosa Nostra. Para ele, convém proteger os negócios de Greco Romano, o chefe do crime organizado na Sicília, Itália.
Invisível aos olhos do mundo, como se não passasse de uma ilusão na mente dos mafiosos e dos homens da lei, Lucca possui um extenso currículo, somando trinta e três mortes.
Os sicilianos têm uma lei de silêncio, chamada omertà. Ela proíbe homens e mulheres de cooperar de qualquer maneira com a polícia ou com o governo, sob pena de morte.
Para Lucca, extorsão, exploração de jogos de azar, lavagem de dinheiro,
tráfico de armas e drogas, fraudes e assassinatos, é um estilo de vida. Ao seu ver, um homem deve fazer o seu próprio destino. Sua causa é válida, e seu objetivo é justo.Muitos sicilianos não o consideram como um criminoso, mas como um protetor, uma vez que o Estado foi incapaz de oferecer proteção aos fracos e pobres. Por amor, orgulho, honra e à defesa de direitos iguais, Lucca se preparou para o seu próximo assassinato.
Matteo Salvatore Cacciola seria varrido da face da terra, e junto com ele, a onda de estupros e assassinatos que não condizem com um verdadeiro mafioso.
Temendo pela sua vida miserável, Matteo chegou a boate escoltado por três seguranças. Ele está em negociação com o proprietário, seu trabalho é fornecer garotas de programa trazidas de forma ilegal do México e da Espanha.
A maioria, garotas entre treze e dezoito anos, que perderam a família, e se deixam enganar facilmente com a falsa promessa de uma vida de luxo e riqueza na bela Itália.
Com passe livre, Matteo, um velho asqueroso de andar vacilante, pele avermelhada pelo sol, baixo, gordo, cabelos grisalhos, miúdos olhos negros e um sorriso amarelado pela nicotina, passou pela segurança da boate.
O lugar escuro e barulhento estava lotado de pessoas de todas as idades, porém, de uma única classe social. Somente empresários abastados, mafiosos mal intencionados e homens casados com muito dinheiro para gastar, frequentam o Las Cabanhas.
No palco, garotas seminuas deslizavam graciosamente pelas barras de pole dance, entretendo os clientes assíduos. Garçons uniformizados com bandejas repletas de bebidas caras, andavam entre as mesas fazendo o dinheiro circular.
Cheiro de álcool, cigarro e comida impregnavam o lugar. Ao fundo, uma música baixa e lenta, para dar todo o clima de sensualidade ao lugar.
Matteo praguejou quando a luz néon cegou os seus olhos por alguns segundos. Ele abriu caminho por entre a multidão que estava na pista de dança, entrou no corredor estreito que levava ao subsolo e apenas olhou com desdém para o segurança armado.
- Saía da minha frente. Alessandro está a minha espera.
O segurança assentiu lentamente e com um passo para o lado, deu passagem para Matteo. Alessandro Nivolla, o maior empresário da Sicília, dono de bares, restaurantes e hotéis, tambolirou os dedos na mesa de madeira ao ver Matteo. Com um gesto ele dispensou os seguranças.
Matteo não pôde deixar de sentir um frio na barriga saliente. Alessandro com seu porte físico, cabelos negros, olhos azuis e terno escuro sob medida, impõe força, poder e respeito. Ele levantou lentamente, deixando evidente seus quase dois metros de altura.
- Matteo, o que você acha que eu faço aqui?
O cafetão engoliu em seco.
- Eu consegui seis meninas para você, Alessandro. Eu trouxe as fotos.
- Duas morreram semana passada. Elas já estavam doentes. Eu quero o meu dinheiro de volta.
Matteo afrouxou o nó da gravata.
- Que isso, Ale? Nós somos amigos...
Alessandro levou a mão entre as pernas de Matteo e apertou as suas bolas com força. Matteo berrou de dor, se inclinou para frente e encostou a testa no peito de Alessandro. Ele gemeu baixinho:
- Eu vou te recompensar. Eu juro.
Alessandro não relaxou o aperto. Ele se inclinou até o ouvido de Matteo.
- Eu vou ficar com as seis, pelo preço de quatro.
Matteo gemeu desesperado e foi solto com um empurrão. Ele se curvou com as mãos entre as pernas, e lançou um olhar raivoso para Alessandro.
- Eu estou me arriscando para conseguir a melhor mercadoria para você!
Alessandro encostou o quadril na mesa, cruzou os braços e balançou a cabeça em um gesto claro de desaprovação.
- Sabe o que pode me acontecer se um cliente pegar uma doença?
Ainda dolorido, Matteo se endireitou com uma careta de dor no rosto avermelhado.
- Não se pode dizer que foi com uma das garotas daqui. Esses homens trepam com qualquer coisa que se move. Eu estou fazendo o melhor que posso, mas sei que estou na mira do Fantasma.
Alessandro riu afetado.
- Acredita mesmo nessa bobagem? O Príncipe Da Morte é uma lenda, Matteo. Ele não é real. Greco Romano sim. Ele é um criminoso que se apaixonou pelo seu próprio senso de honra e justiça.
- O Príncipe Da Morte trabalha para ele. Ele não tem um rosto ou um nome, mas é real. Greco está brincando de Robin Hood, e por trás dele existe um homem frio, calculista e extremamente letal.
Alessandro pensou por alguns segundos enquanto alisava a barba escura. Real ou não, o Príncipe Da Morte tem semeado caos e discórdia, atrapalhando o seu negócio lucrativo. Não é raro seus subordinados aparecerem mortos, e ele dá o crédito aos homens bem treinados de Greco.
"Teria realmente uma lenda viva caminhando entre eles? Estaria ele em perigo?" O simples pensamento fez Alessandro cortornar a mesa e se sentar apreensivo.
- Está bem, Matteo. Suponhamos que exista realmente alguém por trás de Greco, alguém que está fazendo uma limpeza na cidade em prol dos fracos e oprimidos. Você não acha que seria sábio da nossa parte conhecermos o rosto do nosso inimigo?
Um brilho perverso nos olhos azuis de Alessandro, e Matteo esqueceu por completo a dor latejante nas bolas. Ele deu um passo para trás.
- Aonde você quer chegar?
Alessandro sorriu.
- Você está em dívida comigo e vai se redimir. Eu vou te usar como isca, mas não se preocupe, eu não vou deixar que nada de ruim aconteça com você.
Matteo não acreditou em uma única palavra do que Alessandro disse. O desgraçado iria mandá-lo para uma morte certa. Maldita a hora em que o enganou, lhe vendendo putas doentes.
- Alessandro, por favor.
- Está decidido, Matteo. Hoje eu vou descobrir se o Príncipe Da Morte existe, ou se ele é apenas fruto da sua imaginação fértil.
Lucca tem dois modos operantes. Um tiro de pistola a queima - roupa, ou um tiro de longa distância usando um rifle sniper. Ele prefere uma morte limpa, onde a vítima morre antes mesmo de ouvir o disparo.
Havia um objetivo útil para matar Matteo Salvatore Cacciola em público. Greco queria m****r um recado para Alessandro, e Lucca era o mensageiro.
Já passava da meia-noite quando Lucca avistou Matteo deixando a boate com os três seguranças. Como se pressentissem o perigo que os rodava nas sombras da noite, os homens de terno preto estavam em estado de alerta.Da entrada da boate até o carro, Matteo teria que dar sete passos. Protegido pela escuridão do outro lado da rua, vestindo preto da cabeça aos pés e encapuzado, Lucca ajustou a mira do rifle sniper, e deslizou o dedo até o gatilho.Ele não esboçava nenhum sinal de ansiedade. Suas mãos não tremiam, seus olhos azuis não piscavam e seu coração não estava disparado. Calmo, focado e disciplinado. Para Lucca, era tudo uma contagem de milésimos de segundos.Matteo estava na mira. O gatilho começou a ser puxado. Um pequeno sorriso curvou os lábios rosados do assassino ao ver o pânico nos olhos negros de Matteo. O italiano já sabia que a sua hora se aproximava. Em breve, estaria adentrando os portões do inferno.
Com um poder de fogo muito superior, Alessandro viu seus homens serem facilmente abatidos por Greco e companhia. Ele não esperava que o desgraçado em pessoa pudesse surgir como o próprio Cavaleiro Do Apocalipse, abrindo fogo contra tudo e todos.O italiano tem culhões, Alessandro reconheceu. A BMW blindada de Matteo não resistiria por muito mais tempo. Alessandro colocou as duas mãos no volante ao ver Greco se aproximar. Com o cabo do rifler ele bateu no vidro da Lamborghini.- Sai do carro!Sabendo que não seria alvejado, Alessandro deu marcha ré, um giro completo de 360º graus e fugiu. Paris olhou para Greco.- Ele está sozinho. Será uma presa fácil.Greco observava a Lamborghini voar em direção a autoestrada. Ele respirou fundo.- Hoje não. Eu não quero iniciar uma guerra. Nós viemos resgatar Lucca, e com sorte, matar Matteo.Paris desdenhou.- A guerra já começou.Matteo em um gesto desesperado, quando viu que seus seguranças
Anna arriscou um olhar hesitante para Lucca. Ele dirigia em silêncio, vez ou outra, olhava para ela com raiva. Estavam no penúltimo carro do comboio que seguia para as montanhas. A noite fria fez Anna estremecer. Dirigindo com apenas uma mão, Lucca tirou a jaqueta de couro preto e jogou no colo dela.- Vista.Anna pensou em recusar. Seria um erro. Ela se vestiu e logo ficou aquecida. Tatuagens cobriam os braços musculosos. O olhar de Lucca pairou sobre as suas pernas por alguns segundos. A jaqueta tinha ficado enorme, então, Anna a esticou o máximo que conseguiu até cobrir os joelhos.Lucca respirou fundo e tentou se concentrar. Uma buzina vinda do carro de trás o alertou que ele estava atrasando o comboio. Matteo estava morto, mas a conversa fiada que o fim justifica os meios, não funcionaria com Greco. Ele não conquistou o trono da família Romano, sendo irresponsável. Lucca pagaria o preço.Ele tinha plena consciência que se deixou levar pela beleza da garo
Anna ficou impressionada com o tamanho do banheiro do quarto de hóspedes. Era maior do que a casa que ela tinha nascido e crescido no México. Tudo era de mármore branco com detalhes em dourado. A banheira oval parecia um sonho, grande o suficiente para três pessoas.Ela encontrou toalhas brancas felpudas e roupões de banho, tudo limpo e impecavelmente dobrados. Na bancada da pia, sabonete, e até shampoo e condicionador. Anna se apressou em tirar o salto alto, o vestido e a calcinha.Ela abriu o chuveiro e entrou debaixo da ducha quente. Quase se afogou com o excesso de água. Após o banho demorado, se sentia um pouco melhor. Porém, com fome e sono.Lucca sentou na cama e olhou para a porta do banheiro fechada. Ele ouvia a água caindo, e pensamentos perigosos começaram a turvar a sua mente. Não é o tipo de cara que se deixa levar por uma mulher bonita. Na verdade, sua vida sexual é inexistente. Trabalhar para Greco consome todo o seu tempo. Sempre tem algum crime par
Na manhã ensolarada, Greco tomava café da manhã no jardim. Após um mergulho na piscina, ele vestia apenas uma sunga preta, enquanto olhava para a tela do iPhone. A chacina estava em todos os noticiários.Depois de passar a noite em claro subornando policiais, Greco não estava satisfeito com o rumo das investigações. Um inquérito seria aberto. A família Cacciola queria a cabeça do assassino de Matteo. O mafioso fez uma ligação.- Alô.- Dormiu bem?Ainda na cama, Alessandro ficou em silêncio. Ele tinha uma vaga ideia de quem poderia ser ao atender a ligação de um número desconhecido. Sonolento, por causa dos sedativos, Alessandro fechou os olhos e levou a mão na cabeça.- O que você quer?- Como eu imaginava, você não está preocupado com Anna.Alessandro riu com ironia.- Eu sei que ela está bem.Greco sorriu.- Sabe
Sob o olhar intenso de Lucca, Anna começou a comer o banquete que ele tinha preparado para ela.- Obrigada por estar sendo gentil comigo.Em pé ao lado da cama, Lucca apenas assentiu. Porém, disse:- Não me agradeça ainda. Em breve, você vai descobrir que eu não sou nem um pouco gentil.Com a boca seca, Anna bebeu um longo gole de suco de laranja. Ela sorriu.- Já tomou café?- Não. Eu tenho coisas mais importantes para resolver.- Meu pai dizia que saco vazio não para em pé.Lucca franziu a testa quando Anna estendeu o sanduíche de peito de peru. Ele pensou em recusar, mas mudou de ideia e sentou na cama. Quase riu quando não fez o que Anna esperava. Ao invés de pegar o sanduíche, ele se inclinou e entreabriu os lábios, esperando que ela desse na boca dele.Anna sabia que estava com cara de idiota com a proximidade de Lucca e a forma como ele se inclinou sobre ela. Perto o bastante para sentir o seu hálito quente, cheiro de sabo
Alessandro levantou, sorriu de forma cordial e trocou um forte aperto de mão com Bambino. Intrigado, não pôde deixar de perguntar:- Quantos anos tem?- Vinte e um.- Não parece ter mais do que dezesseis.Bambino riu.- Eu puxei a genética da minha mãe.- Certamente. Sente-se. Aceita uma bebida?- Não. Está um pouco cedo para beber, e a minha visita é em uma hora muito difícil para mim. Eu estou de luto.Alessandro fingiu ficar emotivo.- Eu lamento muito pela sua perda. Seu pai e eu éramos grandes amigos.Bambino sentou e cruzou as pernas. Ele olhou para Alessandro com cuidado e atenção.- Com a morte do meu pai eu vou assumir os negócios dele. Sou o próximo na linha de sucessão e serei ordenado em alguns dias. Eu gostaria de tomar posse com a cabeça do assassino dele em mãos.Alessandro manteve a expressão de pesar no rosto, mas suas pernas fraquejaram. Ele sentou lentamente. Gostaria de pensar que Bambino não
Greco convenceu a si mesmo que precisava ir até o hospital para não levantar suspeitas. Pareceria estranho seu "sócio" sofrer um grave acidente de carro, e ele não aparecer para prestar apoio.Verone o informou que Alessandro tinha sofrido vários cortes pelo rosto e braços, causados pelos cacos de vidro.Por sorte, estava usando o cinto de segurança, porém, no impacto da batida, fraturou a clavícula e o fêmur, chegando ao hospital inconsciente.Verone, tentando não demonstrar o quanto estava abalado, disse:- Ele passou por uma cirurgia no fêmur e o colocaram na Unidade de Terapia Intensiva por precaução.Em um gesto solidário, Greco colocou a mão no ombro de Verone.- Ele vai ficar bem. Vaso ruim não quebra.- É só você aparecer na vida dele que coisas ruins começam a acontecer. Você desencadeia coisas ruins, Greco.O mafioso pressionou a mão no ombro de Verone, sorriu e se inclinou sobre ele. A ameaça veio em um tom baixo e con